domingo, 26 de janeiro de 2014

Papa Francisco - 1 oração para cada dedo

ORAÇÃO DO PAPA FRANCISCO
Uma oração em cada dedo.


1. O Polegar é o mais próximo de si.

Então comece a orar por aqueles que lhe são mais próximos.
Eles são os mais facilmente lembrados.
Orar pelos nossos entes queridos é "uma doce obrigação"!


2. O seguinte é o dedo Indicador.

Ore por aqueles que ensinam, instruem e curam.
Isso inclui mestres, professores, médicos e padres.
Eles necessitam de apoio e sabedoria para indicar a direção correcta aos outros. Mantenha-os nas suas orações sempre presentes.


3. O próximo dedo é o mais alto, o Médio.

Ele lembra-nos os nossos líderes.
Reze pelos presidentes, deputados, empresários e gestores.
Essas pessoas dirigem os destinos das nossas nações e orientam a opinião pública. Eles precisam da orientação de Deus.


4. O quarto dedo é o nosso dedo Anelar.

Embora muitos fiquem surpreendidos, é o nosso dedo mais fraco, como pode dizer qualquer professor de piano.
Ele deve lembrar-nos a rezar pelos mais fracos, pelas pessoas com problemas ou prostrados pela doença.
Eles precisam da nossa oração dia e noite.
Nunca é demais para rezar por eles e pelos casamentos.


5. E finalmente o nosso dedo Mindinho.

O dedo mais pequeno de todos, que é a forma como devemos ver-nos diante de Deus e dos outros.
Como a Bíblia diz que "os últimos serão os primeiros".
O teu dedo mindinho deve lembrar-te de rezares por ti.
Quando tu estiveres a rezar para os outros quatro grupos, as tuas próprias necessidades estarão na perspectiva correcta, e tu poderás rezar melhor pelas tuas necessidades.

HÉLDER GONÇALVES

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A Fé

O QUE É A FÉ? 

– “Quem acreditar tem a vida”.  O que significa acreditar e ter uma fé verdadeira?

- Afirma o Catecismo da Igreja Católica que “a fé é a resposta do homem a Deus, que a ele Se revela e Se oferece, resposta que, ao mesmo tempo, traz uma luz superabundante ao homem que busca o sentido último da sua vida” (nº 26)

- Pelo Novo Testamento, compreendemos que a fé é feita do encontro entre Jesus que chama e cativa com a sua palavra e o ser humano que responde ou se sente atraído por esta Pessoa maravilhosa e algo misteriosa.

- A Sagrada Escritura chama “obediência da fé” à resposta humana a Deus que se revela e comunica por amor (cf nº 143).

- A fé é um acto livre, e ao mesmo tempo pessoal (“eu creio”) e comunitário (“nós cremos”). “Ninguém pode acreditar sozinho, tal como ninguém pode viver só” (nº 166).


AS DIMENSÕES DA FÉ

O Catecismo propõe-nos uma fé com quatro dimensões fundamentais.

- Fé que crê: “Quem acredita...”. Quem acredita tem a vida eterna (que começa já aqui na terra). Esta dimensão desenvolve em nós o conhecimento da Palavra de Deus, procurando compreendê-la, e leva-nos a confiar na verdade dessa Palavra.

- O modelo mais perfeito da fé que crê é Abraão. A sua realização mais perfeita é a Virgem Maria (cf nº 144).  Maria confiou no “cumprimento” da Palavra de Deus (cf nº 149).

- Fé que celebra: “Eu sou o pão da vida”. Jesus é um pão que desceu do céu.
- Desde os apóstolos que a Igreja põe em prática o pedido do Senhor: “Fazei isto em memória de Mim”. Desde esses tempos, a Eucaristia mantém a mesma estrutura fundamental e continua a ser “o centro da vida da Igreja” (cf 1343).

Fé que vive: “Perdoai-vos... caminhai na caridade”. Afastar a irritação, má vontade e maledicência permite caminhar na caridade, sendo bondosos, compassivos e misericordiosos! São exemplos concretos da Palavra vivida.

O Credo e os Sacramentos exigem também os Mandamentos e as Bem-aventuranças, isto é, uma fé traduzida em valores e atitudes. Assim como Cristo fez sempre o que era do agrado do Pai, também o cristão procura viver constantemente segundo a vontade de Deus (cf nº 1693).

