quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Santo Estêvão - Mártir


Celebramos hoje o dia de Santo Estêvão, primeiro mártir cristão.

Santo Estêvão é conhecido como um “homem cheio de fé e do Espírito Santo; cheio de graça e fortaleza” (Act 6,5.8).

Estêvão foi um dos sete primeiros diáconos ordenados pelos apóstolos. Realizava muitas curas e milagres em nome de Jesus, mas, acusado injustamente de blasfémia, foi preso e condenado à morte.

Deus manifestou-se de tal forma nele, pelo seu Espírito Santo, que o rosto de Estêvão pôde ser visto tão radiante como o de um anjo, manifestando externamente o brilho da pureza e da entrega a Deus que já era completa no seu coração.

Assim movido pelo Espírito, Estêvão anunciou ao Conselho o mistério da nossa Salvação, desde Abraão a Jesus Cristo, e a insensatez deles em não reconhecer em Jesus a realização das Promessas.

O Conselho ficou completamente enfurecido com o discurso de Estêvão, o qual olhou para o céu e disse: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus” (Act 7, 56).

Logo, então, Estêvão foi levado para fora da cidade e apedrejado e, até mesmo nas suas palavras, quis assemelhar-se a Jesus, pois, antes de morrer, disse: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito; Senhor, não lhes leves em conta este pecado…” (Act 7, 59s).

Estêvão morreu aos pés de Saulo, aquele que, após o seu encontro com Jesus no caminho para Damasco, foi convertido e tornou-se apóstolo, anunciando aos pagãos o Evangelho de Nosso Senhor.

Assim, Estêvão tornou-se no primeiro mártir da Igreja Católica, morto por defender a sua fé, morto por proclamar a Salvação em nome de Cristo Jesus.

Assemelhemo-nos, portanto, a Santo Estêvão e desejemos ardentemente que a nossa face resplandeça pelo poder do Espírito Santo, anunciando ao mundo o Santo Evangelho, ainda que isso nos custe o preço da nossa vida, como nos recorda Paulo: “Porque para mim o viver é Cristo e morrer é lucro” (Fl 1, 21).

HÉLDER GONÇALVES


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Parabéns para Jesus


Tudo que nós já vivemos,
Tudo que vamos viver,
Ele é quem sabe o motivo,
Ele é quem pode dizer,
Ele é quem sabe a verdade,
Ele é quem mostra o caminho,
E quem procura por ele,
Não vive sozinho,

Ele é o pão e o vinho,
Ele é o princípio e o fim,
Ele é o Rei e o cordeiro,
Ele é o não e o sim,
Ele só quer alegria,
Risos de felicidade,
E paz na terra aos homens,
De boa vontade.

Vamos cantar,  parabéns para Jesus!
Comemorar, parabéns para Jesus!
Nos abraçar nessa noite feliz,
Em que o amor acende sua luz.

Ele é o melhor amigo,
Ele é o pai e o filho,
Ele é maior do que a morte,
É o destino e o trigo,
Ele é o carinho mais doce,
Ele é a flor e a semente,
Ele é quem sabe o que existe aqui dentro da gente,
Ele é a alma mais pura,
Ele venceu o deserto,
E andou nas águas do mar,
Ele é o Mestre dos sábios,
Ele é o Rei e o Senhor,
Ele por mim deu a vida,
Em nome do amor.

Vamos cantar,  parabéns para Jesus !
Comemorar , parabéns para Jesus !
Nos abraçar nessa noite feliz,
A estrela guia, no céu nos conduz,
Parabéns para Jesus,
Parabéns para Jesus.

RICARDO IGREJA

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Noite de Natal

Noite feliz! 

Noite de luz! 

Noite de paz! 


O centro desta noite é o Menino do presépio, o “Menino que nos é dado”, segundo o profeta Isaías. Este Menino é chamado de “Príncipe da paz”; traz consigo a força renovadora de toda a velhice do mundo. Na voz do profeta, “este Menino é Deus-connosco”. Ele será mais sábio que Salomão para fazer justiça, mais forte que David para reunir o povo de Deus. Ele será um líder maior que Moisés para conduzir a humanidade à vida eterna.

Nós o vemos reclinado na manjedoura onde comem os animais. Ele é maior que todo o universo porque “tudo foi feito por meio dele e sem Ele nada foi feito”. O Menino nasceu em Belém, a mais pequenina cidade da Judeia  na simplicidade, humildade e pobreza. 

Esta é noite feliz em que o céu e a terra se uniram numa aliança nova a ser selada, para sempre, com o sangue desse Menino a ser, um dia, derramado na cruz a fim de reabrir para a humanidade as portas do “Paraíso perdido”. 

Esta é noite feliz que convida-nos a entrar na gruta despojada e pobre que abriga toda a riqueza do céu e da terra: o Menino Deus envolto em panos, deitado na manjedoura que alimenta animais. Ali está sob o aconchego dos seus pais, Maria e José, porque “não havia lugar para eles na casa dos homens”. Esta é a noite feliz para todos que entram na mesma gruta, com um espírito de fé, à procura de Deus. 

Nesta gruta encontramos um homem, justo e santo, chamado José, carpinteiro de profissão que acolheu o mistério da encarnação do Filho de Deus no seio de sua esposa. 


Nesta gruta, encontramos Maria, a jovem mãe judia que acaba de dar à luz, também de modo misterioso, o Filho gerado em seu seio pela acção do Espírito Santo. Com os nossos olhos extasiados, encontramos nessa mesma gruta a quem mais procuramos: o Filho do Pai eterno, “Deus de Deus, Luz da Luz” e também Filho de Maria, “imagem visível do Deus invisível” que vem salvar o povo dos seus pecados. Por tudo isso, esta é a noite feliz!

