terça-feira, 27 de dezembro de 2011

ANO NOVO, VIDA NOVA


"Ano Novo, Vida Nova!"

Recentemente alguém decidiu: "Vou mudar, quero sair daqui, quero ir para uma casa nova, para outro ambiente".
O seu objectivo era encontrar uma moradia bonita, espaçosa, que desse para as suas necessidades. E ele encontrou-a.
Mas antes de mudar era necessário combinar e acertar alguns detalhes com o proprietário da casa: as paredes precisavam de ser pintadas, o piso deveria ser lixado e uma janela precisava de ser aberta na parte superior para permitir a entrada de mais luz.

Qualquer que seja a nossa situação, no fundo somos todos iguais nesse sentido. Poucos de nós se satisfazem em ter apenas "um teto sobre a cabeça".

Mas como está a habitação da qual Nosso Senhor Jesus Cristo, disse: "...viremos a ele e nele faremos morada" (Jo 14.23)?
Parece que muitas vezes isso pouco nos preocupa.
Porém, ser cristão significa levar a sério a nossa responsabilidade como donos da casa onde o Senhor quer morar. No momento em que entregamos a nossa vida a Jesus, Ele recebeu a chave do nosso coração, que é a morada onde Ele quer entrar. Mas o problema é que Ele não pode entrar quando ali ainda houver áreas escuras e cantos onde vivem moradores clandestinos. Possivelmente nenhuma outra pessoa sabe disso. Olhando de fora, a moradia parece estar intacta. A fachada cristã está em ordem. Mas o Senhor entrou de facto?

Está mais do que na hora de despejar os antigos moradores do nosso coração e permitir que se faça uma limpeza da nossa casa interior. Também a janela na parte superior não deve faltar. Deveríamos permitir a entrada da luz do alto.
Imagina o que significa o Senhor chegar, parar diante da porta do nosso coração e dizer: "Quero entrar agora!"
E Ele não vem sozinho, pois disse: "Meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e faremos morada."
Na mesma passagem Ele também fala do Seu Espírito: "O Espírito da verdade... habita convosco e estará em vós" (v. 17).

O Senhor em pessoa, a plenitude da Divindade, quer entrar em nós! São palavras muito sérias as que o apóstolo Paulo disse aos coríntios, mas também a nós, através da sua epístola: "Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado" (1 Co 3.16-17).
A nossa responsabilidade em relação ao nosso coração, que nos foi transmitida quando decidimos tornar-nos cristãos, é muito maior do que a de uma pessoa que ainda está longe de Deus.
Aquele que entregou a chave do seu coração a Deus, que decidiu ser de Jesus Cristo, é responsável pelo estado do seu próprio coração, para que Jesus possa de facto habitar ali.
Como está a situação do nosso coração?
Ainda existe sujidade escondida, ainda guardamos pensamentos obscuros? Está mais do que na hora de colocar em ordem o nosso coração diante de Deus!
Vamos viver uma Nova Vida neste inicio de Ano Novo!

Hélder Gonçalves

domingo, 25 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL

Alemanha - Fröhliche Weihnachten

Argentina - Felices Pasquas y Feliz Año Nuevo

Bulgária - Tchestita Koleda; Tchestito Rojdestvo Hristovo

Coreia - Sung Tan Chuk Ha

Croácia - Sretan Bozic I Nova Godina

Dinamarca - Glaedelig Jul

Eslováquia - Sretan Bozic or Vesele vianoce

Espanha - Feliz Navidad

Esperanto - Gajan Kristnaskon

Estónia - Ruumsaid juuluphi

França - Joyeux Noel

Grécia - Kala Christouyenna

Hawai - Mele Kalikimaka

Inglaterra - Merry Christmas

Indonésia - Selamat Hari Natal

Iraque - Idah Saidan Wa Sanah Jadidah

Itália - Buon Natale

Japão - Shinnen Omedeto. Kurisumasu Omedeto

Jugoslávia - Cestitamo Bozic

Latim - Natale hilare et Annum Faustum!

Noruega - God Jul

Portugal - Feliz Natal

Roménia - Sarbatori Fericite

Rússia - Pozdrevlyayu s Prazdnikom Rozhdestva Is Novim Godom

Turquia - Noeliniz Ve Yeni Yiliniz Kutlu Olsun

Ucrânia - Srozhdestvom Kristovym

Vietname - Chung Mung Giang Sinh

Hélder Gonçalves

domingo, 18 de dezembro de 2011

10 MANDAMENTOS DO NATAL

1.  Irmão, se te sentes triste, anima-te. Natal é alegria.

2.  Se foste injusto para alguém: repara a tua falta. Natal justiça.

3.  Se andas envolto em trevas: acende o teu farol. Natal é luz.

4.  Se vives no erro: reflecte e pensa. Natal é verdade

5.  Se tens soberba, domina-te: Natal é humildade.

6.  Se tens pecados, converte-te. Natal é graça e vida nova.

7.  Se tens pobres a teu lado, ajuda-os. Natal é dom, é partilha.

8.  Se tens ódio: reconcilia-te. Natal é amor.

9.  Se tens inimigos, perdoa-lhes. Natal é paz.

10. Se tens amigos, visita-os. Natal é encontro.

Hélder Gonçalves

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ENTERRADAS VIVAS

Esta imagem não diz respeito á noticia aqui publicada, mas sim a uma mulçumana enterrada viva para ser apedrejada.

Um muçulmano egípcio matou a esposa porque estava a ler a Bíblia.
E a história, que circula pela internet como notícia, diz que ele teria enterrado a esposa juntamente com uma bebé pequenina e outra filha de 8 anos.
As duas meninas teriam sido enterradas vivas!
E ele contou à polícia que um tio teria matado as menores.

Quinze dias depois, um outro membro da família morreu. E quando foram enterrá-lo, encontraram as duas meninas vivas sob a lápide! O país todo teria sido abalado pelo incidente e o homem será executado.

A menina mais velha, ao ser entrevistada, teria contado que sobreviveram graças à ajuda de Jesus Cristo: "Um homem que veste uma roupa branca brilhante, com cicatrizes nas mãos, veio todos os dias alimentar-nos. Ele acordou a minha mãe e, assim, ela pôde amamentar a minha irmãzinha…"

A reportagem teria sido publicada pela TV Nacional Egípcia.
A mulher ressuscitada teria dito que Aquele que a acordou para amamentar a filha era Jesus, porque ninguém mais, além dEle, faz coisas como estas!

"Os muçulmanos acreditam que o ISA (Jesus) faria isso, mas as cicatrizes vistas nas suas mãos significam que, realmente, Ele foi crucificado e que está vivo", disse a mulher.

Para a imprensa egípcia, segundo o relato, mãe e filha não poderiam ter inventado esta história, nem poderiam ter sobrevivido sem que ocorrese um verdadeiro milagre.

Os líderes muçulmanos do Egipto estarão agora a enfrentar dificuldades para tentar impedir que esta história passe para outros países. Somado ao estrondoso sucesso do filme a Paixão de Cristo na região, este caso estaria a levar centenas de muçulmanos a reconsiderarem a possibilidade de se tornarem cristãos.

Hélder Gonçalves

domingo, 11 de dezembro de 2011

MENINO JESUS

Menino Jesus,
faz nascer no coração de cada um de nós:


- A inocência para sabermos ser transparentes

- O carinho para cativarmos novos amigos

- A confiança mútua para consolidarmos os pactos em construção

- A gratidão para revalorizarmos a vida

- O perdão para nos reconciliarmos com os outros

- A compreensão para sabermos perdoar setenta vezes sete

- A simpatia para aceitarmos só energias positivas

- O encantamento para nos apaixonarmos pela busca das felicidade

- A sabedoria para respeitarmos os pontos de vista do outro

- A verdade para encontrarmos os caminhos rectos

- A solidariedade para aprendermos juntos a construir caminhos

- A para acreditarmos também no outro

- A esperança para perseverarmos na direcção do Transcendente

- A paz para ajudarmos a construir sempre

- A coragem para sabermos retomar nossos sonhos

- A determinação para promovermos a justiça

- A vontade de amar para sermos juntos felizes

Hélder Gonçalves

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

IMACULADA CONCEIÇÃO E O ADVENTO

 “Fiat Mihi secundum Verbum Tuum”

“Faça-se em mim segundo a tua Palavra!”.(Cf. Lc 1,37)


A Solenidade da Imaculada Conceição celebra-se no “coração” do Advento. O tempo do Advento é o tempo de Maria por excelência, mais do que qualquer outro tempo litúrgico, pois é nele que a vemos na mais íntima relação com o seu Filho.

