terça-feira, 31 de agosto de 2010

COM JESUS

Ó Cristo!

Tu não és uma verdade entre tantas outras.
Tu és a verdade e tudo o que neste mundo é verdadeiro, és Tu.

Tu não és um amor entre tantos outros.
Tu és o amor em que se purificam, santificam, se unem, não diminuídos, mas completos, todos os amores autênticos.

Tu não és um meio entre tantos outros…
Tu é o Caminho, ao mesmo tempo, a meta. Tu és a vida…

Ah! Senhor, Que poderemos fazer sem Ti, pois tomaste posse completa em nós e és aquilo que de mais íntimo existe em nós: a nossa grandeza, a nossa vida, o nosso tudo?

Ó Cristo! Reconhecemos-te como nosso único Senhor para sempre.
Pobre de nós se chegássemos a oferecer o nosso coração e o nosso espírito a outro mestre.
Porque não há outros mestres para o homem, nem outros amores, para além do Amor que és Tu.

Eis aqui todos os nossos recursos, todos os nossos talentos…

Não queremos esconder-Te nada nem roubar-Te nada…

Tudo colocamos nas Tuas mãos…

Este compromisso entre Tu e nós, é um compromisso de pessoa a pessoa, de amor a amor cuja única cláusula consiste em nunca mais falar de pôr limites ao dom mútuo…

Entre nós os dois, tudo é para a vida e para a morte.

Ricardo Igreja

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

SÃO JOÃO DE ARGA

Que bem que calha este ano.
As festevidades em honra de São João Arga são este fim de semana de 27,28 e 29 de Agosto.

Consta-se que S. João de Arga era um local de passagem para os peregrinos que íam para Santiago de Compostela e, ao mesmo tempo, ponto de paragem e descanso de todos os outros que por lá passavam, como por exemplo carreteiros.

Verificava-se, então, que, quando os carreteiros passavam em frente à porta lateral da Capela (lado direito), os animais estacavam e não passavam dali para a frente.

Então, por ordem de Frei Bartolomeu dos Mártires, mandaram fechar com pedra a referida porta, para que aquilo não se verificasse mais, assim como o desvio do caminho que estava junto a esta.

A partir daí, a porta só foi aberta novamente há cerca de 22 anos.

Mas para se apreciar verdadeiramente a festa de São João de Arga, há que ir de véspera.
Qualquer pessoa se apercebe ao chegar ao local.

A chegada dos romeiros ao espaço da festividade não deixa adivinhar o fervilhar de gente que hão-de ocorrer no dia seguinte.

A capela de Sãoo João de Arga está encravada na serra que leva o mesmo nome, no Minho, a meio caminho para o vale.

A imponência da paisagem esmaga os visitantes e, com a chegada no dia anterior á festa, infunde uma falsa sensação de tranquilidade: não é possi­vel apreciar o silêncio pois depressa será banido, graças á multidão que ali se reunirá.

Aos poucos assiste-se á formação de extensas filas de automoveis, na única estrada que converge ao local da festa.

Os últimos a chegar arriscam-se a ter de percorrer a pé uns bons dois ou três quilómetros, desde o local de estacionamento até ao recinto.

Existem duas zonas independentes: a da capela e cortelhos (alugados com um ano de antecedência) e a zona comercial, com os inevitáveis feirantes e barracas de comes e bebes.

Por toda a parte se vêem cobertores e colchões desdobráveis, sinónimo de antecipação da longa noite de festa. Isto dentro da zona da capela, porque para lá da zona dos feirantes, para além do limite do percurso da procissão imperam as tendas, montadas de autênticos prodigios de engenharia.

Ao lado da capela dois pequenos coretos que hão-de albergar duas bandas filarmónicas, que levarão a noite inteira em disputa musical. Nos peri­odos de descanso dos músicos cabe ao senhor João e ao seu velho transmissor de valvulas animar o povo, debitando música popular.

Enquanto isso os devotos vão cumprindo as suas promessas, dando três voltas em volta da capela.

Cerca das 17 horas celebra-se a missa, após a qual tem lugar a procissão, cuja distância percorrida é das mais curtas das procissões a que já assisti.

Os romeiros podem tocar no Santo como uma cruz de madeira ali existente.

Findo o tributo ao divino o povo regressa á folia.

Grupos de homens tocando concertinas circulam pelo recinto; as bandas continuam o seu despique. Os romeiros dividem atenção entre ambas as manifestações musicais, durante horas, sem mostrar sinais de fadiga.

Chega a noite e os movimentos repetem-se; a multidão sincroniza movimentos. O entusiasmo é transversal a todas as faixas etárias.

Quando o cansaço leva a melhor sobre alguns romeiros e estes vão repousar logo outros surgem para ocupar o espaço deixado vazio. A multidão permanece compacta ao som da música, agora já indiferente á origem.

Por volta das quatro da manhã cruzamo-nos  ainda com dezenas de pessoas que continuão a chegar á festa.

E, já bastante afastados, ainda consegui­mos perceber as melodias desafinadas dos homens das concertinas, o som caracteristico da festa de São João de Arga.

Hélder Gonçalves

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terça-feira, 24 de agosto de 2010

ROMARIA DE SÃO BARTOLOMEU DO MAR

São Bartolomeu do Mar tem uma das romarias mais seculares, com testemunhos anteriores ao século XVII, onde mistura o sagrado e o profano, produzindo um ritual invulgar.

É celebrada principalmente hoje dia 24 de Agosto porque, diz a crença popular, é a data em que o Diabo anda à solta.

Assim, os romeiros começam por se dirigir até à Capela de São Bartolomeu onde, acompanhados pelas crianças, dão três voltas ao templo com galinhas ou galos pretos.

Os mais novos são depois encaminhados até à praia e mergulhados três vezes consecutivas nas águas do mar, num Banho Santo que «afasta o mal» e cura as doenças relacionadas com a «possessão demoníaca», como a gaguez, a gota ou a epilepsia.

Hélder Gonçalves

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domingo, 22 de agosto de 2010

PROCISSÃO SOLENE - Festas Nª Srª da Agonia

As festas em honra de Nossa Senhora d'Agonia tiveram esta tarde um dos seus pontos altos com o decorrer da sua majestuosa Procissão Solene.

