sexta-feira, 30 de março de 2012

DOMINGO DE RAMOS

A celebração do Domingo de Ramos é composta por dois momentos: o primeiro de exultação e alegria. O segundo, de sofrimento e de dor.

Sentado num jumentinho Jesus entra na cidade de Jerusalém, enquanto que o povo que vai à frente e atrás estende os mantos e ramos, aclamando: “Hossana ao Filho de David! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hossana no mais alto dos céus” (Mt 21,9).

Os que acompanhavam Jesus não imaginavam que alguns dias depois outros gritos seriam ouvidos nas ruas de Jerusalém: “Crucifica-o! Crucifica-o” (Jo 19,6).

Jesus é diferente dos outros reis. O Seu reinado não é deste mundo nem visa o poder. As aclamações espontâneas do povo não agradaram aos que detinham o poder. Certamente, muitos dos que aclamavam Jesus não o faziam por convicção, mas por influência da massa humana, como acontece ainda hoje; por isso mesmo, alguns dias depois pedirão a morte de Jesus.

A Paixão e Morte de Cristo apresentam-se como caminho necessário para a vitória definitiva. A Paixão foi para Cristo a honra do testemunho supremo de toda a Sua vida. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (Jo 13,1).

Só o amor infinito pode explicar as desconcertantes humilhações do Filho de Deus. Na Paixão, Cristo leva ao limite extremo a abnegação dos seus direitos divinos: não só os oculta sob as aparências da natureza humana, como a eles renuncia até submeter-se ao suplício da cruz e expor-se aos insultos mais amargos.

Com a celebração do Domingo de Ramos, abre-se a Semana Santa decisiva para Cristo e para a nossa salvação.

A Paixão vai aproximando-se e Jesus não pode mais voltar atrás, porque Ele está a realizar a vontade do Pai.

A cruz, no entanto, não será o último acontecimento na história da salvação: o Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos chefes de Israel, ser morto e depois de três dias ressuscitar.

Somente a ressurreição pode dar pleno sentido à vida de Cristo; somente Ela dará sentido à nossa fé e ao seguimento de Jesus.

HÉLDER GONÇALVES

quarta-feira, 28 de março de 2012

MORTE DE JESUS CRISTO

Porque condenaram Jesus à morte?


À medida que a pregação de Jesus de Nazaré se ia desenrolando, a sua figura ía-se tornando cada vez mais controversa.

As autoridades religiosas de Jerusalém mostravam-se inquietas com a agitação que o Mestre, vindo da Galileia para a celebração da Páscoa, tinha suscitado entre o povo.

O mesmo sucedia com as autoridades romanas, visto que, numa época em que, de tempos a tempos, se esboçavam sublevações contra a ocupação romana, encabeçadas por líderes locais que apelavam ao orgulho judeu, as noticias acerca deste Mestre que chamava o povo a preparar-se para a chegada do «Reino de Deus» não eram nada tranquilizadoras. Uns e outros estavam, portanto, de sobreaviso contra Ele, embora por motivos diversos.

Jesus foi detido e julgado pelo Sinédrio. Não se tratou de um processo formal, segundo os requisitos mais tarde recolhidos na Mismá (Sanhedrin, 4,1) – exigindo, entre outras coisas, que o julgamento se desenrole apenas durante o dia - , mas sim de um interrogatório levado a cabo em casas particulares, com base nas acusações feitas contra Ele ou nas suspeitas levantadas acerca do seu ensinamento.

Tratou-se, concretamente, de uma instrução prévia sobre a sua afirmação de que destruiria o templo para depois o reedificar em três dias (Mt 14,58), sobre o halo messiânico em torno do seu personagem provocado pelas suas palavras e atitudes e, especialmente, sobre a sua suposta pretensão de possuir uma dignidade divina.

Mais do que as questões doutrinais em si, o que realmente preocupava as autoridades religiosas talvez fosse a agitação que elas temiam da parte de Jesus contra os padrões estabelecidos. Esta poderia dar lugar a uma agitação popular que os romanos não tolerariam, e que, por sua vez, poderiam dar origem a um agravamento da situação politica, que nesse momento era calma, devido às boas relações e à colaboração existente entre o Sumo-sacerdote Caifás e as autoridades romanas.

Sendo assim, transferiram a causa para Pilatos, levando o processo legal contra Jesus à presença da autoridade romana. Fizeram ver a Pilatos que Aquele que falava de um «reino» poderia constituir uma ameaça para Roma.

O governador tinha vários meios possíveis de resolver a situação. Uma delas era a coertio «castigo ou medida forçada», que lhe outorgava a capacidade de aplicar as medidas oportunas para manter a ordem pública. Com base nela, poderia ter aplicado a Jesus um castigo exemplar ou, inclusive, poderia tê-lo condenado à morte para que servisse de exemplo.

Também poderia instituir uma cognitio «conhecimento», processo formal em que era formulada uma acusação, havendo um interrogatório e sendo ditada uma sentença em conformidade com a lei.

No entanto, optou por uma cógnito extra ordinem, ou seja, um processo em que o próprio governador determinava o procedimento, ditando ele mesmo a sentença.

