Lauburu ou Cruz basca é o nome que recebe em
euskera a cruz suástica de braços curvilíneos que constitui o emblema
representativo do País Basco. A sua origem europeia recua aos celtas que
através das emigrações dos povos do Oriente para o Ocidente teriam herdado esse
símbolo conhecidíssimo em todo o Oriente, particularmente na Índia onde o
Hinduísmo e o Budismo faz profuso uso dele.
Foi assim que o lauburu entrou na tradição céltica
dos primitivos bascos, mas também asturianos e galegos, chamando ao mesmo de tetrasquel pelos
seus quatro braços curvilíneos circum-giratórios. Com efeito, o termo lauburu
compõe-se das duas palavras bascas lau, “quatro”, e buru, “cabeça”,
portanto, “quatro cabeças”, ou seja, quatro braços dirigidos às “cabeças” ou
pontos cardeais do Mundo (Norte, Sul, Este e Oeste) num movimento contínuo.
Quando no tempo do imperador Octávio Augusto os romanos invadiram e ocuparam a
Bascónia ou País dos Bascos chamaram ao lauburu de labarum, e
provém deste etimólogo a denominação popular da estrela cantábrica, de origem
celta, chamada lábaro.
Esta suástica basca por seu movimento
sinistrocêntrico (da direita para a esquerda) será antes uma sovástica, e
se bem que a cultura esotérica hindu e budista desaprecie tal símbolo por
representar o movimento oposto ao destrocêntrico (da esquerda para a direita)
em que se move a Evolução geral de tudo e todos, ainda assim é representativa
do Poder Temporal oposto complementar à Autoridade Espiritual representada pela suástica.
Por essa razão a sovástica expressa sobretudo o movimento da Matéria
que, por ser limitada, está sujeita à lei da transformação pelo fenómeno
natural da Morte.
Esta, a Morte, é tradicionalmente representada pela Noite, a
Lua, o astro nocturno predilecto dos povos ante-diluvianos ou atlantes que veio
a ser regente astral do povo basco, vasco ou “adorador da vaca” que
identificavam não como o planeta Vénus mas como a própria Lua cujas hastes do
crescente associavam às do cornúpeto. Por este motivo, ainda hoje o País Basco
é um grande produtor de gado bovino, herança de um passado longínquo onde se
considerava a vaca animal sagrado, tal qual acontece na Índia. Se o basco é
povo lunar, já o galego, adorador do galo, a ave do dia, é povo solar, enquanto
o asturiano, astur ou assur é povo mercuriano, planeta de natureza andrógina ou
bissexual que serve de permeio ao Sol e à Lua, representativos do masculino e
do feminino como princípios activo e passivo de que ele, Mercúrio, é o neutro
ou equilibrante. Por este motivo de inter-relação esotérica entre as três
étnias ibéricas, é que a suástica faz parte da sua cultura espiritual.
Como as cores verde e vermelha da bandeira basca são as
mesmas que a Tradição Iniciática dá às Energias Celeste e Terrestre chamadas no
Oriente de Fohat eKundalini, será então a suástica expressiva
do movimento universal dessa Energia dupla que ao animar a Matéria como
electricidade e electromagnetismo vem a ser uma espécie de “incarnação” de
Forças invisíveis que se tornam visíveis, alterando-se o movimento giratório
dessa cruz celeste tornando-se na Terra sovástica. Por este motivo
tornou-se símbolo da Morte, razão pela qual aparece em inúmeros monumentos
funerários bascos. Já nas Astúrias e na Galiza (por exemplo, em Grullos, Quirós
e Piornedo) ele também aparece, mas com menos frequência predominando asuástica,
símbolo da Vida e do Sol. Utilizado como amuleto ou talismã pelos bascos, além
das construções funerárias o lauburu também aparece gravado nos
frontispícios das casas, para que o mal e a morte não invadam as mesmas. Nisto,
é um signo esconjurador mágico de grande poder.
Apesar da sua grande antiguidade, o lauburu só
aparece nas bandeiras e outras insígnias bascas desde o final do século XVI ou
princípios do XVII. Modernamente é utilizado com profusão como símbolo da
cultura basca, com carácter folclórico ou tradicional, e não necessariamente
como emblema político, apesar do sentido excessivo que lhe foi imposto e lhe é
absolutamente estranho atendendo às suas origens sagradas.
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