terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

SINÉDRIO

O QUE É O SINÉDRIO ?

O Sinédrio era a Corte Suprema da lei judaica, que tinha por missão administrar a justiça mediante a interpretação e a aplicação da Tora, tanto oral como escrita. Ao mesmo tempo, representava o povo judeu frente à autoridade romana.

De acordo com uma antiga tradição, tinha setenta e um membros, sucessores, segundo se supunha, das tarefas desempenhadas pelos setenta anciãos que ajudavam Moisés na administração da justiça, e pelo próprio Moisés (Nm 11,16ss).

Desenvolveu-se integrando representantes da nobreza sacerdotal e das famílias mais notáveis, possivelmente durante o período persa, ou seja, a partir do seculo V – IV a.C. Foi mencionado pela primeira vez, com o nome de gerousia (conselho dos anciãos), no tempo do rei Antíoco III da Síria (223-187 a.C.).

A sua existência comprovada com o nome de synedrion data do reinado de Hircano II (63-40 a.C.) Nessa época, era presidido pelo monarca asmoneu, que também era o Sumo-sacerdote.

No início do seu reinado, Herodes o Grande mandou executar grande parte dos seus membros – quarenta e cinco, segundo Flávio Josefo (Antiguidades Judaicas, 15,6) – porque este conselho se atrevera a recordar-lhe os limites dentro dos quais devia aplicar o seu poder. Substituiu-os por personagens submissos aos seus desejos. Durante o seu reinado e mais tarde, no tempo de Arquelau, o Sinédrio pouca importância teve.

Na época dos governadores romanos, incluindo Pôncio Pilatos, o Sinédrio voltou a exercer as suas funções judiciais em processos civis e penais, dentro do território da Judeia. Nesse tempo as relações com a administração romana eram fáceis, e a relativa autonomia que lhe foi concedida está em consonância com a política romana nos territórios conquistados.

Não obstante, o mais provável é que nesses tempos, a potestas gladii, ou seja, a capacidade de ditar uma sentença de morte, estivesse reservada ao governador romano (praefectus) que, como era habitual, teria recebido do imperador amplos poderes judiciais, entre os quais o de condenar à morte. Sendo assim, embora o Sinédrio pudesse julgar as causas que lhe eram próprias, não podia condenar ninguém à morte.

A reunião de alguns dos seus membros durante a noite para interrogar jesus (Mt 26,59ss) não foi exactamente uma sessão formal do Sinédrio, mas uma investigação preliminar destinada a perfilar as acusações que mereciam a pena capital e que, na manhã seguinte, seriam formuladas contra jesus no processo apresentado ao governador romano.

HÉLDER GONÇALVES

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

ÚLTIMA CEIA

O que aconteceu na Última Ceia?


As horas que precederam a paixão e morte de Jesus ficaram gravadas com força singular na memória e no coração daqueles que o acompanhavam. Por isso, nos escritos do Novo Testamento, conservam-se inúmeros detalhes do que Jesus fez e disse na Última Ceia.

Segundo Joachim Jeremias, este é um dos episódios mais documentados da sua vida. Nessa ocasião, Jesus estava sozinho com os Doze Apóstolos. (Mt 26,20; Mc 14,17-20; Lc 22,14)

Segundo o relato de São João, Jesus começa por lavar os pés aos seus discípulos, num gesto carregado de significado, dando assim um humilde exemplo de serviço (Jo 13, 1-20).

Em seguida, tem lugar um dos episódios mais dramáticos dessa reunião Jesus anúncia que um dos discípulos o vai atraiçoar, e estes entreolham-se estupefactos com as palavras do Mestre.

Então Jesus sugere, delicadamente, que será Judas o traidor (Mt 26,20-25; Mc 14,2-25; Lc 22,21-23; Jo 13,21-23).

Durante a celebração da Ceia, o facto mais relevante foi a instituição da Eucaristia. Do sucedido nesse momento, conservam-se quatro relatos - (Mt 26,26-29; Mc 14,2-25; Lc 22,14-20; 1 Cor 11,23-26) – muito parecidos entre si. Trata-se, em todos eles, de narrações com poucos versículos, nas quais se recordam os gestos e as palavras de Jesus que deram origem ao sacramento e que constituem o núcleo do novo rito: «Tomou, então, o Pão e, depois de dar graças, partiu-o e distribui-o por eles, dizendo: «Isto é o Meu Corpo que vai ser entregue por vós; fazei isto em minha memória» (Lc 22,19).