O amor de Mãe é, sem dúvida alguma, o mais forte, o mais pleno modo de  relacionar-se, de “ser para”.

É o amor que gesta, gera, nutre e cuida. Maria, desde o início da criação, é Aquela que foi “concebida”, no projecto de Deus, para realizar esta missão de amor, missão paradigmática para todas as mães, de todas as épocas e idades. Maria é plenamente Mãe porque é a nova Eva, a mãe de todos os que estão vivos. Aquela que se encontra unida ao Filho de Deus “por vínculo estreito e indissolúvel”(Cf. LG 53) e, por isso mesmo, sem o pecado original.

Se o Senhor veio no primeiro Natal, por meio de Maria, o mesmo Senhor vem, ainda hoje, nos nossos natais litúrgicos, também através d’Ela. Em Maria,  cumpre-se, então, o mistério do Advento. Ela é a aurora que precede, que anuncia, que traz no seu seio o Dia Novo que está para surgir.

Assim como na aurora se projeta a luz do Sol, de onde surge a vida, assim também, em Maria Imaculada, se reflecte o poder da Redenção, do Sol da Justiça, do Salvador que está para vir. A Solenidade da Imaculada Conceição, no tempo do Advento, constitui desta forma, a mais profunda preparação para o Natal.

“Fiat Mihi secundum Verbum Tuum”

“Faça-se em mim segundo a tua Palavra!” (Cf. Lc 1,37).

Maria mostra-nos, pela vinda do Verbo ao seu corpo, através da sua humildade radical, como nós, seus filhos, podemos também tornar-nos sinais desta presença, deste amor, desta misericórdia infinita de Deus, nas nossas acções. O Verbo Eterno pode também estar vivo dentro de nós, pela graça. Somos habitados por Deus.

Maria ensina-nos ainda como devemos ser quando hospedamos, pela graça, o Filho de Deus em nós.

A primeira resposta de Maria ao dom da maternidade divina foi sair de si mesma e servir. Ela vai logo ver a sua prima Isabel que está á espera de um bebé e precisa de ajuda. Ela foi socorrer alguém em necessidade, não com palavras bonitas, mas com acções, com actos concretos de ajuda, de serviço, de amor. Maria ensina-nos, pois, que fazer a vontade de Deus e não a nossa, é viver o nosso agora histórico na forma mais prática e simples possível, em extrema doação. Deus manifesta-se em nós sem que façamos nada de espectacular.

Quanto mais nos doamos mais recebemos. Se formos transformados pela vinda do Filho de Deus, todos, em torno de nós, também o serão.

Que como Maria, nesta Sua Solenidade da Imaculada Conceição, em pleno Advento, possamos também nós exclamar:

“Non volumptas mea, sed Tua, Fiat!”

“Seja feita a Tua Vontade”.

E, assim, o Fiat de Maria na Encarnação e o nosso unem-se ao FIAT de Jesus na Cruz, numa só oração, numa só acção. Eis o sentido pleno da Liturgia do dia 08 de Dezembro!

Hélder Gonçalves

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

PONTES COM A ECOLOGIA LITÚRGICA

Poderia vos falar sobre muitos assuntos com este tema;

- Justiça -Social e Justiça -Ecológica.

- O século, dos direitos da mãe terra.

- Que futuro nos espera.

- É possível ser feliz num mundo infeliz.

- Ecologisar a política e a economia, e até mesmo,

- Ética e moral: O que significam?

E DEUS NISSO TUDO?

No diálogo com a Ecologia Litúrgica, optei por centrar o tema, como o nome o mesmo diz, na instituição (Igreja), e o homem no espaço por ele ocupado: O povo, comunidade paroquial.

Assim sendo, escrevi este tema, um pouco, como um exercício de revisão de vida, começo pela minha infância, recordo que aprendi de meus pais, e irmãos mais velhos, o modo de me comportar na Igreja; A Igreja não era um lugar qualquer como os outros, numa casinha que se chamava Sacrário, assim me ensinaram, e que estava sempre resguardada por cortinas coloridas, que chamavam a minha atenção de menino, MORAVA JESUS.

De uma forma realíssima e singular, Ele era a pessoa mais importante daquela casa, e por isso, a primeira coisa a fazer ao entrar na Igreja, era saúda-lo, indo com o joelho direito ao chão, numa homenagem, que me provocava a princípio, alguns desequilíbrios, mas que aprendi em cedo, a fazer correctamente, depois, ajoelhava, benzia-me, resignava-me e rezava;

- REZA UMA ESTAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO.

E eu rezava aquele encadeamento de seis Pai-Nossos, Ave-Marias, e Glórias, contando a série pelos dedos da mão, só depois me podia sentar se houvesse onde, os mais pequenos, sentavam-se a frente nos degraus do altar, a aguardar que a missa começasse, mas nada de me por a conversa com os companheiros, algum adulto se encarregaria de me envergonhar em público, por tão grave delito, e as orelhas dos recalcitrantes não eram poupadas, A IGREJA É CASA DE ORAÇÃO E NÃO DE RECREIO, Para conversas havia o adro, mas sem grandes algazarras, para não perturbar quem procurava recolhimento. REZA O TERÇO, RECOMENDÁVAM-ME.

Havia quem se demorasse em orações, diante das imagens dos santos, imagens que abundavam a igreja da minha terra, e que para mim eram belíssimas, como era fascinante.

O PAINEL DA TRANSFIGURAÇÃO, que habitualmente ocupava o centro do retábulo mor, se recolhia em certas ocasiões, deixando ver o trono com a brancura dos seus degraus, harmoniosamente decorados com flores e luzes, para a adoração solene, A JESUS SACRAMENTADO, recordo-me de ouvir o pároco a censurar os devotos, eram mais as devotas, que não davam ao Santíssimo, a devida primazia, e se demoravam em longas rezas, diante da Senhora e dos Santos mais venerados;

Primeiro a adoração que só a Deus é devida depois as devoções. A missa que se seguia, era mais sentida como obrigação, do que como oração, mas uma obrigação gostosamente assumida, era o acto mais importante da nossa religião, no altar rezava-se a Paixão, morte e ressurreição de Jesus, de uma forma que não se sabia explicar, mas se aceitava sem hesitação, havia respeito, estava-se longamente de joelhos, batia-se com a mão no peito, rezava-se imenso durante a missa, muitos, desfiavam as contas do terço e saciavam Ave-Marias, num balbuciar, que só eram interrompidos, pelo retinir da campainha a elevação.

Alguns abriam devocionários e missais, que ajudavam os mais letrados a unir-se e o sacerdote fazia e dizia no altar. A comunhão sacramental, ocasião de oração mais fervorosa e intensa, fazia-se como regra depois da missa, e não, no momento próprio, depois da comunhão do celebrante, como já advogavam os liturgistas, e alguns pastores começavam a conceder, terminada a missa, muitas pessoas se demoravam ainda em longas orações de graças, o senhor abade como chamamos também no Brasil, ou pároco, dava o exemplo, também ajoelhado no genuflexório, voltado para o sacrário, em suma, rezava-se antes da missa, durante a missa, e depois da missa.

Muito poucos conscientemente rezavam a missa, a missa era para se estar, para se assistir, respeitosa e devotamente. Nela acontecia o que mais espantoso se pudesse imaginar, DEUS descia à terra, JESUS inteiro, corpo, sangue alma e divindade, tão real e perfeitamente como está no céu, tornava-se presente no altar, diante de nós, pelo ministério do sacerdote, que maravilha! Quem me dera ser como ele era, assim efectivamente, pelas mãos e pela voz quase inaudível do sacerdote, Jesus imolava-se e oferecia-se ao Pai, para nós nos imolarmos e oferecermos com ele, e tornava-se nosso alimento, se bem que a maioria, só raramente se alimentasse desse Pão do Céu.