Esta é a noite de luz, da luz que envolveu os pastores nos campos de Belém onde o Anjo do Senhor lhes anunciou uma grande alegria: “Nasceu-vos, hoje, um Salvador”. Esta é a noite de luz que nos envolve a todos no amor de Deus Pai que entrega o seu Filho Unigénito para ser nosso Irmão primogénito que veio ensinar-nos a amar a Deus e chamá-lo de Pai e amar nossos semelhantes e chamá-los de irmãos. Esta é a noite de luz que nos arranca das trevas do pecado, reveste-nos da filiação divina e torna-nos herdeiros de Deus e co-herdeiros de seu Filho, o Verbo que se fez carne e veio morar connosco  “O povo que caminhava na escuridão viu uma grande luz.” Com essa viva imagem, Isaías não se refere à escuridão da noite mas à escuridão da mente, do coração, de uma vida sem destino. A escuridão dos nossos dias é a fome, a impunidade, a corrupção... O Menino do presépio é a “Luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo”. Por tudo isso, esta é a noite de luz.

Esta é a noite de paz, noite em que Deus entra na família humana e nós entramos na família de Deus. Nesta noite, os anjos cantam: “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra.” Eis a grande revelação: a nossa paz nasce do amor de Deus por nós que leva-
nos a amá-lo nos nossos irmãos. Natal, festa que toca profundamente os nossos corações, desperta em nós a ternura diante da Criança do presépio, impele-nos a seguir o exemplo dos pastores que, depois de ouvir o anúncio do Anjo do Senhor e o canto dos anjos, logo decidem: “Vamos a Belém ver o acontecimento que o Senhor nos revelou”. Esta é a noite de paz que nos faz olhar para dentro da história e contemplar o Menino do presépio que, depois de crescido, pôs-se a falar para a multidão: “Vinde a mim todos os que estais cansados e eu vos aliviarei. Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e achareis a paz que vossos corações tanto procuram.” Esta é a noite da vitória do amor sobre a malquerença, a noite do oferecimento do perdão, a noite em que se superam desigualdades, a noite em que se procura a unidade entre todos. Por isso, esta é a noite de paz!

Noite feliz! Noite de luz! Noite de paz! 

Podemos ver nela a grande e inefável noite porque grande e inefável é o acontecimento do Natal. Ao chegar a plenitude do tempo, levando a termo a longa espera dos séculos, nasceu o Filho de Deus entre nós na pobreza, simplicidade e humildade da gruta de Belém. Ele tomou “a semelhança humana, humilhou-se e fez-se obediente até a morte e morte de cruz”, o que revela a medida sem medida do amor de Deus Pai pela humanidade. Despojado, humilde e simples há-de ser o nosso coração para que o “Menino que nos foi dado” possa nele nascer. 

O dia de Natal vale por todos os outros. Nesse dia, reconhecemo-nos irmãos, somos solidários com os pobres, esquecemos o egoísmo que leva-
nos a pensar só em nós mesmos e o orgulho que faz-nos considerarmos mais que os outros. 

Nesse dia, desejamos votos de felicidade a quantos passam por nós, enviamos cartões aos amigos, damos presentes em homenagem a quem se faz Presente entre nós e se dá como Presente para nós. 
Porque é que esses sentimentos não nos acompanham todos os dias do ano?

HÉLDER GONÇALVES

domingo, 23 de dezembro de 2012

Natal é encontro

O Novo Testamento regista encontros fascinantes e decisivos entre as pessoas e Jesus. O homem moderno aprecia, valoriza e necessita de encontros, de comunicação interpessoal, de aceitação de uma presença, de uma experiência de amizade.

Natal cristão é encontro pessoal com Jesus Cristo, o amigo por excelência porque é o salvador.

No rosto de Cristo, o homem sente-se atraído para Deus e impelido para encontrar os irmãos.

No olhar de Jesus Cristo, descobrimos quem é Deus e quem nós devemos ser. Jesus é o nosso verdadeiro “eu” e fascinação da humanidade.


1. Natal é um encontro vivo. É uma experiência vital entre um eu e um tu. É um acontecimento que arrebata, fascina, transforma. Um encontro que impacta e causa assombro, admiração, encantamento.

2. Um encontro decisivo. Que o digam a samaritana, Zaqueu, Maria Madalena, Nicodemos, Paulo e os milhares de convertidos, como também, os nossos santos e mártires. Encontrar Jesus foi decisivo nas suas vidas.

3. Um encontro persuasivo. Provoca fé, opção, seguimento, rendição. Sentimo-nos conquistados por Cristo Jesus, assumimos os seus pensamentos, os seus sentimentos, os seus critérios, as suas atitudes, o seu destino.

4. Um encontro fundante. Jesus Cristo é o fundamento, a raiz, a rocha do nosso existir. Nele encontramos a verdade, a vida, o caminho, a direcção, a bússola.

5. Um encontro fascinante. Encontramos em Jesus o tesouro, a felicidade, a prioridade das nossas vidas. Ele o Primeiro e o Último. “Nada antepor a Cristo Jesus” dizia São Bento. Podemos assim conhecer Jesus internamente, amá-lo ardentemente, segui-lo generosamente e anunciá-lo corajosamente.

6. Um encontro profundo. Tal encontro acontece no íntimo do coração, cria vinculação, intimidade, amizade com o Filho de Deus. Tudo isso torna a vida bela, grande e livre. Jesus Cristo promove, eleva, enaltece a vida humana. Tão profundo é este encontro que nos permite ver Jesus, viver com Jesus, ser como Jesus e permanecer com Ele.