Assim se depreende de alguns detalhes aparentemente acidentais que se refletem nos relatos: Pilatos ouve as acusações, interroga, senta-se no tribunal para ditar a sentença (Jo 19,13; Mt 27,19), e condena Jesus à morte na cruz por ser «rei dos judeus», segundo se fez constar no titulus crucis, quer dizer, na placa que se fixava na cruz, indicando o motivo da condenação.

HÉLDER GONÇALVES


domingo, 25 de março de 2012

SANGUE DE CRISTO

Que significa o Sangue de Cristo ?


A frase "Sangue de Cristo" é usada várias vezes no Novo Testamento e é a expressão da morte sacrificial e expiatória de Jesus em nosso favor. As referências ao sangue do Salvador incluem a realidade de que Ele literalmente sangrou na cruz, mas mais significativamente que sangrou e morreu pelos pecadores. O sangue de Cristo tem o poder de expiar por um número infinito de pecados cometidos por um número infinito de pessoas ao longo dos tempos, e todos cuja fé repousa nesse Sangue serão salvos.

A realidade do sangue de Cristo como meio de expiação do pecado tem a sua origem na Lei Mosaica. Uma vez por ano, o sacerdote devia fazer uma oferenda de sangue de animais no altar do templo pelos pecados do povo. "De fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há perdão" (Hebreus 9:22). Entretanto, esta era uma oferta de sangue limitada na sua eficácia, por isso tinha que ser oferecida repetidamente. Este foi o prenúncio do sacrifício a ser oferecido de "uma vez por todas" por Jesus na cruz (Hebreus 7:27). Uma vez que o sacrifício foi feito, não havia mais a necessidade do sangue de touros e cabras.

O sangue de Cristo é a base da Nova Aliança. Na noite antes de ir para a cruz, Jesus ofereceu o cálice de vinho aos discípulos e disse: "Este cálice é a nova aliança no Meu Sangue, derramado em favor de vós" (Lucas 22:20). Derramar o vinho na taça simbolizava o sangue de Cristo que seria derramado por todos os que chegariam a crer n’Ele. Quando derramou o Seu sangue na cruz, Jesus acabou com a exigência da Antiga Aliança para o contínuo sacrifício de animais. Isso deu-se ao facto de que esse sangue não era suficiente para cobrir os pecados do povo, excepto em carácter temporário, porque o pecado contra um Deus santo e infinito requer um sacrifício santo e infinito. "Contudo, esses sacrifícios são uma recordação anual dos pecados, pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados" (Hebreus 10:3-4). Embora o sangue de touros e cabras tenha sido uma "lembrança" do pecado, "o precioso sangue de Cristo, um cordeiro sem mancha ou defeito" (1 Pedro 1: 19) pagou por completo a dívida que devíamos a Deus pelos nossos pecados, e não precisamos de nenhum outro sacrifício pelo pecado. Jesus disse: "Tudo está consumado" quando estava a morrer e foi exactamente isso o que quis dizer - que todo o trabalho de resgate foi concluído para sempre, "ele entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, e obteve a eterna redenção" por nós (Hebreus 9:12).

O sangue de Cristo não somente redime os crentes do pecado e do castigo eterno, mas "purificará a nossa consciência de actos que levam à morte, de modo que sirvamos ao Deus vivo!" (Hebreus 9:14). Isto significa que não só estamos agora livres de oferecer sacrifícios que são "inúteis" para obter a salvação, mas somos livres de confiar em obras inúteis e improdutivas da carne para agradar a Deus. Porque o Sangue de Cristo redimiu-nos, somos agora novas criaturas em Cristo (2 Coríntios 5:17) e pelo Seu sangue somos libertados do pecado para servir ao Deus vivo, para glorificá-lo e desfrutá-lo para sempre.

 
HÉLDER GONÇALVES

terça-feira, 20 de março de 2012

PERDÃO

Perdoar é um dos actos básicos da fé cristã, pois, a nossa entrada na vida que Jesus Cristo nos ofereceu, só foi possível porque recebemos o perdão de Deus Pai. Ele perdoou-nos, mediante a obra do Seu Filho feita na cruz, em nosso favor. Amor e perdão caminham sempre juntos.

Deus é amor, é a mais formosa definição que a Bíblia apresenta. E a maior prova do Seu amor para connosco foi perdoar todos os nossos pecados. Porque Ele ama-nos e perdoou-nos. Perdoar é um atributo de Deus.

Perdoar é um mandamento da Palavra de Deus. Não é um sentimento, nem depende da nossa vontade ou emoção. A Palavra declara: “sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo vos perdoou” (Efésios 4.32)

“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha queixa contra outrem. Assim como o Senhor nos perdoou, assim também perdoai vós” (Colossenses 3.13)

Quando Deus perdoou-nos, pôs um fim à situação desastrosa em que nós nos encontrávamos, pois, estávamos condenados à morte como consequência do nosso pecado de desobediência. Ele chamou-nos para uma nova vida, onde o amor e o perdão têm a sua expressão máxima. Perdoada a nossa ofensa, o relacionamento amoroso que nos une ao Pai Eterno foi restaurado. Diante desse acto de misericórdia e amor imerecido devemos, do mesmo modo, estender o perdão a todo aquele que nos ofender. O perdão de Deus deve gerar no nosso coração o desejo de perdoar incondicionalmente, tal com Ele fez connosco.