- Fé que ora: Elias “exclamou: Já basta, Senhor”.
- Ao mesmo tempo, as dimensões anteriores exigem a dimensão da oração, de uma fé que constantemente reza: “Pai Nosso”. A oração lembra-nos sempre d’Aquele que é “a nossa vida e o nosso tudo”(cf 2697).


Resumo:

Jesus anuncia uma mensagem de salvação. 
Quem a ouve e responde afirmativamente começa a viver a fé. 
Dá um primeiro sim a Jesus. Esse sim tem depois de se aprofundar ao longo da vida.

O cristão é o discípulo de Jesus dos nossos dias. Não O segue fisicamente, andando pelas terras da Galileia e Judeia. Segue-O na medida em que vive unido a Ele em cada dia e na medida em que põe em prática a Palavra do Evangelho.

A fé é a resposta que cada um de nós dá ao convite para uma amizade/amor especial com Jesus. É condição imprescindível para a fé o anúncio e a escuta da Palavra de Deus.

Vivamos uma Fé assente na Palavra e na Eucaristia e que se manifesta na oração e no amor à maneira de Jesus.

HÉLDER GONÇALVES

sábado, 18 de janeiro de 2014

São Sebastião

São Sebastião foi um dos muitos soldados romanos que por causa da sua fé em Jesus foi martirizado. É uma pena que só se pode saber da sua história através das actas do seu martírio que foram escritas dois séculos mais tarde. 

Em quase todas as actas de martírios de santos e santas, os escribas tinham ordens de colocarem muitos detalhes do martírio e dar pouca ênfase ao martirizado.Isto era para assustar os futuros cristãos visto que as actas eram colocadas na cidade onde ocorria o martírio, e na biblioteca de Roma.

São Sebastião nasceu em Narbona, França, no final do século III e desde muito pequeno os seus pais mudaram-se para Milão onde cresceu e foi educado. 

O seu pai era militar e nobre e ele quis seguir a carreira do pai, chegando a ser capitão da primeira corte da guarda pretoriana, um cargo que só se dava a pessoas ilustres e correctas. 

A sua dedicação à sua carreira valeu-lhe elogios dos seus companheiros e principalmente do imperador Maximiano. Cumpre recordar que o império romano na época era governado no, oriente por Diocleciano e no ocidente por Maximiano. 

Maximiano ignorava que Sebastião era um cristão de coração e ainda que mesmo cumprindo as suas tarefas militares, não tomava parte nos sacrifícios nem nos actos de idolatria. Sempre que podia, visitava os cristãos encarcerados e ajudava os mais fracos, doentes e necessitados.
Podia-se dizer que era um soldado dos dois exércitos: o de Cristo e o de Roma.

Maximiano empreendeu uma depuração de elementos cristãos nas forças armadas expulsando todos os cristãos dos seus exércitos. Cabe dizer que o soldado do exército romano era voluntário. Só era obrigatório a servir, os filhos de militares, como era o caso do nosso Sebastião. 

Quando um soldado o denunciou, Maximiano sentiu-se traído por Sebastião e rapidamente chamou-o e exigiu que renunciasse ao cristianismo.

Ante tal situação, Sebastião comunicou ao imperador que não queria renunciar às suas crenças cristãs e o imperador ordenou a sua morte. 

Mas Maximiano ordenou a sua morte da maneira mais desumana. Ordenou que os seus melhores arqueiros o flechassem! Os arqueiros desnudaram-no, levaram-no para o estádio de Palatino, ataram-no a um poste e lançaram-lhe uma chuva de flechas abandonando-o para sangrar até a morte.

Irene, uma mulher cristã, providencial, que apreciava os conselhos de Sebastião, junto com um grupo de amigos, foram ao local onde estava o santo, e com assombro, comprovaram que o mesmo ainda estava vivo.

Desamarraram-no e Irene escondeu-o na sua própria casa e curou as suas feridas. 

Passado algum tempo, são Sebastião, já curado, quis continuar o seu processo de evangelização e, em vez de se esconder, com valentia apresentou-se de novo a Maximiano, o qual ficou assombrado. 

Maximiano não deu ouvidos aos pedidos de Sebastião para que deixasse de perseguir os cristãos e ordenou aos seus soldados que o açoitassem até a morte.

Após a sua morte, foi enterrado num cemitério subterrâneo sob a Via Apia.

Mais tarde a Igreja  construiu na parte posterior da catacumba um templo em honra do santo: A Basílica de São Sebastião que lá existe até hoje e recebe grande romaria dos seus devotos. 

Existe ainda uma capela em Palatino em homenagem a São Sebastião.