7. Um encontro irradiante. Trata-se de uma experiência inesquecível, envolvente e contagiante porque irradia entusiasmo, alegria, paz. Não é possível esconder o que aconteceu, pelo contrário, a divulgação, o testemunho, a missão evangelizadora torna-se irresistível. “Não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos”  atestam os Apóstolos. Jesus Cristo é então seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado.

8. Um encontro fecundo. Produz frutos de conversão, transformação da realidade, promoção humana, profetismo, consciência social, opção pelos pobres, defesa da vida, implantação do reino de Deus. Não é um encontro intimista, mas, comprometedor, e transformador.

9. Um encontro libertador. Livres do mal, do egoísmo, do comodismo, podemos servir os irmãos. Percebemos que diante da idolatria, Jesus apresenta o Pai como bem supremo. Diante do erotismo, Ele pede ablação  renúncia e doação de si. Diante do individualismo, Jesus de Nazaré convoca-nos à comunhão fraterna. Diante da exclusão, ele defende os fracos e a vida digna. Diante da natureza ameaçada, O Filho de Deus fala do cuidado que o Pai tem pelas criaturas.


Neste Natal procuremos estabelecer um encontro com Jesus para superarmos o cristianismo anémico e o catolicismo pagão que acontece ao nosso redor.

O Natal deste ano tem um toque especial porque acontece dentro do Ano da Fé. Foi exactamente a fé que propiciou o encontro dos pastores e magos com Jesus, a “Criança de Belém”. Os pastores voltaram maravilhados e os magos voltaram por outro caminho, porque Jesus é o caminho, a verdade, a vida.

HÉLDER GONÇALVES

sábado, 22 de dezembro de 2012

Nascer com Jesus

Conta-se que em 1223 São Francisco de Assis, depois de receber a permissão do Papa, pediu a um amigo que construísse o primeiro Presépio do qual se tem notícia, para que juntos pudessem adorar o Menino Jesus na noite de Natal. E aconteceu que naquela noite, enquanto oravam diante da manjedoura propositadamente deixada vazia, o Menino Jesus apareceu a Francisco, estendendo-lhe os bracinhos como num convite mudo.

Também Santa Teresinha de Lisieux viu o Menino Jesus numa noite de Natal, mostrando-lhe as mãozinhas chagadas, curando-lhe as feridas emocionais sofridas na infância e impelindo-a ao completo dom de si mesma.
Neste Natal, quem de nós terá o privilégio de contemplar o Menino Jesus na manjedoura, experimentando concretamente as bênçãos da presença divina?


Segundo as Escrituras, pobres pastores dos arredores de Belém foram os primeiros a correr para conhecer e adorar o Menino Jesus, saindo de lá transbordantes de louvor a Deus por tudo o que viram e ouviram. Muito tempo depois o próprio Jesus iria declarar que quem não se tornar como as crianças não poderá ver o Reino de Deus, e que neste Reino, o maior será aquele que se fizer pequeno como elas. Não há outra forma de contemplar o Reino de Deus a não ser deixar que Ele mesmo nos faça nascer de novo e nos dê um coração semelhante ao das crianças. 

Cada criança que nasce é um precioso dom emprestado por Deus a este mundo. Cada uma traz visíveis as marcas da absoluta pobreza do Criador, e é justamente isto que lhe dá o encanto especial que enternece a tantos. A criança é a princípio um ser totalmente receptivo a tudo que lhe cerca: tudo o que nela penetra produz consequências naquilo que através dela há-de brotar por toda a vida. 

Na sua pureza, as criancinhas são capazes de perceber coisas que os adultos não vêem. Uma vez um sacerdote contou que conhecia crianças de várias partes do mundo, contou-nos, numa das suas pregações, que muitas crianças lhe relataram experiências espirituais profundas de contemplação de Jesus, de Maria, dos Anjos e dos Santos como se estivessem contando que viram e se encontraram com algum de nós.

Este mesmo Padre, ao pregar sobre o Purgatório, fez uma bela comparação deste estado de alma após a morte como uma “sala de terapia”, na qual teriam de entrar aqueles que durante esta vida não cultivaram em si mesmos um coração de criança, humilde e aberto para receber e transmitir o amor de Deus.

As crianças às quais Jesus se refere na sua Palavra eram aquelas que o rodeavam sem a menor cerimónia  e que certamente experimentaram muitos dos seus milagres, porque aprenderam com Ele a se dirigir a Deus como Pai. Infelizmente temos tido cada vez menos condições de “imitar” as crianças com as quais convivemos, porque muitas delas têm sido “jogadas” prematuramente no mundo dos adultos e perdido a humildade e a pureza de coração necessárias para se contemplar a Deus.

Muitas famílias têm sido contaminadas por uma mentalidade utilitarista, que considera inúteis os deficientes físicos, os idosos, as crianças e todos aqueles que são aparentemente frágeis, e por isto têm tratado de transformar as suas crianças em “mini-adultos” que descartam o mundo que não se vê e só valorizam o mundo dos negócios, do poder, do prazer e do sucesso. 

Também alguns educadores têm descartado a formação das consciências e a abertura ao transcendente, indispensáveis para a criatividade geradora de um autêntico progresso, por julgá-las qualidades incompletas ou inúteis. Até o significado espiritual da geração de uma criança tem sido trocado pela pretensão de fabricar o “homem perfeito” em laboratórios genéticos. Tal mentalidade, infelizmente presente em todos os campos das estruturas humanas, tem manifestado no mundo muitos “Herodes” e pode estar muito presente dentro de nós. 