Eram milhares de devotos ao longo de todo o percurso e é dificil retratar aqui.

Aqui estão retratados alguns dos muitos quadros vivos.

Algumas imagens para quem não pode estar presente.

Abertura da Procissão com a guarda da GNR a cavalo





   Nossa Senhora da Assunção


Jesus Crucificado
Andor muito pesado transportado por vários homens

Jesus Cristo morto e transportado

Andor de NOSSA SENHORA DA AGONIA

Dezenas de devotos atrás do andor a cumprirem promessas

Palio com a presença do novo Bispo da Diocese de Viana do Castelo
Dom Anacleto Cordeiro Gonçalves Oliveira

Autoridades locais

Banda de Musica a fechar a procissão 

Hélder Gonçalves

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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

FESTAS DA SENHORA DA AGONIA


As grandes festas da Senhora da Agonia começaram hoje, como desde há um século e é classificada a maior romaria de Portugal.

São revestidas de brilhantismo e solenidade religiosa.

Celebram-se em Viana do Castelo, capital do Minho no Norte de Portugal. entre os dias 20 e 22 de Agosto de forma a coincidir com Sexta, Sábado e Domingo.

Milhares de visitantes chegam á cidade para as festas, caracterizadas pela animação, a exibição de ranchos folclóricos, de belíssimos trajes regionais, música, gastronomia e fantásticos espectáculos de fogo-de-artificio.


Viana do Castelo conta com cerca de 30.000 habitantes mas nestes dias chega a atingir 1 milhão de pessoas vindas de todo o país e de muitos paises europeus. 



Dia 20, feriado municipal é o dia de Nossa Senhora d’Agonia.
Na noite de 19 para 20 as gentes da ribeira passam a noite não na sua habitual e perigosa faina, mas na manifestação do seu amor pela Santa Padroeira, ao cobrirem as ruas com tapetes floridos para a passagem da Senhora.

 
O dia começa com bandas de música, gigantones e cabeçudos que percorrem as ruas da cidade.

Benção dos barcos


À tarde depois da celebração solene presidida pelo Bispo da diocese, sai do santuário a imagem da Senhora da Agonia a caminho do Cais dos pilotos, onde será dada a “Bênção ao Mar” e às embarcações, seguindo-se-lhe a Procissão ao Mar e ao Rio com inúmeros barcos a acompanharem a Senhora na sua saída.

Caso o dia 20 não calhe a uma sexta, sábado ou domingo temos então mais estes 3 dias de festa.

Sexta-feira de manhã realiza-se o desfile das mordomas.


As mordomas são as rainhas da Festa, raparigas solteiras, sem fama, que fazem os seus primeiros ex-votos de amor na Romaria da Nossa Senhora d’ Agonia.


Um dos pontos altos da romaria é a realização da majestosa procissão solene.



A revista e o despique entre os diversos grupos de bombos, também é muito apreciado e realiza-se ao meio-dia.


  

Sábado à tarde é o dia do cortejo etnográfico, aqui desfilam os usos e costumes do Alto Minho as tradições, as feiras, as paradas agrícolas e os cortejos temáticos.



As Festas da Senhora D'Agonia encerram com uma fabulosa serenata de fogo de artificio ao qual todos os visitantes não ficam indiferentes.

As Festas da Senhora da Agonia são consideradas as maiores de Portugal.

Hélder Gonçalves

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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

DEUS, DE FÉRIAS ?

Nesta época do ano a maioria das pessoas estão de férias.
Tempo de viajar, curtir a praia, dormir de tarde e acordar mais tarde ainda, etc...

A Bíblia ensina que isto é bom e relata que “no sétimo dia Deus acabou de fazer todas as coisas e descansou de todo o trabalho que havia feito”(Gén. 2:2).

No entanto, muitos neste período acabam por dar férias à sua Bíblia, à oração, ao testemunho e até ao próprio Deus.
É como se dissessem: “Deus vou-lhe dar algum tempo para recuperar as suas forças. Não vou incomodá-lo com as minhas orações, não precisa de preocupar-se em dizer-me nada pois a Bíblia estará devidamente guardada. Fique tranquilo pois sei desemrrascar-me sózinho.
Afinal estamos de férias. Não nos vemos à trinta dias.”

Para os que pensam e agem assim, uma boa (ou má) notícia, dependendo quais sejam as intenções: Deus não entrou de férias. Por mais distante geograficamente que se esteja da igreja, dos amigos, das reuniões da familia, deve-se sempre lembrar que descanso não significa falta de compromisso.

Imagina se Deus resolvesse tirar férias, e o período Dele não coincidisse com o nosso.

Às orações, apenas uma resposta: “Desculpe não poder atendê-lo, mas Deus está de férias”.

Nos momentos de louvor e adoração uma mensagem gravada: “Obrigado por enviar o seu louvor e adoração. No momento estou de férias. Quando voltar retomarei contacto.”

Muitos reclamariam dizendo ser um absurdo Deus estar de férias quando mais se precisa Dele.

Mas eu fico a pensar se não é Deus que acha um absurdo, quando percebe que muitos de nós, e muitos com compromissos que lhe deram trabalho o ano todo, saíram de férias e não O convidaram para participar dos excelentes programas de verão.

E olha que Ele iria para trabalhar!!!

Afinal... Deus não entrou de férias.

Até breve, mas pensem que se aproxima o inicio do Ano Pastoral e que todos têm de responder presente.

As Férias não são eternas, pensem no regresso.

Continuação de umas Boas Férias.

Hélder Gonçalves

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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

BENDITO SEJA, BOM PASTOR E GUIA...

Viana do Castelo tem novo Bispo que tomou posse na Sé Catedral no passado Domingo dia 15 de Agosto.

Os Vianenses esperam muito do novo prelado para dar um novo impulso na evangelização da Diocese.

Estiveram presentes vários personalidades na sua tomada de posse.





Da esquerda para a direita: Núncio Apostólico, Cardeal Patriarca de Lisboa, Diácono, D. ANACLETO OLIVEIRA (novo Bispo de Viana do Castelo), Diácono e D. José Pedreira (Bispo cessante da Diocese de Viana do Castelo)




Homilia de D. Anacleto Oliveira
na entrada solene na Diocese de Viana do Castelo

1. A primeira vez que visitei esta Diocese de Viana do Castelo, depois da minha nomeação para seu Bispo, foi há pouco mais de um mês: uma visita de apenas dois dias, mas na qual colhi impressões e experimentei sensações que desejo transmitir-vos.