Graças a Deus, o Apostolado da Oração e depois a Liga Eucarística, promoviam a frequência pelo menos mensal, da confissão e da comunhão, A expressão, espectadores mudos e estranhos, que o concílio retoma, não faz o retrato fiel daquelas assembleias, aliás o que os padres conciliares diziam, é que a santa mãe igreja, não desejava, e continua a não desejar, que os fiéis se comportassem desse modo, como espectadores, mudos e estranhos, de tão excelso mistério.

Disse que se rezava por ocasião da missa, mas não se rezava a missa, não era bem assim, de facto até se rezava, adorava-se, contemplava-se, aplicavam-se os frutos do santo sacrifício, assim se dizia pelas intenções mais sentidas, pelos vivos e defuntos, só não se pensava que isso fosse rezar, rezar, era recitar fórmulas de oração sabidas de cor, também isso se fazia antes, durante, e depois, mas a oração principal, era a própria missa e o povo, o povo rezava a missa mesmo sem o saber, como o protagonista da comédia de Móniér , que quando por fim lhe explicaram o que era a poesia , concluiu que até então , havia feito prosa , mesmo sem o saber , neste caso era poesia que o povo fazia .

Depois, lembro-me de um domingo, em que o pároco interino, o pároco efectivo estava ausente por razões de saúde, nos disse que a missa ia passar a ser celebrada em português, ainda não completamente, e trouxe uns livrinhos com uns diálogos, e as partes do povo, para nós aprendermos a responder na missa ao sacerdote, esse bom padre, fez até ensaios com o povo, recordando o entusiasmo, com que essa mudança foi acolhida, ainda revejo o brilho nos olhos do meu pai, a ensaiar comigo, criança de oito e nove anos, o ordinário da missa, admirado e envaidecido por eu aprender de cor, quase a primeira, ao passo que ele tinha que repetir mais vezes, eu sou testemunha, como muitos, dos que estão aqui presentes, e são da minha idade e mais velhos o podem ser, da alegria e entusiasmo, que a igreja viveu nesta estação feliz, da reforma litúrgica, agora sim, já entendíamos o que o padre dizia e fazia, voltado para o altar, até então, adoçado ao retábulo mor, tendo atrás de si a comunidade celebrante, até isso mudou, uma mesa provisória foi colocado, a permitir que o celebrante ficasse de frente para o povo, e todos se pudessem sentir, como uma comunidade reunida, em redor da mesa do senhor, para viver a sua Páscoa, ouvindo, dialogando, cantando, aclamando, numa experiência de comunhão nunca dantes imaginada, num novo Pentecostes, agora todos ouvíamos proclamar as maravilhas da salvação, na nossa própria língua, já anteriormente, era-mos a igreja em oração, mas agora, começávamos a ter consciência disso.

Que aconteceu para ter deixado de ser assim?
Que continua a acontecer para que não seja assim?
Porque razão tem dificuldade em experimentar a liturgia como oração por excelência?
Como a igreja em oração?

Continuando no registo narrativo, e recorrendo as memórias pessoais, posso recordar um pouco, como as coisas se passaram, e que deram o resultado que temos a vista.
A reforma litúrgica feita com tanta sabedoria e ponderação, não foram acompanhadas pela renovação litúrgica, devido a coerências várias, das quais, a mais importante, é a meu ver, a reformação litúrgica, que é apenas um aspecto, e essencial da educação cristã.

Algumas causas.

Primeiro, a crise da música litúrgica.
Uma das principais dificuldades, foi a do canto litúrgico, não havia repertórios disponíveis em português, tínhamos alguns repertórios devocionais em vernáculo, para a piedade eucarística das tardes de domingo. E para as devoções mais em voga ao sagrado coração de Jesus, a Nossa Senhora, aos santos padroeiros, mas dado que a liturgia oficial era tudo em latim, estava tudo por musicar, o ordinário da missa, e o próprio da missa, entrada, senhor tende piedade de nós, glória, salmo responsorial, aleluia, e versículo ao evangelho, ofertório, santo, Cordeiro de Deus, canto de comunhão, a celebração dos outros sacramentos, a liturgia das horas, não havia nada.

E as pessoas queriam participar, cantando na sua língua, e os coros foram desprezados, porque os seus repertórios, não estavam actualizados, e porque se chegou a pensar que era escusados, todos cantavam tudo, viva a participação, mas cantavam o que? Cantavam como? Tendo-se abertos os diques, que durante tantos séculos tinham estado trancados, a força da corrente, arrastou tudo a sua frente, mesmo tendo havido discernimento onde o houve, não houve forças, não houve capacidade para estancar a enxurrada, para liderar uma evolução gradual e progressiva, “bis, órate qui bene cánite”.

Atribui-se este dito, a Santo Agostinho - cantar bem é rezar duas vezes. Mas eis que de repente, o canto se tornou um obstáculo a oração, a falta de oração musical própria, recorreu-se a parodia, metendo uma letra supostamente de nosso senhor, muitas vezes com ofensas da gramática e da métrica, para já não falar da doutrina, cheias de lugar comum, e de vago sentimentalismo religioso, em melodias compostas para outros ambientes e situações, e quase sem se dar por isso, a discoteca, o cinema, o festival da canção, o ambiente da POP e do Roque, a casa da mariquinhas ou os arraiais com as suas desgarradas, invadiram e profanaram a igreja, e tornou-se mesmo muito difícil, o recolhimento e a oração, que nasce da palavra acolhida, e do amor correspondido, por vezes eram os religiosos e religiosas bem intencionados, com seus noviciados, em terras de Espanha, a traduzir as letras do castelhano para o português, que é praticamente a mesma língua. Não será?

E então passamos a cantar, santo é, santo é, santo é, em vez de, santo. Santo. Santo. Do português de lei.
Muito se fez no bom sentido, começou-se, sim falo das minhas memorias, pelos salmos de gelinô, vertidos para o português por quem tinha formação literária e musical, um punhado de compositores competentes e devotados, pôs-se ao trabalho de dar expressão musical, a oração da igreja. Lembro alguns, dos que já cantam os louvores do cordeiro, da liturgia eterna, Manuel Luís, Sebastião Faria, Borges de Sousa, Fernandes da Silva, Carlos Silva, celebremos os louvores dos homens ilustres, dos nossos antepassados, através das gerações, foram homens virtuosos, e as suas obras não foram esquecidas, que os seus filhos, sejam fieis e a aliança, e que a assembleia possa cantar os seus louvores.

Realizaram-se também alguns encontros de formação para adultos, este é mais um, em que a boa semente foi lançada, e houve boa terra para acolher, sem esses encontros, a realidade das pontes.
A ecologia humana (isto é, o estudo da interdependência entre as instituições “ e aqui é denominada igreja “ e o agrupamento dos homens no espaço por eles explorados “ também aqui denominado como comunidade paroquial “) seria bem diferente para pior, mas o inimigo, continua a semear o joio de noite e de dia, na rádio, e na televisão, e muitos, nas casa religiosas, nos movimentos juvenis, nas paroquias, o tal do nona conta do bom trigo. E como joio assim parece, temos de crescer até a ceifa, houve, e há escolas diocesanas, e cursos nacionais e tanto trabalho escondido.

É certo que não basta só ser músico competente, para dar forma e beleza ao canto da igreja em oração, mas que isso ajuda lá isso ajuda. Das construções de pontes a ecologia humana, muito mais é o que falta fazer, do que o que já se fez, e alguma coisa se fez, com a graça de Deus.
Demorei-me um pouco mais na questão da música, chamada a potenciar, o carácter orante, das nossas celebrações litúrgicas, mas há muitas outras causas.

Vou enumerar algumas.

Deficiências da moralidade.

Desculpai o título, já ides ver o conteúdo. Enquanto as leituras e oração, eram feitas em latim, e o povo pouco ouvia, quando ouvia alguma coisa, e o que ouvia, nem entendia, estava tudo muito bem assim. Quando era em latim nem se advertia.

