domingo, 24 de março de 2013

Exame de Consciência


Se eu tenho uma dor de dentes, todo o corpo se sente mal.

Da mesma forma: Se eu faço o bem, toda a gente é beneficiada; se eu faço o mal, toda a comunidade é prejudicada.

Por isso, o perdão de Deus dá-se através da reconciliação com a Igreja.

O sacerdote é aquele que dá o perdão em nome de Deus, e reconcilia em nome da Comunidade.



  1. Calma e silêncio são aspectos fundamentais.
  2. Confesse os seus pecados e deixe os dos outros para eles.
  3. Seja simples e não conte histórias.
  4. Não passe à frente dos outros, mesmo que sejam crianças: é pecado contra a justiça. (Será necessário, para haver respeito, instalar o sistema das etiquetas por ordem de chegada?)
  5. Enquanto espera, dedique o seu tempo à oração e meditação.
  6. A confissão não é um interrogatório feito pelo sacerdote.
  7. Ao tentar enganar o sacerdote (é fácil!), está a enganar-se a si próprio, porque a Deus ninguém engana.


- Faça o propósito de tentar ser melhor em algum aspecto muito concreto.


- Diga o acto de contrição de forma que se entenda. (Se não o souber, pode aprendê-lo ou utilizar mesmo esta folha.)


        Meu Deus, porque sois tão bom,
tenho muita pena de vos ter ofendido,
ajudai-me a não tornar a pecar. Ámen!

                        OU

Meu Deus, porque sois infinitamente bom,
eu vos amo de todo o meu coração;
pesa-me de vos ter ofendido,
e com o auxílio da vossa divina graça,
proponho firmemente emendar-me
e nunca mais vos tornar a ofender.
Peço e espero o perdão das minhas culpas
pela Vossa infinita misericórdia. Ámen!



* EU... E EU PRÓPRIO

  • Aceito-me como uma pessoa com qualidades e defeitos?
  • Respeito a minha dignidade e a dos outros?
  • Aceito os outros como eles são, diferentes de mim?
  • Assumo que sou chamado a praticar o bem?
  • Sinto-me como uma pessoa de consciência e honra?
  • Procuro sempre a verdade, ou submeto-a aos meus interesses?
  • Vivo da imagem e cultivo as aparências?
  • Fundamento as minhas opiniões ou deixo-me levar na enxurrada?
  • Estou a realizar a minha felicidade ou apenas a dar mais atenção ao aspecto económico?
  • A minha realização pessoal é mais importante do que tudo?
  • Uso uma linguagem séria, honesta e limpa?
  • Que lugar ocupam as anedotas e os palavrões?
  • Sou fiel à minha palavra e levo até ao fim os compromissos assumidos?
  • Assumo os estragos, voluntários ou involuntários, causados aos outros?
  • Como utilizo o meu tempo? Sou dependente da televisão, dos jogos, ou de coisas inúteis?
  • Respeito o meu corpo e a minha saúde, ou estrago-o com excessos de trabalho, ou comendo e bebendo sem medida, fumando, consumindo drogas ou prostituindo-me?
  • O sexo é uma obsessão? Como são os meus comportamentos? Alimento pensamentos e desejos que não deveria? - Tenho consciência de que o sexo implica o amor?
  • No namoro, no casamento ou noutra situação sou honesto e fiel?
  • Revistas e filmes pornográficos que lugar ocupam na minha vida?



* EU... E A FAMÍLIA

  • Ajudo, quero bem e procuro compreender os outros, sem impor a minha opinião?
  • Sou uma pessoa preocupada com os problemas da minha família?
  • Tenho procurado realizar a felicidade dos outros, ou são eles o “bode expiatório” dos meus stress e más disposições?
  • Aceito reconhecer que errei e peço desculpa, mesmo que seja aos filhos ou aos pais?
  • Preocupo-me com a educação humana, sexual, social e cristã dos filhos? Sou para eles um bom exemplo de vida?
  • Participo nas reuniões da Escola e da Catequese? Porque não?
  • Que lugar ocupam, na minha família, os mais idosos?
  • A minha relação conjugal é equilibrada e sã? Há “outros amores”?
  • Os laços do amor quebram-se por causa do álcool ou com maus tratos?
  • Rezo em casal ou em família?
  • Gosto do meu lar ou é somente espaço para comer e dormir?
  • Ando zangado com alguém da família? É por causa das partilhas? Perdoo mesmo?
  • Respeitei sempre, na minha família, o direito à vida?
  • Na relação conjugal/sexual sou generoso ou só procuro a minha satisfação, esquecendo o outro?