Nós mesmos podemos ser aquele que está a impedir de ir a Deus a criança que existe em nós e as crianças que existem ao redor de nós. Somente após percebermos quão ridícula é a vaidade pelas qualidades e bens que o Senhor nos emprestou e pelos actos que jamais realizaríamos sem a sua graça, estaremos prontos para nascer com Jesus e nos tornarmos crianças com Ele.

Sim, pois o mesmo menino adorado pelos pastores e pelos reis magos, foi concebido num lugarejo sem nenhum prestígio, nasceu num estábulo, viveu trinta anos escondido, para depois se submeter ao baptismo dos homens e suportar a incompreensão, a humilhação e a morte de cruz por parte daqueles aos quais só fez o bem. O Deus do Universo, dono de todo poder, de toda riqueza e de toda glória estava escondido na criança que viria a escolher somente o amor! O que reservará para a sua e para minha vida esta aparente contradição?

Preparemos o nosso coração neste Natal para contemplarmos o Menino Jesus e nele encontrarmos a verdade escondida aos sábios deste mundo e revelada aos pequeninos, porque Deus resiste aos soberbos e dá a Sua graça aos humildes. Lembremos que com a vinda do Salvador, a Graça da Redenção começa a manifestar-se a nós. Nesta noite, a criança que um dia fomos pode ser restaurada de marcas da concepção, da gestação, da primeira infância, dos primeiros pecados, de todo orgulho e falta de fé.

Santa Teresa d’Ávila relata ter visto uma vez o Menino Jesus num momento em que menos esperava, apresentando-se a ela com os braços abertos em forma de cruz e dizendo ser o “Jesus de Teresa”. Se hoje a dor te parece ser a única coisa de que tu dispões para esperar Jesus, lembre-te de que na cruz Jesus deu-nos Nossa Senhora por Mãe e a ela por filhos. Ali, junto do Seu Filho, ela assumiu as nossas dores a fim de nos fazer nascer dela, como seus filhos, juntos com Jesus. Tanto nas alegrias como nas dores podemos nascer de Maria e recuperarmos a infância espiritual perdida, tornando-nos crianças de coração, que contemplam incessantemente a Deus junto com os seus Anjos.

Na noite de Natal, adorando o Menino Jesus, deixemos que o Espírito Santo realize a sua obra em nós, levando-nos a perdoar e pedir perdão, a ser verdadeiramente castos, obedientes e pobres de coração, assumindo-o como único Senhor, e dizendo “não” a tudo o que tem nos afastado dele. Peçamos ao Senhor a graça de nascermos novamente com Jesus neste Natal e com Ele chamemos verdadeiramente Deus de Pai, jogando-nos em “Seus Braços”, deixando-nos amar por Ele e determinando-nos a amá-lo em toda circunstância. E, se for preciso, abramos os nossos braços para deixar cair o que até hoje foram os melhores presentes, e abaixemo-nos, abaixemo-nos muito e concretamente porque Deus quer antes de tudo a verdade de um coração que se faça pequeno como o de seu Filho Jesus.

HÉLDER GONÇALVES

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Natal é compromisso

Estamos a viver um tempo de grandes expectativas no coração e na mente pelo nascimento do Menino Jesus, o Príncipe da Paz, o Filho de Deus, o Salvador da humanidade, feito homem, nascido de Maria, em Belém.

Porque é Natal, a esperança torna-se o motivo da nossa vida. Somos convidados a renovar as nossas atitudes com gestos de solidariedade e de paz. O empenho para nos aproximar das pessoas - pequenas, humildes, pobres, marginalizadas, excluídas, doentes, idosas - tem o seu fundamento no nascimento de Jesus. Ele fez-Se um de nós, veio habitar no meio de nós - Mistério da Encarnação — porque ama-nos infinitamente.

O Natal do Senhor faz-nos pensar como Deus manifesta o seu amor por nós. Ele assume  nossa maneira de ser. Iguala-se a nós, homens e mulheres, e ensina-nos o modo de ser humanos. Desde o nascimento, até a morte e ressurreição, Jesus revela-se sendo Salvação para o mundo. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida que todo coração procura. Para onde iremos? Só Tu tens palavras de vida eterna foi a resposta de Pedro a Jesus. Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo, foi o modo de João Baptista apresentar Jesus aos seus discípulos.

O Natal ensina-nos  como Deus leva a sério a nossa vida. Ele valoriza-nos a ponto de se fazer como um de nós. Assim como Deus se revelou, somos também convidados a levar a sério a nossa vida e a dos nossos semelhantes. Pelo Natal de Jesus, a Humanidade ganhou uma grande alegria; pelo Natal de Jesus no nosso coração, somos convidados a levar aos nossos irmãos e irmãs motivos de alegria. Muitas iniciativas nas comunidades, associações, empresas proporcionam alegria às pessoas.

Mais do que objectos materiais como brinquedos, roupas, alimentos, que são de facto necessários, o Espírito Natalino ensina-nos o caminho da solidariedade e convida-nos para gestos voluntários em favor dos mais carentes. São eles: doentes sem recursos para um tratamento digno; idosos que sofrem com os efeitos da ingratidão dos familiares, da sociedade e do Estado; desempregados que não conseguem o pão com o suor do próprio rosto; crianças desamparadas sem nenhum referencial de valores para uma vida que conduza à realização; jovens desorientados profissional e vocacionalmente, entregues ao imediatismo imposto por estruturas descomprometidas com a vida humana.

