quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Adeus Bento XVI

Neste que foi o último dia do Pontificado, o Papa Bento XVI afirmou “Entre vós está o futuro papa, a quem prometo o meu respeito incondicional e obediência. Continuarei convosco a rezar, especialmente nestes dias, para que sejais plenamente dóceis à acção do Espírito Santo na eleição do novo papa”, numa cerimónia realizada no Vaticano na presença dos cardeais.

Bento XVI deixará de ser o chefe da Igreja Católica às 20h00 de Roma.
Não se esqueceu de salientar a proximidade, solidariedade e conselhos dos cardeais que o ajudaram durante estes oito anos.

Bento XVI disse ainda aos cardeais: 'Permaneçamos unidos, queridos irmãos, nas preces e especialmente na Eucaristia. Assim servimos à Igreja e a toda à humanidade. Esta é nossa alegria, que ninguém nos pode tirar'.

O bispo de Roma disse ainda que a Igreja não é uma 'instituição inventada por alguém, construída sobre uma mesa, mas uma realidade viva, que vive transformando-se, embora a sua natureza continua a ser sempre a mesma, já que a sua natureza é Cristo'.

O Papa antes de se despedir esteve sempre bem disposto tendo mesmo rido em alguns momentos.

Em nome dos cardeais, o decano do Colégio Cardinalício, Ângelo Sodano, expressou 'gratidão' pelos oito anos de pontificado de Bento XVI, dizendo que são os cardeais que devem agradecer ao papa o 'exemplo dado por ele nestes anos'.

Sodano afirmou que a voz da Igreja será escutada na Terra até que a voz do anjo do Apocalipse proclame 'o tempo acabou, completou-se o mistério de Deus'.

Naquela que foi a sua última aparição pública após quase oito anos de Pontificado, já da varanda da residência de Castel Gandolfo, Bento XVI saudou a população. "Como sabem este dia é diferente dos anteriores. Só serei o Sumo Pontífice da Igreja Católica até às 20h. Depois não serei mais um Papa mas um simples peregrino que termina a sua peregrinação nesta terra", disse, aplaudido por milhares de fiéis.

“Quero ainda com o meu coração, com o meu amor, com a minha oração, com a minha reflexão, com todas as minhas forças interiores, trabalhar para o bem comum, para o bem da Igreja e da humanidade”, disse ainda. "Boa noite, obrigado a todos”, foram as suas últimas palavras.

Despedida do Papa Bento XVI aos Cardeais 28.02.2013

HÉLDER GONÇALVES

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Nasci

Nasci nu, diz Deus,
Para que tu saibas despojar-te de ti mesmo.

Nasci pobre,
Para que tu possas considerar-me a tua riqueza.

Nasci num estábulo,
Para que tu aprendas a santificar todos os lugares.

Nasci débil,
Para que tu nunca tenhas medo de mim.

Nasci por amor,
Para que tu nunca duvides do meu amor.

Nasci de noite,
Para que acredites que posso iluminar qualquer realidade.

Nasci pessoa,
Para que nunca te envergonhes de seres tu mesmo.

Nasci homem,
Para que tu possas ser “Deus”.

Nasci perseguido,
Para que tu saibas aceitar as dificuldades.

Nasci na simplicidade,
Para que tu deixes de ser complicado.

Nasci na tua vida,
Para levar todos para a casa do Pai.
Lambert Noben
HÉLDER GONÇALVES

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Pirâmides de Gizé - Egipto

- Será a Grande Pirâmide uma antena para comunicar com os seus construtores?

- Porque esconde a Esfinge de Gizé segredos que ainda não foram revelados?


Numa grande área contém três pirâmides, Quéops, Quéfren e Micerino e, cada uma delas construída por um faraó.

A pirâmide de Micerino, por ser a mais pequena e ser construída numa época menos rica pensou-se que era a mais importante por estar um ponto mais alto que as outras. Também o seu topo era coberto de um granito vermelho e as outras de ouro que brilhava com o sol.

A pirâmide de Gizé é o maior monumento existente à face da terra e nela cabem as cinco maiores catedrais do mundo e com um peso estimado a 6,3 milhões de toneladas de pedra.