A deficiente qualidade, das intervenções morais a palavra, estava absorvido no rito, era mais questão de cerimonial, do que de leitura, e escuta, mas deixou de ser assim, o português, deixou os leitores, sem a rede protectora da ignorância linguística, ler bem em público, é um dom tão generalizado, que se supunha, que as comunidades, não tinham, e tardam em ter, leitores preparados, fazer a leitura, ministério eclesial, e exercer com competência, e verdadeira responsabilidade, passou a ser distinção, que se distribuía a alguém, por motivos de relevância social, ou para dar protagonismo, frequentemente, por comodismo de responsáveis, a tarefa foi entregue, a auxiliares dóceis mas ineptos, aqui e ali, a tarefa foi alvo de apropriação. Reservada e transformada, em coutada privativa, reservada a alguns, ou algumas, ou então, deixada a iniciativa, de quem a ultima hora, era convidado a avançar, e fazer a leitura.

Nuns e noutros casos, a preparação não era a regra, a leitura deficiente da Palavra de Deus, segue por parte dos seus destinatários, a incompreensão da mensagem revelada, e esta assim comprometido, o dialogo salvífico que é a oração, sem proposta, não pode haver resposta, se a escritura não se encarna em palavra audível, e inteligível, pela mediação de leitores, então, também não poderá encarnar na vida iluminada, e transformada dos ouvintes, Deus que suscitou os profetas, inspirou os autores sagrados, enviou e animou os apóstolos, quer falar agora ao seu povo reunido, é precisamente para escutar, ter a responder, Deus quer falar, mas a sua mensagem é truncada, mutilada distorcida, falseada, por leitores impreparados. Como pode o povo responder-lhe, aderir as suas propostas, conformar com elas as suas exigências, comprometer-se, num pacto de amor fiel e indissolúvel.

Como pode a liturgia ser oração, se não chega a ser liturgia, mas não pensemos, que o defeito é exclusivo dos leitores leigos, recortados apenas, na hora quinta para o trabalho da vinha, porque ninguém os contratou, ninguém os preparou.

A liturgia que é operene, fazer-se carne, desta palavra, na acção sacramental, é primariamente da ordem do agir, nela, as palavras da palavra, são para se proclamar, cantar, aclamar, acolher, viver, numa palavra celebrar, sem didactismos deslocados, sem interferências ruidosas, na linguagem sábia do rito, com o ritmo certo, e bem balanceado, palavra e canto, palavra canto, ou então, como na vigília mãe de todas as vigílias, palavra, canto, oração. Palavra canto oração, no silencio que escuta, na respiração serena do coração que palpita, diástole, cístole , diástole , cístole , proposta , resposta, oração, dialogo, vida.

Há também equívocos, no conceito de participação, que prejudicam e prejudicam, o carácter orante das nossas celebrações, a palavra participação, é das mais importantes, na constituição conciliar, sobre a sagrada liturgia, não admiram, ela deu o mote, ao movimento litúrgico clássico, que nela desaguou, quem não recorda a proclamação do papa são pio x, que num modo próprio, (tra léxi no situdiane) e no distante ano de 1903, declarou, que a participação do sacro santo mistérios da liturgia, é a primeira, e indispensável fonte, onde o povo fiel, pode ir beber o genuíno espírito cristão, 1903, quando a partir de 1909, projectou o movimento litúrgico, para alem das cercas dos mosteiros, tamamber bodiuan, fez destas palavras do Papa, a sua bandeira e foi a bandeira do movimento litúrgico, na encíclica “mediator dey”, Pio XII dedicou, a oportunas reflexões, procurando articular com o substantivo participação.

Os adjectivos que a qualificam, interna, externa, activa, sacramental, plena; a constituição conciliar fez sua, esta sua solicitude, e propõe como meta, o objectivo de toda a reforma litúrgica, subsequente a participação.

Outro exemplo de confusão de papeis, e de crise de identidade ministerial, é a que reina entre zeladoras e floristas, com o resultado triste, de a flor deixar de ser a expressão de uma prece, de um sentimento delicado, de um afecto terno, para se degradar, em objecto de adorno, supostamente destinado, a embelezar as nossa igrejas, quando estas já são belas, ou na hipótese desgraçada de não o serem, não há adorno que lhes valha, e há outras confusões, e misturas que reflectindo um pouco, facilmente se detectam, e que se resultam, da não observância da sábia norma da constituição conciliar, sobre a sagrada liturgia, nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar o seu oficio, fará tudo e só o que lhe competir, segundo a natureza da acção e as normas litúrgicas. Consequências igualmente funestas, teve e tem a redução da participação activa, a participação externa.

A confusão entre activismos exterior, e participação numa assembleia celebrante, ninguém esta dispensado, do direito dever de participar, consciente, activa, e frutuosamente, na celebração memorial, da Páscoa da nossa redenção; Para que esta participação seja possível, e bem ordenada, há que organizar toda uma serie de serviços, que para funcionar os vários ministérios, sacristão, asseio, arranjo da igreja, acolhimento e boa ordem da assembleia, coro e demais ministérios da musica, organistas, salmistas de director dos eventuais instrumentistas, leitores instituídos ou de facto, acólitos instituídos e ministrantes, ministros extraordinários da comunhão, tudo isso, sem esquecer os ministros ordenados, que garantem, apostolicidade da assembleia, todos os fieis, que asseguram os diferentes ministérios, ofícios e funções, tem de intervir na celebração, antes, durante, e depois, para desempenhar o papel que lhes compete, são muitas acções, que importa coordenar de forma sinfónica para tal, e em casos de maior complexidade, pode ate ser precioso, o serviço de um bom mestre de cerimonias, mas ai de nós, se confundirmos.

As diversas funções ministeriais, com a participação activa, e chegarmos a conclusão falaciosa, de que para participar, é preciso fazer alguma coisa, ter uma intervenção determinada, que quem simplesmente está no seu lugar, e contempla, escuta, responde, aclama, só porque não faz nada de especial, só porque não tem uma tarefa concreta a desempenhar, já não participa.

É assim que pensam os catequistas, quando as suas crianças, não tem uma tarefa, naquela missa especial, não participam, pois bem, essa confusão faz-se, esta confusão continua a fazer-se, e o resultado é o activismo, por vezes arbitrário, agitação externa permanentemente, a necessidade aparente, de estar sempre a funcionar, ou em funções, esquecendo que a grande acção, a grande obra, essa é Deus que a realiza, e em relação a essa obra prima, obra suprema, a nossa participação, é mais expressiva do que activa, é mais acolher do que dar, é mais calar do que dizer, é mais adorar, do que girar no vazio de um activismo sem objecto. É uma confusão generalizada.

Pensa-se, que só é activo quem lê, ou quem canta, que não é activo quem escuta, e contempla, quando na verdade, actividade interior, é indispensável, para que se possa falar, em participação plena, tendo em conta, na integridade da pessoa humana, na sua dimensão espiritual e corpórea.

Se hoje as celebrações litúrgicas estão diminuídas, no seu carácter orante, sem duvida, que uma das causas, reside nesta falácia, da participação activa, que degenerou com agitação vazia.

Há mais causas, eu não as vou dizer todas.

Quando tenho a oportunidade de viajar pelo nosso país, ou por outros países, de antigas raízes cristas, frequentemente registo, o contraste entre as celas austeras, a pobreza e o desconforto, em que vivem monges e monjas, frades e freiras, e o esplendor das suas igrejas, a surpreendente qualidade da sua arquitectura, escultura, pintura, a preciosidade, e estilos dos seus paramentos, das suas alfaias litúrgicas, e vasos sagrados, perante este contraste, que chega a ser chocante, por muitas histórias, que os guias nos contam, dos religiosos dessas eras, sem vocação, e com vidas menos edificantes, muitas vezes escandalosas, eu, por mim, não tomo a árvore pela floresta, e só posso concluir, aqueles homens, aquelas mulheres, que viviam são pobremente, e deixaram igrejas tão ricas, que nos parecem um cantinho do céu, aqueles homens, aquelas mulheres, tinham fé, a Deus davam o melhor, porque já a si próprio se lhe tinham consagrados.