* EU... E O MUNDO


  • Sinto que os outros são tão importantes quanto eu? Julgo-me superior a eles?
  • Gozo com a ignorância ou simplicidade dos outros?
  • Defendo os mais simples ou estou sempre do lado dos poderosos?
  • Sigo a verdade e a minha consciência, ou deixo-me levar por clubismos, fanatismos, influências, compadrios, politiquices ou “cusquices”?
  • Prejudiquei os outros: no trabalho, nos bens, em roubos, assaltos, incêndios, falsos testemunhos, fuga aos impostos? Vivo à custa dos outros, ou exploro o trabalho, a generosidade, etc. de alguém?
  • Pertenço ao grupo dos críticos de tudo e de todos, ficando eu de fora?
  • Tenho colaborado em actividades ilícitas?
  • Procuro realizar um trabalho sério para ter direito a uma remuneração adequada?
  • Estou preocupado com os grandes problemas e necessidades do mundo, sou sensível à partilha com os mais pobres?
  • Colaboro activamente nas associações e organizações a que pertenço?
  • Preocupo-me com a perda de valores da nossa sociedade? Que faço para os promover?
  • Que lugar ocupa o voluntariado no meu dia-a-dia?
  • Tenho consideração e respeito pelas crianças e pelos deficientes? Maus tratos, pedofilia, trabalhos inadequados?
  • Penso mal ou faço juízos precipitados a respeito dos outros?
  • Que tenho feito para que haja mais paz e justiça e o mundo se torne melhor?



* EU,... DEUS E A IGREJA


  • Que lugar ocupa Deus na minha vida? Paro para O escutar, ou vivo apenas preocupado com o êxito, o poder, o dinheiro, o sexo, o prazer e o bem-estar? Que lugar dou à oração e à escuta da Sua Palavra?
  • Deixo-me amar por Deus pondo n’Ele toda a minha confiança?
  • Tenho procurado esclarecer e purificar a minha fé? Deixo-me seduzir pela superstição, horóscopos, bruxarias e “outros poderes”?
  • O meu Deus é o Deus de sempre ou o Deus da ocasião e do medo?
  • Como baptizado, exprimo a minha fé em comunhão com a Igreja?
  • Tenho procurado viver a Vida Nova de Jesus Cristo, ou limito-me às “vistorias” obrigatórias?
  • Tomo parte activa na Missa dominical, ou sou cliente de “corpo presente”?
  • Rezo a pensar só em mim, ou tenho o sentido da oração comunitária?
  • Rezo pelas grandes intenções da Igreja?
  • Rezo pelos doentes, pela igreja missionária e pelas vocações?
  • Vivo em comunhão e paz com os outros? Se ando zangado, continuo a comungar o Corpo de Cristo?
  • Sou membro activo da Igreja, ou jogo com um pau de dois bicos?
  • Aceito a renovação da Igreja, ou jogo sempre à defesa?
  • Assumo a doutrina da Igreja, mesmo quando não me agrada?
  • Fora da igreja, procuro ser fiel à minha fé, ou tenho vergonha de me afirmar?
  • A minha religião fica guardada na igreja, ou levo-a para o mundo do trabalho, da política, da vida social, da escola, para as férias, para as discotecas, para o futebol?..
  • As anedotas a respeito de padres e freiras dão-me gozo ou pena?
  • Quando é preciso apresentar opiniões, apareço ou fico em casa, demitindo-me da minha corresponsabilidade e comunhão de Igreja?
  • Contribuo generosamente com bens e serviços para o bem da Comunidade, ou vivo à custa dos outros?
  • Participo da ideia de que os padres dão cabo da fé ao povo, para defender tradições vazias?
  • Resisto aos apelos de Deus? Estou a seguir a minha vocação?
  • O bem que faço está impregnado de amor ou simplesmente pelo sentido do dever?
  • Que é que eu podia ter feito de bem e não fiz?

HÉLDER GONÇALVES

quinta-feira, 21 de março de 2013

Semana Maior


Estamos quase a iniciar a Semana Santa, ou Semana Maior como queiram chamar, e esta é para ser vivida intensamente por todos os fiéis cristãos a entregarem a sua vida “ao Senhor Jesus, morto e ressuscitado por nós”, porque estas datas são para a reflexão e não “dias de férias para o descanso frívolo, a diversão ou pior ainda para o pecado”.

“Não devemos permitir que um clima secularizado que vai esfriando a nossa fé cristã se apodere de nós mas seja na verdade o fogo do mistério da Páscoa que dê luz e calor às nossas vidas.

Que sejam dias para encontrar, conhecer e seguir a Cristo, como Luz do mundo, Vida e nossa Ressurreição!”.

A morte de Cristo na Cruz “é a maior prova do amor” de Deus. Cristo com o seu sacrifício, deu aos homens o maravilhoso presente “da Cruz como símbolo da nossa reconciliação”.

Todos os que se reclamam fiéis de Cristo devem fazer uma reflexão séria em torno da Cruz a levá-los “ a um maior compromisso pela santidade na nossa vida cristã”.

“Não há cristianismo sem Cruz! A Cruz é parte fundamental da vida cristã, não como expressão de desgraça ou resignação, mas como caminho misterioso e paradoxal de felicidade e de vida eterna”.

Todos devemos morrer ao pecado e às paixões desordenadas, aos apegos e egoísmos, assim como ao cristianismo do mínimo esforço, pois “só se chega à Ressurreição  passando necessariamente pela sexta-feira da Paixão e da Morte”.