Estima-se que a sua construção durou cerca de trinta anos e nela trabalharam cerca de 100 mil homens. Os cálculos actuais estimam que seriam necessários cerca de 240 mil homens para a construir e transportar os enormes blocos de granito, mas ninguém sabe qual era o seu propósito.

Existe a crença que a grande pirâmide albergue os restos mortais de Quéops, mas nada está ainda confirmado. Não existe qualquer inscrição da época que lhe atribua a sua edificação.

Em 1356, o sultão do Cairo mandou retirar as coberturas de calcário da Grande Pirâmide para reconstruir as mesquitas e as fortalezas da cidade, por ter sido destruída poucos anos antes por um terramoto.

O historiador Abad al-Latif que chegou a ver as pirâmides, afirmou que existiam tantas inscrições que teriam enchido um livro de dez mil páginas. Pena é que se tenha destruído estas inscrições para sempre tornando impossível desvendar o segredo.

Dizia este historiador que a água do rio Nilo chegava ás pirâmides e que o corpo do faraó desembarcava no templo e continuava o ritual funerário que acabava no enterramento.

Em 1954 foram encontradas as mais de 1200 peças que constituíam o barco de Quéops solar. Terá sido construído por volta do ano 2500 A.C. e a sua utilidade residia na viagem que o faraó tinha de realizar no mundo subterrâneo ao encontro de Ré, com o qual percorria o firmamento todos os dias.

HÉLDER GONÇALVES

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Credo do Povo de Deus

No encerramento do Ano da Fé (30/6/1967 a 30/6/1968), em comemoração dos 1900 anos dos martírios de São Pedro e São Paulo, o Papa Paulo VI quis oferecer à Igreja a sua Profissão de Fé, a oração do Credo que tem a sua fundamentação na Bíblia e que se chamou o Credo do Povo de Deus.

Muitas razões tornaram este CREDO de Paulo VI de grande importância para a Igreja, sendo muito utilizado e citado nos documentos posteriores da Igreja.

Desde o início da sua vida apostólica, a Igreja elaborou o que passou a ser chamado de Símbolo dos Apóstolos, assim chamado por ser o resumo fiel da fé dos Apóstolos; foi uma maneira simples e eficaz da Igreja apostólica exprimir e transmitir a sua fé em fórmulas breves e normativas para todos.

O Creio sintetiza tudo aquilo que o católico crê. Este é como que o mais antigo Catecismo romano.

O Creio, é a identificação do católico. Assim, ele é professado solenemente no Dia do Senhor, no Baptismo e em outras oportunidades.


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CREIO em Deus - Nosso Deus é o único Senhor (Deuteronómio 6,4; Marcos 12,29).

Pai Todo-Poderoso - O que é impossível para os homens é possível para Deus (Lucas 18,27)

Criador do Céu e da Terra - No princípio, Deus criou o céu e a terra (Génesis 1,1).

CREIO em Jesus Cristo - Ele é o resplendor glorioso de Deus, a imagem própria do que Deus é (Hebreus 1,3).

Seu Único Filho - Pois Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único, para que todo aquele que crer nele não morra, mas tenha a vida eterna (João 3,16).

Nosso Senhor - Deus o fez Senhor e Messias (Actos 2,36).

Que foi concebido por obra e graça do Espírito Santo - O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Deus Altíssimo repousará sobre ti como uma nuvem. Por isso, o menino que irá nascer será chamado Santo e Filho de Deus (Lucas 1,35).

Nasceu da Santa Virgem Maria - Tudo isto ocorreu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito por meio do profeta: A virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado Emanuel, que significa: Deus está connosco) (Mateus 1,22-23).

Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos - Pilatos tomou então a Jesus e mandou açoitá-lo. Os soldados trançaram uma coroa de espinhos, a puseram na cabeça de Jesus e o vestiram com uma capa escarlate (João 19,1-2).

Foi Crucificado - Jesus saiu carregando sua cruz para ir ao chamado lugar da caveira (que em hebraico chama-se Gólgota). Ali o crucificaram e, com ele, outros dois, um de cada lado. Pilatos mandou afixar sobre a cruz um cartaz, que dizia: Jesus de Nazaré, rei dos judeus (João 19,17-19).

