quarta-feira, 20 de junho de 2012

CRUZ DOS ANJOS

No ínicio do século IX, o rei Afonso II mandou fazer a Cruz dos Anjos e doou-a à Catedral de Oviedo (808).

O monarca ordenou que a cruz contivesse uma inscrição ameaçadora: "Quem ouse roubá-la do local a que a doei por livre vontade que seja fulminado por um raio divino".

Trata-se de uma peça rica, ornamentada com pedras preciosas verdes e vermelhas, misturadas com esmaltes, que enriquecem os braços de ouro, cobertos de filigranas semelhantes às jóias carolíngias.

A Cruz dos Anjos encontra-se na Câmara Santa da Catedral de Oviedo. É um dos melhores exemplos de como a arte moçárabe se infiltrou até ao Norte, fazendo chegar à arte asturiana a técnica bizantina.

Esta cruz está igualmente no escudo de Oviedo e, rezam as crónicas, foi lavrada por seres celestiais, o que encaixa na tradição de época, uma vez que a península estava, na sua quase totalidade, nas mãos dos árabes.

Restava apenas um reduto - as Astúrias, região pobre e montanhosa, tinha sido o local escolhido pelo que restava das forças cristãs para ali se refugiarem, tendo sido o único território que escapou à ocupação.

Catedral de Oviedo
De costas para o abismo, os reis visigodos travaram, com êxito, batalhas cruciais contra as forças muçulmanas, as quais acabaram por se desinteressar da região, erro que acabariam por pagar caro, pois foi exactamente a partir daquele pequeno núcleo que, séculos mais tarde, se iniciou a Reconquista, que haveria de culminar no fim do século XV (1492) com a expulsão das forças mouras de Granada.

HÉLDER GONÇALVES

1 comentário:

  1. Muito interessante, gosto de cruzes e crucifixos, ainda não tinha conhecimento desse assunto ^^

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