Perdoar significa deixar de considerar o outro com desprezo ou ressentimento. É ter compaixão, deixando de lado toda a ideia de vingar-se daquilo que foi feito ou pelas consequências que sofremos.

A base sobre a qual exercitamos o perdão

A base para o acto de perdoar é o completo e livre perdão que recebemos do Pai. Assim como Ele nos perdoou, nós perdoamos. Como filhos de Deus o perdão que expressarmos, deve ser análogo ao seu perdão – “perdoando-vos uns aos outros como, também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Efésios 4.32), ensina o apóstolo. É inconcebível viver sob o perdão de Deus sem perdoar ao próximo.

Quando Jesus ensinou os seus discípulos a orar, Ele colocou um pedido ao Pai: “perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mateus 6.12). É esse espírito de perdão que deve permanecer em nós. Se o Pai, antecipadamente, perdoou-nos, quando não éramos merecedores, em gratidão ao seu amor perdoador, nós devemos, também, perdoar aos que nos ofendem. O perdão deve ser uma característica do nosso viver cristão. Se o amor perdoador de Cristo foi sacrificial – Ele deu-se por nós -, da mesma forma o nosso amor deve expressar-se dando-nos, em amor, por aquele que nos ofendeu.

Quando devemos perdoar

Há dois momentos, em especial, que o perdão deve expressar-se:

(1) – No momento em que fomos atingidos - injuriados, maltratados, ofendidos, perseguidos, etc. – O exemplo de Estevão mostra que ele perdoou no mesmo momento da agressão recebida  – “Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado”(Actos 7.60). Apedrejado até á morte, ele não pensou em si, pensou na situação dos agressores diante de Deus – perdoou-os e rogou por eles. Eis, aí o manifesto, o mais elevado e magnífico espírito cristão de perdão. Este primeiro mártir da fé cristã imitou o Senhor Jesus que orou na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23.34).

(2) – Quando aquele que ofendeu pede perdão – Devemos estar preparados para perdoar, tão logo nos for solicitado o perdão. Deve ser uma atitude imediata e sem guardar ressentimento algum. Isso se expressará mais fácil na medida em que amadurecemos na nossa vida espiritual. O perdão tem de ser um acto da nossa vontade disciplinada. Ele não é um sentimento, nem é facultativo. Ele resulta de colocar a nossa vontade sob a vontade de Deus.

Quantas vezes devemos perdoar

Essa foi a pergunta que Pedro fez a Jesus. A resposta do Senhor trouxe algo de novo, demonstrando que já não estamos sob a Lei, estamos sobre a Graça de Deus. “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo sete vezes, mas setenta vezes sete” (Mateus 18.21,22). Se a Lei determina um número de vezes para perdoar, o Evangelho de Cristo não determina números, determina a aplicação do amor em grau infinito.

Condições para recebermos perdão

Perdoar para ser perdoado é o ensino de Jesus:

- “se, porém, não perdoardes aos homens as (suas ofensas), tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. (Mateus 6.15).

- “Assim também Meu Pai celeste vos fará, se no íntimo não perdoardes cada um ao seu irmão” (Mateus 18.35).

- “E, quando tiverdes a orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que o Vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas” (Marcos 11.25)..

O perdão "a" nós mesmos

Muitas vezes, antes de podermos perdoar os outros, devemos perdoar a nós mesmos. Habitualmente somos mais duros connosco do que com os outros. Devemos recordar que Cristo perdoou-nos. Mateus ensina-nos: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.39). Precisamos sentir que Ele nos ama e já perdoou-nos . Para que isso ocorra, devemos lembrar a posição em que Deus já colocou-nos: “fez-nos assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Efésios 2.6). Precisamos de ver-nos como somos aos olhos de Deus e não segundo os nossos incorretos sentimentos. Em Cristo está a nossa vitória.

Valor do Perdão

Perdoar é essencial ao nosso bem estar interno e ao testemunho externo da igreja. Sem esta prática as ervas daninhas da amargura, do ódio e do ressentimento impedirão de que representemos ao mundo, integralmente, o carácter de Jesus o nosso Senhor e Salvador. Amém.

HÉLDER GONÇALVES

domingo, 18 de março de 2012

SIMÃO CIRENEU

Porque é que Jesus, a caminho do Calvário, permitiu que alguém o ajudasse a levar a cruz?

Ele não poderia ter realizado um milagre como tantos outros que realizou anteriormente?

Não poderia ter feito uso de sua omnipotência, aquela omnipotência com a qual Ele criou todas as coisas e sustenta o universo inteiro?


Além do mais, naquela específica ocasião, realizar um milagre reergueria o conceito das pessoas sobre Ele, e apaziguaria. o animo dos soldados com relação à sua pessoa. Mas ele não o realizou.

Jesus tinha poder suficiente para restaurar as suas próprias forças, reerguer a cruz e voltar a caminhar de maneira firme até ao local da crucificação. Porque não o fez?

Poderia também ter chamado naquele momento milhares de anjos, e a ajuda de um só deles seria mais do que suficiente para reerguê-lo e ajudá-lo a levar a cruz.

Jesus poderia ter feito qualquer uma dessas coisas, mas não as fez. Por quê?

Ele não chamou os anjos para socorrê-lo porque a cruz não era para os anjos.