Morto e Sepultado - Jesus gritou fortemente: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito! e, ao dizer isto, morreu (Lucas 23,46). Depois de baixá-lo da cruz, o envolveram em um lençol de linho e o puseram em um sepulcro escavado na rocha, onde ninguém ainda havia sido sepultado (Lucas 23,53).

Desceu aos Infernos - Como homem, morreu; porém, como ser espiritual que era, voltou à vida. E como ser espiritual, foi e pregou aos espíritos encarcerados (1Pedro 3,18-19).

Ao terceiro dia, Ressuscitou dentre os mortos - Cristo morreu por nossos pecados, como dizem as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia (1Coríntios 15,3-4).

Subiu aos Céus, onde está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso - O Senhor Jesus foi levado ao céu e se sentou à direita de Deus (Marcos 16,19)

De onde há-de vir para julgar os vivos e os mortos - Ele nos enviou para anunciar ao povo que Deus o constituiu juiz dos vivos e dos mortos (Actos 10,42).

CREIO no Espírito Santo - Pois Deus encheu nosso coração com o seu amor por meio do Espírito Santo que nos deu (Romanos 5,5).

Creio na Igreja que é Una - Para que todos sejam um, como tu, Pai, em mim e Eu em ti; que eles sejam também um em Nós para que o mundo creia que Tu me enviaste (João 17,21; João 10,14; Efésios 4,4-5).

É Santa - A fé confessa que a Igreja... não pode deixar de ser santa (Efésios 1,1). Com efeito, Cristo, o Filho de Deus, a quem o Pai e com o Espírito Santo se proclama o Santo, amou a sua Igreja como sua esposa (Efésios 5,25). Ele se entregou por ela para santificá-la, a uniu a Si mesmo como seu próprio corpo e a encheu do dom do Espírito Santo para a glória de Deus (Efésios 5,26-27). A Igreja é, portanto, o povo santo de Deus (1Pedro 2,9) e seus membros são chamados santos (Actos 9,13; 1Coríntios 6,1; 16,1).

É Católica - E Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e nem o poder da morte poderá vencê-la (Mateus 16,18). Possui a plenitude que Cristo lhe confere (Efésios 1,22-23). É católica porque foi enviada em missão por Cristo à totalidade do género humano (Mateus 28,19).

É Apostólica - O Senhor Jesus dotou a sua comunidade de uma estrutura que permanecerá até a total consumação do Reino. Antes de mais nada houve a escolha dos Doze Apóstolos, tendo Pedro como cabeça (Mateus 3,14-15), visto que representavam as Doze Tribos de Israel (Mateus 19,28; Lucas 22,30). Eles são os fundamentos da Nova Jerusalém (Apocalipse 21,12-14). Os Doze (Marcos 6,7) e os outros discípulos (Lucas 10,1-2) participaram da missão de Cristo, em seu poder e também em sua sorte (Mateus 10,25; João 15,20). Com todas estas providências, Cristo preparou e edificou a sua Igreja (2 Timóteo 2,2).

Creio na Comunhão dos Santos - Depois disso, olhei e vi uma grande multidão de todas as nações, raças, línguas e povos. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro, e eram tantos que ninguém podia contá-los (Apocalipse 7,9).

No perdão dos pecados - Aqueles a quem perdoares os pecados ser-lhe-ão perdoados (João 20,23).

Na Ressurreição da Carne - Cristo dará nova vida a seus corpos mortais (Romanos 8,11).

E na Vida Eterna - Ali não haverá noite e os que ali vivem não precisarão da luz da lâmpada, nem da luz do sol, porque Deus, o Senhor, lhes dará sua luz e eles reinarão por todos os séculos (Apocalipse 22,5).

AMÉM - Assim seja! Vem, Senhor Jesus! (Apocalipse 22,20).

HÉLDER GONÇALVES


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Evangelho do Sofrimento


As testemunhas da Cruz e da Ressurreição de Cristo transmitiram à Igreja e à humanidade um Evangelho específico do sofrimento. O próprio Redentor escreveu este Evangelho; em primeiro lugar, com o seu sofrimento assumido por amor, a fim de que o homem "não pereça, mas tenha a vida eterna". Este sofrimento, juntamente com a palavra viva do seu ensino, tornou-se uma fonte abundante para aqueles que participaram nos sofrimentos de Jesus na primeira geração dos seus discípulos e confessores.