“Por isso a Semana Santa é ocasião propícia para examinarmos-nos seriamente e perguntar-nos:

Vivo um processo contínuo de conversão?

Ou sou medíocre e não ponho os meios necessários para ser santo?

Ardo em desejos de santidade e de configuração com Cristo?

Amo a Igreja e esforço-me por fazê-la amar?”

Na Cruz também se revela “a maternidade espiritual da Virgem Maria.

Jesus convida-nos a descobrir a Sua Mãe como nossa também.

Convida-nos a participar do seu estado de Filho da Virgem Maria e anima-nos a amá-la como Ele a ama”.

Todos devemos contemplar a Cruz porque por ela “foi vencido o maligno, ficou derrotada a morte, transmitiu-nos a vida, devolveu-nos a esperança e foi-nos comunicada a luz.

Salve, ó Cruz, esperança única!”.

HÉLDER GONÇALVES

quarta-feira, 20 de março de 2013

A Quaresma tempo de reconciliação


Quando os cristãos cometiam pecados muito graves e públicos, nos primeiros séculos da Igreja, eram excomungados, isto é, eram excluídos da comunidade.

Se mais tarde essas pessoas se arrependessem e quisessem reconciliar-se com Deus e com a Igreja, não eram imediatamente readmitidos na comunidade. 

Era preciso que antes fizessem uma penitência pública, porque também o pecado deles era conhecido por todos. 

Esta penitência não era de um dia só, durava bastante tempo.

Quando foi instituída a Quaresma, servia também como tempo de preparação para a reconciliação. 

Na Quinta-feira Santa, durante a missa presidida pelo bispo, os excomungados, vestiam a roupa penitencial (vestidos de saco) e com a cabeça coberta de cinzas, apresentavam-se diante da comunidade e declaravam o seu arrependimento e a vontade de converter-se. 

O bispo ia ao encontro deles e abraçava-os, um a um. 

Esse costume da penitência pública foi aos poucos desaparecendo (até porque não eram menos pecadores os que conseguiam manter em segredo os próprios pecados...); permaneceu, porém, o significado da Quaresma como tempo durante o qual todos os cristãos são convocados a aproximarem-se do sacramento da reconciliação.

HÉLDER GONÇALVES

segunda-feira, 18 de março de 2013

A Quaresma e os catecúmenos


Aproximadamente trezentos e cinquenta anos d.C. a Igreja começou a organizar uma preparação muito cuidadosa para o Baptismo. Os catecúmenos deviam passar por um longo período de preparação. Durante dois ou três anos deviam frequentar fielmente a catequese, depois deviam comprometer-se para levar uma vida honesta para mostrar que o seu desejo de tornar-se cristão era sincero.

Cada comunidade celebrava os baptizados somente uma vez durante o ano, na noite da Páscoa. Era a famosa vigília sagrada, da qual falava Tertuliano, transcorrida na oração e  na meditação da Palavra de Deus e concluída pela manhã, com a celebração eucarística, da qual participavam pela primeira vez também os recém-baptizados.

Sendo que a celebração do baptismo constituía a parte central da cerimónia da noite da Páscoa, a Quaresma assumia uma importância especial para os catecúmenos. Para eles constituía a última etapa antes de receber esse sacramento. 

Durante esses 40 dias eles recebiam a catequese todos os dias. Quem os instruía não era um catequista qualquer, mas o próprio bispo. 
Durante esse período participavam também em muitas cerimónias e tinham algumas reuniões, nas quais eram submetidos  a “exames”. 
Verificava-se se tinham assimilado as verdades fundamentais da fé e avaliava-se se a vida deles se era coerente com aquilo que professavam.

O encontro mais importante tinha lugar na quarta-feira da quarta semana. Era chamado “o grande exame”. Nesse dia — dizia-se — “eram abertos os ouvidos”, porque a eles eram ensinados o “Creio” e o “Pai-nosso”, que constituem a síntese de toda a doutrina cristã. 

Se não tivermos presente que a Quaresma devia servir como preparação aos catecúmenos,  não conseguiremos entender plenamente o conteúdo das leituras deste período litúrgico. 

Os textos bíblicos de facto foram escolhidos sobretudo para aqueles que se prepararam para o baptismo (falam da água, da luz, da fé, da cegueira, da unção com o óleo, da renúncia  ao pecado, da vitória de Cristo sobre a morte...). 

Os catecúmenos são como filhos que estão para nascer. A mãe (que é a Igreja, isto é, a comunidade) dedica-lhes toda a sua atenção. “Prepara” o alimento da palavra de Deus especialmente para eles, para o seu paladar, para as suas necessidades. É evidente que, por se tratar de um alimento muito bom e saboroso, também os outros filhos são convidados a degustá-lo para se tornarem espiritualmente fortes. A eles é proporcionada a oportunidade para meditar sobre as verdades fundamentais da própria fé e sobre os compromissos (às vezes um pouco esquecidos) assumidos no dia do próprio baptismo.

HÉLDER GONÇALVES

domingo, 17 de março de 2013

Que fazer durante a Quaresma


Desde os tempos antigos, a Quaresma foi considerada como um período de renovação da própria vida. 

