domingo, 28 de julho de 2013

Pela Paciência

"Pela paciência participamos dos sofrimentos do Cristo" (RB Prol 50)


Ao fim do Prólogo da Regra de São Bento, há uma frase que gosto de citar, pois acho-a muito bonita. É aquela em que Bento, depois de ter explicado que o mosteiro é uma escola do serviço do Senhor, e após ter descrito em grandes linhas o programa desta escola, conclui: "À medida que se avança na vida monástica e na fé, o coração se dilata. E se corre o caminho dos mandamentos de Deus (Sl 118, 32), com o coração cheio de um amor tão doce que não há palavras para exprimi-lo".

Logo depois desta frase, segue-se uma outra, que conclui o Prólogo: "Assim, nunca nos afastando de Deus, nosso Mestre, e cada dia perseverando no mosteiro até a morte, continuaremos a fazer o que ele nos ensina. E assim, pela paciência, participaremos dos sofrimentos do Cristo e mereceremos assim estar com ele em seu Reino (Rm 8,17). AMÉM." (Em Latim, paciência (patientia) e sofrimentos (passiones) têm a mesma raiz).

Bento não deseja que avancemos na vida tristes e deprimidos. Espera que logo em nossa caminhada monástica, cheguemos àquele grau de desapego e de liberdade que nos permita ser transportados pela alegria do Espírito - uma alegria que é o fruto do amor de Deus e do próximo que enche nossos corações. Mas é ele também muito realista para saber que não podemos aí chegar sem o caminho que o próprio Cristo tomou, que é o da cruz. Pela cruz se vai à ressurreição. Aos postulantes que se apresentam ao mosteiro, é necessário, segundo Bento, ensinar desde o início os dura et aspera pelos quais se vai a Deus.

Desejaria mencionar, entre muitos outros textos, dois outros da Regra em que São Bento expressa sua teologia do sofrimento. O primeiro é o capítulo 36, sobre o cuidado a dar aos irmãos enfermos. Neste capítulo, Bento manifesta ao mesmo tempo uma profunda compaixão e uma sólida teologia. É preciso ser paciente com os doentes, mesmo quando eles se tornam difíceis de trato ou exigentes. Por quê? Pois eles foram assimilados ao Cristo, porque participam em sua própria carne dos sofrimentos do Cristo, e o Cristo aí está neles presente de um modo todo especial. A Regra do Mestre era muito dura com qualquer fraqueza e tinha pouca simpatia pelos doentes (RM 69). Bento prefere exagerar na misericórdia. Está de acordo com Agostinho que diz em sua Regra (35) que é preciso sempre dar o benefício da dúvida ao doente.

É mais ou menos natural ser sensível àqueles que estão fisicamente doentes. Mas há outras formas de enfermidade, sobretudo as do carácter  E este é o motivo de citar um segundo texto da mesma regra. É o capítulo 72, sobre o bom zelo dos monges.

Bento fala de início de duas formas de zelo. Há um zelo (um "fogo", como traduz a Bíblia de Belloc) mau e amargo, que separa de Deus e conduz para longe dele para sempre. Cada vez que nos sentimos amargos, devemos temer e rezar a Deus para que ele nos livre deste amargor, pois, diz São Bento, ele separa de Deus e nos separa também da comunhão com os outros e conduz ao inferno, pois o inferno é a ausência de comunhão com Deus e com os outros. Mas, felizmente, há também um bom zelo, aquele que leva a Deus e à vida eterna, isto é, à vida de eterna comunhão com Deus e com os outros. E, certamente, este é o zelo que os monges devem desenvolver com um amor fervoroso: "Cada um desejará ser o primeiro a mostrar respeito por seu irmão".

O bom zelo que conduz a Deus consiste então, primeiramente, em se respeitar mutuamente. Este respeito começa evidentemente pelas boas maneiras; mas exige muito mais. Consiste, diz Bento, de "suportar com muita paciência as fraquezas dos outros, as do corpo e as do caráter" e a "se obedecer mutuamente de todo coração."

Bento assim termina o capítulo, que era o último da Regra, antes de lhe ser acrescentado o capítulo 73, com a frase maravilhosa, paralela à última frase do Prólogo: "Obedecerão mutuamente de todo coração. Ninguém procurará seu próprio interesse, mas antes o que serve ao outro. Terão entre si um amor sem egoísmo, como os irmãos de uma mesma família. Respeitarão a Deus com amor. Terão por seu abade um amor humilde e sincero. Nada preferirão ao Cristo. Que ele nos conduza todos juntos à vida eterna com Ele!"