A Irene que cuidou de São Sebastião, é a Santa Irene cuja festa é celebrada no dia 30 de Março.


A Festa de São Sebastião é celebrada no dia 20 de Janeiro.

HÉLDER GONÇALVES

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Catedral de Santa Maria da Sé - Sevilha - Espanha



A Catedral de Santa Maria da Sé é a catedral da cidade de Sevilha, na Andaluzia. 

É tida como a maior catedral gótica e terceira maior igreja cristã em todo o mundo: só São Paulo, em Londres, e São Pedro, no Vaticano, são maiores do que ela.

A sua construção começou em 1402 e continuou pelo século XVI. A nave central tem 42 metros de altura.

Construída exactamente no mesmo local onde durante muitos séculos ficava a mesquita de Almohad, a catedral foi construída para mostrar ao mundo a força e a riqueza de Sevilha. Durante o planeamento da obra, um membro do capitulo disse: “Faremos uma igreja tão grande e tão rica que aqueles que a virem pensarão que éramos loucos”.

Inspirados por esse objectivo, os diáconos de Sevilha renunciaram a tudo, menos ao mínimo para sobreviverem. A catedral levou um século para ficar pronta, o que parece muito pouco diante do seu tamanho, e da riqueza dos detalhes interiores e exteriores.

O imenso interior da catedral, com a nave central e quatro naves laterais, é ricamente decorado em ouro, o que a torna diferente de outras catedrais góticas, que chamam a atenção justamente pela elegante simplicidade do seu estilo.

Mas a Catedral de Sevilha, ao mesmo tempo que é exuberante, mantém a elegância.

A decoração exageradamente rica ficou contida nos altares laterais e a nave central foi deixada livre, não fosse pelo coro em madeira entalhada que ocupa quase todo o centro e separa o corpo principal da igreja do seu altar mor.

Esse é um capítulo à parte. É o maior e mais rico retábulo de toda a cristandade, obra de toda uma vida do escultor flamengo Pierre Dancart. Ele esculpiu em madeira 45 cenas da vida de Cristo, que foram recobertas em ouro. A sua beleza é de extasiar.

HÉLDER GONÇALVES

sábado, 11 de janeiro de 2014

Baptismo

Baptismo é uma palavra de origem grega, que vem do verbo baptizo, que literalmente significa "baptizar" ou também "lavar".

Na Bíblia essa palavra é muito ligada à actividade do precursor de Cristo, João Baptista, que baptizava no Jordão (Mt 3,11). É por isso que ele é chamado de "baptista".

Sobre a origem do baptismo, há várias hipóteses. Alguns dizem que venha dos rituais de purificação existentes na tradição judaica. Esses rituais, repetidos em várias situações da vida quotidiana, permitiam ao judeu de purificar-se e realizar as suas tarefas religiosas.

Outra hipótese defende que a sua origem esteja na Comunidade de Qumran, onde viviam os essénios. Certamente existe uma integração das duas realidades.

Ou seja, o baptismo de João pode ser entendido como uma adaptação dos trabalhos rituais dos judeus, sobre os quais a comunidade de Qumran exerceu uma certa influência.

Jesus foi baptizado por João e provavelmente também os apóstolos (Jo 1,35-42).

E depois os cristãos continuaram a práxis de João, provavelmente já a partir do Pentecostes, graças ao mandamento de Jesus ressuscitado, como lemos em Mt 28,19: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”;

O baptismo de João era um baptismo de penitência (Mt 3,11; Mc 1,4; Lc 3,3; Act 13,24). Quem era batizado por ele testemunhava o seu arrependimento e o desejo de receber o perdão. Era, no fundo, uma acção que preparava a pessoa à vinda do Messias.

No início do cristianismo, o facto que Jesus tenha sido baptizado por João não era fácil de ser aceitado. Mas nós precisamos ler esse evento como uma disposição de Jesus a aceitar a vontade Divina.

Depois do baptismo de João, o Espírito Santo desceu sobre Cristo (Mt 3,16).

A partir daí, esse baptismo de Jesus é visto como o protótipo do baptismo cristão, o baptismo com água e espírito.

O baptismo, desde a origem, faz parte do cristianismo. Já os primeiros convertidos foram baptizados, como mostra nos Actos dos Apóstolos 2. E Paulo, que se converteu ao cristianismo cerca de 3 anos após a morte de Cristo, considera o baptismo como o início da vida cristã (Rom 6,4; 1Cor 1,13-17; 15,29; Ef 4,5 e Col 2,12).