Fui acompanhado pelo meu antecessor neste ministério, o Senhor Dom José Pedreira, a pessoa que certamente mais bem conhece esta Diocese. Nela nasceu, serviu-a longo tempo como presbítero e, durante quase 13 anos, como Bispo.

Agradeço-lhe muito, Senhor Dom José, a disponibilidade com que me guiou nesse primeiro contacto com as gentes e as terras de Viana.

Tive oportunidade, em Darque, de conhecer o Centro Pastoral Paulo VI, o novo auditório e a Casa do Clero, onde contactei com alguns sacerdotes e familiares que aí vivem.

Visitámos, depois, na cidade de Viana, a Cúria Diocesana, a igreja do Convento de São Domingos, rezando junto do sepulcro do Beato Frei Bartolomeu dos Mártires, passámos pelo Colégio do Minho, detivemo-nos, um pouco mais longamente, no Seminário e na Catedral onde nos encontramos.

Reunimo-nos com os membros da Comissão Organizadora desta minha apresentação solene à comunidade de Viana do Castelo e ainda com o Colégio de Consultores, aos quais agradeço todo o empenhamento.

Tive ainda oportunidade de visitar as sedes de todos os restantes Arciprestados: Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença, Monção, Ponte de Lima, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Melgaço e Paredes de Coura.

Apesar de ter sido uma visita informal, não anunciada, encontrámo-nos, ainda que de passagem, com vários sacerdotes e cristãos leigos, muitos dos quais, para agradável surpresa minha, me reconheceram e saudaram com particular afabilidade.

Perante tudo o que fui recebendo e presenciando, confesso que dei comigo a ver as coisas com olhos e sentimentos de uma criança, que se deixa encantar pelo que vê e espera – aquela maneira de ver e sentir de que só como adultos nos damos verdadeiramente conta. Vou tentar esclarecer melhor.

2. Existem, ainda hoje, dois dos edifícios que muito marcaram a minha vida na infância e princípio da adolescência, mas nos quais, desde então, não voltei a entrar. Refiro-me à Escola Primária da minha terra natal, as Cortes, e ao edifício do Seminário Menor da Cova da Iria, em frente da Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo. Hoje, no meu imaginário, são dois edifícios enormes, com salas muitíssimo maiores do que, vistas de fora, na realidade podem ter. Como explicar esta discrepância?

É natural que, com o rodar dos anos, se mantenha a percepção desse tempo, sobretudo tratando-se de duas instituições que muito contribuíram para a minha formação. Sem tudo o que lá aprendi, não seria hoje quem sou. Esses símbolos continuam grandes para mim, pelo que de grandioso me proporcionaram. São grandes pelo lugar insubstituível que ocupam na minha existência.

Mas penso que há uma outra razão, que não é alheia a todo este processo: o modo como vemos as coisas depende muito do nosso estado de espírito e da situação em que nos encontramos, quando as vivenciamos. Para uma criança, tudo é grande, ainda que só mais tarde, em adulto, ganhe plena consciência dessa grandiosidade.

Mas também pode suceder o inverso: quanto mais grandiosas forem as coisas, os acontecimentos e as pessoas com que nos deparamos, seja a que nível for, mais pequenos poderemos sentir-nos. Mesmo sendo adultos. Mesmo então continuamos sujeitos a tantas limitações, fragilidades, dependências. Sem sermos infantis, transpomos connosco a criança que fomos.

3. Foi um pouco de tudo isto que senti, quando, no mês passado, ia percorrendo esta Diocese: meu Deus, como tudo isto é enorme para mim!

Enorme, acima de tudo, pelo peso da responsabilidade que aqui me espera como vosso Bispo. Segundo o Directório para o Ministério Pastoral dos Bispos (n. 1), “o Bispo, ao ter-se em conta a si mesmo e às suas funções, deve ter presente, como centro que define a sua identidade e a sua missão, o mistério de Cristo e as características que o Senhor Jesus quis para a sua Igreja, «povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (LG)”.

E o mesmo Directório esclarece o que essa identidade, na prática, significa: “Vigário do «grande Pastor das ovelhas» (Heb 13, 20), o Bispo deve manifestar com a sua vida e com o seu ministério episcopal a paternidade de Deus, a bondade, a solicitude, a misericórdia, a doçura e a autoridade de Cristo, o qual veio para dar a vida e para fazer de todos os homens uma só família, reconciliada no amor do Pai, e a perene vitalidade do Espírito Santo que anima a Igreja e a apoia na sua debilidade humana” (Ibidem).

Vigário de Cristo, com uma missão divina, trinitária! – Mas quem sou eu para assumir tal responsabilidade?

Uma missão repartida pelas três funções de ensinar, santificar e governar, que, por sua vez, se realizam numa imensidão de actividades que envolvem um sem número de pessoas, como agentes e destinatários – presbíteros, religiosos e leigos, cristãos e até não cristãos, com problemas e necessidades de toda a ordem! E todos à espera de uma palavra ou um gesto, uma orientação ou uma decisão da parte do Bispo.

Mais: nesse primeiro contacto fiquei com a impressão de que são grandes as expectativas que me esperam; o que é normal e até gratificante. Mas estarei eu à altura de merecer a confiança que depositam em mim?

É certo que nem tudo é novidade para mim. Dou graças a Deus pelos cinco anos que me concedeu no Patriarcado de Lisboa e pela experiência que fui adquirindo com o Senhor Cardeal Dom José Policarpo, os restantes bispos auxiliares, tantos padres, diáconos, cristãos consagrados e leigos. Mas, tenho consciência de que irei encontrar aqui uma realidade diferente, quer a nível social, cultural e económico quer mesmo a nível religioso. Para não falar da responsabilidade de ser o primeiro animador da Fé.

Razões, portanto, entre muitas outras que não vêm a propósito, para me sentir pequeno, como uma criança que tudo espera… mas confiante.

