sexta-feira, 11 de novembro de 2011

PONTES COM A ECOLOGIA LITÚRGICA

Poderia vos falar sobre muitos assuntos com este tema;

- Justiça -Social e Justiça -Ecológica.

- O século, dos direitos da mãe terra.

- Que futuro nos espera.

- É possível ser feliz num mundo infeliz.

- Ecologisar a política e a economia, e até mesmo,

- Ética e moral: O que significam?

E DEUS NISSO TUDO?

No diálogo com a Ecologia Litúrgica, optei por centrar o tema, como o nome o mesmo diz, na instituição (Igreja), e o homem no espaço por ele ocupado: O povo, comunidade paroquial.

Assim sendo, escrevi este tema, um pouco, como um exercício de revisão de vida, começo pela minha infância, recordo que aprendi de meus pais, e irmãos mais velhos, o modo de me comportar na Igreja; A Igreja não era um lugar qualquer como os outros, numa casinha que se chamava Sacrário, assim me ensinaram, e que estava sempre resguardada por cortinas coloridas, que chamavam a minha atenção de menino, MORAVA JESUS.

De uma forma realíssima e singular, Ele era a pessoa mais importante daquela casa, e por isso, a primeira coisa a fazer ao entrar na Igreja, era saúda-lo, indo com o joelho direito ao chão, numa homenagem, que me provocava a princípio, alguns desequilíbrios, mas que aprendi em cedo, a fazer correctamente, depois, ajoelhava, benzia-me, resignava-me e rezava;

- REZA UMA ESTAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO.

E eu rezava aquele encadeamento de seis Pai-Nossos, Ave-Marias, e Glórias, contando a série pelos dedos da mão, só depois me podia sentar se houvesse onde, os mais pequenos, sentavam-se a frente nos degraus do altar, a aguardar que a missa começasse, mas nada de me por a conversa com os companheiros, algum adulto se encarregaria de me envergonhar em público, por tão grave delito, e as orelhas dos recalcitrantes não eram poupadas, A IGREJA É CASA DE ORAÇÃO E NÃO DE RECREIO, Para conversas havia o adro, mas sem grandes algazarras, para não perturbar quem procurava recolhimento. REZA O TERÇO, RECOMENDÁVAM-ME.

Havia quem se demorasse em orações, diante das imagens dos santos, imagens que abundavam a igreja da minha terra, e que para mim eram belíssimas, como era fascinante.

O PAINEL DA TRANSFIGURAÇÃO, que habitualmente ocupava o centro do retábulo mor, se recolhia em certas ocasiões, deixando ver o trono com a brancura dos seus degraus, harmoniosamente decorados com flores e luzes, para a adoração solene, A JESUS SACRAMENTADO, recordo-me de ouvir o pároco a censurar os devotos, eram mais as devotas, que não davam ao Santíssimo, a devida primazia, e se demoravam em longas rezas, diante da Senhora e dos Santos mais venerados;

Primeiro a adoração que só a Deus é devida depois as devoções. A missa que se seguia, era mais sentida como obrigação, do que como oração, mas uma obrigação gostosamente assumida, era o acto mais importante da nossa religião, no altar rezava-se a Paixão, morte e ressurreição de Jesus, de uma forma que não se sabia explicar, mas se aceitava sem hesitação, havia respeito, estava-se longamente de joelhos, batia-se com a mão no peito, rezava-se imenso durante a missa, muitos, desfiavam as contas do terço e saciavam Ave-Marias, num balbuciar, que só eram interrompidos, pelo retinir da campainha a elevação.

Alguns abriam devocionários e missais, que ajudavam os mais letrados a unir-se e o sacerdote fazia e dizia no altar. A comunhão sacramental, ocasião de oração mais fervorosa e intensa, fazia-se como regra depois da missa, e não, no momento próprio, depois da comunhão do celebrante, como já advogavam os liturgistas, e alguns pastores começavam a conceder, terminada a missa, muitas pessoas se demoravam ainda em longas orações de graças, o senhor abade como chamamos também no Brasil, ou pároco, dava o exemplo, também ajoelhado no genuflexório, voltado para o sacrário, em suma, rezava-se antes da missa, durante a missa, e depois da missa.