Ele também não realizou nenhum milagre para carregar a cruz porque aquela era a cruz dos homens e dele, Jesus Cristo, Homem. Portanto, era necessário que Ele a levasse na sua condição de homem, e que os homens a levassem com ele. Por isso Jesus consentiu que Simão Cirineu o ajudasse a levá-la (Marcos 15.21).

O Filho de Deus entregou-se a si mesmo para morrer na cruz visando a nossa redenção, o perdão dos nossos pecados. Ele primeiramente pôs sobre os seus ombros o jugo da sua cruz, e depois ensinou que cada um de nós deve carregar a sua (Marcos 8.34).

Com isto Ele quis dizer que a cruz era tanto sua como nossa.

Deveria ser tão-somente nossa, mas para que nós não tivéssemos de ser crucificados nela, Ele tomou o nosso lugar.

Simão Cirineu não sabia que aquela era a cruz do Salvador dos homens. Se ele soubesse que ela era o instrumento da nossa redenção; se naquele momento Deus abrisse os olhos de Simão para que ele visse todos os frutos da salvação que a morte de Cristo na cruz iria produzir, certamente aquele cireneu não só ergueria e carregaria aquela cruz, mas até a abraçaria, sentindo-se honrado pelo simples facto de poder tocá-la.

Imaginemos, portanto, o que não significaria carregá-la, caso Simão soubesse o que ela representava. A cruz que ele estava a carregar não era a de um simples criminoso, mas a cruz do Filho de Deus, a cruz do seu Criador, do seu Redentor.

Simão não sabia nada disso, mas nós sabemos.

Sabemos o que representa a cruz do nosso Salvador Jesus Cristo.

Sabemos, portanto, porque devemos levar essa cruz que é dele e que é nossa.

Levando a nossa cruz, não devemos esquecer que Jesus a levará connosco, assim como o cirineu o ajudou a levar a sua.

Sejam quais forem as lutas e aflições que enfrentarmos devido ao peso dessa cruz, Jesus estará sempre ao nosso lado fortalecendo-nos, ajudando-nos, confortando-nos.

Tendo ao meu lado esse Simão Cirineu, o que devo temer?

O que não poderei conseguir?

Jesus levará comigo essa cruz se eu recorrer sempre a Ele e aceitar a ajuda vinda do seu ombro e da sua mão.

Ainda que todos os flagelos do mundo caiam sobre mim, ainda que o mundo inteiro se levante irado contra a minha vida, sempre terei ao meu lado esse Simão Cirineu. Ele prometeu estar connosco todos os dias (Mateus 28.20).

Portanto, devemos manter a firme resolução de levar a nossa cruz até ao alto do nosso monte Calvário, ou seja, até ao fim da nossa vida, quando então se iniciará a vida eterna para a qual Deus nos convida.

Jesus deu-nos um fez-nos um apelo a cada um de nós para cada um levar a sua Cruz.

Isso diz respeito principalmente a uma coisa, à responsabilidade do carácter de Cristo em nós.

Devemos carregar a Cruz do nosso irmão, mesmo sem saber quem ele é, e nunca ser uma pedra de tropeço na sua vida.

HÉLDER GONÇALVES

2 ANOS



Dou Graças a Deus pela inspiração que nos tem dado neste Blog que festeja hoje os seus 2 Anos de existência.

Obrigado a todos quantos nos têm visitado e nos Têm acompanhado ao longo deste tempo.

Que Deus continue a derramar as suas bençãos a todos que trabalham ao serviço da Evangelização.

A Paz esteja com todos.

OBRIGADO, OBRIGADO, OBRIGADO...


HÉLDER E RICARDO

quinta-feira, 15 de março de 2012

PÔNCIO PILATOS

QUEM ERA PÔNCIO PILATOS?


Pôncio Pilatos desempenhou o cargo de prefeito da província romana da Judeia desde o ano 26 d.C. até ao ano 36 ou início do ano 37 d.C. A sua jurisdição estendia-se também à Samaria e Idumeia. Não sabemos nada de certo sobre a sua vida antes dessas datas. O título do cargo que desempenhou foi o de praefectus, como era chamado até ao imperador Cláudio e como o confirma uma inscrição descoberta em Cesareia. O título de procurator, utilizado por alguns autores antigos referindo-se ao seu cargo, é um anacronismo. Os Evangelhos referem-se a ele pelo título genérico de «governador». Como prefeito competia-lhe manter a ordem na província e administrá-la, tanto do ponto de vista judicial como financeiro. Portanto, devia estar à frente do sistema judicial (como consta que aconteceu aquando do julgamento de Jesus) e recolher tributos e impostos para prover às necessidades da província e de Roma. Desta última actividade não há provas directas, ainda que o incidente do aqueduto narrado por Flávio Josefo (ver mais abaixo) seja certamente uma sua consequência. Alem disso, foram encontradas moedas cunhadas em Jerusalém nos anos 29, 30 e 31, sem dúvida por ordem de Pilatos.

Acima de tudo, porém, o prefeito romano passou à história por ter ordenado a execução de Jesus de Nazaré; ironicamente, o seu nome entrou, por essa mesma razão, no símbolo da fé cristã: «Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado…».