4. Sim, por estranho que pareça, é assim – pequeno como uma criança – que me reconheço. Mais: estou plenamente convencido de que só assim devo sentir-me. Por isso não mais entrei nos lugares da minha infância de que falei há pouco. Preciso de continuar a vê-los, como tantas outras coisas, com olhos de criança, para não perder de vista a importância de, mesmo em adulto, conservar a sensibilidade e a abertura de uma criança.

Não para fugir às responsabilidades que me esperam. Uma criança só evita aqueles em quem não confia. A quem lhe oferece motivos de confiança, ela entrega-se, muito mais do que um adulto. Entrega-se, porque, nas suas carências e necessidade de viver e crescer, precisa de quem lhe dê o que não tem. As crianças são, por natureza, dependentes.

E é nesse sentido que Jesus faz delas modelos de fé. Aos discípulos, desejosos de saber “quem é o maior no reino dos Céus”, e depois de colocar uma criança no meio deles, diz Ele: “Em verdade vos digo: se não vos converterdes e vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos Céus. Quem for humilde como esta criança, esse será o maior no reino dos Céus” (Mt 18, 1-4).

Isto é, Deus só entra e reina na vida daqueles que d’Ele se tornam totalmente dependentes, a Ele se abandonam pela fé, como uma criança ao pai e à mãe que lhe são queridos. No dizer do Santo Padre, na sua recente peregrinação a Fátima, “a fé em Deus (…) pede o abandono, cheio de confiança, nas mãos do Amor que sustenta o mundo” (Homilia em Fátima, 13.05.2010)

Um dos maiores exemplos desta entrega de fé é o de Santa Maria, padroeira desta Diocese e que, nesta solenidade da sua Assunção, veneramos como a Maior. Maior por ser tão pequena. Ao ver-se eleita para a missão sobre-humana de ser Mãe do Filho do Altíssimo, foi então que ela mais se apercebeu da sua pequenez. Sentiu-o mais do que nunca, quando se viu extremamente agraciada por Deus. E foi, levada por essa graça, que se entregou: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1, 38). A graça do Senhor, que a fez sentir-se tão humilde, como uma escrava, foi essa mesma graça que a levou a dar-se ao Senhor, para a plena realização da sua palavra.

E foi assim que o Filho de Deus ganhou corpo no seu corpo virginal: pela graça da fé – a graça que sempre precede, acompanha e alimenta toda a entrega de fé – como uma criança que, se ama o pai e a mãe, deve-o afinal ao amor que deles recebe.

E quão feliz Maria se sentiu assim, totalmente possuída pelo Senhor. Ouvimo-lo há pouco, de sua prima Santa Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.” A bênção do Filho apodera-se da Mãe. E esta é feliz, porque “acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor” (Lc 1, 42.45).

E como reagiu Maria às palavras de Isabel? – “A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu salvador”. Repare-se como toda ela, neste louvor, se confia ao Senhor: com o corpo que fala, a alma que vibra e o espírito de que vive. Tudo isto, porque Ele, o Deus Salvador, “pôs os olhos na humildade da sua serva” (Lc 1, 46-48).

5. Por isso, desde então, todas as gerações lhe chamam “bem-aventurada”. Chamamos-lhe assim, na medida em que fazemos, também nós e no grau que nos é acessível, a sua experiência de fé. Também por meio de nós, o Senhor quer fazer “maravilhas”, fruto da “sua misericórdia”: a misericórdia que, ao mesmo tempo, nos faz sentir pequenos e nos capacita para sermos agentes de tudo aquilo que só Ele tem poder para realizar (Lc 1, 49.50).

Vejamos o que, sobre isso, as leituras bíblicas desta celebração ainda nos sugerem.

Segundo a do livro do Apocalipse (12, 1-6), é o Senhor, na sua infinita misericórdia, que faz de nós o Seu Povo, aquela “mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça”: a mulher que Deus ama e que, à imagem de Maria e por meio dela, dá à luz o Messias; a mulher que, depois da glorificação de Cristo, tem de retirar-se para o deserto das carências e do sofrimento, mas onde recebe de Deus a energia necessária para enfrentar o poder do mal e não ceder à tentação de alinhar com os seus adoradores.

Ainda hoje a Igreja sofre perseguições; e é sua missão assegurar que os seus membros se não deixem conquistar por tantos ídolos destruidores.

Em Fátima, o Papa chamava a nossa atenção, como Bispos, para isso: para o que se passa em vários âmbitos da nossa sociedade, onde, segundo as suas palavras, há “crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo, construtor de barreiras à inspiração cristã.” E exortava-nos a que, “mesmo aqueles que lá defendem com coragem um pensamento católico vigoroso e fiel ao Magistério continuem a receber o vosso estímulo e palavra esclarecedora para, como leigos, viverem a liberdade cristã” (Discurso aos Bispos, 13.05.2010).

E, em Lisboa, afirmava que “para fazer de cada mulher e homem cristão uma presença irradiante da perspectiva evangélica no meio do mundo, na família, na cultura, na economia, na política” – “para isso é preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do Cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano” (Homilia em Lisboa, 12.05.2010).

Trata-se da mesma mensagem da ressurreição de Cristo que, há pouco, São Paulo proclamava como “primícias” da nossa ressurreição (1 Cor 15, 20.23). Também a essa mensagem podemos associar outras palavras do Santo Padre, neste caso relativas à esperança que nos anima: “Só Cristo pode satisfazer plenamente os anseios profundos de cada coração humano e responder às suas questões mais inquietantes acerca do sofrimento, da injustiça e do mal, sobre a morte e a vida do Além” (Ibidem).

Só Cristo! – O mesmo Cristo que passou pela terrível humilhação da cruz e pelo qual o Deus Todo-poderoso “manifestou o poder de seu braço e dispersou os soberbos; derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes; aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias” (Lc 1, 51-53).

Palavras que Maria coloca nos nossos lábios, como programa de vida: da minha como Bispo e da de cada um de vós, particularmente os da diocese que me é confiada, com colaboradores que o Senhor me concede e aos quais me confio… como uma criança.