Muito poucos conscientemente rezavam a missa, a missa era para se estar, para se assistir, respeitosa e devotamente. Nela acontecia o que mais espantoso se pudesse imaginar, DEUS descia à terra, JESUS inteiro, corpo, sangue alma e divindade, tão real e perfeitamente como está no céu, tornava-se presente no altar, diante de nós, pelo ministério do sacerdote, que maravilha! Quem me dera ser como ele era, assim efectivamente, pelas mãos e pela voz quase inaudível do sacerdote, Jesus imolava-se e oferecia-se ao Pai, para nós nos imolarmos e oferecermos com ele, e tornava-se nosso alimento, se bem que a maioria, só raramente se alimentasse desse Pão do Céu.

Graças a Deus, o Apostolado da Oração e depois a Liga Eucarística, promoviam a frequência pelo menos mensal, da confissão e da comunhão, A expressão, espectadores mudos e estranhos, que o concílio retoma, não faz o retrato fiel daquelas assembleias, aliás o que os padres conciliares diziam, é que a santa mãe igreja, não desejava, e continua a não desejar, que os fiéis se comportassem desse modo, como espectadores, mudos e estranhos, de tão excelso mistério.

Disse que se rezava por ocasião da missa, mas não se rezava a missa, não era bem assim, de facto até se rezava, adorava-se, contemplava-se, aplicavam-se os frutos do santo sacrifício, assim se dizia pelas intenções mais sentidas, pelos vivos e defuntos, só não se pensava que isso fosse rezar, rezar, era recitar fórmulas de oração sabidas de cor, também isso se fazia antes, durante, e depois, mas a oração principal, era a própria missa e o povo, o povo rezava a missa mesmo sem o saber, como o protagonista da comédia de Móniér , que quando por fim lhe explicaram o que era a poesia , concluiu que até então , havia feito prosa , mesmo sem o saber , neste caso era poesia que o povo fazia .

Depois, lembro-me de um domingo, em que o pároco interino, o pároco efectivo estava ausente por razões de saúde, nos disse que a missa ia passar a ser celebrada em português, ainda não completamente, e trouxe uns livrinhos com uns diálogos, e as partes do povo, para nós aprendermos a responder na missa ao sacerdote, esse bom padre, fez até ensaios com o povo, recordando o entusiasmo, com que essa mudança foi acolhida, ainda revejo o brilho nos olhos do meu pai, a ensaiar comigo, criança de oito e nove anos, o ordinário da missa, admirado e envaidecido por eu aprender de cor, quase a primeira, ao passo que ele tinha que repetir mais vezes, eu sou testemunha, como muitos, dos que estão aqui presentes, e são da minha idade e mais velhos o podem ser, da alegria e entusiasmo, que a igreja viveu nesta estação feliz, da reforma litúrgica, agora sim, já entendíamos o que o padre dizia e fazia, voltado para o altar, até então, adoçado ao retábulo mor, tendo atrás de si a comunidade celebrante, até isso mudou, uma mesa provisória foi colocado, a permitir que o celebrante ficasse de frente para o povo, e todos se pudessem sentir, como uma comunidade reunida, em redor da mesa do senhor, para viver a sua Páscoa, ouvindo, dialogando, cantando, aclamando, numa experiência de comunhão nunca dantes imaginada, num novo Pentecostes, agora todos ouvíamos proclamar as maravilhas da salvação, na nossa própria língua, já anteriormente, era-mos a igreja em oração, mas agora, começávamos a ter consciência disso.

Que aconteceu para ter deixado de ser assim?
Que continua a acontecer para que não seja assim?
Porque razão tem dificuldade em experimentar a liturgia como oração por excelência?
Como a igreja em oração?

Continuando no registo narrativo, e recorrendo as memórias pessoais, posso recordar um pouco, como as coisas se passaram, e que deram o resultado que temos a vista.
A reforma litúrgica feita com tanta sabedoria e ponderação, não foram acompanhadas pela renovação litúrgica, devido a coerências várias, das quais, a mais importante, é a meu ver, a reformação litúrgica, que é apenas um aspecto, e essencial da educação cristã.

Algumas causas.