São palavras que expressam a novidade radical do que estava a acontecer nessa ceia de Jesus com os seus apóstolos, em comparação com as ceias comuns. Na Última Ceia, Jesus não distribuiu um simples pão aos que com Ele se encontravam à volta da mesa, mas uma realidade distinta sob a aparência de pão: «isto é o Meu Corpo». Além disso, concedeu aos Apóstolos o poder necessário para fazer o mesmo que Ele fizera nessa ocasião: «Fazei isto em Minha memoria».

No fim da Ceia, também sucede uma coisa de particular importância: «Depois da Ceia, fez o mesmo com o Cálice, dizendo: Este Cálice é a nova Aliança no Meu Sangue, que vai ser derramado por vós» (Lc 22,20).

Os apóstolos compreenderam que, se antes tinham assistido à entrega do Corpo de Jesus sob a aparência de pão, agora o Mestre estava a dar-lhes a beber um Cálice com o Seu Sangue. Deste modo, a tradição cristã percebeu nesta entrega em separado, do Corpo e do Sangue de Jesus, um sinal eficaz do sacrifício que, poucas horas mais tarde viria a ser consumado na Cruz.

Além disso, durante a Última Ceia, Jesus foi falando com afecto aos apóstolos, deixando gravadas no seu coração as últimas palavras. O Evangelho de São João conserva a memoria dessa longa e maravilhosa «sobremesa». É aí que Jesus dá o mandamento novo, cujo cumprimento será o sinal distintivo do cristão: «Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isso é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,34-35)

HÉLDER GONÇALVES


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

BENTO XVI - Quaresma 2012

O Papa Bento XVI deixa-nos esta Mensagem para a Quaresma 2012


«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (Heb 10, 24)


Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.

Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.


1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.

O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).

A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.


2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.

O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.

Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).


3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.

Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.

Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).

Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 3 de Novembro de 2011

BENEDICTUS PP XVI


HÉLDER GONÇALVES

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

DOM MANUEL MONTEIRO CASTRO

Bendito seja quem nos Deus envia!...

Dom Manuel Monteiro de Castro é o novo cardeal português que foi no passado sábado nomeado cardeal numa cerimónia que decorreu no Vaticano, no qual recebeu das mãos do Papa o anel e o barrete cardinalício, sinais do novo cargo, tornando-se assim conselheiro do Papa Bento XVI.

D. Manuel Monteiro de Castro, de 73 anos, é natural de Santa Eufémia de Prazins, em Guimarães. Foi ordenado padre em 1961 e bispo em 1985, tendo ao serviço diplomático da Santa Sé percorrido vários países nos cinco continentes.

O terceiro cardeal português está no Vaticano desde Julho de 2009, altura em que assumiu o cargo de secretário da Congregação para os Bispos, antes de ter sido eleito, na quinta-feira passada, como responsável da Penitenciária Apostólica, um dos três tribunais da Cúria Romana.

Desta forma, com Dom Monteiro de Castro como cardeal, volta a haver dois cardiais portugueses que podem votar num eventual conclave.

O novo cardeal português, D. Manuel Monteiro de Castro, mostrou-se agradado com a nova missão que recebeu do Papa Bento XVI, e apelou aos esforços por um «mundo melhor».

HÉLDER GONÇALVES

sábado, 18 de fevereiro de 2012

SÃO TEOTÓNIO - 850 Anos

NOTA PASTORAL

SOBRE A CELEBRAÇÃO DOS 850 ANOS DA MORTE DE SÃO TEOTÓNIO


1. Faz 850 anos no próximo dia 18 de Fevereiro que faleceu S. Teotónio. Um jubileu que nós, diocesanos de Viana do Castelo, não podemos deixar de assinalar.
É que S. Teotónio, por ser oriundo de uma povoação que atualmente pertence à nossa diocese, é um dos seus padroeiros. Nasceu há 930 anos, em Tardinhade, freguesia de Ganfei, arciprestado e concelho de Valença. Aí foi também batizado e passou a maior parte da infância, aprendendo as primeiras letras no convento de Ganfei, até ir para junto do seu tio-avô D. Crescêncio, então bispo de Coimbra.
Foi, portanto, entre os nossos antepassados que ele iniciou o caminho de santidade que, neste mundo, culminou com a total e definitiva entrega a Deus, na sua morte a 18 de fevereiro de 1162, o dia anual em que, por isso, passou a celebrar-se a sua festa. Este ano, pelas circunstâncias jubilares, queremos vivê-la com um júbilo especial.