As práticas a serem cumpridas eram sobretudo três: a oração, a luta contra o mal, o jejum.

A oração para pedir a Deus forças para converter-se e acreditar no evangelho.
A luta contra o mal para dominar as paixões e o egoísmo.
O jejum, para seguir o Mestre. 

O cristão deve ter a força de esquecer de si mesmo, de não pensar no próprio conforto, mas no bem do seu irmão. Assumir uma permanente atitude generosa e desinteressada é de facto difícil. Este é o jejum.

Mas pode o sofrimento ser uma coisa boa?
Como pode agradar a Deus a nossa dor?
Não! Deus não quer que o homem sofra. Todavia, para ajudar o necessitado, é preciso muitas vezes renunciar àquilo que agrada e isto custa sacrifício. Não é o jejum em si que é bom (às vezes é feito por motivos que não têm nada a ver com religião: há quem se alimente com parcimónia simplesmente para manter-se em boa forma física, para tornar-se elegante, para estar com boa saúde).

O que agrada a Deus é que, com o alimento que se consegue economizar com o jejum, se alivia, pelo menos por um dia, a fome de um irmão. 

Um livro muito antigo, muito lido pelos primeiros cristãos, o Pastor de Hermas, explica deste modo a ligação entre o jejum e a caridade: “Eis como deverás praticar o jejum: durante o dia de jejum, tu comerás somente pão e água; depois calcularás quanto terias gasto para o teu alimento naquele dia e tu oferecerás este dinheiro a uma viúva, a um órfão ou a um pobre; assim tu te privarás de alguma coisa para que o teu sacrifício seja útil para alguém, para poder alimentar-se. Ele rezará ao Senhor por ti. Se tu jejuares desse modo, o teu sacrifício será agradável a Deus”

Um famoso papa dos primeiros tempos da Igreja, chamado Leão Magno, dizia numa homilia: “Nós vos prescrevemos o jejum, lembrando-vos não só a abstinência, mas também as obras de misericórdia. Deste modo, o que tiverdes economizado nos gastos normais,  transforme-se em alimento para os pobres”.

HÉLDER GONÇALVES

quarta-feira, 13 de março de 2013

Habemus Papam - Papa Francisco I


O conclave escolheu nesta quarta-feira 13 de Março 2013 o cardeal Jorge Mário Bergoglio, de 76 anos de idade, natural da Argentina, como novo Papa, à frente da Igreja Católica Apostólica Romana, escolhendo o nome de Papa Francisco I.

A sua primeira Eucaristia está marcada para o próximo dia 19 de Março, dia do Pai.

Fumo Branco 19h08
Eram 19h08 quando saiu fumo branco da Capela Sistina, anunciando ao mundo que tínhamos um novo Papa.

O nome do escolhido pelos 115 cardeais foi anunciado pelo mais velho dos cardeais-diáconos, o francês Jean-Louis Tauran.

Jorge Mário Bergoglio nasceu em Buenos Aires, a 17 de Dezembro de 1936 e é o novo Papa da Igreja Católica. É o primeiro Papa da Companhia de Jesus e o primeiro Papa da América Latina.

Após a morte do Papa João Paulo II em 2 de Abril de 2005, foi considerado um dos candidatos mais fortes para assumir o lugar do Sumo Pontífice, tendo ele mesmo na terceira votação pedido aos cardeais para não votarem mais nele e assim abriu caminho para que fosse eleito Joseph Ratzinger, que tomou o nome de Papa Bento XVI.

Bergoglio foi presidente da Conferência Episcopal da Argentina, durante dois mandatos não podendo ser reconduzido num terceiro mandato.

Jorge Mário Bergoglio, é filho de pais italianos que imigraram para a Argentina. O pai Mário Bergoglio era trabalhador ferroviário, e a mãe Regina, dona de casa.

Ele formou-se numa Escola Secundária Industrial, como engenheiro químico.

Aos 21 anos, decidiu tornar-se padre.

Em Março de 1958, ingressou no noviciado da Companhia de Jesus (jesuítas).

Em 1963, ele estudou humanidades no Chile, retornando posteriormente a Buenos Aires.

Entre 1964 de 1965, Bergoglio foi professor de literatura e psicologia no Colégio Imaculada Conceição de Santa Fé e, em 1966, ensinou as mesmas matérias num colégio de Buenos Aires.

Entrou para o seminário em Villa Devoto, como noviço na ordem jesuíta.

De 1967 a 1970, estudou teologia.

Ele foi ordenado sacerdote a 13 de Dezembro de 1969.

De seguida, fez uma longa carreira dentro da ordem de que se tornou "provincial" de 1973 a 1979, e durante a ditadura civil-militar na Argentina.


HÉLDER GONÇALVES

segunda-feira, 11 de março de 2013

Fé sem Fingir

Na segunda epístola a Timóteo, São Paulo evoca a fé sem fingir de Timóteo (1,5). Uma fé sem fingir é literalmente uma fé não hipócrita, uma fé sem hipocrisia. Trata-se de uma fé que não admite incoerências entre aquilo em que se acredita e o que se vive. Compreendemos que São Paulo louve isso em Timóteo. 

