sábado, 5 de novembro de 2011

CRUZ AMERÍNDIA

A Cruz Ameríndia é uma espécie de mistura entre as duas formas de cruzes mais comuns - como a latina, não tem os quatro braços iguais, mas, a exemplo da grega, apresenta uma simetria biaxial - , a Cruz Ameríndia é, no entanto, muito mais antiga.

Utilizada desde as Aleutas até à Patagónia, ou seja, em toda a América, no Norte ao Sul, a cruz era, de facto, um símbolo muito familiar dos indígenas quando, a partir do final do século XV, os exploradores ao serviço dos Reis Católicos de Espanha chegaram ao Novo Mundo.

Cristóvão Colombo, Hernán Cortés e companheiros de aventuras levaram para ali, naturalmente, a cruz representativa da crucificação de Cristo, o Salvador.

Mas os povos nativos das Américas, que desconheciam por completo o cristianismo, não abriram a boca de espanto, pois a cruz era para os índios um instrumento familiar e, sobretudo, prático.

Associada ao número quatro, servia para marcar os pontos cardinais, as estações, os elementos da natureza...

Se é de facto que os indígenas nunca tinham ouvido falar em Cristo, também não deixa de ser verdade que veneravam divindades e coisas sagradas, como, por exemplo, a cruz.

Na realidade, a cruz também assumia, para os índios, um significado sobrenatural, religioso.

Era usada como amuleto ou colocada em terras plantadas, para proteger as culturas, no cimo das casas, como bendição para quem lá vivia, em encruzilhadas de caminhos, para guiar os viajantes.

Sublinhe-se que, em algumas tribos, particularmente em latitudes meridionais, os índigenas veneram coisas que, no imaginário, os remetem para as cruzes.

É o caso da constelação do sul, em forma de cruz, ou do condor, que, quando visto de baixo, faz lembrar uma cruz.

Resta saber é se os veneram porque os associam à cruz ou se esta é que adquiriu um poder sobrenatural por ser a representação estilizada de divindades ou coisas sagradas.

Hélder Gonçalves

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