E é consolador - como é também evangélica e historicamente exacto - notar que ao lado de Cristo, em primeiríssimo lugar e bem em evidência junto dele, se encontra sempre a sua Mãe santíssima, porque com toda a sua vida ela dá um testemunho exemplar deste particular Evangelho do sofrimento.

Em Maria, os sofrimentos, numerosos e intensos, sucederam-se com tal conexão e encadeamento, que bem demonstram a sua fé inabalável; e foram, além disso, uma contribuição para a Redenção de todos.

Na realidade, desde o colóquio misterioso que teve com o anjo, Ela entrevê na sua missão de mãe a "destinação" de compartilhar, de maneira única e irrepetível, a mesma missão do seu Filho. E teve bem depressa a confirmação disso, quer nos acontecimentos que acompanharam o nascimento de Jesus em Belém, quer no anúncio explícito do velho Simeão, que lhe falou de uma espada bem afiada que haveria de trespassar-lhe a alma, quer, ainda, na ansiedade e nas privações da fuga precipitada para o Egipto  motivada pela decisão cruel de Herodes.

E mais ainda: depois das vicissitudes da vida oculta e pública do seu Filho, por ela certamente partilhadas com viva sensibilidade, foi no Calvário que o sofrimento de Maria Santíssima, conjunto ao de Jesus, atingiu um ponto culminante dificilmente imaginável na sua sublimidade para o entendimento humano; mas, misterioso, por certo sobre-naturalmente fecundo para os fins da salvação universal. A sua subida ao Calvário e aquele seu “estar” aos pés da Cruz com o discípulo amado foram participação muito especial na morte redentora do Filho, assim como as palavras que ela pôde escutar dos lábios de Jesus foram como que a entrega solene deste Evangelho particular, destinado a ser anunciada a toda a comunidade dos fiéis.

Testemunha da paixão pela sua presença, nela participante com a sua compaixão, Maria Santíssima ofereceu uma contribuição singular ao Evangelho do sofrimento no início desta reflexão. Sim, Ela tem títulos especialíssimos para poder afirmar que "completa na sua carne - como igualmente no seu coração - aquilo que falta aos sofrimentos de Cristo".

À luz do inacessível exemplo de Cristo que se reflecte com uma evidência singular na vida da sua Mãe, o Evangelho do sofrimento, através da experiência e da palavra dos Apóstolos, torna-se fonte inexaurível para as gerações sempre novas, que se sucedem na história da Igreja.

O Evangelho do sofrimento significa não apenas a presença do sofrimento no Evangelho, como um dos temas da Boa Nova, mas também a revelação da força salvífica e do significado salvífico do sofrimento na missão messiânica de Cristo e, em seguida, na missão e na vocação da Igreja.

Cristo não escondia aos seus ouvintes a necessidade do sofrimento. Pelo contrário dizia-lhes muito claramente:  "Se alguém quer vir após mim... tome a sua cruz todos os dias"; e aos seus discípulos punha algumas exigências de ordem moral, cuja realização só é possível se cada um se "renega a si mesmo".

E não é tudo: o divino Redentor quer penetrar no ânimo de todas as pessoas que sofrem, através do coração da sua Mãe Santíssima, primícia e vértice de todos os redimidos.

Como que a prolongar aquela maternidade, que por obra do Espírito Santo lhe havia dado a vida, Cristo ao morrer conferiu à sempre Virgem Maria uma nova maternidade – espiritual e universal – em relação a todos os homens, a fim de que cada um deles, na peregrinação da fé, à semelhança e junto com Maria, lhe permanecesse intimamente unido até à Cruz; e assim, todo o sofrimento, regenerado pela virtude da Cruz, de fraqueza do homem se tornasse força de Deus.
(João Paulo II, Salvifici Doloris, 25-27)