Primeiro, a crise da música litúrgica.
Uma das principais dificuldades, foi a do canto litúrgico, não havia repertórios disponíveis em português, tínhamos alguns repertórios devocionais em vernáculo, para a piedade eucarística das tardes de domingo. E para as devoções mais em voga ao sagrado coração de Jesus, a Nossa Senhora, aos santos padroeiros, mas dado que a liturgia oficial era tudo em latim, estava tudo por musicar, o ordinário da missa, e o próprio da missa, entrada, senhor tende piedade de nós, glória, salmo responsorial, aleluia, e versículo ao evangelho, ofertório, santo, Cordeiro de Deus, canto de comunhão, a celebração dos outros sacramentos, a liturgia das horas, não havia nada.

E as pessoas queriam participar, cantando na sua língua, e os coros foram desprezados, porque os seus repertórios, não estavam actualizados, e porque se chegou a pensar que era escusados, todos cantavam tudo, viva a participação, mas cantavam o que? Cantavam como? Tendo-se abertos os diques, que durante tantos séculos tinham estado trancados, a força da corrente, arrastou tudo a sua frente, mesmo tendo havido discernimento onde o houve, não houve forças, não houve capacidade para estancar a enxurrada, para liderar uma evolução gradual e progressiva, “bis, órate qui bene cánite”.

Atribui-se este dito, a Santo Agostinho - cantar bem é rezar duas vezes. Mas eis que de repente, o canto se tornou um obstáculo a oração, a falta de oração musical própria, recorreu-se a parodia, metendo uma letra supostamente de nosso senhor, muitas vezes com ofensas da gramática e da métrica, para já não falar da doutrina, cheias de lugar comum, e de vago sentimentalismo religioso, em melodias compostas para outros ambientes e situações, e quase sem se dar por isso, a discoteca, o cinema, o festival da canção, o ambiente da POP e do Roque, a casa da mariquinhas ou os arraiais com as suas desgarradas, invadiram e profanaram a igreja, e tornou-se mesmo muito difícil, o recolhimento e a oração, que nasce da palavra acolhida, e do amor correspondido, por vezes eram os religiosos e religiosas bem intencionados, com seus noviciados, em terras de Espanha, a traduzir as letras do castelhano para o português, que é praticamente a mesma língua. Não será?

E então passamos a cantar, santo é, santo é, santo é, em vez de, santo. Santo. Santo. Do português de lei.
Muito se fez no bom sentido, começou-se, sim falo das minhas memorias, pelos salmos de gelinô, vertidos para o português por quem tinha formação literária e musical, um punhado de compositores competentes e devotados, pôs-se ao trabalho de dar expressão musical, a oração da igreja. Lembro alguns, dos que já cantam os louvores do cordeiro, da liturgia eterna, Manuel Luís, Sebastião Faria, Borges de Sousa, Fernandes da Silva, Carlos Silva, celebremos os louvores dos homens ilustres, dos nossos antepassados, através das gerações, foram homens virtuosos, e as suas obras não foram esquecidas, que os seus filhos, sejam fieis e a aliança, e que a assembleia possa cantar os seus louvores.

Realizaram-se também alguns encontros de formação para adultos, este é mais um, em que a boa semente foi lançada, e houve boa terra para acolher, sem esses encontros, a realidade das pontes.
A ecologia humana (isto é, o estudo da interdependência entre as instituições “ e aqui é denominada igreja “ e o agrupamento dos homens no espaço por eles explorados “ também aqui denominado como comunidade paroquial “) seria bem diferente para pior, mas o inimigo, continua a semear o joio de noite e de dia, na rádio, e na televisão, e muitos, nas casa religiosas, nos movimentos juvenis, nas paroquias, o tal do nona conta do bom trigo. E como joio assim parece, temos de crescer até a ceifa, houve, e há escolas diocesanas, e cursos nacionais e tanto trabalho escondido.

É certo que não basta só ser músico competente, para dar forma e beleza ao canto da igreja em oração, mas que isso ajuda lá isso ajuda. Das construções de pontes a ecologia humana, muito mais é o que falta fazer, do que o que já se fez, e alguma coisa se fez, com a graça de Deus.
Demorei-me um pouco mais na questão da música, chamada a potenciar, o carácter orante, das nossas celebrações litúrgicas, mas há muitas outras causas.