Quem não faria, ao ver alguém que assume todas as consequências da sua fé? 
Opostamente, recusar pô-las em prática desacredita todas as palavras da fé.
Mas também pode haver uma outra forma de hipocrisia: utilizar a fé para o que ela não oferece, procurar «passar-lhe à frente com teorias mais atractivas, mais interessantes, mais subtis, confrontar Cristo com causas
que se afastam do Evangelho. 

Se é verdade que qualquer fé desabrocha quando é posta em prática e quando é esclarecida, a fé não pode ser ela própria posta ao serviço de determinados interesses. O que ela dá permanece do domínio da fé. 
A fé perde a sua natureza mal é transformada em ideologia ou gnosticismo.

No plano intelectual, por exemplo, a fé está na base de toda e qualquer reflexão. Nunca será mais que uma fé pobre, recebida sempre de novo. 
Não nos podemos afastar desta base. 

No domínio da vida espiritual, as pessoas com maior discernimento não param de repetir que não são os sentimentos ou as experiências extraordinárias que alimentam a comunhão com Deus. Esta vive-se sempre a partir de uma simples abertura, pois a comunhão com Deus só pode oferecer-se gratuitamente, ultrapassando de longe tudo o que possamos ter feito. 
Como diz São João da Cruz no princípio da Subida ao monte Carmelo: «A fé, só a fé, é o meio mais próximo e mais proporcionado de unir a alma a Deus.»
Misteriosamente, é esta fé pobre, «só esta fé», que pode tornar-se fonte de reconhecimento. 

Parece tão pouco e o que oferece aparentemente vale tão pouco na vida do mundo. E, no entanto, como podemos agradecer devidamente termos sido atraídos para Cristo, termos aprendido a conhecê-Lo pessoalmente e
termos recebido d’Ele uma certa luz no coração? 

Reconhecimento pelo dom da fé, mas reconhecimento também pelo dom que é o próprio Cristo. Pois querendo dizer-nos o que Ele próprio é, Deus não poderia ter ido mais longe do que o que fez em Cristo.

Ao escrever a uma igreja – à de Colossos – onde se exploravam outras fontes de certezas para além das dadas pela fé, São Paulo, cada vez que faz o ponto da situação e em cada uma das suas exortações, acrescenta de forma significativa um apelo à acção de graças (Colossenses 1,12; 2,7; 3,15; 4,2). 

De facto, mesmo quando se sente muito fraca, a fé fortifica-se mantendo os olhos abertos a tudo o que nos foi dado e conscientemente dando graças por isso.

Assim, uma fé sem fingir não é uma fé ingénua que recusa avançar e encarar as questões de frente.

Pelo contrário, é uma fé que se deixa levar pelo reconhecimento e que, desta forma, mantém acesa a pequena chama depositada no coração. 
O despojamento de uma fé assim não tem nada de triste nem de austero, pois não corresponde a um sentimento estranho de não se receber o suficiente. Antes chama a que cada vez mais vivamos uma relação pessoal com Cristo no mesmo sentido em que São Paulo dela fala aos Filipenses: «Considero que tudo isso foi mesmo uma perda, por causa da maravilha que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor» (3,8)

Se há felicidade na fé – e os primeiros cristãos consideravam-se felizes por acreditar –, essa felicidade não vem unicamente das perspectivas abertas pela fé. Vem também do conhecimento de Cristo, numa comunhão concreta e íntima com Ele.

Certamente, a nossa fé inclui também elementos mais impessoais. O mistério da criação e o da presença do Espírito nessa criação remetem para dimensões de infinito que nos ultrapassam. 

No diálogo com religiões da Índia, mas também perante as ciências exactas, é importante ter bem consciência disto. Por isso, a descoberta de Cristo, a relação com Ele, o olhar que procura a sua face, será sempre o coração da fé. 

Os elementos mais impessoais esclarecem-se a partir do centro. Assim São Paulo situa Cristo na sua relação com o universo tal como foi criado em todas as suas dimensões e a sua história (Colossenses 1,15-20) e ao mesmo tempo considera os seus próprios sofrimentos uma forma muito pessoal de comungar do destino que ainda está reservado a Cristo neste mundo (Colossenses 1,24). 

A partir do fogo que arde no seu coração iluminam-se as perspectivas mais longínquas.

HÉLDER GONÇALVES

domingo, 10 de março de 2013

Rio Ganges - Índia

- Porque será tão importante o rio Ganges?


A água é um elemento sagrado para o hinduísmo, porque para além de saciar a sede é utilizada para purificar a alma nos seus rituais.

Por este motivo, as 4 nascentes do rio Ganges - Yamunotri, Gangotri, Kedarnath e Badrinat - são lugares de peregrinação para os hindus. 

Todos os anos empreendem o caminho até ás nascentes, suportando temperaturas muito baixas e caminhos penosos, por acreditarem que ali se encontra a morada dos deuses, como os quatro braços de Xiva.

Char Dham, é o nome que se dá à peregrinação aos 4 templos que assinalam as nascentes do Ganges.