O baptismo para os cristãos, no início, significava o perdão dos pecados, sendo uma súplica que o cristão elevava a Deus para adquirir uma consciência pura (1Ped 3,21). O dom do Espírito Santo, que o cristão recebe, significa um acto de renovação que Deus doa ao cristão baptizado.

Uma característica fundamental, que distingue o baptismo cristão daquele de João, é que desde o início, o baptismo foi feito "em nome de Jesus" (Act 2,38; 8,16; 10,48; 19,5)

Isso significa que o cristão baptizado considerava-se um representante de Cristo glorificado e também que é inserido na realidade de Cristo crucificado e ressuscitado (1Cor 1,13-17).

HÉLDER GONÇALVES

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Cruz da Ordem de Santiago

A simbologia da Cruz da Ordem de Santiago não pode ser dissociada da história da ordem que representa.

Representa a luta, as batalhas travadas contra os infiéis e a protecção dos peregrinos que percorriam o Caminho de Santiago para visitar o túmulo do apóstolo Santiago.

Com esta finalidade foi constituída a Ordem de Santiago, datando a sua origem de 1170, embora também se encontre alguma documentação relativamente a 1160 como o seu ano de fundação.

Inicialmente designava-se Frades de Cáceres, por ter sido criada nessa cidade, a qual foi doada aos membros da congregação por D. Fernando II.

Passando a estar ligada ao arcebispado de Santiago de Compostela e a receber alguns dos seus privilégios, a ordem alterou o nome para Ordem de Santiago.

Esta congregação alcançou, ao longo da sua história, prestígio a nível hospitaleiro, mas e sobretudo a nível militar.

Os cavaleiros de Santiago participaram em várias lutas travadas em território espanhol, como por exemplo na Batalha de Navas de Tolosa, em 1212.

A partir de 1493, a ordem viveu um período difícil, quando os Reis Católicos a submeteram à coroa castelhana, o qual veio a ser ultrapassado em 1523, ano em que foi novamente reconhecida a sua autonomia. Desde então, que os monarcas espanhóis ostentam o título de mestres da Ordem de Santiago.

Mas, afinal, quem foi o Santo que deu o nome à ordem e à cruz?

Apóstolo de Jesus, São Tiago partiu para a Península Ibérica para difundir a fé cristã. Quando regressou a Jerusalém, Herodes, o Grande condenou-o à morte por volta do ano 44 tornando-se assim no primeiro mártir dos Apóstolos cristão.

Mais tarde o seu corpo foi transportado para Compostela, em Espanha, onde até hoje é de grande culto.

HÉLDER GONÇALVES

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Maria Madalena aquela que seguiu Jesus

Maria Madalena está lá, até ao fim, quando os discípulos fugiram.

Os Evangelhos dão-lhe pouco a palavra.

Olhar com os seus olhos a vida de Jesus, é o convite.


À beira do lago da Galileia, existe uma aldeia chamada Magdala. Este nome invoca uma torre. Talvez uma torre tipo, ou de defesa ou desembocar das colinas da Galileia. Maria deixou a sua aldeia. Em companhia de outras mulheres, ela segue Jesus. Os discípulos vão à frente, à volta do Mestre. Elas mantêm-se um pouco de lado. Elas observam. Existe um ar de competição no grupo dos discípulos. Por vezes discutem, por vezes gostavam de saber qual deles era o preferido. Se Jesus lhes conta a história do grão que torna-se numa grande árvore, eles perguntam-se prontamente qual deles estará no ramo mais alto. As mulheres riem-se. O Evangelho torna-as livres.

Uma palavra que liberta
Correntes, Maria Madalena como os outros também falaram. O evangelista Lucas fala a este sujeito: «Jesus fazia a estrada entre cidades e aldeias; Ele proclamava e anunciava a Boa Nova do Reino de Deus. Os doze estavam com Ele, mas também as mulheres que estavam curadas dos espíritos e das doenças: Maria Madalena, donde tinham saído sete demónios, Joana mulher de Chousa supervisora de Herodes, Susana e muitas outras…». Elas sabem da força do Evangelho. A eficácia das palavras e dos gestos que curam, elas experimentaram na sua própria carne.
Doença, possessão… o diabo, nesse tempo, cobre com o seu manto negro tudo que possui e destrói. Nós não saberemos como Maria tornou-se estrangeira para ela mesmo, e quais eram as manifestações da sua possessão. Sete é o número perfeito. Os demónios que Jesus expulsa dela invocam uma plenitude na degradação, o topo na alienação do corpo e do espírito. De Maria, o diabo fez a sua causa. Uma força habita, que lhe impõe as suas próprias palavras. Os demónios são sem parar á procura de um corpo vivo que se tornará num local morto.