Vou enumerar algumas.

Deficiências da moralidade.

Desculpai o título, já ides ver o conteúdo. Enquanto as leituras e oração, eram feitas em latim, e o povo pouco ouvia, quando ouvia alguma coisa, e o que ouvia, nem entendia, estava tudo muito bem assim. Quando era em latim nem se advertia.

A deficiente qualidade, das intervenções morais a palavra, estava absorvido no rito, era mais questão de cerimonial, do que de leitura, e escuta, mas deixou de ser assim, o português, deixou os leitores, sem a rede protectora da ignorância linguística, ler bem em público, é um dom tão generalizado, que se supunha, que as comunidades, não tinham, e tardam em ter, leitores preparados, fazer a leitura, ministério eclesial, e exercer com competência, e verdadeira responsabilidade, passou a ser distinção, que se distribuía a alguém, por motivos de relevância social, ou para dar protagonismo, frequentemente, por comodismo de responsáveis, a tarefa foi entregue, a auxiliares dóceis mas ineptos, aqui e ali, a tarefa foi alvo de apropriação. Reservada e transformada, em coutada privativa, reservada a alguns, ou algumas, ou então, deixada a iniciativa, de quem a ultima hora, era convidado a avançar, e fazer a leitura.

Nuns e noutros casos, a preparação não era a regra, a leitura deficiente da Palavra de Deus, segue por parte dos seus destinatários, a incompreensão da mensagem revelada, e esta assim comprometido, o dialogo salvífico que é a oração, sem proposta, não pode haver resposta, se a escritura não se encarna em palavra audível, e inteligível, pela mediação de leitores, então, também não poderá encarnar na vida iluminada, e transformada dos ouvintes, Deus que suscitou os profetas, inspirou os autores sagrados, enviou e animou os apóstolos, quer falar agora ao seu povo reunido, é precisamente para escutar, ter a responder, Deus quer falar, mas a sua mensagem é truncada, mutilada distorcida, falseada, por leitores impreparados. Como pode o povo responder-lhe, aderir as suas propostas, conformar com elas as suas exigências, comprometer-se, num pacto de amor fiel e indissolúvel.

Como pode a liturgia ser oração, se não chega a ser liturgia, mas não pensemos, que o defeito é exclusivo dos leitores leigos, recortados apenas, na hora quinta para o trabalho da vinha, porque ninguém os contratou, ninguém os preparou.

A liturgia que é operene, fazer-se carne, desta palavra, na acção sacramental, é primariamente da ordem do agir, nela, as palavras da palavra, são para se proclamar, cantar, aclamar, acolher, viver, numa palavra celebrar, sem didactismos deslocados, sem interferências ruidosas, na linguagem sábia do rito, com o ritmo certo, e bem balanceado, palavra e canto, palavra canto, ou então, como na vigília mãe de todas as vigílias, palavra, canto, oração. Palavra canto oração, no silencio que escuta, na respiração serena do coração que palpita, diástole, cístole , diástole , cístole , proposta , resposta, oração, dialogo, vida.

Há também equívocos, no conceito de participação, que prejudicam e prejudicam, o carácter orante das nossas celebrações, a palavra participação, é das mais importantes, na constituição conciliar, sobre a sagrada liturgia, não admiram, ela deu o mote, ao movimento litúrgico clássico, que nela desaguou, quem não recorda a proclamação do papa são pio x, que num modo próprio, (tra léxi no situdiane) e no distante ano de 1903, declarou, que a participação do sacro santo mistérios da liturgia, é a primeira, e indispensável fonte, onde o povo fiel, pode ir beber o genuíno espírito cristão, 1903, quando a partir de 1909, projectou o movimento litúrgico, para alem das cercas dos mosteiros, tamamber bodiuan, fez destas palavras do Papa, a sua bandeira e foi a bandeira do movimento litúrgico, na encíclica “mediator dey”, Pio XII dedicou, a oportunas reflexões, procurando articular com o substantivo participação.

Os adjectivos que a qualificam, interna, externa, activa, sacramental, plena; a constituição conciliar fez sua, esta sua solicitude, e propõe como meta, o objectivo de toda a reforma litúrgica, subsequente a participação.

