domingo, 21 de novembro de 2010

BENTO XVI E O PRESERVATIVO

Nota do Vaticano sobre as palavras do Papa Bento XVI


«No final do décimo capítulo do livro "Luz do mundo", o Papa respondeu a duas perguntas sobre a SIDA e o uso de preservativos, questões que remontam ao debate que seguiu-se às palavras do Papa sobre este assunto, na sua viagem a África em 2009.

O Papa confirma claramente que, nessa ocasião, não quis tomar posição sobre a questão do preservativo, em geral, mas tinha a intenção de argumentar fortemente que o problema da SIDA não pode ser resolvido apenas com a distribuição de preservativos, é necessário mais: prevenir, educar, ajudar, aconselhar e estar com as pessoas, tanto para evitarem a doença como para acompanhar as que já estão doentes.

O Papa também observa que também na Igreja desenvolveu-se uma consciência semelhante, como o demonstrado pela teoria do chamado método "ABC" (Abstinência, Fidelidade e Condom - preservativo), em que os dois primeiros elementos (abstinência e fidelidade) são muito mais determinantes e fundamentais na luta contra a SIDA, enquanto que o preservativo é finalmente apresentado como uma alternativa, enquanto faltam os outros dois elementos. Portanto, deve ficar claro que o preservativo não é a resolução do problema.

O Papa amplia depois a sua visão e insiste em que concentrar-se somente no preservativo significa a banalização da sexualidade, perdendo esta o seu significado de expressão do amor entre pessoas e tornar-se uma "droga". Combater a banalização da sexualidade é "parte do esforço para garantir que a sexualidade é valorizada e pode exercer o seu efeito positivo no ser humano na sua totalidade."

À luz desta visão ampla e profunda da sexualidade humana e da sua problemática actual, o Papa reafirma que "é claro que a Igreja não considera que os preservativos sejam uma solução verdadeira e moral" para o problema da SIDA.

Assim, o Papa não reforma ou muda a Doutrina da Igreja, mas a reafirma, colocando-se numa perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana como uma expressão de amor e responsabilidade.

Ao mesmo tempo, o Papa considerou uma situação excepcional em que o exercício da sexualidade é um risco real à vida do outro par. Nesse caso, o Papa não justifica moralmente o exercício desordenado da sexualidade, mas considera que o uso de preservativos para reduzir o risco de infecção é um "primeiro acto de responsabilidade”, um primeiro passo no caminho para uma sexualidade mais humana", ao invés de não usá-lo, colocando em risco a vida de outra pessoa. Nesse sentido, o raciocínio do Papa não pode ser definido como uma mudança revolucionária.

Muitos teólogos morais e personalidades da Igreja autorizadas afirmaram e afirmam posições semelhantes. Mas é verdade que ainda não tínhamos ouvido falar tão claramente dos lábios de um Papa, embora de uma forma coloquial e não Magisterial.

Bento XVI dá-nos, portanto, corajosamente, uma contribuição importante para esclarecer e aprofundar uma questão muito debatida. É uma contribuição original, uma vez que, por um lado mantém a fidelidade aos princípios morais e demonstra sinceridade ao rejeitar um caminho ilusório, como é "a confiança no preservativo”.

Por outro lado, no entanto, expressou uma visão ampla compreensiva e atenta para descobrir os pequenos passos – ainda que apenas iniciais e ainda confusos – de uma humanidade espiritual e culturalmente muito pobre, para um exercício mais humano e responsável da sexualidade.»

Tradução da minha responsabilidade.
Original (em espanhol) em Logos



Papa Bento XVI - "É evidente que a Igreja não considera a utilização do preservativo uma solução verdadeira e moral"


(a outra parte da notícia que não foi contada...)


"Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da SIDA/AIDS. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela SIDA/AIDS."

«Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da SIDA/AIDS, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.

Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.

Efectivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais. Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.

Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por VIH/HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.»

"Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?"

«É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.

In Bento XVI, Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos – Uma conversa com Peter Seewald, Lucerna, 2010

Fonte: Spe Deus

Hélder Gonçalves


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O CÉU E O INFERNO

Um peregrino, com o seu cavalo e o seu cão caminhavam por uma estrada. Quando, em ambiente de trovoada, passavam perto de uma grande árvore, caiu um raio, que a todos fulminou.
Mas, não percebo o homem que deixou este mundo, continuou a caminhar com os seus dois animais (Às vezes os mortos levam tempo para aperceberem-se da sua nova condição...).

A caminhada era muito longa e o sol era forte. Ficaram exaustos, suados e com muita sede. Precisavam desesperadamente de água.

Numa curva do caminho, avistaram um luzidio portão, todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos dourados, no centro da qual, havia uma fonte de onde parecia jorrar água cristalina.

O caminhante dirigiu-se ao recepcionista que guardava a entrada.