Novamente aproxima-se o Natal e o nosso coração completa-se de verdadeira alegria e esperança. Deus dispõe-se a ensinar-nos pelo seu Filho. Torna-se como um de nós — humanos — e lembra-nos a solidariedade a custo zero. Faz-se voluntário pelo amor infinito a cada um de nós.

HÉLDER GONÇALVES

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Árvore de Natal

Desde o século XVI que se tornou costume, na Alemanha, decorar, pelo Natal, os pinheiros. Ao conservar, em pleno Inverno, a sua folhagem verde, o pinheiro é um símbolo muito antigo do poder divino da vida que até mesmo o frio invernal não consegue vencer. A Árvore de Natal tem pois a sua origem numa antiga tradição germânica que consistia em pendurar nas casas, durante as “noites selvagens”, alguns ramos de verdura que afastavam os maus espíritos. Estes eram assim conjurados de duas formas: a árvore, sempre verde, transmitia a sua vitalidade aos homens e aos animais, e a sua luz, iluminando as trevas da noite universal, expulsava os demónios. Na tradição cristã, esta árvore sempre verdejante e, ainda por cima, iluminada, convida a que Cristo entre nas casas e delas elimine todos os espíritos do medo, da hostilidade e da inveja. Em pleno coração do Inverno escuro e frio, a árvore traz luz e calor ao nosso mundo.

Os cristãos viram no pinheiro de Natal a árvore do paraíso na qual se podem colher os “frutos da vida”. Estes são representados pelas maçãs e pelas nozes que, desde sempre, se penduraram nos ramos da árvore, ou então por bolas de vidro, imagens do paraíso na sua totalidade intacta. De acordo com uma lenda antiga, Adão, doente e moribundo, terá mandado ao paraíso o seu filho Seth para que lhe trouxesse um pouco da seiva da Árvore da Vida, com o fim de diminuir os seus sofrimentos. O Arcanjo Miguel teria então dito a Adão que, somente 5.500 anos depois é que o Filho de Deus viria à terra, para o levar até à Árvore da Vida, Árvore da Clemência e da Graça. No entanto, Miguel teria dado a Seth, no seguimento desta promessa solene, um rebento da árvore que deveria ser plantada na terra. É por isso que a Árvore de Natal é um rebento da Árvore da Graça até à qual Deus nos conduz pelo nascimento do seu Filho, para que a sua seiva apazigue os nossos sofrimentos.

A árvore é, para todos os povos, fonte de vida e símbolo importante de fertilidade. Na Antiguidade, cada árvore era atributo de um deus: o carvalho, o de Júpiter, o loureiro, o de Apolo, a murta, o de Vénus. O Antigo Testamento fala das Árvores do Jardim do Éden: a “Árvore da Vida”, e a “Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”. O cristianismo pressentiu na Cruz a actualização da Árvore da Vida: a cruz é a árvore que traz até nós a verdadeira vida, a árvore que nunca seca, já que nela o próprio Cristo foi imolado. A árvore estabelece assim uma ligação entre a terra e o céu. Enraíza-se nas profundezas da Terra-Mãe, da qual tira a sua força; e, ao mesmo tempo, dirige-se para o céu e nele expande a sua copa. A árvore é pois a imagem do homem tal como este deveria ser: enraizado no solo e, no entanto, de pé, como um rei ostentando a coroa. E porque nos dá a sua sombra, a árvore é também um símbolo maternal. Pelo contrário, o seu tronco é visto muitas vezes como um símbolo fálico. É deste modo que o vegetal reúne os traços de virilidade e da feminilidade; não une apenas o céu à terra, mas ainda o homem à mulher.

A árvore de Natal acentua pois alguns dos aspectos relativos ao simbolismo geral da árvore. Em primeiro lugar, há a ligação entre o céu e a terra: no Natal, Deus faz desaparecer a fronteira entre os dois; é a partir da terra que podemos aceder ao céu. Em seguida, a imagem da Árvore de Natal foi certamente influenciada pela imagem da árvore que se abate mas que nasce de novo. Daí a promessa de Isaías relativa ao Advento: “Sairá um rebento da árvore de Jessé, um rebento surgirá das suas raízes” (Isaías, 11,1). É precisamente no momento em que falhamos, no momento em que somos amputados: quando o caminho nos conduz a um beco sem saída que, através do nascimento de Cristo, desponta em nós a certeza de uma vida nova, mais autêntica e bela do que a que conhecemos até então. A árvore de Natal é assim imagem de uma vida que, graças ao nascimento de Jesus, em nós desponta triunfante, vida essa que nenhum frio pode destruir; é também um sinal de que a guerra dos sexos está ultrapassada. Quando Deus vem ao mundo, deixa de fazer sentido a oposição entre o homem e a mulher, tornam-se os dois (todos nos tornamos) um com a sua natureza divina.

Eis pois a promessa que nos chega com a árvore de Natal, árvore continuamente verdejante, decorada com bolas, com velas e fitas cintilantes. Os ramos do pinheiro exalam um perfume único. Sempre que o respiro, sinto reviver em mim os sentimentos que eram os meus na infância. Tenho então a sensação de que a nossa casa, o meu quarto, foram transformados graças ao nascimento de Cristo, sinto que Deus se aproximou de mim e veio habitar o meu quarto, a minha casa, e que a Sua presença tão próxima difunde como que um perfume de ternura, de amor, ao mesmo tempo que uma sensação de segurança, idêntica à que sentimos quando estamos em casa. O que emana deste perfume de Natal não é a nostalgia mas antes a intuição de que o mistério, de que o próprio Deus, se encontra entre nós.