Outro exemplo de confusão de papeis, e de crise de identidade ministerial, é a que reina entre zeladoras e floristas, com o resultado triste, de a flor deixar de ser a expressão de uma prece, de um sentimento delicado, de um afecto terno, para se degradar, em objecto de adorno, supostamente destinado, a embelezar as nossa igrejas, quando estas já são belas, ou na hipótese desgraçada de não o serem, não há adorno que lhes valha, e há outras confusões, e misturas que reflectindo um pouco, facilmente se detectam, e que se resultam, da não observância da sábia norma da constituição conciliar, sobre a sagrada liturgia, nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar o seu oficio, fará tudo e só o que lhe competir, segundo a natureza da acção e as normas litúrgicas. Consequências igualmente funestas, teve e tem a redução da participação activa, a participação externa.

A confusão entre activismos exterior, e participação numa assembleia celebrante, ninguém esta dispensado, do direito dever de participar, consciente, activa, e frutuosamente, na celebração memorial, da Páscoa da nossa redenção; Para que esta participação seja possível, e bem ordenada, há que organizar toda uma serie de serviços, que para funcionar os vários ministérios, sacristão, asseio, arranjo da igreja, acolhimento e boa ordem da assembleia, coro e demais ministérios da musica, organistas, salmistas de director dos eventuais instrumentistas, leitores instituídos ou de facto, acólitos instituídos e ministrantes, ministros extraordinários da comunhão, tudo isso, sem esquecer os ministros ordenados, que garantem, apostolicidade da assembleia, todos os fieis, que asseguram os diferentes ministérios, ofícios e funções, tem de intervir na celebração, antes, durante, e depois, para desempenhar o papel que lhes compete, são muitas acções, que importa coordenar de forma sinfónica para tal, e em casos de maior complexidade, pode ate ser precioso, o serviço de um bom mestre de cerimonias, mas ai de nós, se confundirmos.

As diversas funções ministeriais, com a participação activa, e chegarmos a conclusão falaciosa, de que para participar, é preciso fazer alguma coisa, ter uma intervenção determinada, que quem simplesmente está no seu lugar, e contempla, escuta, responde, aclama, só porque não faz nada de especial, só porque não tem uma tarefa concreta a desempenhar, já não participa.

É assim que pensam os catequistas, quando as suas crianças, não tem uma tarefa, naquela missa especial, não participam, pois bem, essa confusão faz-se, esta confusão continua a fazer-se, e o resultado é o activismo, por vezes arbitrário, agitação externa permanentemente, a necessidade aparente, de estar sempre a funcionar, ou em funções, esquecendo que a grande acção, a grande obra, essa é Deus que a realiza, e em relação a essa obra prima, obra suprema, a nossa participação, é mais expressiva do que activa, é mais acolher do que dar, é mais calar do que dizer, é mais adorar, do que girar no vazio de um activismo sem objecto. É uma confusão generalizada.

Pensa-se, que só é activo quem lê, ou quem canta, que não é activo quem escuta, e contempla, quando na verdade, actividade interior, é indispensável, para que se possa falar, em participação plena, tendo em conta, na integridade da pessoa humana, na sua dimensão espiritual e corpórea.

Se hoje as celebrações litúrgicas estão diminuídas, no seu carácter orante, sem duvida, que uma das causas, reside nesta falácia, da participação activa, que degenerou com agitação vazia.

Há mais causas, eu não as vou dizer todas.

Quando tenho a oportunidade de viajar pelo nosso país, ou por outros países, de antigas raízes cristas, frequentemente registo, o contraste entre as celas austeras, a pobreza e o desconforto, em que vivem monges e monjas, frades e freiras, e o esplendor das suas igrejas, a surpreendente qualidade da sua arquitectura, escultura, pintura, a preciosidade, e estilos dos seus paramentos, das suas alfaias litúrgicas, e vasos sagrados, perante este contraste, que chega a ser chocante, por muitas histórias, que os guias nos contam, dos religiosos dessas eras, sem vocação, e com vidas menos edificantes, muitas vezes escandalosas, eu, por mim, não tomo a árvore pela floresta, e só posso concluir, aqueles homens, aquelas mulheres, que viviam são pobremente, e deixaram igrejas tão ricas, que nos parecem um cantinho do céu, aqueles homens, aquelas mulheres, tinham fé, a Deus davam o melhor, porque já a si próprio se lhe tinham consagrados.