6. Convido-vos, caríssimos Diocesanos, a fazermos todos o mesmo: a conservarmo-nos dependentes uns dos outros, unindo os carismas que o Espírito do Senhor suscita em cada um de nós, em ordem à construção das comunidades a que pertencemos e que precisam de todos. Só assim, poderemos, para já, realizar plenamente o Projecto Pastoral Diocesano, escolhido para o triénio que termina no próximo ano: o de encarnarmos nas nossas vidas e levarmos outros a encarnar, conforme o título dado a esse Projecto, “A Palavra de Deus feita amor entre nós.”

Que esse amor ganhe expressões concretas, dentro e fora das nossas comunidades cristãs, nomeadamente em relação a tantos carenciados e bens materiais e espirituais, entre os quais destaco, pela sua actualidade, os que têm estado a braços com os incêndios que têm assolado terras da nossa Diocese e fora dela.

Mas lembremo-nos de que esse amor só é possível ou, pelo menos, é muito mais possível, se todos nos entregarmos inteiramente nas mãos de Deus, deixando-nos encantar e conquistar pela sua misericórdia de Pai, para que Ele, em nós, continue a fazer maravilhas. Confiemo-nos a Ele, com estas palavras do Salmo 130/131 que Ele próprio coloca nos meus lábios:

“Senhor, não se eleva soberbo o meu coração, nem se levantam altivos os meus olhos.

Não ambiciono grandezas nem coisas superiores a mim.

Antes fico sossegado e tranquilo como criança ao colo da mãe.

Espera, Israel, no Senhor, agora e para sempre.”

Espera, Igreja de Viana, no Senhor

agora e para sempre!

Amen.

Viana do Castelo, 15 de Agosto de 2010

+ Anacleto de Oliveira, Bispo de Viana do Castelo

Hélder Gonçalves


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PROGRIDE A PARTIR DE TI

Somos semelhantes a pedras brutas que necessitam de ser lapidadas para se tornarem belos diamantes.
Os desafios e as dores são os instrumentos dessa lapidação. Tiram o ruim de nós e agregam o brilho da diferença, característico das pedras preciosas que foram trabalhadas.

Para tanto, precisamos por começar como esferas retiradas do lodo e cobertas de impurezas, ou seja, como nós mesmos, assumindo e encarando os nossos defeitos. É a partir da peça bruta que se modela a jóia. É a partir do que somos que progredimos.

Se nos aceitarmos passamos para o próximo estágio, do crescimento e transformação. Não existe nenhuma forma de se obter um crescimento e transformação sem essa aceitação do que se é hoje.

Olha para ti mesmo como o ser especial que tu és. Encara os teus defeitos e debilidades como partes de ti que podem ser transformadas. Não te esquives nem te envergonhes do que és hoje. Nenhuma pessoa é perfeita ou sabe de todas as coisas. Diz uma frase sábia, da qual a autoria tenho por desconhecida: "O que fui ontem me fez hoje, e o que sou hoje me fará amanhã." Estamos todos a aprender diáriamente. Todos necessitamos de ser lapidados em algumas ou várias coisas.

Tenha em mente que é a partir do que você é agora que poderá chegar longe. Insista na aprendizagem. Insista em domar as manhas de sua criança interior. Leia, faça cursos, profissionalize-se e envolva-se em cultura e boas influências. Vái á procura do que tu queres ser. Vái á procura do progresso, fazendo do que tu és e do que tu foste parte da tua história.

Escreva o teu amanhã. Progride a partir de ti mesmo..

Hélder Gonçalves

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terça-feira, 10 de agosto de 2010

PADRINHOS DE BAPTISMO

Baptizados: padrinhos...
ou testemunhas?


Um dos maiores motivos de aborrecimentos e uma das causas de maus-tratos a muitos párocos dos nossos dias é o problema dos padrinhos de Baptismo. Felizmente, eu não posso queixar-me disso.

Algumas das pessoas vivem como querem, fazem o que entendem e julgam-se no direito de ser padrinhos de uma criança que vai ser baptizada ou de um adolescente que vai ser crismado. Se os sacerdotes cumprem o seu dever e se recusam a aceitar as pessoas que não estão em condições de ser padrinhos, são insultados, ameaçados, difamados e até "denunciados", com "apelação" para o bispo da diocese... Não pode ser assim. Pelas leis da Igreja, as crianças ou os jovens imaturos, os casais que estão juntos nas chamadas "uniões de facto" (sem qualquer compromisso sério de vida), as pessoas que estão casadas apenas pelo civil (sem reconhecerem valor ao sacramento do Matrimónio), as que romperam com o seu casamento religioso, se divorciaram pelo civil e estão juntas ou se voltaram a casar pelo registo civil com outra pessoa diferente do seu primeiro cônjuge, e todas as que não têm uma vida de acordo com a função que vão desempenhar, não podem ser aceites por nenhum sacerdote como padrinhos de Baptismo.

Se o Código de Direito Canónico (leis da Igreja Católica) falasse da necessidade de testemunhas para o Baptismo e para o Crisma como fala para o casamento, qualquer pessoa capaz de testemunhar um acto e de o confirmar com a sua presença e a sua assinatura podia exercer a função. É o que acontece nos casamentos. Nesse acto (embora pela tradição os noivos lhes chamem isso) não existem padrinhos.Trata--se apenas de duas ou mais pessoas que testemunharam o compromisso mútuo dos dois noivos com a sua presença.Tal como acontece num acordo ou escritura, qualquer pessoa pode testemunhar um acto des¬de que seja lúcida e esteja presente. Não é assim com o Baptismo ou com o Crisma.

O Baptismo marca o inicio de uma caminhada de vida cristã, uma entrada na comunidade de Jesus, um renascimento espiritual da criança como Filho de Deus e um compromisso de vida nova, em Cristo e segundo os valores e os critérios do Evangelho. Ora, tal facto supõe e traz consigo duas exigências sérias e sagradas: que os pais da criança dêem garantias seguras, à Igreja que os acolhe, de que vão educar na vida cristã a criança que se baptiza, e que os padrinhos assumam o compromisso de testemunhar a Fé e dar o exemplo da vida em Cristo ao seu afilhado e que, no caso de os pais falharem ao seu compromisso de o educar cristãmente, os padrinhos os substituam com toda a responsabilidade.

Como é fácil de ver, nem todas as pessoas estão em condições de fazer isto, mormente aquelas cuja vida não serve de exemplo ou de modelo na vida cristã para os que são baptizados.