2. Queremos manifestar este júbilo, antes de mais, agradecendo ao Senhor todas as graças que, por intermédio deste nosso padroeiro, tem concedido e continua a conceder à nossa Igreja diocesana.
Ele foi um dos que mais procurou pôr em prática o que S. Paulo nos diz: nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum de nós morre para si mesmo, mas para Cristo que morreu e ressuscitou, para ser o Senhor dos vivos e dos mortos (Rom 14, 7.9). E deste modo, também a vida de S. Teotónio adquiriu, com a sua morte, aquela vitalidade que Jesus, a propósito da sua própria vida e morte, compara à energia vivificante proveniente de um grão de trigo: se, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto (Jo 12, 24).
S. Teotónio tem sido, entre nós, um dos frutos mais fecundos desta oferta total da vida por parte do Senhor morto e ressuscitado: um fruto que, durante séculos e seguindo o mesmo processo de total entrega da vida, mais tem contribuído para que Ele, o Senhor dos vivos e dos mortos, produzisse novos frutos. É sobretudo por isso que Lhe queremos dar graças.

3. Mas queremos também pedir ao Senhor que continue a produzir novos frutos, recorrendo para isso, como fazemos tantas vezes nas nossas orações, à intercessão de S. Teotónio. Sabemos que ele está no Céu a gozar daquela vida eterna, pela qual nós, como todo o ser humano, mais ansiamos e lutamos. Mas sabemos também que esse amor infinito que saboreia junto de Deus, ele o quer partilhar connosco, à maneira do que dizia S. Teresinha do Menino Jesus: “Quero passar o meu Céu a fazer o bem sobre a terra.”1Um dos maiores bens que S. Teotónio nos pode fazer, é ajudar- nos, a nós que espiritualmente em parte dele descendemos, a realizar o que fez dele um modelo de santidade: a irmos ao encontro de Cristo. Trata-se daquele encontro que, nas palavras de Bento XVI, “está no início do ser cristão” e “dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.”2Assim foi com S. Teotónio: desde o Batismo até à Ordenação sacerdotal e principalmente através da Eucaristia, ele não procurou outra coisa que não fosse a permanentemente renovada comunhão com Jesus Cristo, para assim d’Ele viver e conduzir outros ao encontro d’Ele. Para isso até peregrinou por duas vezes à Terra Santa e nos últimos anos antes de morrer renunciou ao governo do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, como seu primeiro prior, para se entregar completamente à vida contemplativa.
Foi também para suscitar este mesmo encontro pessoal com Cristo que escrevi a Carta Pastoral “Cristo em Vós: a Esperança da Glória”, propondo a sua leitura meditada e personalizada como programa para o ano pastoral em curso e como base programática para a revitalização da nossa Diocese. Que S. Teotónio, para mais estando nós a celebrar este seu ano jubilar, nos incentive e acompanhe nessa leitura.

4. Ele pode ainda iluminar-nos para que enfrentemos com olhos e mãos de cristãos a situação económico-social menos agradável que está a afetar a vida no nosso País.
S. Teotónio não foi apenas o primeiro santo português a ser canonizado depois da fundação da nossa Pátria. Ele foi também um dos conselheiros mais preciosos do nosso rei fundador, na conquista do território e na organização da sua população como nação. Contribuiu sobretudo, designadamente com a fundação e direção do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, para aquela dimensão espiritual e cristã que se manifestou determinante para a formação de uma consistente consciência nacional.
Que ele nos ajude a libertar-nos do individualismo contrário à comunhão fraterna própria dos cristãos e a despertarmos para o mesmo sentido de cidadania de que ele foi exemplo e hoje é imprescindível para ultrapassarmos os tempos um tanto conturbados e carenciados de esperança por que estamos a passar.
E que ele nos ajude a concretizar a nossa comunhão e solidariedade cristã como ele procurou fazer, sobretudo enquanto responsável máximo pela comunidade de Santa Cruz de Coimbra: abrindo o coração e estendendo as mãos aos mais carenciados de bens materiais e espirituais.
É assim que mais ao vivo manifestaremos a caridade que recebemos do Senhor – aquela caridade com que Ele triunfou para sempre sobre o pecado e a morte e se tornou a fonte da nossa esperança. Que esta esperança, a partir do nosso testemunho prático de cristãos, se estenda a todos os outros nossos concidadãos.