Cristo sofreu por nós por amor. Da mesma forma, quando Bento nos lembra os dura et aspera pelos quais se vai a Deus e a participação na cruz de Cristo, não elabora uma espiritualidade sombria e doentia do sofrimento pelo sofrimento. Fala das exigências do amor que são inerentes à vida em comum. A partir do momento em que estabelecemos as ligações de comunhão com os irmãos, somos levados a nos suportar mutuamente em nossas enfermidades, a ter sempre em conta as necessidades dos outros e suas fraquezas em cada uma de nossas decisões. O Cristo não nos mostrou acaso que o caminho para a alegria se acha nesta kenosis, esta maneira de esvaziar para ser preenchido? E não se trata simplesmente da vida eterna após a morte. Trata-se da alegria aqui, sobre a terra, que é verdadeira e real somente num coração que sabe se doar totalmente à alegria na medida em que se desapega e não se volta para si mesmo.

Fonte: D. Armand Veilleux, OCSO
Capítulo na Abadia de Scourmont, Forges, Bélgica, 28 de Março de 1999.

Traduziu: Cecilia Fridman, Rio Negro, PR, Brasil, para o Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo, 1999.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Papa - Dia dos Avós

Papa elogia papel dos avós e pede diálogo entre gerações
Francisco presidiu à recitação do Angelus no Rio de Janeiro, com milhares de pessoas


O Papa defendeu hoje no Brasil a necessidade de respeitar os avós e valorizar o “diálogo entre as gerações” como “um tesouro” para as famílias e a sociedade.

“Como são importantes os avós na vida da família, para comunicar o património de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família”, disse o Papa, na varanda central da sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro, antes da recitação da oração do Angelus.

No dia da memória litúrgica dos santos Joaquim e Ana, pais de Maria e avós de Jesus, Francisco destacou estas figuras que “fazem parte de uma longa corrente que transmitiu o amor a Deus, no calor da família”.
“Vemos aqui o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé”, acrescentou.

O Papa recordou que nesta data é celebrado, em muitos países, a “festa dos avós”, passagem do discurso sublinhada pelos aplausos dos presentes.

“Nesta Jornada Mundial da Juventude, os jovens querem saudar os avós. Eles saúdam os seus avós com muito carinho, saudamos os avós, e agradecem-lhes pelo testemunho de sabedoria que nos oferecem continuamente”, declarou, pedindo as palmas dos mais novos.

Francisco voltou a elogiar o “acolhimento caloroso” no Rio de Janeiro e deixou votos de que esta sua passagem renove “em todos o amor a Cristo e à Igreja, a alegria de estar unidos a Ele e de pertencer a Igreja e o compromisso de viver e testemunhar a fé”.

“Agora, nesta praça, nas ruas adjacentes, nas casas que acompanham connosco este momento de oração, sintamo-nos como uma única grande família e dirijamo-nos a Maria para que guarde as nossas famílias, faça delas lares de fé e de amor, onde se sinta a presença do seu Filho Jesus”, concluiu.
O dia do Papa tinha começado na zona norte da cidade, onde confessou cinco jovens de várias nacionalidades numa iniciativa inserida na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2013.

Após a celebração, Francisco seguiu em carro fechado e depois em papamóvel para a sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro, na qual teve um “breve encontro” privado com jovens detidos e saudou membros do Comité Organizador e benfeitores da 28ª JMJ.

No mesmo Palácio de São Joaquim, Francisco vai almoçar em privado com 12 jovens, em representação do Brasil e dos cinco continentes, incluindo o português Filipe Teixeira, do Patriarcado de Lisboa, voluntário na organização da JMJ.

O quinto dia da viagem do Papa ao Brasil vai encerrar-se às 18h00 locais, com a celebração da Via-Sacra, na Praia de Copacabana.


domingo, 14 de julho de 2013

Glúten e a Comunhão

Como é possível comungar se sou alérgico ao glúten?

Segundo a Federação das Associações de Celíacos, "a doença celíaca é uma condição crónica que afecta principalmente o intestino delgado. É uma intolerância permanente ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, centeio, cevada, aveia e malte". O tratamento indicado para os celíacos é "evitar durante toda a vida alimentos que contenham glúten".
Trata-se de uma doença que atinge um número significativo de pessoas e com variada intensidade. Existem celíacos que apresentam uma reacção leve ao glúten e outros uma reacção extrema.


