terça-feira, 6 de julho de 2010

APRENDI COM AS GAIVOTAS

...É verdade! E nem me lembro quando foi a primeira vez que me dei conta, porque é um fenómeno que ainda hoje me encanta: As gaivotas a planar contra o vento.

Fico em silêncio diante deste espetáculo que tantas vezes já pude apreciar. A última vez foi aqui em Viana do Castelo... Rajadas de vento que não deixavam nada quieto e as gaivotas, serenas, de asas abertas conseguem avançar planando na direcção contrária ao vento! O instinto ensinou-as a colocar cada pena no ângulo certo para serem capazes de voar contra o vento sem terem que bater as asas uma única vez.

E isto deixa quase sempre em mim a mesma sensação: " Se estes bichos são capazes de aproveitar em seu favor todas as potêncialidades dos ventos contrários, como é que Eu, pessoa humana, me recuso a fazê-lo tantas vezes?!"

De facto, nos meus caminhos já aprendi que as contrariedades têm em sí não só uma força de atrito e resistência, mas também uma potêncialidade propulsora que é insensato desperdiçar.

Lembro-me, por exemplo, que desde miúdo sempre me tornei bom a fazer aquilo que, por algum motivo, alguém me tinha dito que não seria capaz de fazer. A frase " não consegues " sempre foi em mim o mais eficaz estímulo e fonte de motivação...

E nem o fracasso é um obstáculo insuperável! Uma vida realizada e feliz escreve-se sempre numa história também marcada por experiências de fracasso. Não acredito que em nenhum momento da vida tenhamos que resignar-nos a ser servos passivos diante de alguma dificuldade ou fracasso. Não acredito na fatalidade porque o ser humano pode realizar-se como ser Livre e Criativo até ao fim!

A experiência do fracasso leva em sí um forte apelo de renascimento. Essa experiência de sofrimento e crise pode marcar, se nós quisermos, fronteiras muito claras no nosso modo de discernir e realizar as nossas opções. Assumir os fracassos como experiência de fronteira vital é ajudar-se a renascer. É colaborar com a acção recriadora do Espírito Santo no nosso íntimo para a emergência do homem novo.

Quando falamos destas coisas, é bom termos presente que não há " receitas prontas " para dar a ninguém, nem uma pessoa se faz num dia! Mas tenho a certeza que a maneira de nos tornarmos capazes de vivermos cada vez mais deste jeito, é irmos treinando a Atenção, a Liberdade e a Criatividade nas "pequenas" opções e situações do dia-a-dia...

Estou estranhamente convencido de que nada disto é impossível.

Ricardo Igreja

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