E o mesmo, fazia o povo fiel, que vivia de forma tão modesta, uma vida duríssima de trabalho pesados, mas tinham na sua igreja, grande ou pequenina, o maior tesouro, nela elevava-se as alturas inauditas, nela prostrava-se em adoração, a missal nela ajoelhava, com entusiasmo penitente, nela rezava em diálogo confiante, nela situava as grandes referencias da vida, pautadas pelos sacramentos da fé nela, ou no seu adro, esperava repousar, aguardando, a ditosa esperança, da Ressurreição com Cristo, as igrejas eram efectivamente casa de oração, de encontro, de comunhão.

Por vezes vem-me a tentação de estabelecer confrontos, com as igrejas que hoje se edificam, tão despojadas, tão nuas, são vazias, tão frias, sem imagens santas, a abrir os seus muros, para o horizonte da eternidade, e que mais se cuida, do conforto de quem as frequenta, cada vez em menor número, do que na glorificação, do altíssimo de que nela se inclina, para escutar nossa confidencia, ou desabafo, para se dar em companhia amorosa, e em viático, para o caminho ao lado destas igrejas. Por vezes meros anfiteatros ou armazéns, veja o luxo de edifícios públicos, ou de moradias, em que nada falta, mesmo que seja a crédito, e tenho medo de concluir, que é feito da fé deste povo.

Onde está o seu Deus?

E depois, assistimos ao desprezo das nossas belas igrejas, que são trocados por outros espaços de celebração mais amplos, polivalentes, neutros, “há qui del rei”, que o povo não cabe na igreja, que o pároco tem que ir celebrar a várias paróquias, há falta de clero, e precisamos de uma mega superfície religiosa, quantas licenças de edificação são solicitadas aos Srs. Bispos, imagino que isso agora vai diminuir, que o crédito está difícil, mas quantas licenças são solicitadas para construir salões, que de facto se destinam a acolher a assembleia celebrante, na melhor das hipóteses, são igreja sem esse nome, mas na grande maioria dos casos, não são igreja e por isso, não estão a altura de recolher de forma habitual a assembleia, e da assim, fisionomia e identidade a comunidade eclesial local, nos salões não se reza ao chegar, nos salões ninguém genuflecte, ninguém ajoelha, nos salões, ninguém procura a presença daquela eterna fonte que não vê, ninguém, mas que bem eu sei, daquela eterna fonte que está escondida, em este vivo pão a dar-nos vida, de noite e de dia, estes salões não nascem da fé, não inspiram a fé, não alimentam a fé, pobre de quem se habitua a celebrar, a divina da liturgia, nesses espaços, e depois nem sequer sabe como se está numa igreja, mesmo na igreja velhinha da sua terra.

Não quero falar das igreja fechadas, situação que nos envergonha a todos, padres e leigos, quanto mais fechadas menos visitadas, menos defendidas, mais expostas a ruína, ao roubo, ao sacrilégio.

Esquecimento do corpo, é outra causa de degradação, do carácter orante, das nossas celebrações. Quando era menino aprendi que me devia comportar no espaço Sagrado, de determinado modo, sabia genuflectir, ajoelhar, era impensável que alguém entrasse sem primeiro ter genuflectido e ajoelhado em adoração, quando o sacerdote se dirigia ao altar para dar início a celebração da eucaristia, todos se erguiam respeitosamente, de pé.

Hoje entra-se na igreja como num café, muitas vezes nem sequer se interrompe a conversa ao telemóvel ou a cavaqueira como acompanhante, e a primeira coisa que se faz, é procurar assento e ALAPAR-SE.

Não podemos deixar o corpo no bengaleiro, que aliás não é costume ver nas igreja, temos de o habituar a posições, atitudes, gestos e movimentos, menos espontâneos e cómodos, do que o simples sentar-se é repousada espera do espectáculo, é curioso, dantes que se falava em assistir e ouvir, a propósito do preceito dominical, as pessoas estavam numa atitude corporal mais activa, agora, que tanto falamos em participar sentam-se.