Segundo Filón e Flávio Josefo, as suas relações com os Judeus não foram nada boas (a informação sobre Pilatos aparece em Filón, ‘Embaixada a Gayo’, 299-306 e Flávio Josefo, ‘Antiguidades Judaicas’, 18,55-62; ´A Guerra dos Judeus´, 2,169-177). Na opinião de Josefo, os anos que Pilatos passou na Palestina foram muito agitados, e Filón afirma que o governador se caracterizava pela «sua venalidade, violência, roubos, assaltos, conduta abusiva, frequentes execuções de prisioneiros sem julgamento prévio e pela sua ferocidade sem limites» (Embaixada a Gayo, 302).

Embora estas apreciações sejam certamente influenciadas pela intencionalidade e compreensão próprias destes dois actores, a crueldade de Pilatos é manifesta, como sugere Lc 13,1, onde se menciona o incidente dos galileus cujo sangue o governador misturou com o dos seus sacrifícios.

Josefo e Filón narram ainda que Pilatos introduziu em Jerusalém umas insígnias em honra de Tibério, que originaram uma grande revolta, forçando-o por fim a levá-las para Cesareia. Josefo relata, noutra passagem, que Pilatos utilizou fundos sagrados para construir um aqueduto. A decisão originou uma revolta, que foi suprimida de forma sangrenta. Um último episódio relatado por Josefo é o da violenta repressão de samaritanos no monte Garizim, no ano 35. Os samaritanos enviaram então uma delegação ao governador da Síria, Lúcio Vitélio, que suspendeu Pilatos do seu cargo. Este foi chamado a Roma, para apresentar explicações, mas só lá chegou depois da morte de Tibério (Antiguidades Judaicas, 18,85-89). Segundo uma tradição recolhida por Eusébio, caiu em desgraça sob o império de Calígula, acabando por se suicidar.

Nos seculos seguintes, surgiram todo o tipo de lendas sobre a sua pessoa. Umas atribuíram-lhe um fim assustador, no Tibre ou em Vienne (França), enquanto outras (sobretudo as Actas de Pilatos, que na Idade Média faziam parte do Evangelho de Nicodemos) apresentam-no como convertido ao cristianismo juntamente com sua mulher, Prócula, venerada como santa pela Igreja Ortodoxa, devido ao facto de ter defendido Jesus (Mt 27,19). O próprio Pilatos é contado entre os santos da Igreja etíope e copta. Mas, acima destas tradições, que na sua origem reflectem uma intenção de mitigar a culpa do governador numa época em que a difusão do cristianismo encontrava dificuldades no Imperio, a figura de Pilatos que conhecemos dos Evangelhos corresponde à de um personagem indolente, que não quer confrontar-se com a verdade, preferindo agradar à turba.

A sua presença no Credo, não obstante, é de grande importância, porque nos recorda que a fé cristã é uma religião histórica e não um programa ético ou uma filosofia. A Redenção realizou-se num lugar concreto do mundo, na Palestina, e num período concreto da história, isto é, quando Pilatos era governador da Judeia.


HÉLDER GONÇALVES

terça-feira, 13 de março de 2012

PENITÊNCIA

A palavra “penitência” é tradução do latim “paenitentia” que, por sua vez, traduz o grego “metanoia”, que significa conversão. Então, o essencial da prática da penitência da Quaresma é que ela seja um modo de exprimir o nosso desejo de conversão, de mudança de vida, de volta para o Senhor. Sem este propósito, as práticas penitenciais não terão um sentido realmente cristão. O espírito profundo de quem se entrega à penitência cristã deve ser o humilde reconhecimento dos seus pecados e dos seus vícios (= das suas más inclinações). Então, como o filho pródigo, procura-se voltar para o Senhor pelo caminho da conversão do coração através do combate espiritual.

A penitência, além do sentido amplo da conversão, reveste-se de um segundo aspecto: o da mortificação, isto é da renúncia. E porquê renunciar a alguma coisa por amor a Deus? Para exercitar a nossa força de vontade no combate contra o pecado, para fazer crescer em nós o “espaço interior” disponível para o Reinado de Deus. Sem a mortificação, teríamos sentimentos bonitos, palavras bonitas e ungidas, belas orações, mas não uma vida de prática realmente cristã. Temos tendências desarrumadas e pecaminosas; sem a mortificação nunca amadureceríamos no caminho do Senhor e jamais voaríamos em direcção a Deus; o nosso vôo seria como um vôo de galinha: baixo, feio, desengonçado, sem futuro. Um dos grandes pontos fracos dos cristãos de hoje é a moleza da vontade, a preguiça espiritual, que leva à pouca coragem e pouca generosidade no combate real e concreto ao pecado na nossa vida! Cria-se, então uma vida religiosa dupla: belas palavras e uma prática mundana, pecaminosa e, às vezes, anti-cristã. Mas, o cristianismo não é uma questão de palavras ou doces sentimentos, mas sim uma adesão efectiva e total a Cristo!

Como fazer penitência?
Como praticar a mortificação?