Se os que dirigem a Igreja (bispos ou párocos) fossem mais corajosos e mais rigorosos (e deviam sê-lo!) grande parte das crianças não podiam nem deviam ser baptizadas, e grande parte dos padrinhos também não podiam sè-lo. Se assim fizéssemos, não seríamos certamente maioria sociológica no pais como temos sido, mas seríamos um grupo de pessoas mais conscientes e mais sérias na nossa vivência cristã... e, por exemplo, não votaríamos a favor da legalização do aborto, como muitos católicos fizeram... em desobediência frontal à Igreja a que se dizem pertencer!

Muitos pais que pedem o Baptismo para os filhos vivem como senão fossem cristãos: não vão à igreja nem recebem os sacramentos, estão sempre contra a Igreja a que pertencem, e até chegam a ridicularizar os que frequentam a igreja e os sacramentos. Ora, o que não serve para eles também não deverá servir para os filhos. Para que vão pôr os filhos num caminho e numa vida que eles próprios rejeitam e não respeitam? Outros não dão verdadeira garantia de educar os filhos na vida cristã; e outros, até estão a viver em oposição e desobediência às leis de Deus e da Santa Igreja.

Muitos padrinhos, que até são aceites pela Igreja por estarem casados religiosamente e de acordo com as leis da Igreja, também não deviam sê-lo. Entre eles, os católicos não praticantes. Como pode dar testemunho de vida cristã à criança que é baptizada um padrinho ou uma madrinha que não faz caso de cumprir os preceitos da Igreja que são indispensáveis para alguém viver como cristão, nomeadamente a Missa de cada domingo e a Confissão e Comunhão na Páscoa de cada ano? A mim, pessoalmente, esse tipo de padrinhos - os católicos não praticantes - são os que mais me magoam pela sua falte de seriedade e de coerência. Se eu pudesse, eram eles os que eu rejeitava em primeiro lugar. Só não o faço, porque a lei actual da Igreja não o permite! A falta de responsabilidade das pessoas e o enorme peso da tradição levam muita gente a baptizar os filhos, sem qualquer compromisso sério de os educar na vida cristã. Até nos habituamos a dizer sim, diante de Deus, num momento sagrado, sem qualquer intenção de cumprir o que dizemos. O que muitos querem é quase só a festa (com o fotógrafo) e o almoço (com muitos convidados). Agora, até já se marcam os baptizados (às vezes com anos e anos de espera e de atraso), apenas em função da festa e do banquete. Isso é que é o importante!»

Nós, os párocos, constatamos todos os dias que muitas e muitas famílias baptizaram os filhos e depois nada fazem para os acompanhar na sua vida cristã.

Essa de o pai ou a mãe ir levar e buscar o menino ou a menina à catequese, de automóvel, "só para o menino ou a menina fazer as Comunhões" (de novo com muitos fotógrafos na cerimónia e muitos convidados no almoço, que é o que agora fazem muitos pais, sem qualquer compromisso devida e coerência), é o sinal claríssimo de que andamos a brincar com coisas sérias. Em vez de procurarmos a Fé, a vida em Cristo, a lei do Senhor, valorizamos apenas e tão só os "actos sociais", cheios de vaidades e pejados de exibicionismos. É o que explica que 90% dos portugueses se digam católicos no país e que só 15% apareçam nas igrejas: a adorar a Deus e a alimentar a sua Fé. Nem guardam respeito a Deus de Quem se tornaram filhos, nem à comunidade cristã em que entraram e de que fazem parte desde o seu Baptismo.

Não passam de filhos mal-educados e insubmissos que nem vão a casa do Pai que os convida e tanto os ama, desprezando-0, nem se dignam reunir-se com os irmãos que tanto lhes querem, ig norando-os. E pior ainda, se pensarmos que muitos desses cristãos já nem sequer consideram essa falta da Missa como algo de grave e ofensivo a Deus e prejudicial à Igreja - um pecado tão grave que até os impede de comungar, se tiverem ainda um mínimo de consciência e de sensibilidade às "coisas santas". Muitos, até levam a mal que alguém o diga ou denuncie! Uma vergonha!
Desculpem-me pela palavra que vou usar... mas os mais responsáveis pela Igreja deviam fazer alguma coisa para acabar com esta "fantochada"! Não se exige, certamente, que todos sejamos santos... mas esperava-se, ao menos, que todos fôssemos mais sérios.

J. CORREIA DUARTEIn Voz de Lamego, de 13.07.2010



Eu acrescentaria, que pena é estarmos a formar uma sociedade de pequenos ATEUS e ninguém faz nada.

Passamos ano atrás ano a desbaratar Sacramentos de qualquer maneira.

A Igreja fala muito mas não faz nada para alterar a situação, ou seja, faz muito pouco.

Tudo não passa de boas intenções ou de interesses que a razão desconhece.

Também é responsável por tudo isto e toda esta situação leva também aos que não têm uma fé amadurecida a perder a sua própria fé.

E mais não digo. Valha-nos Deus.

Hélder Gonçalves

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A SUA BONDADE É ETERNA

“Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa” (Gen 1,31);
assim termina a Sagrada Escritura o relato da criação.

Deus, sumamente bom em si mesmo, é bom também em todas as Suas obras. Tudo o que sai de Suas mãos leva o cunho da Sua bondade. É bom o sol, que ilumina e aquece a terra; é boa a terra, que produz flores e frutos; é bom o mar, bom o céu, boas as estrelas. “ Todas as obras do Senhor são excelentes” (Ecli 39, 21), porque brotaram da Bondade essencial, infinita e eterna.

Deus, porém, quis que, dentre as Suas criaturas, houvesse algumas como o homem que, além de serem boas, porque Ele as criou tais, fossem igualmente pela sua adesão à bondade que infundiu nelas. Eis a grande honra feita por Deus ao homem: não só o criou bom, como criou os céus e a terra, mas quis que fosse bom pelo concurso da sua livre vontade: foi como se o tornasse senhor da bondade que nele pôs. Foi, precisamente por esta razão, que lhe deu o grande dom da liberdade.