Padre Castro

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Cinzas

O significado das cinzas

O uso litúrgico das cinzas tem a sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu veste-se de saco e cobre-se de cinzas quando soube do decreto do Rei Asuer I (Xerxes, 485-464 antes de Cristo) da Pérsia que condenou à morte todos os judeus do seu império. (Est 4,1). Jó (cuja história foi escrita entre os anos VII e V antes de Cristo) mostrou o seu arrependimento vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6). Daniel (cerca de 550 antes de Cristo) ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilónia, escreveu: "Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oração de súplica, jejuando e impondo-me o cilício e a cinza" (Dn 9,3). No século V antes de Cristo, logo depois da pregação de Jonas, o povo de Nínive proclamou um jejum a todos e vestiram-se de saco, inclusive o Rei, que além de tudo levantou-se do seu trono e sentou-se sobre as cinzas (Jn 3,5-6). Estes exemplos retirados do Antigo Testamento demonstram a prática estabelecida de utilizar-se cinzas como símbolo (algo que todos compreendiam) de arrependimento.

O próprio Jesus fez referência ao uso das cinzas. A respeito daqueles povos que recusavam-se a arrepender-se dos seus pecados, apesar de terem visto os milagres e escutado a Boa Nova, Nosso Senhor proferiu: "Ai de ti, Corozim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidónia os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo elas teriam-se arrependido sob o cilício e as cinzas. (Mt 11,21)
A Igreja, desde os primeiros tempos, continuou com a prática do uso das cinzas com o mesmo simbolismo. No seu livro "De Poenitentia" , Tertuliano (160-220 DC), prescreveu que um penitente deveria "viver sem alegria vestido com um tecido de saco rude e coberto de cinzas".
O famoso historiador dos primeiros anos da igreja, Eusébio (260-340 DC), relata no seu livro A História da Igreja, como um apóstata de nome Natalis apresentou-se vestido de saco e coberto de cinzas diante do Papa Zeferino, para suplicar-lhe perdão. Sabe-se que num determinado momento existiu uma prática que consistia no sacerdote impor as cinzas em todos aqueles que deviam fazer penitência pública. As cinzas eram colocadas quando o penitente saía do Confessionário.

Já no período medieval, por volta do século VIII, aquelas pessoas que estavam para morrer eram deitadas no chão sobre um tecido de saco coberto de cinzas. O sacerdote benzia o moribundo com água benta dizendo-lhe: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás". Depois de aspergir o moribundo com a água benta, o sacerdote perguntava: "Estás de acordo com o tecido de saco e as cinzas como testemunho de tua penitência diante do Senhor no dia do Juízo?"
O moribundo então respondia: "Sim, estou de acordo".

Se podem apreciar em todos esses exemplos que o simbolismo do tecido de saco e das cinzas que serviam para representar os sentimentos de aflição e arrependimento, bem como a intenção de se fazer penitência pelos pecados cometidos contra o Senhor e a Sua igreja. Com o passar dos tempos o uso das cinzas foi adaptado como sinal do início do tempo da Quaresma; o período de preparação de quarenta dias (excluindo-se os domingos) antes da Páscoa da Ressurreição.

O ritual para a Quarta-feira de Cinzas já era parte do Sacramental Gregoriano. As primeiras edições deste sacramental datam do século VII. Na nossa liturgia actual da Quarta-feira de Cinzas, utilizamos cinzas feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano anterior no Domingo de Ramos. O sacerdote abençoa as cinzas e impõe-nas na fronte de cada fiel traçando com essas o Sinal da Cruz. Logo em seguida diz: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás" ou então "Arrepende-te e crê no Evangelho".

Devemos preparar-nos para o começo da Quaresma compreendendo o significado profundo das cinzas que recebemos. É um tempo para examinar as nossas acções actuais e passadas e lamentarmo-nos profundamente pelos nossos pecados. Só assim poderemos voltar os nossos corações genuinamente para o Nosso Senhor, que sofreu, morreu e ressuscitou para nossa salvação.

Além do mais esse tempo serve-nos para renovar as nossas promessas baptismais, quando morremos para a vida passada e começamos uma nova vida em Cristo.

Finalmente, conscientes que as coisas deste mundo são passageiras, procuremos viver de agora em diante com a firme esperança no futuro e na plenitude do Céu.