- Bom dia
- Bom dia

- Que lugar é este, tão lindo ?
- Aqui é o Céu

- O céu ? - disse, desconfiado!... Olhe, senhor, nós estamos com muita sede. Vejo que tem água em abundância. Poderemos beber?
- Sim, o senhor pode entrar e beber à vontade. E indicou-lhe a fonte.

- Mas o meu cavalo e o meu cachorro tambem estão com sede retorquiu o peregrino.
- Lamento muito, mas aqui não temos nada com os animais. Devem ficar de fora.

O caminheiro ficou desapontado com a resposta. A sua sede era grande, mas estimava demasiado os seus animais e companheiros. Sozinho, não beberia, decidiu. E pensou com os seus botões: «Admito que no céu não entrem animais, mas negar-se a matar-lhes a sede, a eles que são amigos do homem e também criaturas de Deus!... Não.
Aqui não pode ser, concluiu.» Agradeceu e continuou adiante.

Depois de muito caminharem, extenuados, chegaram a um sitio, cuja a entrada era marcada por um portão velho, que abria-se para um caminho terreo, ladeado de árvores. A sombra de uma das árvores, estava um homem deitado, com a cabeça coberta com um chapeu, possivelmente a dormir.

- Bom dia - disse o caminhante

O homem saudou-os, erguendo a cabeça

- Estamos com muita sede, o meu cavalo, o meu cachorro e eu.
Será que podemos beber ?
- Sim, a uma fonte naquelas pedras, disse o homem, indicando o lugar.

Podem beber e até banhar-se á vontade. A água é abundante e pura para todos.

O homem, o cavalo e o cachorro dirigiram-se á fonte e mataram a sede.
Em seguida voltou para agradecer.

- Por favor, como se chama este lugar?
- Aqui é o Céu

- O céu? mas o guarda, na estalagem la atrás com o portão de mármore disse que o Céu era lá.

- Pois, ja é costume, senhor! Ali disfarçam-se para conquistar simpatias e clientes. Lá não é o Céu mas sim o inferno.

O caminhante ficou perplexo, e acrescentou:

- Deveria evitar-se isso! Pois essa informação falsa deve causar grandes confusões!

O homem sorriu:

- De forma alguma. A falsiade é imcompativel com a leadade e a verdade. Lá, ficam apenas aqueles que são capazes de abandonar os seus melhores amigos.

Ricardo Igreja

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

PERFUME DE DEUS

- Deus é espírito. Não tem corpo. Não pode ser abordado de uma forma material, mas a pessoa humana é material e precisa de uma linguagem algo material para falar de Deus.

- Deus não se vê, não se ouve, não se toca, não se cheira, não se saboreia.

- Por isso, falar de Deus é falar de perfume, de suavidade, de beleza, de primavera.

- Sim, Deus é Primavera, é vida pujante, vida abundante. É vida a renascer, não é vida a esmorecer, a esvair-se, a definhar.

- Os homens definham na medida em que se afastam de Deus. Os homens e as mulheres renascem na medida em que se aproximam de Deus e, sobretudo, de Jesus Cristo.

- Deus é um mistério grande e simples a quem podes dizer Sim e a quem podes dizer Não.

- Deus é o ontem, o hoje e o amanhã. Deus é o passado, o presente e o futuro.

- Deus é tudo e tu sem Deus és um quase nada, meu irmão.

- Sem Deus eu e tu somos como uma folha da árvore seca que se desprende e vai desaparecer. Sem Deus somos como uma pequena areia da praia do mar, sem qualquer importância.

- Meu, irmão, acredita em Deus porque Deus também acredita em ti.

- Confia em Deus, meu irmão, porque Deus também confia em ti.

- Espera em Deus, porque Deus também espera em ti.

- Ama a Deus porque Deus também te ama.

- Com Deus serás muito feliz.

- Sem Deus serás apenas um bocadinho, um quase nada feliz e muitas vezes infeliz.

- Com Deus a tua vida tem sentido. Sem Deus a tua vida tem pouco sentido.

Hélder Gonçalves

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

COMPLETAMENTE HUMANO, COMPLETAMENTE DIVINO

Os anjos viram Maria trocar as fraldas de Deus.
O Universo assistiu maravilhado ao Todo-poderoso aprender a andar.
Crianças brincaram com Ele na rua.
Se o líder da sinagoga de Nazaré soubesse quem estava a ouvir os seus sermões...

Talvez Jesus tenha tido espinhas.
Quem sabe se fosse desafinado.
Pode ser que uma menina da sua rua se tenha apaixonado por Ele, ou vice-versa.
Seus joelhos podem ter sido ossudos.
Uma coisa é certa: embora fosse completamente Divino, Ele tambem era completamente humano.

Durante trinta e três anos Ele sentiria tudo o que voçê e eu ja sentimos.
Ele sentiu-se fraco.
Os seus pés doeram.
Teve medo do fracasso.
Era susceptível a mulherres sedutoras.
Ficou resfriado, arrotou e partes do seu corpor cheiravam mal.
Os seus sentimentos foram feridos.
Ficou cansado, a sua cabeça doeu.