E é porque o mistério está entre nós que nos podemos sentir em casa, na nossa própria casa. Em casa, com o pinheiro, entra também a realidade da floresta, a própria realidade da natureza e de toda a criação; é então que desaparece a ruptura entre a natureza e a civilização, é então que temos a sensação de que, até mesmo no interior das nossas casas, partilhamos a força que emana da Terra Mãe. Ao tornar-se homem, Deus santificou toda a criação, e é enquanto seres humanos que nós participamos nessa criação santificada.

Que efeito produz, em ti que me lês, este perfume do pinheiro de Natal? Em tua casa, contempla a árvore de Natal e vê que imagens despertam em ti. A árvore decorada traduz um aspecto importante da Encarnação de Deus em Cristo. É toda a natureza que se transforma quando o próprio Deus desce sobre ela. O que se transforma não é apenas a tua vida passada, liberta dos seus males, nem a vitalidade da tua natureza animal; é também toda a tua componente vegetativa. Cristo quer penetrar no interior do teu corpo, penetrar no teu sistema nervoso vegetativo, para tudo poder transformar, para tudo curar. E quer encher-te com o perfume da divindade, para que possas, literalmente, sentir-te tu mesmo e para que te sintas bem na tua pele.

Autor: Anselm Grün

HÉLDER GONÇALVES

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Grandeza do Natal

É chegada a comemoração da data magna da cristandade: o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. É o momento em que se inicia efectivamente o Mistério da Redenção, o resgate do homem cativo, privado da graça, desde o pecado dos nossos primeiros pais. E tal é a grandiosidade desse acontecimento que Deus foi preparando a humanidade desde o dia em que os expulsou do Paraíso. A partir daquele instante, em que os portões se fecharam, ou seja, em que se rompeu a estreita ligação que tinha a criatura com o Criador, iniciou-se o processo para resgatá-lo daquela privação, para desagravar aquela ofensa cometida contra Deus.

E durante séculos Ele preparou o seu povo, primeiro elegendo aquela casa que iria resgatar a dignidade humana, depois por meio dos ritos, sacrifícios, figuras, símbolos, até que vieram os profetas, anunciando a maravilha que estava por vir; “muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas” (Heb 1,1).

Mas é chegada a hora em que o próprio Deus encarnado é quem vem nos mostrar o caminho e, pelo seu holocausto, resgatar-nos da culpa original. “Ultimamente falou-nos por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas” (Heb 1,2). E veio ao mundo o Cristo Jesus, que “por nós e pela nossa salvação desceu do céu”, conforme professamos nos artigos de nossa fé. “Luz para iluminar as nações e para a glória do vosso povo de Israel”, como canta a Liturgia deste tempo, aludindo à universalidade do senhorio de Cristo que se instaura a partir daquele momento, para todos os povos e também para os hebreus, que aguardavam o Messias prometido.

No momento em que a Santa Igreja comemora o Natal de Jesus, devemos todos concorrer para a propagação desta solenidade por todo o mundo. É o renascimento da esperança da eternidade nos nossos corações. Renovam-se os anseios de fraternidade, as aspirações de paz, os votos de prosperidade, no entanto esquecem-se que nada disso provém do homem em si, se não procurar a inspiração naquele que tudo pode e que conduz-nos pelo único caminho da salvação, que é a fé católica.

É, pois, no presépio de Belém que encontraremos as disposições necessárias para a construção de uma civilização cristã que sobreviverá a todos os governos, que enfrentará convicta todos os sistemas, que subjugará os tiranos e atrairá os mansos de coração, para que todos alcancemos a plenitude da graça na convicção de que tudo deve convergir ao trono donde impera o “Príncipe da Paz”, o “Pai dos séculos futuros”, o “Sol da Justiça”.

No presépio de Belém busquemos os exemplos que nos assegurarão as virtudes cristãs que nos asseguram a salvação. O estábulo, pobre, infestado por um fedor às vezes repugnante; mas foi ele o “palácio” onde nasceu o Deus feito homem. Quantas vezes no nosso íntimo é mais fétido ainda pela corrupção da graça que nos causa o pecado, pelos ressentimentos, pela ingratidão, pela omissão, pelo respeito humano... Ainda assim, Jesus quer vir renascer no nosso coração. Deixemo-lo, pois, pedindo a sua misericórdia.

Os pastores acorreram ao local, aos lhes terem sido anunciado pela corte angélica: “Hoje nasceu-vos na Cidade de David um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11). E na sua humildade creram no que ouviram, constataram e saíram anunciando a maravilha que viram: José, Maria e o Recém-nascido. Mas, que maravilha? A grandeza da obra de Deus, pois naquele local, por certo, a santidade que dali se exalava era mais intensa e inebriante do que a aparência paupérrima daquele cenário; coisas que só um coração puro pode assimilar. – E quantas vezes nos distanciamos dos Sacramentos, principalmente da Sagrada Eucaristia, e não damos ouvido ao apelo que nos vem do Santo Tabernáculo: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). Não ouvimos porque o mundo atrai-nos, porque as ciências são mais convincentes, enquanto o abstracto, o espiritual não são capazes de “sustentar” a vã curiosidade.

Do Oriente acorrem os Reis, magos que receberam o anúncio através de uma estrela. Toda a Terra e o Universo inteiro manifestaram-se para anunciar a chegada do Príncipe da Paz. Na figura daqueles três reis estão as raças que se prostravam diante do Pai dos Séculos Futuros: o branco, o negro e o amarelo prestavam vassalagem ao Divino Infante, que se manifesta a toda a humanidade. Essa manifestação é tão importante que, nos primeiros séculos da Igreja, este episódio tinha maior destaque que o Natal, a considerada Festa da Teofania  ou seja, das manifestações divinas. – Não poucas vezes, Nosso Senhor se nos manifesta com a inspiração da sua graça, com o seu amor que no-lo dá pela Eucaristia, mesmo sem reconhecermos o seu poder e divindade.