E o mesmo, fazia o povo fiel, que vivia de forma tão modesta, uma vida duríssima de trabalho pesados, mas tinham na sua igreja, grande ou pequenina, o maior tesouro, nela elevava-se as alturas inauditas, nela prostrava-se em adoração, a missal nela ajoelhava, com entusiasmo penitente, nela rezava em diálogo confiante, nela situava as grandes referencias da vida, pautadas pelos sacramentos da fé nela, ou no seu adro, esperava repousar, aguardando, a ditosa esperança, da Ressurreição com Cristo, as igrejas eram efectivamente casa de oração, de encontro, de comunhão.

Por vezes vem-me a tentação de estabelecer confrontos, com as igrejas que hoje se edificam, tão despojadas, tão nuas, são vazias, tão frias, sem imagens santas, a abrir os seus muros, para o horizonte da eternidade, e que mais se cuida, do conforto de quem as frequenta, cada vez em menor número, do que na glorificação, do altíssimo de que nela se inclina, para escutar nossa confidencia, ou desabafo, para se dar em companhia amorosa, e em viático, para o caminho ao lado destas igrejas. Por vezes meros anfiteatros ou armazéns, veja o luxo de edifícios públicos, ou de moradias, em que nada falta, mesmo que seja a crédito, e tenho medo de concluir, que é feito da fé deste povo.

Onde está o seu Deus?

E depois, assistimos ao desprezo das nossas belas igrejas, que são trocados por outros espaços de celebração mais amplos, polivalentes, neutros, “há qui del rei”, que o povo não cabe na igreja, que o pároco tem que ir celebrar a várias paróquias, há falta de clero, e precisamos de uma mega superfície religiosa, quantas licenças de edificação são solicitadas aos Srs. Bispos, imagino que isso agora vai diminuir, que o crédito está difícil, mas quantas licenças são solicitadas para construir salões, que de facto se destinam a acolher a assembleia celebrante, na melhor das hipóteses, são igreja sem esse nome, mas na grande maioria dos casos, não são igreja e por isso, não estão a altura de recolher de forma habitual a assembleia, e da assim, fisionomia e identidade a comunidade eclesial local, nos salões não se reza ao chegar, nos salões ninguém genuflecte, ninguém ajoelha, nos salões, ninguém procura a presença daquela eterna fonte que não vê, ninguém, mas que bem eu sei, daquela eterna fonte que está escondida, em este vivo pão a dar-nos vida, de noite e de dia, estes salões não nascem da fé, não inspiram a fé, não alimentam a fé, pobre de quem se habitua a celebrar, a divina da liturgia, nesses espaços, e depois nem sequer sabe como se está numa igreja, mesmo na igreja velhinha da sua terra.

Não quero falar das igreja fechadas, situação que nos envergonha a todos, padres e leigos, quanto mais fechadas menos visitadas, menos defendidas, mais expostas a ruína, ao roubo, ao sacrilégio.

Esquecimento do corpo, é outra causa de degradação, do carácter orante, das nossas celebrações. Quando era menino aprendi que me devia comportar no espaço Sagrado, de determinado modo, sabia genuflectir, ajoelhar, era impensável que alguém entrasse sem primeiro ter genuflectido e ajoelhado em adoração, quando o sacerdote se dirigia ao altar para dar início a celebração da eucaristia, todos se erguiam respeitosamente, de pé.

Hoje entra-se na igreja como num café, muitas vezes nem sequer se interrompe a conversa ao telemóvel ou a cavaqueira como acompanhante, e a primeira coisa que se faz, é procurar assento e ALAPAR-SE.

Não podemos deixar o corpo no bengaleiro, que aliás não é costume ver nas igreja, temos de o habituar a posições, atitudes, gestos e movimentos, menos espontâneos e cómodos, do que o simples sentar-se é repousada espera do espectáculo, é curioso, dantes que se falava em assistir e ouvir, a propósito do preceito dominical, as pessoas estavam numa atitude corporal mais activa, agora, que tanto falamos em participar sentam-se.

Do ponto de vista da atitude corporal, a oração litúrgica valoriza todo o ato de possibilidades expressivas, a prostração em Sexta-Feira Santa, nas ordenações, na profissão religiosa, o ajoelhar no coração da celebração eucarística, ao canto das ladainhas, e como atitude penitencial, o genuflectir ao santíssimo sacramento e a santa cruz, inclinação profunda e simples, o estar de pé, o sentar-se, cada atitude e gesto o movimento deve fazer-se verdade, expressividade, sem afectação, todas as atitudes tem o seu lugar na liturgia orante da igreja, cada qual, tem o seu momento adequado em que são convidados em unânimes, na medida do possível, nas atitudes, movimentos e gestos, porque essa uniformidade exterior, favorece a comunhão interior, e íntima das pessoas, as participações nas grandes acções sacramentais, tudo isso contribui, para robustecer o carácter orante das celebrações litúrgicas, infelizmente, em alguns lugares, parece que fui banido a oração de joelhos, como a igreja não a tivesse mantido, e não proponha, em momentos fulcrais das celebrações litúrgicas, foi-se ao ponto de retirar os genuflexórios, dos bancos destinados aos fiéis, porque supostamente será mais litúrgico, permanecer de pé, curiosamente esses são os primeiros a sentar-se, antes de terminar a comunhão, esquecendo que o acto de comungar o senhor na eucaristia, é indissoluvelmente um acto pessoal e comunitário, no fundo, no fundo, ignora-se a linguagem corporal da oração, desencarna-se, e portanto, desnatura-se a liturgia, empobrece-se a participação.

Queremos as palavras da mãe igreja, só ao seu colo aprendemos a rezar, é por isso imperioso superar o subjectivismo e o espontaneismo que nasce debaixo, que da vós a carne, para orarmos segundo o espírito.

Façamos o esforço, de que por aquilo que pela nossa boca a igreja diz, Jesus nosso irmão e pontífice, diz, modelemos o nosso íntimo pela voz orante da igreja, afinemos o nosso canto pelo íntimo de louvor, que ressoa nas moradas eternas, e que o filho de Deus introduziu nesta terra de exílio, e teremos chegado ao limiar da eternidade.

Não devemos dizer o que nos vem a boca, a oração não é para desafogarmos os nosso sentimentalismo, a voz com a qual devemos por de acordo com a nossa inteligência, os nossos sentimentos, é a voz da igreja em oração, é a voz de Cristo, orante, principal dos salmos.

Façamos o esforço de sintonizar o nosso íntimo com esta voz, troquemos a nossa banheira por um mergulho no oceano de um Deus sempre maior que nos ama, e experimentaremos como a oração litúrgica, nos dilata e nos liberta, sem nos alienar, porque nos insere na Páscoa da redenção, nos respeita como pessoas, mas nos insere na grande comunidade da santa igreja em oração.

E concluo,

Deixo a minha conclusão aberta as vossas conclusões, porque voz também tendes experiências, perspectivas, tendes as comunidades, porventura não vedes as coisas como eu vejo.
Fiz convosco uma partilha muito franca, dos males que afectam o carácter orante da liturgia, na sua forma celebrativa actual, não fui exaustivo, poderei ter sido parcial, até porque vivo com paixão, esta vida central da IGREJA; vós dareis o desconto.

Como vêem, de todas as construções de pontes, que o homem possa imaginar construir, e no âmbito de toda Ecologia – humana que possa existir, com certeza, a mais sábia, a mais bela, a mais frutuosa, a mais digna e a mais RICA é com o Sr. nosso Deus, alicerçados na pedra angular que os construtores rejeitaram, a pedra angular. JESUS DE NAZARÉ.

Eu aprendi mais liturgia com a minha família em criança, do que nos bancos de escola superior, ali aprendemos a estudar liturgia, mas a liturgia aprende-se ao colo da mãe, com o leite, é educação cristã que falta, e tenho esperança de que este movimento não vai parar; Estes encontros paroquiais vão continuar a ser a força propulsora no meio por nós habitados; No próximo ano aqui estaremos com mais força, com a mesma convicção, seguindo o rumo traçado pelo pároco, que sabe bem a importância destes encontros para a VIDA; Para a IGREJA.