Na Quaresma, a principal penitência deve ser expressa na renúncia a algum tipo de alimento. Tira-se algo do comer. Isto porque a alimentação é um dos instintos mais fundamentais do homem, garantindo a sua sobrevivência. Renunciar ao alimento é como que colocar-se em sincero abandono nas mãos do Senhor: “tu, Senhor, és o Senhor e sustentador da minha vida! Eu me entrego a ti, abandono-me em tuas mãos!” – deve ser este o sentimento de quem pratica a penitência. Além do mais, a sensação de fraqueza recorda-nos que não somos auto-suficientes; somos sempre criados por Deus, pois recebemos a vida a todo o tempo, a cada momento das mãos do Senhor na água que bebemos e nos alimentos que ingerimos. Não é por acaso que, em hebraico, a palavra “vida” diz-se nephesh, o mesmo termo usado para “garganta”. O sentido é profundo: a vida entra pela garganta, como dom contínuo e fiel de Deus: o homem não tem a vida em si mesmo, não é o dono da bola, mas, se deseja viver de verdade, deve ser aberto para receber a vida e vivê-la como um dom que lhe foi concedido gratuitamente!

Além da penitência como renúncia de alimentação, deve-se também tirar algo de supérfluo no nosso quotidiano. Enchemo-nos de tantas bugigangas, apegamo-nos a tantas coisas; dispersamo-nos com tantas porcarias. Entra, pois, na mortificação quaresmal, tirar algo de supérfluo no ter, no falar, na diversão, etc. Tudo isto deve nos deixar mais pobres de nós mesmos, mais abertos e livres para o Senhor.

Finalmente, a esmola. No seu sentido mais estrito, a esmola está ligada à oração e à penitência: reconhecendo pela oração que dependemos de Deus, pai de todos, sobretudo dos pobres, e renunciando a algum supérfluo pela penitência, devemos dar aos necessitados o fruto da nossa renúncia. Isto é: o que nós não comemos por penitência pertence aos pobres. Mas, aprofundemos mais: a verdadeira penitência deve abrir o nosso coração para os irmãos de um modo geral. “Esmola”, portanto, significa o amor fraterno de modo amplo: a esmola do perdão, do amor, de escutar o outro, de ir ao encontro dos necessitados com um sincero espírito de amor cristão. A verdadeira esmola cristã, imitando Jesus, não pode consistir simplesmente em dar coisas, mas em dar-se a si mesmo aos outros, vendo no próximo necessitado a pessoa mesma de Cristo.

Lembremo-nos das palavras de São Crisóstomo: “Há três coisas que mantêm a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a oração, o jejum e a misericórdia. O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe”.

HÉLDER GONÇALVES

sábado, 10 de março de 2012

JEJUM

O que é o jejum cristão?

O jejum cristão é a negação do apetite natural para a comida, de uma convicção do seu verdadeiro uso na Escritura, e com o propósito de glorificar a Deus, pela mortificação do pecado, e de gozar da misericórdia, pelos méritos de Jesus Cristo.

1. Quanto ao modo, pode ser a rejeição completa da comida por um período de tempo (2 Sam 12:16), ou, é a rejeição parcial da comida por um período de tempo (Dn 10:2-3).

2. Não se pratica o jejum apenas pela veneração da tradição, embora os servos de Deus em todos os períodos da história observaram a prática do jejum. Nem se deve jejuar simplesmente porque uma autoridade tenha ordenado. Nem por legalismo de uma mera justiça externa com o objectivo de ser visto pelas pessoas (Mt 6:1, 16-18). Nem mesmo tem o propósito de promover alguma forma de ascetismo, especificamente, a crença de que o corpo é mal e por isso, tem que ser castigado. Pelo contrário, deve ser oferecido como um acto de louvor a Deus com uma convicção sincera de que Deus  convoca-nos para jejuar em certas ocasiões (Mt 17:21; Act 14:23).

3. A meta principal de jejuar, como em todas as outras coisas, é para a glória de Deus (1 Cor 10:31).

4. A meta secundária de jejuar é a mortificação do pecado. Devemos enfraquecer o domínio do pecado, humilhando e arrependendo-se do pecado, e experimentando o prazer da misericórdia e da graça de Deus (Rom 8:13; Gal 3:5-11).

5. A base de todas as bênçãos que Deus graciosamente nos concede é somente e sempre a pessoa e obra de Jesus Cristo. Não há nenhum mérito nas nossas obras de justiça, nem mesmo nos jejuns.

Onde se encontra a ensino do jejum na Escritura?

O jejum cristão é ensinado em toda a Escritura (2 Sam 12:16; Ne 1:4; 2 Cr 20:3; Jn 3:7, 8; Lucas 4:1-13; Act 14:23; Mt 6:16-18; 17:21). Tanto na Antiga, como na nova Aliança o povo de Deus praticou o jejum como um acto de consagração pessoal. O jejum não cessou no Novo Testamento, como alguns pensam, mas tem a sua continuidade comprovada tanto por Jesus, como pela Igreja no período posterior ao Pentecostes.

Porquê alguém deveria jejuar?

A motivação do jejum certamente é a questão mais importante quando se estuda este tema. Muitas pessoas são zelosas em se dedicarem ao jejum, todavia, fazem-no com motivações erradas, e correm o risco de não serem aceites por Deus. Pelo menos cinco razões poderão ajudar a esclarecer esta questão:

1. A prática do jejum é necessária, pois Deus ordena praticá-lo.

2. Porque os seus sentimentos e apetites estão inclinados para as coisas deste mundo, e no jejum você volta os seus sentimentos das coisas desta vida para as coisas de Cristo.