E ajoelhados diante da manjedoura, o trono que o mundo dá ao Deus Menino, São José e Maria Santíssima, os primeiros adoradores que contemplam aquela criancinha, olhos cerrados, adormecida, igual a tantas criancinhas recém-nascidas. Porém, Aquele Menino “é aquele que é eterno e cuja natureza divina não conhece mudança”, como canta o Ofício Divino. É o Deus que toma a natureza humana, pelo mistério da encarnação do Espírito Santo no seio de Maria Santíssima, gerado da mais pura substância do sangue da Virgem, tornando-se semelhante a nós. “Nasceu-nos hoje o Cristo, vinde adoremos”, ainda ecoa o canto da Igreja. – Sejamos, a exemplo de José e Maria, perseverantes adoradores e fiéis amantes de Nosso Senhor Sacramentado, consolando aquele Sagrado Coração trespassado pelas injúrias dos homens e do nosso tempo.

Eis, pois, o magno mistério, em que o Deus se fez homem e, na assimilação de duas naturezas – humana e divina – inicia-se o processo da redenção que culminará com a sua morte e ressurreição. 

Preparemo-nos para bem celebrar o Santo Natal de Jesus, essa comemoração pela “admirável comércio” que fez Deus com os homens, concedendo-nos uma participação real e íntima da Sua natureza, tornando-nos seus filhos pela graça.

Recomenda-se uma conveniente preparação para melhor participar do Santo Natal, granjeando todos os benefícios a Santa Igreja concede-nos nesta celebração, ao mesmo tempo em que desejamos ser abençoados e venturosos dias no ano vindouro.

HÉLDER GONÇALVES

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Estrela de Natal

As estrelas sempre foram guias confiáveis do homem na sua trajectória pelo mundo. Durante séculos elas foram a segurança do homem no seu caminho na Terra. Os homens passaram pelos caminhos escuros da noite e durante milhares de anos as estrelas mostraram-lhes o caminho. Viajantes e navegantes, enquanto ficaram com os olhos fixos nas estrelas, foram conduzidos com firmeza e segurança. O homem foi capaz de seguir um caminho seguro, porque, num certo sentido, ele fez uma aliança com uma realidade maior.

Hoje sabemos que as estrelas não são eternas. Não se pode dizer que elas têm um caminho para o ser humano. Estrelas são oxigénio, gases, pó, átomos, pedras, fogo. Provavelmente explodirão qualquer dia e sobrará somente um buraco negro. Durante o dia o sol brilha tanto que não é possível ver as estrelas. Isso não quer dizer que elas não estão ali, só que os nossos olhos não tem condições de vê-las. E hoje em dia nas cidades produzimos tantas outras luzes que à noite também não vemos mais nada. Será que isso quer dizer que as estrelas não são mais confiáveis, e que terminaram as histórias das estrelas?

A estrela de Belém de outrora conduziu os sábios e todos os que procuravam com toda a sinceridade a história mais deslumbrante que conhecemos até agora. A história de uma mulher, jovem e muito graciosa, a mais bela de toda a terra, de uma criancinha que sustenta a fé, a esperança e o amor de toda humanidade, dos pastores do campo, dos anjos e seus cânticos, dos reis e outros. É entoado, então, o cântico mais bonito de todos os tempos, e quando os homens o cantam, até os olhos de Deus se enchem de lágrimas: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados.

Queria que a estrela da noite de Natal brilhasse para todo o mundo: para os pobres, para os doentes, para os que se sentem sós, para os idosos, para aqueles que vivem na insegurança, para os pais preocupados com os seus filhos, para aqueles que estão sempre a viajar pelas estradas da vida sem nunca encontrarem uma casa, a sua casa.

A estrela de Belém hoje é invisível, mas ela mostrou uma nova luz, a verdadeira luz, Jesus que nasceu em Belém. Ali a estrela desapareceu porque uma outra luz se sobrepôs à sua, a luz de Jesus Cristo; ali a sua missão terminou, mostrando a verdadeira luz. Na noite de Natal recebemos aquele que diz que é "a luz do mundo". Desde aquela noite, Jesus é a bússola de todos os navegantes do mundo de todos os tempos. Ele brilha sobre todos os tempos e distâncias, sobre a vida e a morte.

Quando permitimos que esta estrela nos guie, temos consciência de que a terra é o caminho temporário que nos leva à morada definitiva da luz divina. Sabemos, então, que nunca estamos sós como parece às vezes, sabemos que os nossos falecidos não estão tão longe. Esta luz mostra-nos que a vontade de Deus para nos salvar e a luz da sua misericórdia são o caminho que nos mostram a pátria onde um dia estaremos juntos para sempre no amor. A estrela leva-nos até ao fundamento da nossa fé.

A criança que nasceu na noite de Natal é Deus connosco que fez morada entre nós. A verdadeira alegria do Natal dos cristãos é a consciência de que cada opção a favor ou contra Deus, a opção entre o bem e o mal, entre a reconciliação e o ódio, a vida e a morte é a nossa participação e a nossa missão e responsabilidade como pequenas estrelinhas, que mostram hoje o caminho do amor, da fraternidade e da solidariedade rumo a Deus.

HÉLDER GONÇALVES

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Carta de Jesus no Natal

Caros irmãos e irmãs; 

Natal é o dia do meu aniversário. 