Pensar em Jesus por esse ângulo é... bem, parece quase irreverente não é?Não é algo que gostamos de fazer; é incomodo.
É muito mais facil manter a humanidade de fora da encarnação.
Vamos tirar o esterco em volta da manjedoura.
Limpar o suor do seu rosto.
Fingir que nunca roncou, que nunca assou o nariz ou que nunca acertou no dedo com o martelo...

Mas não faça isso. Pelos céus, não faça.
Deixe que Ele seja tão humano quanto desejava ser.
Deixe que Ele entre no meio da sujidade e da lama do nosso mundo.
Pois somente se o deixarmos entrar é que Ele poderá tirar-nos  dali.

Ricardo Igreja

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

SÃO MARTINHO

* Comemorações e Tradições


No calendário litúrgico, o dia de S. Martinho celebra-se a 11 de Novembro, data em que este Santo, falecido dois ou três dias antes em Candes, no ano de 397, foi a enterrar em Tours, França.

Hoje em dia, não sendo o uso do missal tão frequente, nem todos os crentes católicos se lembrarão de ver, nos dias festivos do ano, o que se diz relativamente ao dia 11 de Novembro e ao seu Santo: «São Martinho é o primeiro dos Santos não Mártires, o primeiro Confessor, que subiu aos altares do Ocidente (...) A sua festa era de guarda e favorecida frequentemente pelos dias de “verão de S. Martinho”, rivalizando, na exuberância da alegria popular, com a festa de S. João.» (in Missal de Dom Gaspar Lefebvre )

Com efeito, S. Martinho foi, durante toda a Idade Média e até uma época recente, o santo mais popular de França. O seu túmulo, abrigado desde o séc. V por uma Basílica (sucessivamente destruída e reconstruída) em Tours, era o maior centro de peregrinação de toda a Europa Ocidental. A sua generosidade e humildade, aliadas a uma enorme fama de milagreiro fizeram dele um dos santos mais queridos da população. E ainda hoje o seu espírito de partilha é fonte de inspiração.

São Martinho é santo patrono dos alfaiates, dos cavaleiros, dos pedintes, dos restauradores (hoteis, pensões, restaurantes), dos produtores de vinho e dos alcoólicos reformados, dos soldados... dos cavalos, dos gansos, e orago de uma série infindável de localidades de Beli Benastir, na Croácia, a Buenos Aires, na Argentina (fonte Catholic Community Forum) passando, evidentemente, por numerosíssimas sítios de Norte a Sul de Portugal.

O facto de o seu dia coincidir com a época do ano em que se celebra o culto dos antepassados e com a altura do calendário rural em que terminam os trabalhos agrícolas e se começa a usufruir das colheitas (do vinho, dos frutos, dos animais) leva a que a festa deste Santo tenha toda uma componente de exuberância que actualmente tende a prevalecer.

Assim, em Portugal, o dia de S. Martinho é invocado nas cerimónias religiosas dos locais de culto, e o seu espírito de solidariedade lembrado, quanto mais não seja, através do relato do episódio em que partilhou a sua capa com um pobre; mas de resto, e por todo o lado, as pessoas andam ocupadas nas actividades mencionadas nos provérbios sobre este dia: assam-se castanhas, prova-se o vinho...

Acerca do assunto, escreve o conceituado etnólogo Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990) o seguinte: «O S. Martinho, como o dia de Todos os Santos, é também uma ocasião de magustos, o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos (como as celebrações de Todos os Santos e Fiéis Defuntos). Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com procissões de bêbados de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local constituída em burlescas irmandades. Por vezes uma dos homens, outra das mulheres, em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S. Martinho para os homens e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa). As pessoas dão aos festeiros. vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião de matança de porco.» (in As Festas. Passeio pelo calendário, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987)

* A Vida de São Martinho

O conhecimento que se tem da vida de S. Martinho, apelidado de apóstolo da Gália, é devido principalmente ao seu primeiro e mais dedicado biógrafo, Sulpício Severo (c.360-c.420), historiador cristão de expressão latina, nascido na Aquitânia, também declarado santo.

Quando conheceu S. Martinho, já este era bispo vivendo no entanto fiel ao ideal monástico, recolhendo-se longe do fasto do palácio episcopal. Sulpício Severo tornou-se seu discípulo, amigo e biógrafo. É graças a ele que hoje temos um relato precioso da vida deste Santo.

A Vida de S. Martinho (Vita Martini ) de Sulpício Severo que, de acordo com a professora Maria Luísa V. de Paiva Boléo, foi «um livro que teve enorme repercussão no mundo medieval. Espalhou-se até Cartago, Alexandria e Síria. Sabe-se que este livro foi muitíssimo lido (Enciclopedia Cattolica, Cidade do Vaticano, 1952, p. 220), o que era difícil numa época em que os livros eram caros e quando só o clero e monarcas mais cultos os leriam, mas o certo é que foi um verdadeiro "best-seller"» (fonte), nunca teve tantos leitores como hoje em dia, pois circula na internet em latim e em pelo menos mais dois idiomas: francês e inglês.