Como podem então, essas pessoas comungar, uma vez que as hóstias são feitas com trigo?

O Cardeal Joseph Ratzinger, quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em 24 de Julho de 2003, assinou uma carta circular falando sobre o uso do pão com pouca quantidade de glúten e do mosto como matéria eucarística. Nela afirma que:

1. As hóstias completamente sem glúten são matéria inválida para a Eucaristia.

2. São matéria válida as hóstias parcialmente desprovidas de glúten, de modo que nelas esteja presente uma quantidade de glúten suficiente para obter a panificação, sem acréscimo de substâncias estranhas e sem recorrer a procedimentos tais que desnaturem o pão.

Já existe no mercado hóstias especiais para celíacos, que contêm uma reduzida quantidade de glúten, uma vez que é impossível confecioná-las e consagrá-las totalmente sem glúten, conforme o item 1 acima citado.

De forma prática, o celíaco com grau médio ou baixo de intolerância, que possa fazer uso de uma reduzida quantidade de glúten, deve adquirir as hóstias especiais, acondicioná-la numa teca exclusiva e colocá-la sobre o altar com os outros recipientes.

No caso de a pessoa ter uma intolerância extrema ao glúten, daquela que até mesmo uma ínfima quantidade é capaz de graves sequelas, o mesmo documento indica que o fiel comungue apenas do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo:

1. O fiel que sofre de fluxo celíaco de sorte a ficar impedido de comungar sob a espécie do pão, inclusive o pão parcialmente desprovido de glúten, pode comungar somente sob a espécie do vinho.

Nesse caso, o celíaco deve adquirir um cálice exclusivo, que pode ser encontrado em lojas especializadas e, igualmente, colocá-lo sobre o altar para que o vinho seja consagrado no momento propício.

2. E quando é o sacerdote que tem a intolerância extrema ao glúten?
De acordo com o mesmo documento da Congregação para a Doutrina da Fé, este sacerdote não pode celebrar o santo sacrifício:

3. O sacerdote impossibilitado de comungar sob a espécie do pão, inclusive o pão parcialmente desprovido de glúten, não pode celebrar a Eucaristia individualmente nem presidir a concelebração.

4. Dada a centralidade da celebração eucarística na vida sacerdotal, é necessário usar de muita cautela antes de admitir ao presbiterado candidatos que não podem, sem grave dano, ingerir glúten ou álcool etílico.

A medida pode parecer por demais dura, mas é preciso entender que para que o sacrifício da missa seja completo é necessário que o sacerdote comungue do pão e do vinho. Se isso não acontecer, a missa está incompleta.

A Igreja acolhe a todos os seus filhos e oferece uma digna solução para que todos possam participar do banquete sagrado que é a Eucaristia.

RICARDO IGREJA

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Romaria Senhora Agonia 2013 - Programa


10/08/2013 - Sábado
16,00h | Abertura da XII Exposição / Feira de Artesanato, da Romaria d´Agonia.

11/08/2013 - Domingo 
21,00h | Início da novena em honra de Nossa Senhora d'Agonia que terminará no dia 19 de Agosto.

14/08/2013 - Quarta-feira
21,30H | Festival das Comunidades na Praça da Liberdade.

15/08/2013 - Quinta-feira
21,30h | Trasladação das imagens do Senhor dos Aflitos e de Nossa Senhora da Assunção, respectivamente da Igreja da Ordem Terceira e da Sé Catedral, para a Igreja de S. Domingos. 

16/08/2013 - Sexta-feira   
08,30h | Alvorada
09,00h | A Grande Feira 
09,30h | Concerto Musical 
10,00h | Desfile da Mordomia
10,30h | Abertura do "Circuito do Feirão" em vários locais da Cidade.
12,30h | Revista de “Gigantones e Cabeçudos”
14,30h | Concertos Musicais
16,00h | Festival de Concertinas e Cantares ao Desafio na Praça da Liberdade
21,00h | Desfile “Vamos para o Festival”
22,00h | Festival no Jardim 
00,00h | Fogo de Artificio   
Nota: após o "Fogo da Festa" dar-se-á início ao Arraial SuperBock no Jardim da Marina.