Mas vocês confundiram tudo:

Primeiro, trocaram-me por uma figura fantasiada, barbuda, vermelha a quem chamam Pai Natal;

Segundo, acham que o Natal é o dia para dar e receber presentes: vídeos, bicicletas, jóias, brinquedos, telemóveis...

Engraçado! 
O aniversariante sou Eu, e Eu é que deveria receber presentes. 
E Eu estou em todas as crianças, no velhinho, no desalojado, no lavrador, no preso, no doente, no menor abandonado, no drogado, no explorado pelo comércio sexual ou outro...!

Ninguém pode dizer que é difícil encontrar-me. 
Cá entre nós: Eu não quero presentes, quero-te a ti, sempre. Que sejas tu mesmo o meu presente, como Eu sou o presente de Deus para ti.

Dá-te! Dá a tua presença! 

Se há uma lágrima para enxugar, enxuga-a tu.

Se há uma criança para acolher e educar, educa-a.

Se há uma arma para destruir, destroi-a tu mesmo.

Se há uma árvore para plantar, planta-a tu.

Se há um povo para organizar, organiza-o.

Assim Eu serei feliz no Natal, dia do meu aniversário.

Meu abraço,

Feliz Natal!

Jesus Cristo

HÉLDER GONÇALVES

domingo, 16 de dezembro de 2012

Sentido do Natal

“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus connosco)”. Evangelho de S. Mateus 1:23

A proximidade do natal é acompanhada de grande euforia. 

Luzes, piscas, enfeites, árvores, Pai Natal, tudo envolvendo-
nos num clima de festa, compras, troca de presentes. Muitas vezes o natal é encarado como mais uma comemoração do calendário, outras vezes como o momento de manifestar um espírito solidário, um acto de caridade, uma demonstração de afecto. 

Sem dúvida essas coisas têm o seu valor e são até importantes numa época tão conturbada quanto a que vivemos. Sem dúvidas são brisas nesse deserto árido. Mas quando nos deparamos com os evangelhos, que retratam a vida de Jesus Cristo, não é possível ficar passivo diante do facto que constitui o verdadeiro significado do natal. 

O verdadeiro sentido do natal ofusca todas as festas, luzes, enfeites, caridades, pois ele anuncia o mais maravilhoso acto de amor: Deus revelando-se na própria condição humana.

Todos os evangelhos relatam o acontecimento mais sublime da história humana: o nascimento do Salvador. A peculiaridade do evangelho de Mateus é que ele faz referência directa às promessas da vinda de um salvador expressas pelo profeta Isaías. 

Um paralelo entre esses dois textos das Sagradas Escrituras é a menção do Emanuel, o Deus connosco. O peso dessa palavra é que ela não só apresenta o nascimento do Salvador, como também, esclarece que o Salvador é o próprio Deus. 

Jesus é o Deus-filho, que veio ao mundo em forma humana, deixou a sua condição de glória para, como perfeito homem e perfeito Deus, pagar o preço de morrer no lugar de cada um de nós para, assim, nos reconciliar com Deus. Essa foi a grande promessa de Deus em todo o Velho Testamento e cumprida em Jesus.

A nossa condição era de pecado, ou seja, de completo afastamento de Deus, de caminhada para a destruição, de completa enfermidade moral e espiritual, sem qualquer possibilidade de recuperação por conta própria. 

Sem temor de ser estigmatizado como antiquado ou conservador entendo, como grande parte dos nossos ancestrais no Cristianismo, que Deus num acto de demonstração de amor (Rom 5:8) enviou o seu Filho, Jesus, que prontamente se ofereceu para morrer no nosso lugar. Justificando-nos, ou seja, aplacando a ira divina ao derramar do seu próprio Sangue na cruz. 

Como escreve o profeta Isaías: “Certamente, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si...Ele foi trespassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos curados.... justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si...por enquanto derramou a sua alma na morte; foi contado como  os transgressores, contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Is 53). 

Jesus morreu a morte que nós merecíamos, mas a grande notícia não termina aí, pois Ele também venceu o poder da morte e do pecado que nos aprisionava, ressuscitando, estendendo-nos a vida eterna, reafirmando a promessa que um dia voltará para a redenção completa da criação.

Que no natal possamos celebrar com grande alegria a promessa do Emanuel, o Deus-filho connosco, Jesus Cristo, e recordar toda a sua obra de salvação, que recebemos como favor imerecido. 

Que nesses momentos de festa os nossos pensamentos dirijam-se para a sua obra de redenção (resgate do pecador) e de reconciliação com Deus realizada por Jesus e festejemos a Ele com sincera adoração. Esse é um convite para celebrarmos juntos o verdadeiro sentido do Natal.

HÉLDER GONÇALVES

sábado, 15 de dezembro de 2012

10 Mandamentos para um mundo sem fome


1 - Contribui para que todas as pessoas tenham o suficiente para comer.

2 - Não cobices o pão do teu vizinho.

3 - Não guardes para ti mesmo os alimentos que fazem falta a pessoas necessitadas.

4 - Honra a terra e o trabalho para combater as mudanças climáticas, para que todos tenham uma vida mais longa e uma terra melhor.

5 - Vive de acordo com o teu próprio estilo de vida.

6 - Não cobices a terra e a propriedade dos teus vizinhos.

7 - Usa a política agrária para reduzir a fome, não para aumentá-la. 

8 - Toma uma atitude contra os governos corruptos e os que os seguem.

9 - Ajuda a evitar conflitos armados e guerras.

10 - Combate a fome de forma eficaz através da  ajuda ao desenvolvimento.

HÉLDER GONÇALVES
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