* Algumas datas importantes da vida de S. Martinho

316 - Nasce S. Martinho, filho de um oficial romano, na Panónia (região da actual Húngria).

326- Com apenas 10 anos e por sua vontade torna-se catecúmeno (aspirante a cristão).

330- É obrigado a ir para o exército onde pratica o ideal cristão de humildade e generosidade.

337- Dá-se o episódio lendário em que S. Martinho partilha a sua capa de soldado com um pobre.

Em data indeterminada S. Martinho abandona o exército.

354- S. Martinho chega a Poitiers onde se desloca para se juntar a Santo Hilário. Mas logo a seguir vai para a Itália com o objectivo de rever a família e evangelizar os seus conterrâneos.

355-360- S. Martinho é expulso da sua própria terra (por causa do Arianismo) e passa um tempo isolado na ilha de Galinária, no meio do Mar Tirreno.

361- S. Hilário volta para Poitiers e S. Martinho também.

361- Funda uma comunidade monástica (a primeira da Gália) em Ligugé, a 6 km de Poitiers.

371- S. Martinho torna-se Bispo de Tours, cargo que ocupará cerca de 26 anos até à sua morte.

372- Funda a comunidade monástica de Marmoutier, perto de Tours.

397- S. Martinho morre em Candes perto de Tours. No dia 11 de Novembro é enterrado com pompa e circunstância na cidade de que fora Bispo durante mais de um quarto de século.

* Provérbios de São Martinho

· A cada bacorinho vem o seu S. Martinho.
· A cada porco vem o seu S. Martinho.
· Em dia de S. Martinho atesta e abatoca o teu vinho.
· Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho.
· No dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.
· No dia de S. Martinho, come-se castanhas e bebe-se vinho.
· No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
· No dia de S. Martinho, mata o porquinho, abre o pipinho, põe-te mal com o teu vizinho. (sic.)
· No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.
· No dia de S. Martinho, mata o teu porco e bebe o teu vinho.
· No dia de S. Martinho, vai à adega e prova o teu vinho.
· Pelo S. Martinho abatoca o pipinho.
· Pelo S. Martinho castanhas assadas, pão e vinho.
· Pelo S. Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.
· Pelo S. Martinho nem nado nem no cabacinho.
· Pelo S. Martinho prova o teu vinho; ao cabo de um ano já não te faz dano.
· O Sete-Estrelo pelo S. Martinho, vai de bordo a bordinho; à meia-noite está a pino.
· São Martinho, bispo; São Martinho, papa; S. Martinho rapa.(refere-se ao fim das festas da prova do vinho novo.)
· Se o Inverno não erra o caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho.
· Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.
· Veräo de S. Martinho säo três dias e mais um bocadinho.
· Vindima em Outubro que o S. Martinho to dirá.

Hélder Gonçalves


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

BENTO XVI EM SANTIAGO DE COMPOSTELA

O Papa Bento XVI, deslocou-se neste passado sábado dia 6 de Novembro a Santiago de Compostela, como peregrino assim como tantos outros se deslocam durante este Ano Santo.

Veio ao Sepulcro do Apóstolo Santiago, como sucessor de Pedro; vem reavivar com a sua presença a tradição secular que começou com os primeiros evangelizadores que implantaram o cristianismo, entre os quais se destaca Santiago.

Eu estive lá, e posso testemunhar que, embora dias antes da sua chegada houvesse grupos e movimentos contra a sua vinda a tentarem desmobilizar as pessoas para não o acolherem, enganaram-se redondamente, porque, o Papa Bento XVI foi acolhido entusiásticamente por muitos milhares de pessoas que se encontravam ao longo do seu trajecto do aéroporto até à Catedral, assim como na Praça do Obradoiro que estava repleta, e todo o recinto que circundava a Catedral. Foi verdadeiramente muito acarinhado pelos presentes, mas, também os presentes foram abençoados com a sua presença muito próxima.

Foi verdadeiramente um testemunho de fé.

O mais importante foi a mensagem que nos deixou e ao qual aqui deixo a sua homilia feita no decorrer da Eucaristia.



* Homilia de Bento XVI

Queridos irmãos em Jesus Cristo

dou graças a Deus pelo dom de poder estar aqui nesta explêndida praça repleta de arte, culturas e significado espiritual. Neste ano santo, chego como peregrino entre os peregrinos, acompanhando tantos que vem aqui sedentos da fé em Jesus Cristo Ressuscitado. Fé anunciada e transmitida fielmente pelos apóstolos como São Tiago maior, venerado em Compostela, neste ano memorial.