Jesus, Deus salvador, cura e expulsa os demónios
Um dia, o mestre galileu passa na sua vida, e diz as palavras que libertam. Talvez ele pergunta-lhe simplesmente o seu nome, até que ele esteja em condições de o dizer. Por vezes o possuído não sabe quem é. E se lhe pergunta, ele lança uma quantidade de nomes falsos à cara. Ou vos diz que é várias. È o que acontece com a possuída de Gérasa, aquele que vive nas campas e faz grandes gritos. «Qual è o teu nome?» pergunta Jesus. «Legião, responde o possuído, porque somos numerosos.»
“Muitos” habitantes dentro de um homem. Eles invadiram o corpo dum vivente, se eles se escondem. O possuído não sabe que tem um nome único sobre os olhos de Deus. Os demónios não deixam facilmente a sua presa. Eis, sem dúvida, o que suportou Maria, ausente de ela mesma, incapaz de dizer eu, eu sou Maria. Foi preciso a força do anúncio da proximidade de Deus, este anúncio proclamado por Jesus para que ela renasça dela mesma. Jesus tornou a dar-lhe o poder de dizer, de falar, de pensar, de amar. Estas coisas são uma graça pura. Elas têm o preço infinito da vida.
Eis porque Maria, desde o princípio, tomou avanço sobre todos os discípulos que receberam Jesus do apelo a segui-l’O. Ele será preciso tempo para provar a força do reino que começa na Sua pessoa. Maria, ela, provou-o desde a primeira passagem do mestre. A sua cura foi a sua vocação. Jesus passa pelas aldeias. Maria Madalena segue-O e conserva na sua lembrança aquilo que viveu e sentiu. A noite caída, depois do pôr-do-sol, transporta-se todos os doentes e os possuídos pelo demónio. A cidade inteira junta-se perto da porta. E Jesus – de nome judeu Yeshoua significa deus salvador – cura e expulsa os demónios.

Cada cura leva a Maria Madalena o eco da sua própria cura. 

As parábolas e o seu pequeno ar de festa
Por vezes, Jesus pára. Num largo, perto de um poço. Ele mete-se a ensinar aos seus discípulos. Maria aproxima-se discretamente. Ela mantém-se debaixo de uma oliveira, uma ponta de erva na boca, ela acolhe a palavra que ouve. Ela escuta quando Ele ensina a rezar. Para Ele, rezar, é uma coisa simples: «Pai, que estais no Céu, que o Teu nome seja santificado, dai-nos o nosso pão, perdoa como nós perdoamos».
Ela gosta das suas palavras. A má semente que um vizinho semeou no campo. O pastor que deixa o seu rebanho para ir procurar a ovelha perdida. Acontece-Lhe por vezes pensar que é por causa dela que conta esta história, ela, um pouco distante, e que soube juntar-se.
As parábolas são pequenas histórias que têm ar de nada. Elas põem em cena a vida quotidiana das pessoas: um rei e os seus soldados, um homem que sai para semear, um mulher que mistura o fermento à farinha para fazer o pão, um homem que lavra o seu campo e cai sobre um tesouro. Maria parece esquece-los, mas eles vêm a visitar, com o seu pequeno ar de festa.
São bons companheiros de caminho. «O Reino de Deus é comparável a um homem que deita a semente à terra: que durma ou que esteja acordado, a noite e o dia, a semente germina e cresce, e ele não sabe como».
Algumas parábolas são histórias verdadeiras, com vários personagens. Maria Madalena ouviu Jesus contar a história do filho que pediu a sua parte da herança e que partiu para um país estrangeiro. Noite após noite, o seu pai espera-o. Quando o seu filho volta, ele precipita-se. Todos os dias, o pai preparava o seu regresso. Maria fica feliz por uma história de sentimentos tão bonita falar de Deus. Historia de um Deus que estende a mão.
Regularmente, Jesus deixa a Galileia para ir à Judeia. O grupo das mulheres seguem-n’O. Não se sabe se Maria também vai, se está no exterior do Templo, quando Jesus se senta para observar as pessoas que metem dinheiro na caixa. Ele é o único a verdadeiramente a observar; o mais plausível é que os discípulos se distraíam. Os ricos aproximam-se, falam alto, dão muito e levantam bem alto a mão. Uma viúva aproxima-se, deixa duas pequenas moedas na caixa. «Viram?», disse Jesus aos seus discípulos. Não, eles não viram, isso vê-se nas suas caras. Muito ocupados. «Os ricos metem o que lhes sobra, disse Jesus. Esta mulher pegou na sua miséria e deu tudo que tinha para viver.»
Acontece que Maria ri-se quando Jesus despreza os discípulos. Eles preocupam-se, Ele dá-lhes um exemplo, alguma coisa do campo ou com os pássaros do céu. Ele desconcerta-os, com a sua frontalidade como os profetas. Eis um homem jovem que se aproxima: muito jovem para conseguir dar a volta às coisas. Rico, isso vê-se, mas vestido modestamente. Até diria, dizia-se Maria, que ele obriga-se a ser simples. Ele não tem orgulho da sua riqueza; ele procura concelhos, tomadas de lições. «Tu conheces os mandamentos, pergunta Jesus. Tu não matarás. Não cometerás adultério. Honrarás pai e mãe. Amarás o teu próximo como a ti mesmo». «Tudo isso eu faço», respondeu o jovem. «Então, continua Jesus, se queres ser perfeito, vende a tua fortuna, dá o dinheiro aos pobres e segue-Me.» O homem partiu triste. Ele passa em frente a Maria Madalena, ele tem o peso de toda a sua riqueza sobre os ombros.