HÉLDER GONÇALVES

quinta-feira, 7 de março de 2013

40 Dias


Porque são exactamente 40 dias?

Quando nós falamos de oito galinhas e de sete quilos de arroz, queremos dizer exactamente oito e sete, nem um a mais e nem um a menos. 

Quando, ao invés encontramos números na Bíblia, devemos prestar a nossa atenção, porque, muitas vezes, os mesmos têm um sentido simbólico.

Deste modo, quando está escrito 40 ou um seu múltiplo, não quer dizer que seja mesmo 40, com exactidão. 

Indica um tempo simbólico, que pode ser mais longo ou mais curto. Não é como quando se fala de dinheiro.., este, sim, deve ser bem contado! 

Por exemplo, é difícil acreditar que Moisés tenha passado exactamente 40 dias e 40 noites na montanha, sem comer pão e sem beber água (Ex 34,38) e que também Jesus tenha conseguido fazer a mesma coisa (Mt 4,2). 

Da mesma forma surge também a dúvida se eram exactamente 5.000 os homens para os quais foram multiplicados os pães (Mc 8,9).

Entre os muitos significados que os antigos atribuíam ao número 40, um interessa-nos de modo especial: o de indicar um período de preparação (mais ou menos prolongado), em vista de um grande acontecimento. 

Por exemplo: 

- o dilúvio durou 40 dias e 40 noites... e foi a preparação para uma nova humanidade; 

- 40 anos passou Israel no deserto...  para preparar-se a entrar na terra prometida; 

- durante 40 dias fizeram penitência os habitantes de Nínive... antes de receber o perdão de Deus; 

- durante 40 dias e 40 noites caminhou Elias... para chegar à montanha de Deus; 

- durante 40 dias e 40 noites jejuaram Moisés e Jesus... para prepararem-se para a sua missão...


Está claro, agora, o sentido desse número? 

Então, para preparar a maior de todas as festas cristãs, quantos dias são necessários? 

Quarenta, naturalmente! 


HÉLDER GONÇALVES

terça-feira, 5 de março de 2013

Como apareceu a Quaresma?


Nós sabemos que uma festa não pode ser bem sucedida se não for cuidadosamente preparada. 

Aproximadamente duzentos anos depois de Cristo, os cristãos, ansiosos por desfrutar em toda a sua plenitude os frutos espirituais da Páscoa, introduziram o costume de precedê-la com três dias, dedicados à oração, à meditação e ao jejum, em sinal de luto pela morte de Cristo.

Essa grande festa, porém, não devia ser somente preparada; era preciso também encontrar uma maneira de prolongar a alegria e a riqueza espiritual da mesma. 

Foram instituídas então as “sete semanas”, os 50 dias do Pentecostes, que deviam ser celebrados com grande alegria, porque, como dizia um famoso bispo daqueles tempos, chamado Irineu, “constituem como um único dia de festa que tem a mesma importância do domingo”.

Durante os dias do Pentecostes rezava-se em pé, era proibido jejuar e eram administrados os baptismos. 

Praticamente era como se o dia de Páscoa... durasse 50 dias.

Passaram-se mais 150 anos e, por volta dos anos 350 d.C., percebendo que três dias de preparação era pouco demais, aumentaram-nos para 40... 

Nascia a Quaresma. 

HÉLDER GONÇALVES

segunda-feira, 4 de março de 2013

Sede Vacante

No dia 28 de Fevereiro de 2013 às 20h00, a Igreja iniciou o período chamado de Sé Vacante que corresponde ao período entre o falecimento ou renúncia de um Papa e a eleição do seu sucessor.

O termo significa Trono vazio, ou seja, a Cátedra de Pedro, de onde o Papa governa a Igreja, está desocupada, o que normalmente ocorre quando um Pontífice morre.

As normas que regem a administração da Sé Apostólica foram estabelecidas pelo Papa João Paulo II na sua Constituição Apostólica intitulada "Universi Dominici Gregis".

Durante a vacância da Sé Apostólica, encerram-se o exercício das funções de todos os Responsáveis dos Dicastérios da Cúria Romana e dos seus membros. Somente o Cardeal Camerlengo e Penitenciário-Mor continuam a despachar os assuntos ordinários, submetendo ao Colégio Cardinalício o que seria remetido ao Papa.

São formadas duas Congregações de Cardeais, uma geral e outra particular. A primeira é composta por todos os Cardeais e a última é constituída pelo Camerlengo e três Cardeais Assistentes.

O princípio que rege esse período é chamado de "nihil innovetur", ou seja, nada se modifica na Igreja. Somente assuntos ordinários ou inadiáveis são apresentados ao Colégio Cardinalício para que sejam por ele despachados. Os Cardeais preparam também tudo o que for necessário para a eleição do novo Papa.

"O Colégio Cardinalício não tem nenhuma potestade ou jurisdição sobre as questões que correspondem ao Sumo Pontífice em vida ou no exercício das funções de sua missão; todas estas questões devem ficar reservas exclusivamente ao futuro Pontífice", indica o primeiro artigo do documento assinado por João Paulo II.