Agradeço as gentis palavras de boas vindas de Dom Julián Barrio, Arcebispo desta Igreja particular e a amável presença de suas Altezas Reais os Príncipes de Asturias, os senhores cardeais, assim como dos numeros irmãos no episcopado e no sacerdócio. Também saúde cordialmente os Parlamentares Europeus, membros do intergrupo "Caminho de Santiago" assim como as distintas autoridades nacionais, autónomas e locais que quiseram estar presentes nesta Celebração.

Tudo isso é sinal de deferência para com o Sucessor de Pedro e também do sentimento profundo que Santiago de Compostela desperta na Galícia e nos demais povos da Espanha, que reconhecem o Apóstolo como seu Patrono e protector. Uma calorosa saudação, igualmente, às pessoas consagradas, seminaristas e fiéis que participam desta Eucaristia e, com uma emoção particular, aos peregrinos, cujo ardor genuíno do espírito compostelano, sem o qual pouco ou nada se entenderia do que aqui se realiza.

Uma frase da primeira leitura afirma com admirável simplicidade: "Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da Ressurreição do Senhor". Com efeito, no ponto de partida de tudo o que o cristianismo foi e continua a ser não se encontra um projecto humano, sem Deus, que declara a Jesus justo e santo diante da sentença do tribunal humano que o condenou como blasfemo e subversivo. Deus, que arrancou Jesus da morte. Deus, que fará justiça a todos os injustamente humilhados da história.

"Somos testemunhas dessas coisas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu aos que lhe obedecem" (Hb 5,32), disseram os apóstolos. Assim pois, eles deram testemunho da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, a quem conheceram enquanto pregava e fazia milagres. A nós, queridos irmãos, toca-nos hoje seguir o exemplo dos apóstolos, conhecendo o Senhor cada dia mais e dando um testemunho claro e destemido do seu Evangelho. Não existe maior tesouro que possamos oferecer aos nossos contemporâneos. Assim imitaremos também a São Paulo que, no meio de tantas tribulações, naufrágios e solidão, proclama exultante: "Este tesouro nós trazemos em vasos de argila, para que vejam que esse poder extraordinário provém de Deus e não de nós" (II Cor 4,7).

Junto a estas palavras do Apóstolo dos gentios, estão as próprias palavras do Evangelho que acabarmos de escutar, e que convidam-nos a viver de acordo com a humildade de Cristo que, seguindo em tudo a vontade do Pai, veio para servir, "para dar a sua vida em resgate de muitos" (cf Mt 20,28). Para os discípulos que queriam seguir e imitar a Cristo, o servir aos irmãos já não é uma mera opção, mas parte essencial de seu ser. Um serviço que não se mede pelos critérios mundanos do imediato, do material, do vistoso, mas faz presente o amor de Deus a todos os homems e em todas as suas dimensões, e dá testemunho d'Ele, inclusive com os gestos mais simples.

Ao propor este novo modo de se relacionar com a comunidade, baseado na lógica do amor e do serviço, Jesus dirige-se também aos "chefes dos povos", porque onde não há entrega pelos demais, surgem formas de prepotência e exploração que não deixam espaço para uma autêntica promoção humana integral.

Gostaria que essa mensagem chegasse, principalmente aos jovens: principalmente a vocês, este conteúdo essencial do Evangelho indica-os um caminho, para que, renunciando a um modo de pensar egoísta, de curto alcance, como tantas vezes lhes é proposto, e assumindo a Jesus, possam realizar-se plenamente e serem sementes de esperança.

Isto é o que nos recorda também a celebração deste Ano Santo Compostelano. E isto é o que, no segredo do coração, sabendo explicitamente ou sentido sem saber expressá-lo com palavras, vivem tantos peregrinos que caminham a Santiago de Compostela para abraçar o Apóstolo. O cansaço do andar, a variedade das paisagens, o encontro com pessoas de outra nacionalidade, abrem-nos ao mais profundo e comum que nos une aos homens: seres em busca, seres necessitados de verdade e de beleza, de uma experiência de graça, de caridade e de paz, de perdão e redenção.

E no mais recôndito de todos os homens ressoa uma presença de Deus e da acção do Espírito Santo. Sim, a todo homem que faz silêncio no seu interior e se distancia dos seus anseios, desejos e quereres imediatos, ao homem que reza, Deus ilumina-o para que O encontre e para que reconheça a Cristo. Quem peregrina a Santiago, no fundo, faz-lo para encontrar-se sobretudo com Deus que é reflectido na majestade de Cristo, acolhe-O e abençoa-O ao chegar ao Pórtico da Glória.

Desde aqui, como mensageiro do Evangelho que Pedro e São Tiago marcaram com o proprio sangue, desejo voltar meu olhar para a Europa que peregrinou a Compostela. Quais são as suas grandes necessidades, temores e esperanças? Qual é o contributo específico e fundamental da Igreja para esta Europa, que percorreu no último meio século um caminho para novas configurações e projectos? O seu trabalho centra-se numa realidade tão simples e decisiva como esta: que Deus existe e que é Ele quem nos têm dado a vida. Somente Ele é absoluto, amor fiel e imutável, meta infinita que transparece através de todos os bens, verdades e belezas admiráveis deste mundo; admiráveis, porém insuficientes para o coração do homem. Bem compreendeu isto Santa Teresa de Jesus quando escreveu: "Só Deus basta!"