A raiva dum profeta
Por vezes, Jesus zanga-se. Desta cólera inflamam-se já os profetas no Antigo Testamento. Ele entra com os seus discípulos no Templo. A sua voz soa por vezes como um trovão. Em Jerusalém, o culto de Deus não se faz sem o sacrifício de animais. É necessário mercados de animais. O grande sacerdote e as famílias ricas dos saduceus não deixam a ninguém o controle deste negócio lucrativo. Jesus vira as mesas, pega num chicote. «Uma casa de ladrões!». A cólera de Jesus chegará aos ouvidos do grande sacerdote.
Maria tem dúvidas? Farão pagar caro a Jesus de tais investidas. Um dia, Ele diz uma outra frase: «Destruam este Templo, e Eu o reconstruirei em três dias». Este propósito voltará, deformado, no momento do processo: «Este homem disse: ‘destruirei o Templo’».
Não, Maria Madalena não atinge talvez as consequências. Mas ela comoveu-se de ouvir falar deste homem, da sua voz alta e forte. Ela sabe que o dinheiro, riquezas, interesses encobrem, como um depósito no fundo do rio. Jesus quer vir às fontes puras. A sua oração, torna-se ampla e humilde. De longe, à noite, Maria Madalena apercebe-se que Ele vai-se embora sozinho, ao longe, sobre as colinas, onde se toca o céu e a terra. Ele reza. O que Ele diz, ninguém entende. È um assunto entre Ele e Deus que Ele tem o costume de chamar o seu Pai e mesmo «papa». Ele tem necessidade de abandonar este grupo, de se isolar, de rezar como Ele ensina. Vem um tempo onde Maria Madalena se preocupa pelo Mestre. A Galileia, o lago, as colinas, a alegria do início está longe.  Jerusalém, com a sua aristocracia de saduceus, seus escribas, seus especialistas em religião, não está disposta a dar ouvidos favoráveis a um profeta vindo da Galileia. Jesus está consciente da confrontação, inevitável. Ele conclui o seu caminho lucidamente. Os conflitos com os escribas tornam-se ásperos. A hora não è de sorrisos nem compromissos. As ocasiões não faltam para partidas e confrontos.
Existe um olival, perto de Jerusalém, onde Jesus gosta de retirar-se para passar a noite.  Dorme debaixo de árvores centenárias. As mulheres ficaram na cidade. De manhã, Maria Madalena espreita o regresso de Jesus a Jerusalém com os seus discípulos. Eis que chegam à porta da cidade. Eles tomam a direcção do Templo. Ela segue-os. As pessoas param para O escutarem. Ele desmascara os falsos pareceres, a hipocrisia. Ele ensina que as verdadeiras riquezas são as do coração. De pé, encostada a uma coluna, Maria ouve-O como é seu hábito. A sua atenção é atirada para uma agitação pouco ordinária. Homens empurram uma mulher em frente a eles, como se faria a um animal desobediente. Eles atiram-na aos pés de Jesus. Antes mesmo que um dos homens pronuncie uma única palavra, Maria já adivinhou a cena. «Esta mulher, diz um deles, vem de ser apanhada em flagrante delito de adultério. Na Lei, de Moisés diz que devemos apedrejá-la até à morte. Tu que dizes?»  Os homens que estão com a mulher são todos conhecedores da Lei de Moisés e das Escrituras. Muitos passam a vida a estudá-la, meditá-la, ensiná-la, amá-la. A maneira deles chegarem até Deus passa por um respeito escrupuloso desta Lei. Jesus sabe-o. Que vai Ele responder a todos estes especialistas? Irá Ele contra a Lei santa? À frente destes homens, Jesus mete-se a escrever sobre o pó do chão. Não são simples desordeiros, não. Com os seus bastões, que se alinhavam meticulosamente, como que se estivessem à espera de alguma coisa. No fim, Jesus levanta-se e diz: «Aquele que estiver aqui sem pecados que atire a primeira pedra». Ele não critica a Lei santa de Moisés. Ele pede simplesmente que ela seja aplicada a todos, aos acusadores como à mulher. Sim, eram bastões que Ele desenhava no chão. Ele calculava o número de pecados cometidos por estes homens, no caso de eles não se lembrarem. Maria Madalena não consegue impedir-se de rir quando ela os vê partir um a um. O seu coração salta de alegria quando ela ouve Jesus dizer à mulher: «Eles não te condenaram? Eu também não, vai e não tornes a pecar.»