ESTE MOVIMENTO NÂO PODE PARAR.

Palestra de Formação de Adultos
Tema: "Pontes com a Ecologia Litúrgica"
Apresentada por Ricardo Igreja Torre a 09.11.2011
á comunidade da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima
em Viana do Castelo

RICARDO IGREJA

terça-feira, 8 de novembro de 2011

10 MANDAMENTOS DO SUCESSO

1. Diga sempre que hoje é o melhor dia da sua vida; portanto, não o sobrecarregue com lembranças dolorosas de ontem, nem com temores cobardes do amanhã. Viva cada dia com entusiasmo e intensidade.

2. Construa você mesmo a sua vida: não permita que opiniões e erros alheios te conduzam ao fracasso.

3. Irradia sempre  amor, cordialidade e simpatia… Distribui os teus tesouros espirituais, pois, quanto mais deres, mais enriquecerás.

4. Não ajudes e para esperar receber algo em troca.
A maior fonte de energia está em ti mesmo; quando aprenderes a utilizá-la, descobrirás o quanto já és rico e forte.

5. Seja honesto, pontual e exigente consigo mesmo. Quem não se disciplina, desperdiça tesouros de energia física e mental, acabando por destruir-se.

6. Jamais esqueça-se de cuidar do corpo e da mente, conservando ambos sadios. Como os males de um se refletirão infalivelmente no outro, os dois merecem, por igual, atenção constante.

7. Tenha paciência. Nunca duvide da continuidade da vida e de que a vitória pertence aos que sabem esperar o momento certo de agir.

8. Fuja da extravagância e do desperdício, pois, afinal, o equilíbrio na vida é um bem inestimável.

9. Faça diáriamente,  uma avaliação da sua vida . Veja o que merece, na verdade, a sua real atenção e o que for supérfluo, “elimine da sua vida”.

10. Após tomar uma decisão de forma consciente e livre, nunca se afaste dela. Não mude os seus objectivos. SABER QUERER É A BASE PARA VENCER.

Hélder Gonçalves

sábado, 5 de novembro de 2011

CRUZ AMERÍNDIA

A Cruz Ameríndia é uma espécie de mistura entre as duas formas de cruzes mais comuns - como a latina, não tem os quatro braços iguais, mas, a exemplo da grega, apresenta uma simetria biaxial - , a Cruz Ameríndia é, no entanto, muito mais antiga.

Utilizada desde as Aleutas até à Patagónia, ou seja, em toda a América, no Norte ao Sul, a cruz era, de facto, um símbolo muito familiar dos indígenas quando, a partir do final do século XV, os exploradores ao serviço dos Reis Católicos de Espanha chegaram ao Novo Mundo.

Cristóvão Colombo, Hernán Cortés e companheiros de aventuras levaram para ali, naturalmente, a cruz representativa da crucificação de Cristo, o Salvador.

Mas os povos nativos das Américas, que desconheciam por completo o cristianismo, não abriram a boca de espanto, pois a cruz era para os índios um instrumento familiar e, sobretudo, prático.

Associada ao número quatro, servia para marcar os pontos cardinais, as estações, os elementos da natureza...

Se é de facto que os indígenas nunca tinham ouvido falar em Cristo, também não deixa de ser verdade que veneravam divindades e coisas sagradas, como, por exemplo, a cruz.

Na realidade, a cruz também assumia, para os índios, um significado sobrenatural, religioso.

Era usada como amuleto ou colocada em terras plantadas, para proteger as culturas, no cimo das casas, como bendição para quem lá vivia, em encruzilhadas de caminhos, para guiar os viajantes.

Sublinhe-se que, em algumas tribos, particularmente em latitudes meridionais, os índigenas veneram coisas que, no imaginário, os remetem para as cruzes.

É o caso da constelação do sul, em forma de cruz, ou do condor, que, quando visto de baixo, faz lembrar uma cruz.

Resta saber é se os veneram porque os associam à cruz ou se esta é que adquiriu um poder sobrenatural por ser a representação estilizada de divindades ou coisas sagradas.

Hélder Gonçalves

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

PENSA E MEDITA

Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar.
Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.

Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração.
As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.

É fácil amar os que estão longe.
Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.

As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas.
Mas o seu eco é infindável.

A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.

O que eu faço é simples: ponho pão nas mesas e compartilho-o.

Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las.

A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração.

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" Mais importante que acrescentar dias na sua vida é acrescentar vida nos seus dias!"

Tire o chapéu para o passado e arregace as mangas para o futuro! Tire de cada dificuldade que a vida lhe trouxer a lição de que nada tem valor a não ser o que é conquistado."

"Tristes tempos os nossos, em que é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.

A maioria de nós prefere olhar para fora e não para dentro de si próprio.

A ciência sem a religião é paralítica - a religião sem a ciência é cega.

A luz é a sombra de Deus.

O homem arruína mais as coisas com as palavras do que com o silêncio.

Só engrandeceremos nosso direito à vida, cumprindo o nosso dever de cidadão do mundo.

Olho por olho e o mundo acabará cego.

O medo tem alguma utilidade, mas a covardia não.

Não há caminho para a paz, a paz é o caminho.

Somos senhores dos nossos pensamentos; mas é-nos alheia a execução deles.

Ricardo Igreja

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

TERÇO - Mês de Maria

Estamos no mês de Outubro, mês em que Nossa Senhora apareceu em Fátima pela última vez a 13 de Outubro de 1917, e que tanto nos pediu que rezássemos o terço.

Nunca será demais falar da riqueza do terço, no seu sentido teológico e bíblico, das maravilhas desta oração, sobretudo neste mês de Outubro dedicado ao rosário.
Simples mas rica, singela mas poderosa, repetitiva mas cheia de novidade divina.
Com ela se alcançam graças e dons, com ela colocamos o mundo em Deus através de Nossa Senhora, com ela repassamos os mistérios de Cristo e de Maria.
Que maravilhosa oração!

O aspecto mais importante do terço é a sua dimensão cristológica, ou seja, somos convidados a meditar os mistérios de Jesus, a contemplar cenas do Evangelho, a repassar pela alma o que Jesus e Maria fizeram e disseram.

O terço lança-nos no Evangelho, mergulha-nos na Palavra de Deus, faz-nos ponderar com a alma e o coração as riquezas dos mistérios.

O terço é um modo simples e suave de entrarmos em contacto continuo com a Palavra de Deus e nos alimentarmos dela, pois a Palavra de Deus é alimento, é fonte de vida, é fonte de graça e purificação.

Os quatro ciclos dos mistérios, agora enriquecidos com os mistérios luminosos, fazem-nos saborear, lenta e suavemente, a riqueza da Pessoa de Jesus e de sua Mãe, as acções do amor louco e apaixonado de Deus, aspectos maravilhosos da historia da salvação. Desde a Encarnação à Gloria da Ascensão de Jesus e da Assunção da Senhora, vão passando diante de nós quadros vivos do amor que salva e liberta, que é misericórdia, ternura e compaixão.

Também é bom recordar que as orações que rezamos no terço são bíblicas; o Pai Nosso, a oração por excelência, foi ensinado por Jesus; Ave-Maria, cuja primeira parte foi dita pelo Arcanjo Gabriel, no dia da Anunciação, e por Santa Isabel, no dia da Visitação, e a segunda parte foi composta pela Igreja há muitos séculos; finalmente, temos o Glória, no final de cada mistério, para nos unirmos à Santíssima Trindade. Caminho maravilhoso do amor, que trouxe Deus ao mundo e que leva o mundo a Deus.

Por Maria, a Mãe que nos ama e quer todo o nosso bem, descem garças e bênçãos do Céu.
Por ela veio Jesus e por Ela vêm graças de Jesus, os dons do seu amor divino.
O terço bem rezado é precioso caminho de vida espiritual e de santidade.
E é meio eficaz para alcançar de Deus, através de Jesus e de Maria, verdadeiros milagres de graça, de cura, de santidade.
Quando Nossa Senhora, em Fátima, nas seis aparições, nos exorta a que rezemos o terço todos os dias, a Mãe sabe bem o que nos pede.