É uma tragédia que na Europa, sobretudo no século XIX, se afirmasse e divulgasse a convicção de que Deus é o antagonista do homem e o inimigo da sua liberdade. Com isto queria-se colocar na sombra a verdadeira fé bíblica em Deus, que enviou ao mundo o seu Filho, Jesus Cristo, a fim de que ninguém pereça, mas que todos tenham a vida eterna (cf. Jo 3,16).

O autor sagrado afirma diante de um paganismo para o qual Deus está com inveja do homem ou o despreza: "Como Deus teria criado todas as coisas se não as tivesse amado, Ele que, na sua infinita plenitude, não precisa de nada?" (cf. Sab 11,24-26). Como se teria revelado aos homens, se não queria protegê-los? Deus é a origem do nosso ser, fundamento e ápice da nossa liberdade. Não o seu oponente.

Como o homem mortal pode criar-se a si mesmo e como o homem pecador vai reconcilar-se consigo mesmo? Como é possível que se tenha feito silêncio público sobre esta realidade primeira e essencial da vida humana? Como é o que é mais determinante nela pode ser trancada na mera intimidade ou colocados na penumbra? Nós homens não podemos viver às escuras, sem ver a luz do sol. E então, como é possível que se negue a Deus, sol das inteligências, força das vontades e irmã dos nossos corações, o direito de propor essa luz que dissipa todas as trevas?

Por isso, é necessário que Deus volte a ressoar alegremente sobre os céus da Europa; que essa palavra santa não se pronuncie jamais em vão; que não a pervertam fazendo servir aos fins que não lhe são próprios. É mistério que seja pronunciado santamente. É necessário que a percebamos desse modo, na vida de cada dia, no silêncio do trabalho, no amor fraterno e nas dificuldades que os anos trazem consigo.

A Europa deve abrir-se a Deus, sair ao seu encontro sem medo, trabalhar com a sua graça por aquela dignidade do homem que as melhores tradições descobriram: Além da bíblica, fundamental nessa óptica, também as da época clássica, medieval e moderna, das quais nasceram as grandes criações filosóficas e literárias, culturais e sociais da Europa.

Esse Deus e esse homem são aqueles que manifestaram-se concreta e historicamente em Cristo. A esse Cristo que podemos encontrar nos caminhos que conduzem a Compostela, pois ainda existe uma cruz que acolhe e orienta nas encruzilhadas. Essa cruz, supremo sinal do amor levado até o extremo e, por isso, dom e perdão ao mesmo tempo, deve ser nossa estrela guia na noite do tempo.

Cruz e amor, cruz e luz tem sido sinónimos na nossa história, porque Cristo deixou-se cravar nela para dar-nos o testemunho supremo do seu amor, para convidar-nos ao perdão e à reconciliação, para ensinar-nos a vencer o mal com o bem. Não deixe de aprender as lições desse Cristo, das encruzilhadas dos caminhos e da vida, Nele Deus vem ao nosso encontro como amigo, Pai e guia. "Óh Cruz bendita, brilha sempre nas terras da Europa!"

Deixe-me que proclame daqui a glória do homem, que percebe as ameaças à sua dignidade com a expoliação dos seus valores e riquezas originários, com a marginalização e morte infligidas aos mais fracos e pobres. Não se pode cultuar a Deus, sem velar pelo homem seu Filho e não se serve ao homem sem perguntar-se por quem é seu pai e responder a pergunta por si mesmo.

A Europa das ciências e das tecnologias, a Europa da civilização e da cultura, tem que ser a Europa aberta a transcedência e a fraternidade com os outros continentes, ao Deus vivo e verdadeiro a partir do homem vivo e verdadeiro. Isto é o que a Igreja deseja trazer à Europa: velar por Deus e velar pelo homem, a partir da compreensão que Jesus Cristo nos oferece de ambos.

Queridos amigos, levantemos o olhar da esperança a tudo aquilo que Deus nos prometeu e nos oferece. Que Ele nos dê a sua fortaleza, que Ele nos conceda a sua força, revigore essa arquidiocese compostelana, que verifique a fé dos seus filhos e ajude-os a seguir fiéis a sua vocação de semear e dar vigor ao Evangelho, também em outras terras.

Que São Tiago, o amigo do Senhor, alcance abundantes bençãos para a Galícia, para os demais povos da Espanha, da Europa e de tantos outros lugares além dos mares, onde o apóstolo é o sinal de identidade cristã e promotor do anúncio de Cristo.

Papa Bento XVI

Hélder Gonçalves

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

DEUS E O DIVÓRCIO

O divórcio é uma ofensa grave à lei natural. O cônjuge recasado passa a encontrar-se em situação de adultério público e permanente.