Do ponto de vista da atitude corporal, a oração litúrgica valoriza todo o ato de possibilidades expressivas, a prostração em Sexta-Feira Santa, nas ordenações, na profissão religiosa, o ajoelhar no coração da celebração eucarística, ao canto das ladainhas, e como atitude penitencial, o genuflectir ao santíssimo sacramento e a santa cruz, inclinação profunda e simples, o estar de pé, o sentar-se, cada atitude e gesto o movimento deve fazer-se verdade, expressividade, sem afectação, todas as atitudes tem o seu lugar na liturgia orante da igreja, cada qual, tem o seu momento adequado em que são convidados em unânimes, na medida do possível, nas atitudes, movimentos e gestos, porque essa uniformidade exterior, favorece a comunhão interior, e íntima das pessoas, as participações nas grandes acções sacramentais, tudo isso contribui, para robustecer o carácter orante das celebrações litúrgicas, infelizmente, em alguns lugares, parece que fui banido a oração de joelhos, como a igreja não a tivesse mantido, e não proponha, em momentos fulcrais das celebrações litúrgicas, foi-se ao ponto de retirar os genuflexórios, dos bancos destinados aos fiéis, porque supostamente será mais litúrgico, permanecer de pé, curiosamente esses são os primeiros a sentar-se, antes de terminar a comunhão, esquecendo que o acto de comungar o senhor na eucaristia, é indissoluvelmente um acto pessoal e comunitário, no fundo, no fundo, ignora-se a linguagem corporal da oração, desencarna-se, e portanto, desnatura-se a liturgia, empobrece-se a participação.

Queremos as palavras da mãe igreja, só ao seu colo aprendemos a rezar, é por isso imperioso superar o subjectivismo e o espontaneismo que nasce debaixo, que da vós a carne, para orarmos segundo o espírito.

Façamos o esforço, de que por aquilo que pela nossa boca a igreja diz, Jesus nosso irmão e pontífice, diz, modelemos o nosso íntimo pela voz orante da igreja, afinemos o nosso canto pelo íntimo de louvor, que ressoa nas moradas eternas, e que o filho de Deus introduziu nesta terra de exílio, e teremos chegado ao limiar da eternidade.

Não devemos dizer o que nos vem a boca, a oração não é para desafogarmos os nosso sentimentalismo, a voz com a qual devemos por de acordo com a nossa inteligência, os nossos sentimentos, é a voz da igreja em oração, é a voz de Cristo, orante, principal dos salmos.

Façamos o esforço de sintonizar o nosso íntimo com esta voz, troquemos a nossa banheira por um mergulho no oceano de um Deus sempre maior que nos ama, e experimentaremos como a oração litúrgica, nos dilata e nos liberta, sem nos alienar, porque nos insere na Páscoa da redenção, nos respeita como pessoas, mas nos insere na grande comunidade da santa igreja em oração.

E concluo,

Deixo a minha conclusão aberta as vossas conclusões, porque voz também tendes experiências, perspectivas, tendes as comunidades, porventura não vedes as coisas como eu vejo.
Fiz convosco uma partilha muito franca, dos males que afectam o carácter orante da liturgia, na sua forma celebrativa actual, não fui exaustivo, poderei ter sido parcial, até porque vivo com paixão, esta vida central da IGREJA; vós dareis o desconto.

Como vêem, de todas as construções de pontes, que o homem possa imaginar construir, e no âmbito de toda Ecologia – humana que possa existir, com certeza, a mais sábia, a mais bela, a mais frutuosa, a mais digna e a mais RICA é com o Sr. nosso Deus, alicerçados na pedra angular que os construtores rejeitaram, a pedra angular. JESUS DE NAZARÉ.

Eu aprendi mais liturgia com a minha família em criança, do que nos bancos de escola superior, ali aprendemos a estudar liturgia, mas a liturgia aprende-se ao colo da mãe, com o leite, é educação cristã que falta, e tenho esperança de que este movimento não vai parar; Estes encontros paroquiais vão continuar a ser a força propulsora no meio por nós habitados; No próximo ano aqui estaremos com mais força, com a mesma convicção, seguindo o rumo traçado pelo pároco, que sabe bem a importância destes encontros para a VIDA; Para a IGREJA.