Saibamos ouvir o seu apelo, a sua exortação e sejamos fiéis à oração diária do terço.
È a nossa grande “arma”. Ele nos alcançará muitos dons e inúmeras graças.

Hélder Gonçalves

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

EXPULSÃO DE DEUS

Finalmente, a verdade é dita na TV Americana: 

A filha de Billy Graham estava a ser entrevistada no Early Show e a apresentadora Jane Clayson perguntou-lhe:

- Como é que DEUS permitiu acontecer o 11 de Setembro?

Anne Graham deu uma resposta extremamente profunda e sábia. Ela disse:

- Eu creio que DEUS ficou profundamente triste com o que aconteceu, tanto quanto nós. Há muitos anos que dizemos para DEUS não interferir nas nossas escolhas, no nosso governo e para sair das nossas vidas. Sendo um cavalheiro como DEUS é, eu creio que Ele calmamente deixou-nos.

Como podemos esperar que DEUS nos dê a Sua bênção e Sua protecção se nós exigimos que Ele não se envolva mais connosco? À vista dos acontecimentos recentes, ataque dos terroristas, tiroteio nas escolas, etc.

Depois disso, alguém disse que seria melhor também retirar a Bíblia das escolas... A Bíblia que ensina-nos que não devemos matar, não devemos roubar, e devemos amar o nosso próximo como a nós próprios. E nós concordamos.

Logo depois, o Dr. Benjamin Spock disse que não deveríamos bater nos nossos filhos quando eles comportam-se mal, porque as suas personalidades durante o crescimento ficariam distorcidas e poderíamos prejudicar a sua auto-estima (O filho do Dr. Spock cometeu suicídio).

E nós dissemos: "um perito nesse assunto deve saber o que está a falar", e então concordamos com ele.

Depois alguém disse que os professores e os directores das escolas não deveriam disciplinar os nossos filhos quando eles se comportassem mal. Os administradores escolares então decidiram que nenhum professor nas suas escolas deveria tocar num aluno quando se comportasse mal, porque não queriam publicidade negativa, e não queriam ser processados. (Há uma grande diferença entre disciplinar e tocar, bater, dar socos, humilhar e chutar, etc.)

E nós concordamos com tudo.

Aí alguém sugeriu que deveríamos deixar que as nossas filhas fizessem abortos, se elas assim o quisessem, e que nem precisariam contar aos pais.

E nós aceitamos essa sugestão sem ao menos questioná-la.

Então alguém sugeriu que imprimíssemos revistas com fotografias de mulheres nuas, e disséssemos que isto é uma coisa sadia, e uma apreciação natural da beleza do corpo feminino.

E nós também concordamos.

Depois uma outra pessoa levou isto a um passo mais adiante e publicou fotos de crianças nuas e foi mais além ainda, colocando-as à disposição na Internet.

E nós dissemos, "está bem, isto é democracia, e eles têm direito de ter a liberdade de expressarem-se e fazer isso".

A indústria de entretenimento então disse: "Vamos fazer shows de TV e filmes que promovam profanação, violência e sexo ilícito. Vamos gravar música que estimule as drogas, crimes, suicídios e temas satânicos."

E nós dissemos: "Isto é apenas diversão, e não produz qualquer efeito prejudicial. Ninguém leva isso mesmo a sério, então que façam isso!

"Agora estamos nós a perguntarmo-nos porque é que os nossos filhos não têm consciência, e porque é que não sabem distinguir entre o bem e o mal, o certo e o errado, porque não lhes incomoda matar pessoas estranhas ou os seus próprios colegas de classe ou a si próprios...

Provavelmente, se nós analisarmos tudo isto seriamente, iremos facilmente compreender que nós colhemos exactamente aquilo que semeamos!

Se uma menina escrevesse um bilhetinho a DEUS, dizendo:

"Senhor, porque não salvaste aquela criança na escola?"

A resposta d’Ele seria:

"Querida criança, não me deixam entrar nas escolas! Do Seu DEUS."

- É triste como as pessoas simplesmente culpam DEUS e não entendem porque é que o mundo está a ir a passos largos para o inferno.

- É triste como cremos em tudo que os jornais e a TV dizem, mas duvidamos do que a Bíblia nos diz.

- É triste como todos queremos ir para o céu, desde que não precisemos de acreditar, nem pensar ou dizer qualquer coisa que a Bíblia nos ensina.

- É triste como alguém diz: "Eu creio em DEUS", mas ainda assim segue a Satanás, que por sinal, também "crê" em DEUS.

É engraçado como somos rápidos para julgar mas não queremos ser julgados!

Como podemos enviar centenas de piadas por email, e elas espalham-se como fogo, mas quando tentamos enviar algum email a respeito de DEUS, as pessoas têm medo de compartilhar e reenviá-lo a outros!... e apagam-nos.

Pense no mundo como seria diferente, se todos nós pensássemos diferente.

Ricardo Igreja

domingo, 2 de outubro de 2011

LADAÍNHA DE NOSSA SENHORA - Explicação

* Origem da ladainha

A palavra ladainha vem do grego e significa súplica. Mas desde o início da Igreja ela foi utilizada para indicar não quaisquer súplicas, mas as que eram rezadas em conjunto pelos fiéis que iam em procissão às diversas igrejas. Há, naturalmente, numerosas ladainhas, dependendo do que é pedido nas diversas procissões.

Quando a casa na qual morou Nossa Senhora na Palestina foi transportada milagrosamente para a cidade de Loreto (Itália), em 1291, a feliz novidade espalhou-se rapidamente, dando início a numerosas peregrinações. Com o correr do tempo, uma série de súplicas a Nossa Senhora foi sendo composta pelos peregrinos que ali iam, os quais A invocavam pelos seus principais títulos de glória. Posteriormente essa ladainha era cantada diariamente no Santuário, e os peregrinos que de lá voltavam a popularizaram em todo o orbe católico. Chama-se lauretana por ter a sua origem em Loreto.

Algumas invocações têm sido acrescentadas pelos Papas ao longo dos tempos, outras são agregadas para honrar a proteção de Nossa Senhora a alguma Ordem religiosa, como fazem os carmelitas, os quais rezam a ladainha lauretana carmelitana, com quatro invocações a mais. Mas o corpo central das ladainhas permanece o mesmo.


* Composição da Ladainha

No início da Ladainha Lauretana, as invocações não se dirigem a Nossa Senhora, mas a Nosso Senhor e à Santíssima Trindade, pois dizemos Senhor, tende piedade de nós, Jesus Cristo, ouvi-nos, etc. Depois invocamos o Pai Eterno, o Filho e o Espírito Santo. Porquê?

Tudo em Nossa Senhora conduz-nos ao seu divino Filho, e por meio d'Ele à Santíssima Trindade, que é o nosso último fim. Isto é algo que os protestantes não entendem ou não querem entender: Maria Santíssima é o melhor caminho para se chegar a Deus.

Após essa introdução da ladainha, seguem-se três invocações, nas quais pronunciamos o nome da Virgem (Santa Maria) e lembramos dois dos seus principais privilégios: o ser Mãe de Deus e Virgem das virgens. A seguir, há um grupo de 13 invocações para honrarmos a Maternidade de Nossa Senhora, e outras seis para honrar a sua Virgindade. Em seguida, 13 figuras simbólicas; quatro invocações da sua misericórdia e, finalmente, 12 invocações d'Ela enquanto Rainha gloriosa e poderosa.

Em geral, é no grupo das 13 invocações com figuras simbólicas que surgem as maiores dificuldades de compreensão. A nossa civilização fechou-se para o símbolismo, e aquilo que poderia ser até evidente noutras épocas, hoje ficou obscurecido pelo exclusivismo concedido ao espírito prático. A própria vida contemporânea contribui para isto. Assim, por exemplo, como explicar ou realçar, a pessoas que ficam fechadas em casa em cidades feias e perigosas, a beleza de uma estrela? Igualmente, o ritmo de vida de hoje, cheia de stress não favorece a meditação ou a contemplação das maravilhas da criação.


* Alguns significados

Vejamos então o significado destas 13 invocações simbólicas.