2385 O caracter imoral do divórcio advém-lhe também da desordem que introduz na célula familiar a na sociedade. Esta desordem acarreta graves danos: para o cônjuge que fica abandonado; para os filhos, traumatizados pela separação dos pais, e muitas vezes em desavença entre si; e pelo seu efeito de contágio, que faz dele uma verdadeira praga social.

2386 Pode acontecer que um dos cônjuges seja a vítima inocente do divórcio decidido pela lei civil; neste caso ele não vila o preceito moral. Existe uma diferença considerável entre o cônjuge que se esforçou sinceramente por ser fiel ao sacramento do Matrimónio e se vê injustamente abandonado, e aquele que, por uma falta grave de sua parte, destrói um casamento canonicamente válido.

(Catecismo da Igreja Católica)


Comentário:

- "Cada divórcio é um tragédia para as pessoas envolvidas, e geralmente não se sai dele sem enormes sofrimentos. Quando os casais têm filhos, são eles as vítimas da maior ofensa, pois são não só privados do amor e da solicitude recíproco entre os pais, aos quais eles têm direito, mas com frequência são empobrecidos e, às vezes, até mesmo se tornam instrumento das hostilidades entre os pais. Por vezes, ao procurarem reconstruir a própria vida, muitas pessoas divorciadas procuram a felicidade numa nova relação e contraem um matrimónio civil."

- "Devemos exprimir a nossa fé no sacramento do matrimónio: união definitiva de um homem e de uma mulher baptizados em Cristo; união ordenada ao acolhimento e à educação dos filhos (cf. Gaudium et spes, 48).

Constatamos que o Sacramento do matrimónio é uma riqueza para o próprio casal, para a sociedade e para a Igreja. Ele comporta um amadurecimento sob o sinal da esperança para aqueles que desejam fortalecer o seu amor na estabilidade e fidelidade, com a ajuda de Deus que abençoa a união deles. Essa realidade redunda em benefício de todos os outros casais.

Em muitos países, os divórcios tornaram-se uma verdadeira 'praga' social.

Estes 'insucessos' são uma fonte de sofrimento quer para os homens de hoje, quer sobretudo para aqueles que vêem desvanecer o projecto do seu amor conjugal.

A Igreja Católica é mais do que nunca sensível ao sofrimento dos seus membros: ela assim como se alegra com os que vivem na alegria, de igual modo chora com aqueles que choram (cf. Rm 12, 15).

'Estes homens e estas mulheres saibam que a Igreja os ama, não está longe deles e sofre pela situação. Os divorciados novamente casados são e permanecem seus membros, porque receberam o baptismo e conservam a fé cristã'.

Os padres, portanto, cuidem daqueles que sofrem com a consequência do divórcio, sobretudo dos filhos; preocupem-se com todos e, sempre em harmonia com a verdade do matrimónio e da família, procurem aliviar a ferida infligida ao sinal da aliança de Cristo com a Igreja.

- Quando o casal em situação irregular volta à prática cristã, é necessário acolhê-lo com caridade e benevolência, ajudando-o a esclarecer o estado concreto da sua condição, através dum trabalho pastoral iluminado e iluminante. Esta pastoral de acolhimento fraterno e evangélico, para aqueles que tinham perdido o contacto com a Igreja, é de grande importância: é o primeiro passo imprescindível para os inserir na prática cristã. É preciso aproximá-los da escuta da palavra de Deus e da oração, inseri-los nas obras de caridade que a comunidade cristã realiza em favor dos pobres e necessitados, e estimular neles o espirito de arrependimento, com obras de penitência que preparem os seus corações para acolher a graça de Deus.

Um capítulo muito importante é o que se refere à formação humana e cristã dos filhos da nova união. Torná-los partícipes de todo o conteúdo da sabedoria do Evangelho, segundo o ensinamento da Igreja Católica, é uma obra que prepara maravilhosamente os corações dos pais para receber a força e a clareza necessárias superarem as dificuldades reais, que existem no seu caminho, e para readquirirem a plena transparência do mistério de Cristo, que o matrimónio cristão significa e realiza."

(João Paulo II - L'Osservatore Romano de 01-02-97)


Resumo:

2400 O adultério e o divórcio, a poligamia e a união livre são ofensas graves à dignidade do casamento.

Como é necessário para os filhos que os pais vivam unidos! A tragédia começa no processo do divórcio, da disputa pela guarda dos filhos. Depois a competição que é tão frequente, entre os pais para disputar o amor dos filhos. As marcas são inevitáveis.

"Ama-se verdadeiramente e até ao fundo, só quando se ama para sempre, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Os próprios filhos não têm uma necessidade extrema da união indissolúvel dos próprios pais, e não são talvez eles mesmos, muitas vezes, as primeiras vítimas do drama do divórcio?"