5. Para tudo isto, convido os diocesanos que puderem a participar nos três eventos que, a nível diocesano, se vão realizar por altura da festa de S. Teotónio:
- As XXIII Jornadas Teotonianas, de 17 a 19 de fevereiro, no salão paroquial de Monção, este ano com o tema: “A crise e o retorno de valores nos 850 anos da morte de S. Teotónio.”
- O XXXIV Encontro Diocesano de Pastoral Litúrgica, a 18 e 19 de fevereiro, no auditório do Centro Pastoral Paulo VI de Darque, com o tema: “Encontro com Cristo Sacramento.”
- A solene Eucaristia da festa de S. Teotónio, a que presidirei na Sé Catedral, pelas 18 horas do dia 18 de fevereiro.

Viana do Castelo, 22 de janeiro de 2012

+ Anacleto Oliveira, Bispo de Viana do Castelo

Hélder Gonçalves

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

QUARESMA 2012 - D. Anacleto

Dom Anacleto Oliveira, Bispo da Diocese de Viana do Castelo, deixa-nos esta mensagem para a quaresma 2012:


1. "A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor." É assim que o S. Padre Bento XVI inicia a sua mensagem para a Quaresma deste ano – um percurso, como ele acrescenta, "marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal." E desenvolve a sua reflexão, baseando-se na exortação de Heb 10, 24: Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras.

Parece-me particularmente oportuno, para a situação em que vivemos, o que o S. Padre escreve sobre a atenção mútua a que o texto bíblico apela: "A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os aspectos: físico, moral e espiritual." E o Papa insiste principalmente no bem espiritual, para o qual deve contribuir "a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos."

Na prática, o Sumo Pontífice está a realizar aquilo a que nos convida: a chamar a nossa atenção de cristãos ou, talvez mesmo, a corrigir-nos de uma prática do amor que, sendo parcial, pode até ser nociva. Vejam-se, antes de mais, os casos extremos de pessoas que se aproveitam dos bens materiais que partilhamos, sem deles realmente necessitarem ou até – o que ainda é pior – para alimentar vícios que são prejudiciais, a elas e aos outros. Afinal, o que lhes falta é o bem moral e espiritual.

Mas, mesmo para com pessoas realmente carenciadas de bens materiais, a nossa ajuda não pode restringir-se a esse nível. Diz o S. Padre que "a responsabilidade pelo próximo significa querer favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem." E trata-se de "todo o seu bem." E, pelo menos para nós cristãos, ninguém é bom senão Deus, como diz Jesus ao homem rico desejoso de alcançar a vida eterna (Mc 10, 18). Só em Deus encontramos o sumo bem, como acontece com Jesus.

Repare-se, a este propósito, no que o Papa escreveu na encíclica Caritas in Veritate (n.º 11), publicada quando rebentou a crise económica e social que nos afecta: "O autêntico desenvolvimento do ser humano diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões." Por isso, "requer uma visão transcendente da pessoa, tem necessidade de Deus: sem Ele, o desenvolvimento ou é negado ou acaba confiado unicamente às mãos do ser humano, que cai na presunção da auto-avaliação e acaba por fomentar um desenvolvimento desumanizado."

Isto significa, por um lado, que é Deus, e não apenas um simples impulso humano, que nos leva à prática do bem, e, por outro, que tudo devemos empreender para que os outros, incluindo os que ajudamos materialmente, acolham nas suas vidas esse maior dom, que é Deus.

Mas não vamos, com isto, cair na tentação do proselitismo, exigindo a fé em Deus como moeda de troca pelo bem que fazemos. Diz o Youcat (Catecismo Jovem da Igreja Católica, n.º 354): "Ninguém deve forçar os outros, mesmo os próprios filhos, a ter fé, como ninguém deve ser forçado a não crer. O ser humano só pode optar pela fé em total liberdade. Não obstante, os cristãos são chamados, pela palavra e pelo exemplo, a ajudarem as outras pessoas a encontrar o caminho da fé."