17/08/2013 - Sábado  
08,30h | Alvorada
09,00h | Grande Feira 
10,00h | Concerto Musical 
12,00h | Revista de “Gigantones e Cabeçudos”
14,00h | Concerto Musical 
16,00h | Cortejo Histórico-Etnográfico Viana "Caravela do Mar"
21,30h | Concertos Musicais 
22,00h | Festa do Traje
00,00h | Fogo de Artificio designado "Fogo do Meio ou da Santa".
Nota: após o "Fogo do Meio ou da Santa" dar-se-á início ao Arraial SuperBock no Jardim da Marina.

18/08/2013 - Domingo   
08,30h | Alvorada
10,00h | Concertos Musicais
12,00h | Revista de "Gigantones e Cabeçudos"
14,30h | Concertos Musicais
16,00h | Oração de Vésperas 
16,30h | Procissão Solene da Senhora d'Agonia
21,00h | Desfile “Vamos para a Serenata”
22,00h | Festival no Jardim
00,00h | Serenata   
Nota: após a "Serenata" dar-se-á início a mais um Arraial SuperBock no Jardim da Marina.

19/08/2013 - Segunda-feira   
08,30h | Alvorada
09,00h | Grande Feira
10,00h | Concerto Musical
10,30h | Circuito do Feirão em vários locais da Cidade
12,00h | Revista de “Gigantones e Cabeçudos”
14,30h | Concerto Musical
15,00h | Festival Náutico no Estuário do Rio Lima 
17,00h | 1º Encontro de Bandas Filarmónicas do Concelho de Viana do Castelo
21,00h | Desfile "Vamos para o Festival"
21,30h | Concerto Musical
22,00h | Festival no Jardim
Nota: Dar-se-á início à Confecção dos "Tapetes Floridos" nas ruas da Ribeira e ao último Arraial SuperBock no Jardim da Marina.

20/08/2013 - Terça-feira  
08,30h | Alvorada
09,30h | Visita às ruas da Ribeira para admirar os "Tapetes Floridos", cuidadosamente feitos durante a noite
10,00h | Concerto Musical
12,00h | Revista de "Gigantones e Cabeçudos"
14,00h | Concerto Musical
14,30h | Solene Celebração Eucarística (no Adro da Sra. d'Agonia) seguida de Procissão ao Mar 
21,30h | Concerto Musical
22,00h | Espectáculo musical  com o consagrado artista Vianense "Augusto Canário e Amigos" no Campo d'Agonia
00,00h | Fogo de Artifício       

21/08/2013 - Quarta-feira

21h30 | Trasladação das Imagens do Senhor dos Aflitos e de Nossa Senhora da Assunção, da Igreja de S. Domingos para a Igreja da Ordem Terceira e da Sé Catedral, respectivamente.

HÉLDER GONÇALVES

domingo, 7 de julho de 2013

Reflectir a Fé

A fé em Deus não é só para quando a vida corre mal:
crises, doenças, morte, desgraças, etc...

A fé não é uma muleta ou fuga do mundo, nem sequer o cinto de segurança, nem um seguro contra todos os riscos.

A fé é dar um salto no escuro, sabendo que o Pai espera por nós; é um empurrão que nos leva a correr riscos;
A fé é mais fonte de insegurança do que cinto de segurança.

A fé não é como que um cobertor eléctrico que nos aquece no frio.
Fé implica cruz, morte, despojamento, esvaziamento de nós mesmos, abandono.

Fé não é ir ao sabor da corrente, do mais fácil, do mais cómodo, mas ir contra a corrente, estar em minoria e seguir caminhos de subida, custosos, difíceis de luta e de combate contra o mal que há em mim: vícios, defeitos e pecados.

A fé não torna as coisas mais fáceis, nem mais claras.
A fé é uma questão de confiança em Deus, em Jesus Cristo, no Espírito Santo; uma amizade entre nós e Deus; melhor, uma questão de casamento entre Deus e nós, a tal Aliança de que fala a Bíblia.

É intimidade entre a divindade e a humanidade.

A fé é intimidade de amor entre cada um de nós e o Criador do Universo.
Deus ama-nos como um apaixonado ama a sua amada.
Quem praticar a religião por obrigação, nada entende da fé como amizade, pois não se pode obrigar uma pessoa a gostar do outro. Vir à missa é dizer: "eu gosto de estar com Deus, com Jesus Cristo, eu preciso de ir à Missa".

HÉLDER GONÇALVES

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...