- Lembre-se que o sacramento do Matrimónio é o único sacramento em que quem celebra o casamento são os próprios noivos. O sacerdote é apenas uma testemunha que abençoa o casamento em nome de Deus.

- O casamento civil, os noivos podem casar o numero de vezes que quizerem e divorciarem-se as vezes que quizerem, mas essa é a lei dos homens, mas o casamento cristão, é a Lei de Deus e uma vez consumado por ambos os noivos é até á morte, nada os separará aos olhos de Deus e serão sempre casados até morrerem.

- O cônjuje que provocar a separação, está em pecado muito grave, e o seu único perdão é a reconciliação com o seu par.

- "Não separe o homem, aquilo que Deus uniu".

Hélder Gonçalves

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

FIEIS DEFUNTOS OU FINADOS

Inicio esta breve reflexão que me proponho partilhar convosco, fazendo referência aos três últimos desejos de um homem que marcou a Antiguidade, Alexandre Magno.

À beira da morte, Alexandre Magno (356-323 a.C.) convocou os seus generais e transmitiu-lhes os seus três últimos desejos:

* Primeiro, quero que o meu caixão seja transportado pelos melhores dos médicos.

* Segundo, quero que sejam espalhados pelo caminho, até ao túmulo, os meus tesouros conquistados. Prata, ouro, pedras preciosas…

* Terceiro, que as minhas mãos sejam deixadas a balançar no ar, fora do caixão, à vista de todos.

Um dos seus generais, admirado com os desejos insólitos daquele que conquistara praticamente todo o mundo então conhecido, perguntou qual a razão de ser daqueles desejos. Alexandre explicou:

- Quero que os mais eminentes médicos carreguem o meu caixão para mostrar que eles não têm poder de curar perante a morte;

- Quero que o chão seja coberto com os meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais, por mais valiosos que sejam, aqui conquistados, aqui ficam;

- Quero que as minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.”


Somos hoje confrontados com a realidade da morte.
Como esta nos levanta tantas interrogações!
Como a morte angustia tanta gente!
Como pensar na morte mete medo a muitas pessoas!

"Aqueles que mais temem e se angustiam diante da morte são aqueles que jamais viveram verdadeiramente" – afirmou Charles de Foucauld.

"Na verdade, quem ensinar os homens a morrer, ensiná-los-á a viver" – disse Montaigne.

Neste momento, quero dizer, com mais ou menos mágoa, àqueles que já deixámos de ver neste mundo dos vivos: "Amo-te! O mesmo é dizer: Tu não morrerás!" – como disse Marcel.


Só Jesus Cristo, o Deus-Amor feito homem, é resposta ao drama da morte. Jesus Cristo foi e é esta Palavra maravilhosa de Deus a cada homem: Amo-te! O mesmo é dizer: Tu não morrerás (Marcel). O Amor é a Palavra poderosa de Deus que vence a morte!

Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, passou pela realidade da morte. Uma vida feita dom, uma existência com o selo do amor e do serviço gratuitos aos irmãos, parecia terminar num fracasso total! Mas Ele triunfou sobre a mesma e agora vive para sempre. A última palavra estava reservada ao Amor.

Nós, incorporados/enxertados em Cristo Vivo, pelo baptismo, também, após uma vida com o selo do amor e do serviço gratuitos aos irmãos, haveremos de triunfar sobre a morte.

Quem vive marcado pela esperança da Ressurreição, enraizada no Amor de Deus, testemunha a mesma nesta vida terrena. Estamos neste mundo, vivemos neste mundo, somos cidadãos deste mundo, mas concidadãos de uma nova Pátria que se encontra nos Céus! A marca do Amor que o Criador deixou bem gravada nos nossos corações diz-nos que somos chamados à comunhão plena com o Criador – Deus de Amor, Deus da Vida.

Como entender, então, que os bens materiais sejam o objectivo principal de tantas pessoas?
Como entender que muitas vezes não se olhe a meios para atingir os fins? Se for necessário prejudicar, explorar e espezinhar o outro para conseguir o que se pretende, faz-se!

Se for necessário prejudicar a família, deixar os seus membros mais frágeis entregues a si próprios, faz-se!

"No momento da morte, o que nos dará contentamento será o bem que se fez, e todas as outras coisas não darão senão angústia" – afirmou S. João Bosco.

Porquê tanta ganância, tanta crítica maldosa e destrutiva, tanta agressividade e violência, tanta falta de amor quando a morte será o grande teste da nossa existência: agora só conta o Amor que tivermos vivido e o bem que tivermos praticado!

A melhor homenagem que podemos prestar aos nossos entes queridos que já partiram, a mais bela e agradável oração que podemos elevar até ao Deus de Amor é a nossa vida voltada e centrada em Jesus Cristo: Ele é o único caminho que conduz a uma vida mais plena, a uma esperança fundada de que a vida vale a pena sempre que seguimos o caminho do Amor.

Termino com uma citação de Guerra Junqueiro: "o que custa é viver, não é morrer."

Hélder Gonçalves

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