Eis o tempo onde as querelas se envenenam. Jesus é um homem muito livre e muito independente. Ele não faz parte de grupos oficiais – saduceus, fariseus, eruditas – que organizam a religião. Aos olhos dos responsáveis, é um destes Galileus resmungões capaz de treinar o povo num movimento incontrolável de entusiasmo religioso que se pode tornar numa má aventura. Ainda se lembram de João Baptista, que Jesus frequentou. Um homem que atraía multidões, pedia-lhes que se convertessem mergulhando nas águas do Jordão, do que os enviar a oferecer sacrifícios no Templo. Um homem perigoso, sem medo, que abanava as consciências e que ousava fazer chamadas de atenção aos reis. João Baptista, Jesus, estes agitadores fazem decididamente muito barulho. Herodes Antipas ouve falar de Jesus, faz saber que gostaria de encontrá-l’O. Herodes è aquele que, depois de prender João Baptista, fê-lo decapitar.

Jesus preso, condenado, executado
O circulo vai-se fechar sobre Jesus, o tempo de uma festa, +/- em Abril do ano 30, numa cidade cheia de gente. Maria Madalena estará lá, mais uma vez, até ao fim. Estamos na Páscoa. Uma grande festa de peregrinação para os judeus do mundo inteiro que chegam a Jerusalém. Jesus desce da Galileia até à Cidade santa. Os discípulos e o grupo de mulheres fazem parte da viagem. Ao chegar perto de Jerusalém, Jesus toma um jumento.
As pessoas aperceberam-se de Jesus rezar sobre o animal. Foram ao seu encontro, e meteram-se a atirar flores, a cortar ramos. As crianças vieram acariciar as orelhas do jumento. Com palmas no meio de grandes gargalhadas para este filho de rei assentado sobre o jumento. Capas no chão para que este seja macio para as patas do burro.  Maria Madalena respira um ar de festa que a multidão reserva espontaneamente ao seu profeta. Os acontecimentos, em seguida, precipitam-se. As autoridades não apreciaram este acolhimento. O Galileu toma muita importância. Pensa-se em prendê-l’O. De noite, para evitar alguma confusão.
Jesus acaba de partilhar a Ceia com os discípulos, e voltou passar a noite no jardim das oliveiras. È aqui que O prendem. Os seus discípulos ficaram pálidos de cara. Quase nem existem. Pedro seguirá-O, ao longe, irá até introduzir-se no halo do palácio do grande sacerdote, gagueja quando uma servente o reconhece, mas nega.  
As mulheres tiveram conhecimento da prisão de Jesus. Elas não conseguiram ir tão longe como Pedro, mas foram com muita mais determinação. Sem dúvida acompanharam as deslocações do prisioneiro, do sacerdote em juiz, do perfeito romano Pilatos ao rei Herodes. Maria Madalena è e está no grupo. Ela ouve o povo pedir a sua condenação a Pilatos.
È agora o desenrolar. Empurraram o condenado sobre o caminho que vai ter ao suplicio. Aproximam-se dificilmente do local, um monte fora dos muros chamado Golgota. As mulheres tentavam chegar o mais perto possível, até os guardas romanos as impedirem. Elas olham à distância. Está aí Maria Madalena, Maria mãe de Tiago o pequeno e de José e Salomé. Também se encontra presente, Maria Mãe de Jesus, precisa o Evangelho de São João.
Quando tudo termina, um certo José de Arimateia teve a coragem de ir ter com Pilatos para reclamar o corpo do suplício. Pilatos perguntou aos seus subordinados se o homem estava morto. Então, ele deu a permissão. José solta o crucificado, e enrolou-O num lençol. O grupo das mulheres estava ali; eles fizeram um cortejo até ao Sepulcro no jardim. Elas viram rolar a pedra, elas viram onde O puseram.