Bênção e imposição das cinzas no início da Quaresma

Aceitando que nos imponham as cinzas, expressamos duas realidades fundamentais:

1. Somo criaturas mortais; tomar consciência de nossa fragilidade, de inevitável fim da nossa existência terrestre, ajuda-nos a avaliar melhor os rumos que compete dar à nossa vida: "Tu és pó, e ao pó hás-de voltar" (Gn 3, 19).

2. Somos chamados a converter-nos ao Evangelho de Jesus e à sua proposta do Reino, mudando a nossa maneira de ver, pensar e agir.
Muitas comunidades sem padre assumem esse rito significativo como abertura da quaresma anual, realizando-o numa celebração da Palavra.

 Fonte – Missal Dominical, página de 140, © Paulus, 1997

HÉLDER GONÇALVES


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Ministro Extraordinário da Comunhão - Instituição


Foi num fim de semana, dia do Senhor que tudo começou, quando um desafio me foi lançado. Mais parecia um sonho sempre adiado. Vim para casa e a minha família via no meu olhar algum nervosismo e não hesitei em dizer.

O Senhor, através do Padre Coutinho, lançou-me um desafio, que durante uns segundos fiquei sem resposta mas, senti uma emoção tão forte e não hesitei em dizer SIM! Qual foi o desafio? Ser Ministro Extraordinário da Comunhão, isto é uma Graça de Deus.

Desde logo tive consciência que a missão era muito séria. Cada dia que passava maior era o desejo do primeiro encontro de preparação...Na véspera sentia-me um pouco inquieto... e á noite de tal forma ansioso que tornou a noite longa.

No sábado dia 15 de Dezembro de 2012, ainda o dia vinha longe e já eu estava acordado. De manhã dirigi-me para o centro Paulo VI, e a ansiedade aumentava.

Chegada a hora de entrar para a sala o meu coração batia mais forte e sentia uma chama dentro de mim. Começaram então as sessões de preparação sobre a missão e responsabilidade do cargo deste novo serviço ou ministério. Outra sessão de formação aconteceu a 12 de Janeiro.

E até que chegou o grande dia, dia esse que foi hoje 10 de Fevereiro de 2013 em que fomos instituídos 34 novos Ministros Extraordinários da Comunhão ao serviço das diversas comunidades, mas essencialmente dos que mais precisam e que vem enriquecer a nossa Diocese de Viana do Castelo.

E agora apetece-me dizer as palavras de um cântico muito conhecido:

‘Seduziste-me Senhor, eu deixei-me seduzir,
numa luta desigual, dominaste-me Senhor,
e foi Tua a vitória…'


E assim vivi um dia diferente, mas sobretudo um bom dia!

HÉLDER GONÇALVES

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Fé - Creio na Igreja


Um caminho já começado mas ainda não acabado: A Fé - Creio na Igreja


As duas questões principais do artigo da Fé sobre o Espírito Santo e a Igreja


Claro está que não pode ser nossa intenção desenvolver, no presente contexto, uma doutrina completa da Igreja; prescindindo das questões teológico-técnicas isoladas, tentaremos apenas identificar brevemente o verdadeiro motivo da irritação que nos acomete e atrapalha quando pronunciamos a fórmula "Santa Igreja Católica”, procurando, então, encontrar uma resposta condizente com a intenção implícita no texto da própria profissão de fé. […] Mesmo assim, convém exteriorizar aqui o que nos aflige nesta passagem. Se formos sinceros, teremos de admitir que gostaríamos de afirmar que a Igreja não é nem santa, nem católica. O próprio Concílio Vaticano II teve a coragem de não falar apenas da Igreja santa, mas também da Igreja pecadora; se há uma crítica a fazer ao concílio, só pode ser a de ter sido até muito tímido na sua afirmação tendo em vista a intensidade da impressão de pecaminosidade da Igreja na consciência de todos nós.