Nos últimos cem anos o período de Sede Vacante tem variado entre 14 à 20 dias.

Tabela Sede Vacante.jpg


Papa Emérito Bento XVI

O papa Bento XVI continuará a ser chamado de "Sua Santidade", terá o título de "papa emérito" ou "pontífice romano emérito".

Usará a clássica batina branca, sem mantelete.

Não calçará sapatos vermelhos, mas sim castanhos, informou o Vaticano.

A partir das 20h00 locais do dia 28.02.2013 - momento no qual já não será papa -, Bento XVI deixará de usar o Anel do Pescador, que simboliza o poder pontifício.

O anel será destruído, assim como o selo de chumbo usado para carimbar documentos importantes, entre eles as bulas papais.

A regra vaticana estabelece que o anel do papa deve ser destruído quando ele morre ou renúncia, como neste caso, para evitar qualquer eventual falsificação de documentos pontifícios.

Aquele que foi o último acto público do papa, e o único sinal visível que anuncia que Bento XVI já não é mais papa foi às 20h locais, quando a Guarda Suíça que presta guarda na porta do palácio de Castelgandolfo concluiu o seu serviço e deixou o local.

HÉLDER GONÇALVES

domingo, 3 de março de 2013

Cruz Latina


A Cruz Latina, aquela em que a haste vertical é mais comprida do que a horizontal, é, sem dúvida, uma das mais conhecidas formas da cultura ocidental.

Antes de se tornar no ícone do cristianismo e até da própria cultura ocidental, foi utilizada, na Antiguidade, por outras culturas e religiões, assumindo os mais diversos significados, como instrumento de castigo e de morte.

Os romanos, por exemplo, utilizavam o suplício da cruz – mais não era do que a crucificação imposta mais tarde a Cristo – como a pena mais cruel e vergonhosa que podia ser infligida aos seus escravos e súbditos.

O sentido espiritual da cruz, indicado pelo próprio Jesus Cristo e reforçado por São Paulo, foi incluído no culto cristão, segundo se crê, logo a seguir à era apostólica.

De instrumento tosco de suplício, composto por dois troncos de madeira unidos perpendicularmente, a cruz passou, então, a símbolo, mais ou menos elaborado, mais ou menos rico, do triunfo e do amor; utilizado na guerra e em actos litúrgicos.

Apesar de a sua forma poder variar ligeiramente, a Cruz Latina apresenta braços superiores e laterais com o mesmo comprimento e braço inferior com o dobro do tamanho dos restantes.

A tradição diz que estas eram as proporções da cruz sobre a qual Cristo foi crucificado.

A Cruz Latina é, ainda, uma forma profusamente utilizada na configuração das plantas arquitectónicas de igrejas, catedrais e outros monumentos religiosos, um pouco por todo o mundo, mas sobretudo no Ocidente, rivalizando, neste aspecto, com a Cruz Grega.

HÉLDER GONÇALVES

sexta-feira, 1 de março de 2013

Espiríto Santo e Igreja


Claro está que não pode ser nossa intenção desenvolver, no presente contexto, uma doutrina completa da Igreja; prescindindo das questões teológico-técnicas isoladas, tentaremos apenas identificar brevemente o verdadeiro motivo da irritação que nos acomete e atrapalha quando pronunciamos a fórmula "Santa Igreja Católica”, procurando, então, encontrar uma resposta condizente com a intenção implícita no texto da própria profissão de fé. […] Mesmo assim, convém exteriorizar aqui o que nos aflige nesta passagem. 

Se formos sinceros, teremos de admitir que gostaríamos de afirmar que a Igreja não é nem santa, nem católica. O próprio Concílio Vaticano II teve a coragem de não falar apenas da Igreja santa, mas também da Igreja pecadora; se há uma crítica a fazer ao concílio, só pode ser a de ter sido até muito tímido na sua afirmação tendo em vista a intensidade da impressão de pecaminosidade da Igreja na consciência de todos nós.


Para além da santidade da Igreja, parece-me questionável também a Sua catolicidade. A túnica de uma só peça do Senhor foi rasgada em pedaços pelos grupos contraentes e a Igreja una foi dividida em muitas igrejas, cada uma das quais afirma com mais ou menos intensidade ser a única autêntica. Desta maneira, a Igreja tornou-se hoje para muitos o principal obstáculo à fé. Eles só conseguem ver os esforços humanos em demanda do poder e as táticas mesquinhas daqueles que, afirmando serem os administradores oficiais do cristianismo, mais parecem atrapalhar a manifestação do verdadeiro espírito cristão.

Não há nenhuma teoria que possa refutar definitivamente estes pensamentos de fundo meramente racional; por outro lado, eles também não são de origem puramente racional, misturados que estão com a amargura de um coração eventualmente muito decepcionado com as suas expectativas elevadas e que, no seu amor magoado e ferido, só é capaz de sentir que se desmorona a sua esperança.