3. Porque o orgulho e a auto-suficiência impedem a sua convivência com Deus. O jejuar, entretanto, revela a sua insuficiência e a nossa plena satisfação em Deus. A debilidade física que se sente ao jejuar, deveria lembrar a fragilidade humana diante de um Deus absolutamente soberano e infinitamente Santo.

4. Porque você deseja mortificar o pecado e regozijar-se na misericórdia de Deus.

5. Porque você necessita do poder espiritual e sabedoria que procede de Deus. Os discípulos após terem recebido a autoridade de expulsar os demónios numa jornada missionária (Lc 9:1-6) regressaram para relatar as grandes coisas que se fizeram nas cidades por onde haviam passado (Lc 9:6, 10). Todavia, quando a autoridade sobrenatural concedida para a sua jornada missionária terminou, os discípulos necessitaram de recorrer à oração e ao jejum (Mt 17:21). Do mesmo modo os apóstolos, e as igrejas do primeiro século reconheciam a sua necessidade absoluta de sabedoria e poder para escolher e ordenar aos presbíteros, com um tempo dedicado ao jejum e à oração (Act 14:23).

Quem deveria jejuar?

Todos devemos jejuar e praticar o jejum como uma obra de adoração a Deus e com uma consciência sincera, sem superstição, legalismo, ascetismo, ou hipocrisia. Pode-se inclusive estimular as crianças para o jejum, do mesmo modo que se deve ensiná-los a orar, mas, eles devem ser instruídos acerca do que é o jejum com suficiente clareza, e sobre a sua necessidade.

Quando se deve jejuar?

Em geral, deveríamos jejuar muito mais do que costumamos fazer. Não podemos pensar em apenas jejuar somente quando temos problemas, mas também como uma medida preventiva para encher-nos com sabedoria e poder e evitar crises.

Como deve ser praticado o jejum?

O jejum pode ser praticado individualmente, ou em família, quando ocorre a necessidade pessoal. Com a igreja inteira, quando é convocada pelo pastor, ou pelos presbíteros. Como nação, quando é feito a convocação por um governante civil que é realmente cristão, e tem o propósito de direcionar todo o país ao arrependimento, e à submissão a Deus.

A prática do jejum não deve ser feita sem o devido cuidado, em que cada indivíduo deve observar a sua condição física. Cada pessoa possuí necessidades singulares, por isso, ela deve ser ciente das suas limitações, e tomar o cuidado necessário para que desejando obter saúde espiritual, não venha prejudicar a sua saúde física.

1. Não podemos esquecer de que o jejum, como o dia do descanso, foi feito para o homem, e não o homem para o jejum. Nada deveria levar a abstinência a tal extremo ao ponto de por em perigo a saúde física. Mas, quando a fraqueza física aparece por causa do jejum, não se deve pensar que não se é capaz de jejuar.

2. Se alguém tem problemas físicos (diabetes, gastrites, úlceras, pressão alta, etc.), pode-se fazer um jejum parcial. Não coma para satisfazer o seu apetite, mas coma apenas para satisfazer a necessidade, evitando o mal-estar. Alimente-se de frutas, legumes, verduras, e água, apenas o necessário, de modo que não agrave o estado de saúde debilitada.

3. Se o seu trabalho exige esforço físico e você necessita de se alimentar bem, faça um jejum por um período de tempo menor. Não pense que, porque o seu jejum não pode ser por um período longo que não será aceite por Deus, pois, Ele quer misericórdia, e não sacrifício (Os 6:6).

4. Ensine aos seus filhos sobre o jejum, e o modo como podem praticá-lo, pois, talvez, sejam incapazes de jejuar durante um dia inteiro, mas, podem jejuar apenas durante um período do dia. Tenha cuidado para não prejudicar os seus filhos causando-lhes neles desnutrição.

5. Tenha cuidado de tomar uma quantidade suficiente de água quando estiver a jejuar. Não beba refrigerantes, sucos, café ou chá, pois eles satisfazem a fome, e podem prejudicar o objectivo do jejum.

6. Planeie o seu dia para que você possa ter em mente, durante o dia, que este período está separado para revelar a sua insuficiência, e a suficiência de Deus na sua vida.

7. Neste dia você não deve passá-lo ocioso, ou com ocupações de diversão e entretenimento. Ele deve ser seriamente dedicado para a oração, leitura das Escrituras e reflexão acerca da circunstância que motiva o jejum. Mas, se for um dia normal de trabalho e compromissos, mantenha em mente o seu propósito de jejuar.

8.Tenha cuidado para que o seu semblante não anuncie publicamente que está a jejuar (Mt 6:1,16). Não demonstre uma cara de tristeza e angústia, mas mantenha a normalidade do seu dia, como outro qualquer. Não procure a atenção das pessoas sobre si, de modo a que fique demonstrado o seu jejum (Mt 6:16-18). Mas, se alguém lhe perguntar porque é que você não está a comer, procure de maneira discreta responder-lhe que está em jejum, sem prolongar muito o assunto. Não há necessidade de mentir.

9. Quando você for iniciar o seu período de jejum, e também quando findá-lo, faça-o de modo solene. Recolha-se a um lugar, separe uma porção das Escrituras para meditar durante o tempo em que estiver a jejuar, ore e estabeleça o início e o fim deste momento de consagração. No momento de terminar o jejum, também recolha-se, ore e entregue o seu jejum, agradecendo a Deus, porque Ele lhe preservou capacitando-o a cumprir este santo propósito.