ESTE MOVIMENTO NÂO PODE PARAR.

Palestra de Formação de Adultos
Tema: "Pontes com a Ecologia Litúrgica"
Apresentada por Ricardo Igreja Torre a 09.11.2011
á comunidade da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima
em Viana do Castelo

RICARDO IGREJA

terça-feira, 8 de novembro de 2011

10 MANDAMENTOS DO SUCESSO

1. Diga sempre que hoje é o melhor dia da sua vida; portanto, não o sobrecarregue com lembranças dolorosas de ontem, nem com temores cobardes do amanhã. Viva cada dia com entusiasmo e intensidade.

2. Construa você mesmo a sua vida: não permita que opiniões e erros alheios te conduzam ao fracasso.

3. Irradia sempre  amor, cordialidade e simpatia… Distribui os teus tesouros espirituais, pois, quanto mais deres, mais enriquecerás.

4. Não ajudes e para esperar receber algo em troca.
A maior fonte de energia está em ti mesmo; quando aprenderes a utilizá-la, descobrirás o quanto já és rico e forte.

5. Seja honesto, pontual e exigente consigo mesmo. Quem não se disciplina, desperdiça tesouros de energia física e mental, acabando por destruir-se.

6. Jamais esqueça-se de cuidar do corpo e da mente, conservando ambos sadios. Como os males de um se refletirão infalivelmente no outro, os dois merecem, por igual, atenção constante.

7. Tenha paciência. Nunca duvide da continuidade da vida e de que a vitória pertence aos que sabem esperar o momento certo de agir.

8. Fuja da extravagância e do desperdício, pois, afinal, o equilíbrio na vida é um bem inestimável.

9. Faça diáriamente,  uma avaliação da sua vida . Veja o que merece, na verdade, a sua real atenção e o que for supérfluo, “elimine da sua vida”.

10. Após tomar uma decisão de forma consciente e livre, nunca se afaste dela. Não mude os seus objectivos. SABER QUERER É A BASE PARA VENCER.

Hélder Gonçalves

sábado, 5 de novembro de 2011

CRUZ AMERÍNDIA

A Cruz Ameríndia é uma espécie de mistura entre as duas formas de cruzes mais comuns - como a latina, não tem os quatro braços iguais, mas, a exemplo da grega, apresenta uma simetria biaxial - , a Cruz Ameríndia é, no entanto, muito mais antiga.

Utilizada desde as Aleutas até à Patagónia, ou seja, em toda a América, no Norte ao Sul, a cruz era, de facto, um símbolo muito familiar dos indígenas quando, a partir do final do século XV, os exploradores ao serviço dos Reis Católicos de Espanha chegaram ao Novo Mundo.

Cristóvão Colombo, Hernán Cortés e companheiros de aventuras levaram para ali, naturalmente, a cruz representativa da crucificação de Cristo, o Salvador.

Mas os povos nativos das Américas, que desconheciam por completo o cristianismo, não abriram a boca de espanto, pois a cruz era para os índios um instrumento familiar e, sobretudo, prático.

Associada ao número quatro, servia para marcar os pontos cardinais, as estações, os elementos da natureza...

Se é de facto que os indígenas nunca tinham ouvido falar em Cristo, também não deixa de ser verdade que veneravam divindades e coisas sagradas, como, por exemplo, a cruz.

Na realidade, a cruz também assumia, para os índios, um significado sobrenatural, religioso.

Era usada como amuleto ou colocada em terras plantadas, para proteger as culturas, no cimo das casas, como bendição para quem lá vivia, em encruzilhadas de caminhos, para guiar os viajantes.

Sublinhe-se que, em algumas tribos, particularmente em latitudes meridionais, os índigenas veneram coisas que, no imaginário, os remetem para as cruzes.

É o caso da constelação do sul, em forma de cruz, ou do condor, que, quando visto de baixo, faz lembrar uma cruz.

Resta saber é se os veneram porque os associam à cruz ou se esta é que adquiriu um poder sobrenatural por ser a representação estilizada de divindades ou coisas sagradas.

Hélder Gonçalves

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