Como responder, então? 
Em última análise, só nos resta confessar o motivo que nos leva, apesar de tudo isso, a amar esta Igreja na fé, a ousar reconhecer, mesmo por detrás desse rosto desfigurado, o rosto da santa Igreja. Mas comecemos, mesmo assim, pelos elementos objectivos.  Já vimos que a palavra «santa» em todos esses enunciados não se refere à santidade de pessoas humanas - trata-se, na verdade, de uma alusão ao dom divino que concede a santidade no meio da imperfeição humana.

No «símbolo», a Igreja não é qualificada de «santa» por se pensar que os seus membros são todos seres humanos santos e sem pecados; esse sonho, que reaparece em todos os séculos, não combina com o contexto lúcido do nosso texto, por mais que corresponda à expressão de um desejo profundo do ser humano, que não o abandonará até que um novo céu e uma nova terra lhe dêem realmente o que este nosso mundo não é capaz de lhe proporcionar. […]

Mas, voltemos ao ponto de partida: a santidade da Igreja consiste naquele poder de santificação que Deus exerce nela apesar da pecaminosidade humana. É esse o verdadeiro sinal da «nova aliança» em Cristo, o próprio Deus prendeu-Se aos homens, deixou-Se prender por eles. A Nova Aliança já não se baseia no cumprimento mútuo do acordo, porque ela é graça concedida por Deus, a qual não recua diante da infidelidade do ser humano. Ela é a expressão do amor ele Deus que não se deixa vencer pela incapacidade do ser humano; pelo contrário, Deus quer bem ao ser humano apesar de tudo e sem cessar; aceita-o precisamente como ser pecador, dirigindo-Se-lhe para o santificar e amar.

Como a liberalidade da entrega do Senhor nunca foi revogada, a Igreja continua a ser sempre santificada por Ele e é nela que a santidade do Senhor se torna presente entre os homens. É verdadeiramente a santidade do Senhor que se torna presente e que escolhe como receptáculo da sua presença, num amor paradoxal, também e precisamente as mãos sujas dos homens. Ela é santidade que resplandece como a santidade de Cristo no meio do pecado da Igreja.[…]

Demos mais um passo em frente. No sonho humano de um mundo perfeito, a santidade é imaginada como isenção do pecado e do mal, e não como algo que se mistura com eles; […] O que escandalizava os contemporâneos de Jesus em relação à sua santidade era a ausência absoluta de uma atitude julgadora: Ele nem lançava um raio sobre os indignos, nem autorizava os zelosos a arrancarem a erva daninha que viam proliferar. Pelo contrário, a sua santidade manifestava-se precisamente na promiscuidade com os pecadores que eram atraídos por Jesus; essa mistura indiscriminada chegou ao ponto de Ele mesmo ser transformado "em pecado», tendo de carregar, pela sua execução, a maldição da lei, que o levou a associar inteiramente o seu destino ao dos perdidos (cf. 2Cor 5,21; Gal 3,13). Ele atraiu a Si o pecado, fazendo com que este se tornasse parte d'Ele, para assim revelar o que é a verdadeira "santidade»:

Não discriminação, mas união, não julgamento, mas amor que salva. Não é a Igreja simplesmente a continuação dessa atitude de Deus que se mistura com a miserabilidade humana? […]

Confesso que, para mim, essa santidade imperfeita da Igreja é um consolo infinito. Não deveríamos desesperar diante de uma santidade que fosse imaculada e que só pudesse manifestar-se julgando-nos e queimando-nos? E quem poderá afirmar que não precisa de ser apoiado e sustentado pelos outros? […]

A Igreja não está em primeiro lugar nos órgãos que a organizam, reformam, governam, e sim naqueles que simplesmente crêem e recebem nela o dom da fé que se torna a sua vida.

Com isto chegamos à outra palavra que o «Credo» usa para qualificar a Igreja: «católica». São muitas as nuances de sentido que acompanham este termo desde a sua origem. Mas existe nele uma ideia principal que pode ser comprovada desde o início: trata-se de uma palavra que remete duplamente para a unidade da Igreja; em primeiro lugar, ela indica a unidade local da Igreja: só a comunidade unida ao bispo é «Igreja Católica»; os grupos que se separaram dessa Igreja local por qualquer razão não são «católicos». Em segundo lugar, o termo refere-se à unidade das muitas igrejas locais entre si; elas não podem fechar-se em si mesmas, pois, para serem Igreja, precisam de estar abertas umas às outras, formando a Igreja una no testemunho comum da palavra e na comunhão da mesa eucarística que recebe a todos em qualquer lugar. […]. Os elementos fundamentais da Igreja são o perdão, a conversão, a penitência, a comunhão eucarística e, a partir dela, a pluralidade e a unidade: a pluralidade de igrejas locais que só podem ser consideradas Igreja na medida em que se inserem no organismo da Igreja una. O conteúdo da unidade é formado sobretudo pela palavra e pelo sacramento: a Igreja é una pela palavra una e pelo pão uno. A estrutura episcopal aparece no fundo como meio dessa unidade.
“Introdução ao Cristianismo”. Joseph Ratzinger. Principia. 2005. Pg 248-253

HÉLDER GONÇALVES

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