A condenação de Jesus
Foi Pôncio Pilatos que condenou Jesus. O processo foi expedito. Jesus foi-lhe entregue como um agitador. Pilatos teve dúvidas, mas não correu nenhum risco nestes dias de festa. A placa sobre a cruz dá o motivo da condenação: «Rei dos Judeus», uma expressão pejorativa na boca de um romano. Quem entregou Jesus? A tendência dos crentes foi de dizer «os judeus» contribuindo assim para o anti-semitismo. Mas Jesus e os seus discípulos eram judeus. Por isso trata-se de um problema entre os judeus que formam um mundo muito diverso. Jesus incomodava as autoridades, os especialistas da Lei de Moisés chamados escribas, e sobretudo a classe alta dos saduceus que eram a maioria no grande conselho, chamado sinédrio, e que dirigiam o Templo, principal fonte de rendimentos. Ora, Jesus tinha criticado o Templo. Eles ensinavam também as multidões como que alguém tem uma ligação privilegiada que chamava de Pai. Caipé, o grande sacerdote saduceu, pergunta-lhe: «És tu o Cristo, o Filho do bendito?» Os historiadores pensam hoje que todo o sinédrio não chegou a unir-se na sua totalidade para julgar Jesus. Alguns membros tentaram Pará-lo. Eles não tinham o direito de espada depois que os romanos dirigiam a Judeia. Eles conduziram-nO então até Pilatos.

Cristo está vivo - «Não me segures, vai dizer aos irmãos»
Maria Madalena e as outras mulheres levantaram-se cedo logo pela manhã. Elas levam os perfumes que são reservados aos defuntos. O ‘sabat’, dia de repouso, impediu de terminarem plenamente todo o cerimonial. Estamos agora no amanhecer do dia seguinte. Os rituais vão poder ser terminados sobre o corpo de Jesus. Untar-se-á o cadáver torturado para que Ele entre no sono da terra lavada, purificada. Maria, prepara-se para fazer os gestos imemoráveis que a atravessam e a mobiliza. Uma força está convosco, donde não sabeis a origem. Vós estais num círculo sagrado, vós estais á volta do corpo amado de atenções graves e leves. Portanto, Maria Madalena, nada mais que as suas companheiras, não fará os gestos do luto. A pedra que fechava a entrada do sepulcro foi deslocada.
A continuação da história, São João, no seu Evangelho, centrou-o sobre Maria Madalena, deixando na sombra as outras mulheres. Ela chega ao túmulo transtornada. Ele volta a calcar os seus passos, avisa Pedro e um outro discípulo chamado «aquele que Jesus amava».
Eles vêm o pano de linho que cobria a cabeça do crucificado, as ligaduras. Já o discípulo que Jesus amava, mesmo antes de Pedro, vê e crê. Maria Madalena, durante este tempo, ficou fora do túmulo. Ela está à procura de Jesus, ela chora. Ela vinha embalsamar o corpo amado, e encontra-se à frente de um túmulo vazio. «Levaram-me o meu Senhor e não sei onde O meteram». Ela procura o ausente e chora. Ela vê um vivo ali, no meio das arvores do jardim. Ele toma-O por jardineiro. Só quando Ele pronuncia o seu nome, è que ela O reconhece. «Não me retenhas, diz Jesus, vai dizer aos outros irmãos». Maria Madalena que vinha para embalsamar um morto, torna-se mensageira de Cristo ressuscitado.
Seguindo os Evangelhos, foi às mulheres que Jesus ressuscitado apareceu em primeiro lugar. Segundo João e Marco, foi Maria Madalena que ficou encarregada de anunciar aos discípulos.

HÉLDER GONÇALVES

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