Compreende-se assim quanto se afasta o homem da bondade, quando se serve do seu livre arbítrio, não querer o bem, mas querer o mal. Que grande distância se cava então entre ele e Deus! Deus é bondade infinita, ao ponto de obter o bem do próprio mal. O homem é profunda malícia, capaz de transformar em mal o próprio bem, valendo-se do bem, da liberdade, para condescender com o egoísmo, o orgulho e as paixões, ofendendo assim a Deus. E, no entanto, se o homem coadjuvasse o impulso interior ao bem que Deus lhe concedeu e deixasse progredir essa bondade, infundida no seu coração, não lhe seria difícil ser bom.

Deus criou-nos bons e quer que sejamos bons. É verdade que a nossa malícia, consequência do pecado, é grande, mas a Sua bondade infinita supera-a imensamente e pode sará-la e destruí-la até á raiz, contanto que a detestemos «Vós sois bom, ó Senhor, e indulgente, cheio de misericórdia para todos os que Vos invocam» (SI 86,5).

«LOUVAI AO SENHOR PORQUE ELE É BOM, PORQUE É ETERNA A SUA MISERICÓRDIA» (SL 106,1)

Ricardo Igreja

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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A FAMÍLIA

O Bem mais importante que nós temos é com certeza a Família!

Ela é o nosso refúgio, a nossa fortaleza.

A família pode ser comparada como um pilar, se algum dos nossos familiares não está bem, os outros pilares ficam abalados. Sem ela nada somos.
Na Bíblia no Evangelho de Marcos (3:35) diz:

“Aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”

No Evangelho de Marcos quando dizem a Jesus que os seus irmãos, e a sua mãe e sua irmã estão fora do local onde Ele se encontrava, o que Ele responde é isso.

Sem Jesus nenhuma família sobrevive às dificuldade.
A Família unida glorifica o Senhor!

Infelizmente elas estão a perder a essência, os pais e os filhos não têm mais diálogo, raros são os domingos que algumas famílias passam juntas, isso tudo acarreta tantas tragédias, Jesus fica profundamente triste como estão as coisas, pois a família deve ser colocada em primeiro lugar depois do Senhor!.

Tu neste momento podes estar com problemas de relacionamento com os teus pais, teus irmãos, mas, perdoa-os as pessoas que estão dentro da nossa casa, são os nossos melhores amigos, pode ser que o teu pai e a tua mãe não demonstre o quanto te amam com palavras ou gestos de carinho, mas pensa, no bem que eles já fizeram por ti!

Foram eles que te deram a Vida, e só eles.

Existem várias formas de demonstrar afecto, uma delas é nunca deixar faltar nada em casa, os pais trabalham para darem-nos o nosso sustento, ou ainda nas vezes que tu ficaste doente os teus pais ficaram ali contigo preocupados e não te abandonaram mesmo com todo o trabalho.

Se eles nunca disseram um “EU TE AMO” ou nunca te deram um abraço, porquê não seres tu a dar o primeiro passo e começar?

Vái tu e diz “EU TE AMO” dá um forte abraço e demonstra o teu amor!

Se os nossos pais são rudes para connosco é p'ra nos ensinar o peso que o mundo lá fora tem, ou querem que aprendamos algo sobre a vida, e tentar poupar algo que eles passaram e não querem que nós passemos pela mesma dificuldade.

Reza pelos teus pais e agradeçe a Deus pela família que tu tens!

Vamos recuperar as nossas famílias novamente.

Pede a Deus que a tua família seja abençoada e volte para o caminho do Pai, pois a família que edifica o Senhor permanece Unida.

Não dês espaço ao inimigo e declare:
“Eu e a minha Família serviremos ao Senhor!”

Se Tu ainda não tens a tua família por perto, ou se os teus pais não estão juntos, Não deixes de agradecer a Deus, por tudo de bom que eles fizeram por ti, pois eles continuam a ser a tua família.

Hélder Gonçalves

 

domingo, 8 de agosto de 2010

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bençãos espirituais, nos lugares celestiais, em Cristo". (Ef 1:3)

"O qual nos abençoou" - Deus JÁ nos abençoou. A Bíblia não diz que Deus nos vai abençoar UM DIA.

Deus já abençoou "com todas as bençãos" - Deus não nos dá um pouquinho. Deus abençoa-nos em abundância, COM TODAS as bençãos.

"Nos lugares celestiais" - todas as bençãos que Deus já nos deu, estão guardadas num lugar, chamado lugar celestial. É como se fosse a dispensa de Deus: estas bençãos já existem no mundo espiritual.

Exemplo: Quando uma criança quer comer um yogurte (sendo essa a vontade do pai), ela abre o frigorífico, estica o braço e pega no yogurte (toma posse).

É isto que acontece no mundo espiritual: a fé, é o braço que vai ao lugar celestial, buscar as bençãos que Deus já declarou nossas.

Às vezes, o modo mais simples de compreendermos o que determinado assunto quer dizer é, ver primeiro o que ele não quer dizer.


O QUE NÃO É FÉ


* 1º FÉ NÃO É ESPERANÇA

A esperança diz:

"Um dia, Deus vai curar-me":

"Um dia, Deus vai dar-me um emprego":

"Um dia, Deus irá resolver o meu problema financeiro":

Esperança põe sempre as coisas no futuro. Exactamente como aquele homem que foi comprar fiado a uma loja. Quando lá chegou, viu uma placa que dizia: "Amanhã fia-se, hoje não"; ele voltou no dia seguinte, pensando comprar alguma coisa fiada, mas quando olhou, ali estava a placa que dizia: "Amanhã fia-se, hoje não". Nunca o homem comprou fiado, naquela loja.


"Por isso vos digo que tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebestes, e tê-lo-eis". (Mc 11:24)

A Fé diz: HOJE, tudo aquilo que Deus promete é meu.

"Eu recebo a minha cura agora."

"Recebo agora o meu emprego".

"Recebo agora a solução deste problema financeiro".


A Fé põe as coisas no presente:

HOJE Jesus cura;

HOJE Jesus é a solução para os seus problemas.


* 2º FÉ NÃO É ENTUSIASMO

Certas pessoas quando ouvem determinado tipo de mensagens, ficam entusiasmadas:

"Ah, Sr. Padre, é isso mesmo, que grande mensagem, foi uma benção ...";

"É Sr. Padre, Jesus vem cedo, vou deixar o meu emprego e vou pregar o Evangelho ...".