HÉLDER GONÇALVES

quarta-feira, 7 de março de 2012

CAIFÁS

QUEM ERA CAIFÁS?


Caifás (Joseph Caiaphas) era um Sumo-Sacerdote contemporâneo de jesus. É citado várias vezes no Novo Testamento (Mt 26,3; 26,57; Lc 3,2; Jo 11,49; 18,13-14.24.28; Act 4,6).

Segundo o historiador judeu Flávio Josefo, Caifás acedeu ao sumo sacerdócio por volta do ano 18, tendo sido nomeado por Valério Grato e deposto por Vitélio por volta do ano 36 (Antiguidades Judaicas, 18,35 e 18,34).

De acordo com estas datas, e conforme também assinalam os Evangelhos, Caifás seria o Sumo-Sacerdote quando Jesus foi condenado a morrer na cruz.

A sua longa permanência no sumo-sacerdócio é um indicio altamente significativo de que ele mantinha relações muito cordiais com a administração romana, inclusive durante o governo de Pilatos. Nos escritos de Flávio Josefo mencionam-se, em várias ocasiões, os insultos de Pilatos à identidade religiosa e nacional dos Judeus e as vozes de personagens concretos que se levantaram contra ele.

O facto de não ser mencionado o nome de Caifás – que era Sumo-Sacerdote precisamente nesse momento – entre aqueles que se queixaram dos abusos de Pilatos, manifesta as boas relações existentes entre ambos. Essa mesma atitude de proximidade e colaboração com a autoridade romana também está reflectida na forma como se desenvolvem os Evangelhos em torno do processo de Jesus e da sua condenação à morte na cruz.

Todos os relatos são evangélicos são unânimes em afirmar que, depois do interrogatório de Jesus, os príncipes dos sacerdotes acordaram entrega-lo a Pilatos (Mt 27,1-2; Mc 15,1; Lc 23,1; Jo 18,28).

Para sabermos como entenderam os primeiros cristãos a morte de Jesus, é significativo o que narra São João no seu Evangelho, referindo-se às deliberações anteriores à sua condenação: «Um deles, Caifás, que era Sumo-Sacerdote naquele ano, disse-lhes: ‘Vós não entendeis nada, nem vos dais conta de que vos convém que morra um só homem pelo povo e não pereça a nação inteira’. Ora, ele não disse isto por si mesmo (afirma o evangelista), mas, como era Sumo-Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos» (Jo 11,49-52).

Em 1990 apareceram na necrópole de Talpiot, em Jerusalém, doze ossários, um dos quais tinha a inscrição «Joseph bar Kaiapha», o mesmo nome que Flávio Josepho atribui a Caifás. São os ossários do seculo I, e os restos mortais contidos nesse, em particular, poderiam muito bem ser os do personagem mencionado nos Evangelhos.

HÉLDER GONÇALVES

domingo, 4 de março de 2012

10 MANDAMENTOS DA QUARESMA

A Quaresma começa, precisamente, com um símbolo bem conhecido e consolidado: a Cinza, que lembra-nos a condição efémera da nossa vida e o seu destino na eternidade com Deus. A Cinza de cada ano, recorda também a árvore da Cruz Ressuscitada da Vigília Pascal do ano anterior.


1. A Quaresma é DESERTO. É aridez, solidão, jejum, austeridade, rigor, esforço, penitência, perigo, tentação.

2. A Quaresma é PERDÃO. As histórias bíblicas de Jonas e de Nínive e a parábola do filho pródigo são exemplos dele.

3. A Quaresma é ENCONTRO. É abraço de reconciliação como na parábola do filho pródigo ou na conversão de Zaqueu ou no diálogo de Jesus Cristo com a mulher adúltera.

4. Quaresma é LUZ, como se põe em evidência, por exemplo, no evangelho do cego de nascimento. É a passagem das trevas para a luz. Jesus Cristo é a luz do mundo.

5. A Quaresma é SAÚDE, símbolo manifestado nos textos como na cura do paralítico ou do filho do centurião.

6. A Quaresma é ÁGUA. É a passagem da sede da nossa insatisfação para a água viva, a água de Moisés ao povo de Israel no deserto ou de Jesus à mulher samaritana.

7. A Quaresma é SUPERAÇÃO vitoriosa das provas e dificuldades. É LIBERTAÇÃO, TRIUNFO. Algumas figuras bíblicas, que sofrem graves perigos e vencem na prova, são José filho de Jacob, a casta Susana, Ester, o profeta Jeremias e, sobretudo, Jesus, tentado e transfigurado.

8. A Quaresma é CRUZ. Sinal e presença permanente durante toda a Quaresma. Pré-figurada no Antigo Testamento e manifestada com o exemplo de Jesus Cristo e com o seu convite de carregá-la como condição para o seguimento.

9. A Quaresma é TRANSFIGURAÇÃO. É a luz definitiva do caminho quaresmal, pré–anunciada e vivida na cena da transfiguração de Jesus. Pela cruz para a luz.

10. A Quaresma é o esforço para retirar o fermento velho e incorporar a FERMENTAÇÃO NOVA DA PÁSCOA RESSUSCITADA E RESSUSCITADORA, agora e para sempre.

HÉLDER GONÇALVES

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...