Espelho de Justiça — Justiça, aqui, entende-se no seu sentido mais amplo de santidade. Nossa Senhora é chamada assim, porque Ela é um espelho da perfeição cristã. Toda a perfeição pode ser admirada n'Ela, do mesmo modo como podemos admirar uma luz reflectida na água.

Sede da Sabedoria — Nosso Senhor Jesus Cristo é a Sabedoria, pois, enquanto Deus, tudo sabe e tudo conhece. Ora, Nossa Senhora durante nove meses encerrou dentro de si o seu divino Filho; Ela foi, portanto, a sede da Sabedoria. E continua a sê-lo, pois é n'Ela que encontramos infalivelmente a Nosso Senhor.

Causa de Nossa Alegria — a verdadeira alegria não é o riso. Rir muito nem sempre significa felicidade. É muito mais feliz a mãe carregando amorosamente o seu filho do que uma pessoa qualquer que ri à toa. E a maior alegria que um homem pode ter é a de salvar-se e estar com Deus para toda a eternidade. Ora, antes da vinda de Nosso Senhor, o Céu estava fechado para nós. Foi o sacrifício do Calvário que reconciliou-nos com o Criador e  proporcionou-nos a verdadeira e eterna felicidade. Como foi por meio de Nossa Senhora que o Redentor da humanidade veio à Terra, Maria Santíssima é, pois, a causa da nossa maior alegria.

Vaso Espiritual — Nada tem mais valor do que a verdadeira Fé. Na Paixão e Morte de Nosso Senhor, quando até os Apóstolos duvidaram e fugiram, foi Nossa Senhora quem recolheu e guardou, como num vaso sagrado, o tesouro da Fé inabalável.

Vaso Honorífico —  Nos dias de hoje, a honra quase não é considerada. Pelo contrário, muitas vezes a falta de carácter e a sem vergonha são louvadas. Mas a honra e a glória, na realidade, valem muito. E Nossa Senhora guardou cuidadosamente na sua alma todas as graças recebidas, e manteve a honra do género humano decaído. Se não tivesse existido Nossa Senhora, ficaria a faltar na criação quem representasse a perfeição da criatura, fiel até o extremo heroísmo.

Vaso Insigne de Devoção — Devoto quer dizer dedicado a Deus. A criatura que mais se dedicou e viveu em função de Deus foi Nossa Senhora, tendo-o realizado de tal forma, que melhor é impossível.

Rosa Mística — A rosa é a rainha das flores. É aquela que possui de forma mais definida e esplêndida tudo quanto caracteriza uma flor. Igualmente Nossa Senhora, no campo da vida espiritual ou mística, possui de forma mais primorosa tudo aquilo que representa a perfeição.

Torre de David — Lemos na Sagrada Escritura que o rei David tomou a fortaleza de Jerusalém dos jebuseus e edificou a cidade em torno dela. "E David habitou a fortaleza, e por isso se chamou cidade de David". Naturalmente, o rei David fortificou a cidade, para torná-la inexpugnável, e a dotou de forte guarnição. A Igreja Católica é a nova Jerusalém, e nela temos uma torre ou fortaleza que nenhum inimigo pode invadir ou destruir, que é Nossa Senhora. Ela constitui o ponto de maior resistência e melhor defesa. Por isso, nesta invocação honramos a Nossa Senhora reconhecendo que nunca houve, nem haverá, quem melhor proteja os fiéis e defenda a honra de Deus do que Ela.

Torre de Marfim — O marfim é um material que tem características raras na natureza. Ele é ao mesmo tempo muito forte e muito claro. Igualmente Nossa Senhora é muito forte espiritualmente, a maior inimiga dos inimigos de Deus, e de uma pureza altíssima. Assim Ela contraria a idéia falsa de que as coisas de Deus devam ser sempre muito doces, suaves e fracas, ou que a verdadeira força têm-na os impuros.

Casa de Ouro — O ouro é o mais nobre dos metais. Por isso, sempre que desejamos dar alguma coisa que seja insuperável, a oferecemos em ouro — uma medalha de ouro numa competição, por exemplo. Se tivéssemos que receber o próprio Deus, procuraríamos fazê-lo numa casa que não fosse superável, neste sentido uma casa de ouro. E a Virgem Santíssima é a casa de ouro que acolheu Nosso Senhor quando veio ao mundo.

Arca da Aliança — No Antigo Testamento, na Arca da Aliança ficavam guardadas as tábuas da Lei dadas por Deus a Moisés e um punhado do maná recebido milagrosamente no deserto. Por isso ela lembra as promessas e a proteção de Deus. Nossa Senhora é, no Novo Testamento, a Arca da Aliança que protege o povo eleito da Igreja Católica e lembra as infinitas misericórdias de Deus.

Porta do Céu — Nossa Senhora é invocada deste modo, pois foi por meio d'Ela que Jesus Cristo veio à Terra, e é por Ela que nos vêm todas as graças, as quais têm como finalidade levar-nos ao Céu, a nossa morada eterna. Assim, Ela favorece a nossa entrada no Céu, como a porta favorece a entrada num local.

Estrela da Manhã — Pouco antes de nascer o sol, quando a escuridão é maior e vai começar a clarear, aparece no horizonte uma estrela de maior luminosidade. Depois, quando as outras estrelas desaparecem na claridade nascente, ela ainda permanece. Assim foi Nossa Senhora, pois o seu nascimento significava que logo nasceria o Sol de Justiça, Nosso Senhor Jesus Cristo. E quando a Fé se perdia até entre o povo eleito, Ela continuava a acreditar e a esperar. Ela é o modelo da perseverança na provação e o anúncio da Luz que virá.

Temos assim, resumidamente, algumas explicações das invocações da Ladainha Lauretana. Esperemos que a compreensão delas ajude-nos a rezar com maior fervor tão meritória oração.


* Ladaínha de Nossa Senhora

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai Celeste que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho Redentor do mundo que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós

Santa Maria, rogai por nós.
Santa Mãe de Deus, rogai por nós.
Santa Virgem das virgens, rogai por nós.
Mãe de Jesus Cristo, rogai por nós.
Mãe da divina graça, rogai por nós.
Mãe puríssima, rogai por nós.
Mãe castíssima, rogai por nós.
Mãe Imaculada, rogai por nós.
Mãe intemerata, rogai por nós.
Mãe amável, rogai por nós.
Mãe admirável, rogai por nós.
Mãe do bom conselho, rogai por nós.
Mãe do Criador, rogai por nós.
Mãe do Salvador, rogai por nós.
Virgem prudentíssima, rogai por nós.
Virgem venerável, rogai por nós.
Virgem louvável, rogai por nós.
Virgem poderosa, rogai por nós.
Virgem clemente, rogai por nós.
Virgem fiel, rogai por nós.
Espelho de justiça, rogai por nós.
Sede da sabedoria, rogai por nós.
Causa da nossa alegria, rogai por nós.
Vaso espiritual, rogai por nós.
Vaso digno de honra, rogai por nós.
Vaso insigne de devoção, rogai por nós.
Rosa mística, rogai por nós.
Torre de David, rogai por nós.
Torre de marfim, rogai por nós.
Casa de ouro, rogai por nós.
Arca da aliança, rogai por nós.
Porta do Céu, rogai por nós.
Estrela da manhã, rogai por nós.
Saúde dos enfermos, rogai por nós.
Refúgio dos pecadores, rogai por nós.
Consoladora dos aflitos, rogai por nós.
Auxílio dos cristãos, rogai por nós.
Rainha dos Anjos, rogai por nós.
Rainha dos Patriarcas, rogai por nós.
Rainha dos Profetas, rogai por nós.
Rainha dos Apóstolos, rogai por nós.
Rainha dos Mártires, rogai por nós.
Rainha dos Confessores, rogai por nós.
Rainha das Virgens, rogai por nós.
Rainha de todos os santos, rogai por nós.
Rainha concebida sem pecado original, rogai por nós.
Rainha assunta ao Céu, rogai por nós.
Rainha do sacratíssimo Rosário, rogai por nós.
Rainha da Paz, rogai por nós.

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

V/ Rogai por nós, santa Mãe de Deus.
R/ Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos. Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos Vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da tristeza do século e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Hélder Gonçalves

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