No ano seguinte, o entusiamo ainda continua mas sem resultados.

"Senhor dá-me um salário de 3000 €uros".

Na verdade a fé dele não dá para tanto. Então isso não passa de entusiamo, e nada acontece.

Normalmente as pessoas ficam entusiasmadas com as experiências que ouvem, de homens de grande fé. E, porque estão entusiasmadas, vão a correr fazer a mesma coisa, mas nada acontece, pois não têm o mesmo grau de fé.

Exemplo: Um evangelista durante uma campanha, mandou um paralítico levantar-se da sua cadeira de rodas, e o homem levantou-se completamente curado. Ouve alguém, que vendo isto, quis fazer o mesmo na sua igreja, mas nada aconteceu: ele não acreditava que um doente pudesse ser curado, muito menos um paralítico.

Ele tinha o entusiasmo mas faltava-lhe a fé.

O ENTUSIASMO SEGUE EXPERIÊNCIAS,

MAS A FÉ SEGUE A PALAVRA DE DEUS.

A Fé opera sempre, sobre as Promessas de Deus, e não dá passos no escuro.


* 3- FÉ NÃO É UM SENTIMENTO MENTAL

Um sentimento mental reconhece que as promessas de Deus são verdadeiras, mas recusa-se a agir de acordo com elas, por causa das circunstâncias. "Já oraram por mim, mas ainda tenho dores, disseram-me que não tem cura".

Uma senhora, de certa idade, dizia:

"Sr. Padre, eu tenho de morrer cedo, porque as minhas economias estão a terminar".

"Irmã, mas a Bíblia diz que Deus suprirá todas as suas necessidades".

"Pois, é verdade, Sr. Padre!"

"Então já pode viver mais uns bons anos!"

"Ah, Sr. Padre, isso não, porque o dinheiro não vai chegar...!"

Esta senhora reconhecia o que a Palavra de Deus diz, mas as circunstâncias diziam-lhe que ela não poderia viver muito mais. O sentimento mental, para ela, era mais forte, que as promessas de Deus.

Outra senhora sofria da coluna e estava paralizada das pernas. Ela acreditou nas promessas de Deus (Isaías 53:4,5), e depois de orarmos, ela sentiu-se mais leve e mais forte e levantou-se da sua cadeira. Mas, quando lhe dissemos para ela andar, respondeu: "Andar? Há mais de três anos que não posso andar pelo meu pé!". Nesse momento ela perdeu a cura e já nem se pôde sentar sózinha".

Esta senhora também reconhecia que as promessas de Deus eram verdadeiras, mas, contudo, dizia: "Isto é um caso muito difícil ..."

Ora a Fé está sempre relacionada com coisas que se não vêem.

"Porque andamos por fé, e não por vista". (II Cor 5:7)


O QUE É A FÉ


"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem". (Heb 11:1)

Fé é você acreditar em coisas que existem, mas que não vê.
Por exemplo: você não pode ver os seus pensamentos, contudo, eles existem; não pode ver o ar que respira, mas é por ele que vive ...

Quando nos referimos às promessas de Deus, fé em acção é:

Acreditar que JÁ ESTÁ CURADO, quando ainda não se sente curado;

Acreditar que JÁ TEM AS NECESSIDADES SUPRIDAS, quando ainda não vê as necessidades supridas;

É preparar-se para andar, quando o médico disse que nunca mais podia dar um passo.

A fé põe a Palavra de Deus acima de todas as circunstâncias.


"Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas". (II Coríntios 4:18)

As doenças, pobreza, etc, são circunstâncias visíveis e sujeitas a mudar. Mas as promessas de Deus são eternas, não mudam. Ponha os seus olhos no que é mais importante.


Fé diz:

"O relatório médico diz que eu vou ficar paralizado, mas o relatório de Deus diz, que pelas pisaduras de Jesus eu já fui curado, então já fui curado".

"Quando todos dizem que estamos em crise, Deus diz que segundo as suas riquezas, supre todas as minhas necessidades. O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará".


"Ah, Sr. Padre, eu não sou hipócrita! Não falo daquilo que não sinto!"

O problema de alguns cristãos, é que eles nunca concordam com Deus.


Deus diz:

"Minha é a prata, e meu é o ouro". (Ag 2:8)

Eles respondem:

"Ah, irmão temos de ser pobres, humildes ...", e por isso, continuam pobres e mal têm dinheiro para comer.

Quando Deus diz "pelas suas pisaduras fomos curados ...", diga: "Amém, eu concordo com Deus, eu estou curado pelas pisaduras de Jesus".

Só assim poderá experimentar todas as bençãos de Deus.

"... Deus chama as coisas que não são como se já fossem". (Rom 4:17)

Em Gênesis 17, Deus pôs Abraão e Sara a falar de coisas que ainda não existiam, como se já existissem.

Quando Sara chamava por Abraão, ela estava a dizer: "Pai de uma multidão, vem cá ...".

Quando Abraão respondia a Sara, ele dizia: "Mãe de uma grande nação, já vou ..."

No entanto, o casal já era idoso (cerca de cem anos) e não tinham filhos.


CONFISSÃO TRAZ POSSESSÃO


"Porque, em verdade vos digo que, qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito". (Mc 11:23)

Confissão traz possessão - tudo aquilo que falar e crer no seu coração, isso lhe será feito.

Se tu estás doente, mas acreditas em Jesus e na sua promessa de, Isaías 53:4,5 ("Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si: e nós o reputámos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.

Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades: o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados"), então CONFESSE A SUA FÉ dizendo:

"Eu recebo agora a minha cura, porque está escrito que "pelas pisaduras de Jesus já fomos curados". Jesus já levou as minhas dores e as minhas enfermidades. Enfermidade levanta-te do meu corpo, no Nome de Jesus".

A partir deste momento, louve a Deus pela sua cura.

Se fôr um problema financeiro, faça do mesmo modo, e em seguida louve a Deus.

PONHA A SUA FÉ NAS PROMESSAS DE DEUS e FALE DESSAS PROMESSAS EM EXISTÊNCIA, para a sua vida e da sua família.

Hélder Gonçalves

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