O exemplo mais convincente é o da caridade. Como escreve S. Paulo, a fé actua pela caridade (Gl 5, 6). É na prática da caridade que encarna e mais se revela o amor extremo de Deus, manifestado na morte e ressurreição de Seu Filho, um amor experimentado ao vivo por aqueles a quem, levados por ele, fazemos o bem. E então, sim, é muito mais fácil falar-lhes de Deus e atraí-los para Ele e para o bem de que Ele é fonte insubstituível.

2. Mas para isso precisamos de renovar ou aprofundar a nossa comunhão com Deus. Se no jejum e na partilha se exprime sobretudo a caridade, a oração e o silêncio são necessários para que na prática dessa caridade mantenhamos a pureza e a persistência que só o Deus em quem acreditamos nos pode proporcionar.

Nesse sentido, convido todos os diocesanos, sacerdotes e seminaristas, consagrados e cristãos leigos, a servirem-se do percurso proposto na minha Carta Pastoral "Cristo em vós: a Esperança da Glória" para a vivência dos tempos quaresmal e pascal, principalmente na oração e reflexão. Sugiro mesmo que se distribua a sua leitura do seguinte modo:

- A 1ª parte – "Ao encontro comigo próprio" – aborda temas (a luta pela vida, a necessidade de Deus, os dramas do pecado e da morte) cuja reflexão se situa melhor no tempo da Quaresma em que somos convidados à conversão de vida.

- A 2ª parte – "Ao encontro de Cristo" – apresenta-nos a boa nova da ressurreição e morte de Cristo e os seus efeitos salvíficos naqueles que a acolhem pela fé e pode, por isso, ser uma preciosa ajuda para a vivência do tempo especificamente pascal.

- A 3ª parte – "Com Cristo ao encontro com os outros" – trata do testemunho vivo que, como cristãos, devemos dar do Ressuscitado, na Igreja e no mundo, e aconselha-se, por isso, a sua meditação nos tempos mais próximos do Pentecostes.

Para esta caminhada cristã pode ser muito preciosa a reflexão em grupos. Podemos assim ajudar-nos uns aos outros a que cada um se encontre com Cristo, e estaremos deste modo a pôr em prática o amor, na vertente que o S. Padre, na mensagem quaresmal, nos apresenta: a "recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã."

3. Desejo, finalmente, comunicar os três destinos, em partes iguais, da renúncia quaresmal e do contributo penitencial deste ano, depois ser ouvido o Conselho Presbiteral:

- O Fundo Social Solidário, ao cuidado da Conferência Episcopal Portuguesa, que, deste modo, está a socorrer, a nível nacional, os mais carenciados, principalmente de bens materiais.

- O Santuário de Nossa Senhora da Peneda, de que a nossa diocese precisa como verdadeiro centro de espiritualidade cristã.

- A Casa Sacerdotal da nossa diocese, em que procuramos proporcionar aos sacerdotes mais debilitados o conforto e o repouso de que necessitam.

Procuremos fazer das nossas ofertas uma expressão do amor que recebemos de Deus e que tem, na generosa partilha de bens, uma das suas expressões mais visíveis.

Viana do Castelo, 12 de Fevereiro de 2012

+ Anacleto Oliveira (Bispo de Viana do Castelo)

Hélder Gonçalves

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

SÃO VALENTIM - Amor Cristão

Entre nós, o Dia dos Namorados celebra o amor, a paixão entre amantes e a partilha de sentimentos. Todos os anos, no dia 14 de Fevereiro, ocorre a azáfama da troca de chocolates, envio de postais e de oferta de flores. Muitos casais planeiam jantares românticos, noites especiais e fazem planos para surpreender e agradar à sua «cara-metade». Há também quem escolha este dia para se declarar à pessoa amada e também quem avance com pedidos de casamento, embebido pelo espírito do dia.


A História

O Dia dos Namorados é celebrado naquele que até 1969, era o Dia de São Valentim. No entanto a Igreja Católica decidiu não celebrar os santos cujas origens não são claras. Isto porque até nós chegaram relatos de pelo menos dois Valentim, santos martirizados, directamente relacionados com o dia 14 de Fevereiro.

As raízes deste dia remontam à Roma Antiga e à Lupercália, festa em homenagem a Juno, deusa associada à fertilidade e ao casamento. O festival consistia numa lotaria, onde os rapazes tiravam à sorte de uma caixa, o nome da rapariga que viria a ser a sua companheira durante a duração das festividades, normalmente um mês. A celebração decorreu durante cerca de 800 anos, em Fevereiro, até que em 496 d.c., o Papa Gelásio I decidiu instituir o dia 14 como o dia de São Valentim, para que a a celebração cristã absorvesse o paganismo da data.

A dúvida persiste no entanto, em saber a qual dos santos se refere este dia. Muitos acreditam tratar-se de um padre que desafiou as ordens do imperador romano Claudio II. A lenda diz que o imperador proibiu os casamentos com o argumento de que os rapazes solteiros e sem laços familiares, eram melhores soldados. Valentim terá ignorado as ordens e continuado a fazer casamentos em segredo a jovens que o procuravam. Segundo a lenda, Valentim foi preso e executado no dia 14 de Fevereiro, por volta do ano 270 d.c.

Outra lenda diz que um outro padre católico se recusou a converter à religião de Claudio II, e este mandou prendê-lo. Na prisão, Valentim apaixonou-se pela filha do carcereiro que o visitava regularmente, a quem terá deixado um bilhete assinando: «Do teu valentim» (em inglês, «from your Valentine»), antes da sua execução, também em meados do século III..

Nesta lenda, a conotação do dia e do amor que ele representa não se relaciona tanto com a paixão, mas mais com o «amor cristão» uma vez que ele foi executado e feito mártir pela sua recusa em rejeitar a sua religião.

Hélder Gonçalves

domingo, 12 de fevereiro de 2012

DEUS E A HUMANIDADE

O Papa Bento XVI, disse que Deus nunca abandona a humanidade, mesmo nos momentos de “Trevas” em que sobressaem a morte e o mal.

Na sua catequese semanal, Bento XVI comentou que a oração de Jesus no momento da morte, quando foi crucificado, deixou votos de que a mesma leve os católicos a rezarem com amor por tantos irmãos e irmãs que sentem as dificuldades do dia a dia, nos momentos difíceis.

É necessário que todas essas pessoas sintam o amor de Deus que nunca os abandona.

Ainda lembrou Bento XVI, o que Jesus disse na cruz: “Meu Deus, Meu Deus porque me abandonas-Te ?”, mas que este grito não é de ninguém abandonado.

No momento em que Jesus foi rejeitado pelo homem, Ele, Jesus, reza, deixando apercebermo-nos da solidão que sentia no seu coração, mas também da certeza da presença do Pai, ao qual aderiu totalmente pela salvação da humanidade.

Para Bento XVI, este sofrimento é fruto do amor que já contem em si a própria redenção, ou seja a vitória do amor.

Ao rezar o salmo 22 de Israel, Jesus assume em si mesmo o sofrimento do seu povo e de todos os homens oprimidos pelo mal e conduz-o até ao próprio coração de Deus, com a certeza de que o seu grito não foi em vão mas que será ouvido na ressurreição.

Depois da catequese, o Papa deixou esta saudação: ‘Com a sua ressurreição, Cristo abriu a estrada para além da morte; temos a estrada desimpedida até ao Céu. Que nada vos impeça de viver e crescer na amizade do Pai Celeste, e testemunhar a todos a sua bondade e misericórdia! Sobre vós e as vossas famílias, desça a Sua bênção generosa’.

Hélder Gonçalves

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

ENVELHECER

Envelheço quando me fecho para as novas ideias e me torno radical.

Envelheço quando o novo me assusta e a minha mente insiste em não aceitar.

Envelheço quando me torno impaciente, intransigente e não consigo dialogar.

Envelheço quando o meu pensamento abandona-me e quando volta sem nada para acrescentar.

Envelheço quando muito me preocupo e depois culpo-me  porque não tinha tantos motivos para me preocupar.

Envelheço quando penso demasiadamente em mim mesmo e consequentemente me esqueço dos outros.

Envelheço quando penso em ousar e já antevejo o preço que terei que pagar pelo acto, mesmo que os factos insistam em me contrariar.

Envelheço quando tenho a oportunidade de amar e deixo o coração pensar: Será que vale a pena correr o risco de me dar? Será que vai compensar?

Envelheço quando permito que o cansaço e o desalento tomem conta da minha alma que se põe a lamentar.

Envelheço, enfim, quando paro de lutar!

Hélder Gonçalves

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