Para além da santidade da Igreja, parece-nos questionável também a Sua catolicidade. A túnica de uma só peça do Senhor foi rasgada em pedaços pelos grupos contraentes e a Igreja una foi dividida em muitas igrejas, cada uma das quais afirma com mais ou menos intensidade ser a única autêntica. Desta maneira, a Igreja tornou-se hoje para muitos o principal obstáculo à fé. Eles só conseguem ver os esforços humanos em demanda do poder e as táticas mesquinhas daqueles que, afirmando serem os administradores oficiais do cristianismo, mais parecem atrapalhar a manifestação do verdadeiro espírito cristão.

Não há nenhuma teoria que possa refutar definitivamente estes pensamentos de fundo meramente racional; por outro lado, eles também não são de origem puramente racional, misturados que estão com a amargura de um coração eventualmente muito decepcionado com as suas expectativas elevadas e que, no seu amor magoado e ferido, só é capaz de sentir que se desmorona a sua esperança.

Como responder, então? Em última análise, só nos resta confessar o motivo que nos leva, apesar de tudo isso, a amar esta Igreja na fé, a ousar reconhecer, mesmo por detrás desse rosto desfigurado, o rosto da santa Igreja. Mas comecemos, mesmo assim, pelos elementos objetivos. Já vimos que a palavra «santa» em todos esses enunciados não se refere à santidade de pessoas humanas - trata-se, na verdade, de uma alusão ao dom divino que concede a santidade no meio da imperfeição humana.
No «símbolo», a Igreja não é qualificada de «santa» por se pensar que os seus membros são todos seres humanos santos e sem pecados; esse sonho, que reaparece em todos os séculos, não combina com o contexto lúcido do nosso texto, por mais que corresponda à expressão de um desejo profundo do ser humano, que não o abandonará até que um novo céu e uma nova terra lhe dêem realmente o que este nosso mundo não é capaz de lhe proporcionar. […] Mas, voltemos ao ponto de partida: a santidade da Igreja consiste naquele poder de santificação que Deus exerce nela apesar da pecaminosidade humana. É esse o verdadeiro sinal da «nova aliança» em Cristo, o próprio Deus prendeu-Se aos homens, deixou-Se prender por eles. A Nova Aliança já não se baseia no cumprimento mútuo do acordo, porque ela é graça concedida por Deus, a qual não recua diante da infidelidade do ser humano. Ela é a expressão do amor ele Deus que não se deixa vencer pela incapacidade do ser humano; pelo contrário, Deus quer bem ao ser humano apesar de tudo e sem cessar; aceita-o precisamente como ser pecador, dirigindo-Se-lhe para o santificar e amar.

Como a liberalidade da entrega do Senhor nunca foi revogada, a Igreja continua a ser sempre santificada por Ele e é nela que a santidade do Senhor se torna presente entre os homens. É verdadeiramente a santidade do Senhor que se torna presente e que escolhe como recetáculo da sua presença, num amor paradoxal, também e precisamente as mãos sujas dos homens. Ela é santidade que resplandece como a santidade de Cristo no meio do pecado da Igreja.[…]

Demos mais um passo em frente. No sonho humano de um mundo perfeito, a santidade é imaginada como isenção do pecado e do mal, e não como algo que se mistura com eles; […] O que escandalizava os contemporâneos de Jesus em relação à sua santidade era a ausência absoluta de uma atitude julgadora: Ele nem lançava um raio sobre os indignos, nem autorizava os zelosos a arrancarem a erva daninha que viam proliferar. Pelo contrário, a sua santidade manifestava-se precisamente na promiscuidade com os pecadores que eram atraídos por Jesus; essa mistura indiscriminada chegou ao ponto de Ele mesmo ser transformado "em pecado», tendo de carregar, pela sua execução, a maldição da lei, que o levou a associar inteiramente o seu destino ao dos perdidos (cf. 2Cor 5,21; Gal 3,13). Ele atraiu a Si o pecado, fazendo com que este se tornasse parte d'Ele, para assim revelar o que é a verdadeira "santidade»:

Não discriminação, mas união, não julgamento, mas amor que salva. Não é a Igreja simplesmente a continuação dessa atitude de Deus que se mistura com a miserabilidade humana? […]

Confesso que, para mim, essa santidade imperfeita da Igreja é um consolo infinito. Não deveríamos desesperar diante de uma santidade que fosse imaculada e que só pudesse manifestar-se julgando-nos e queimando-nos? E quem poderá afirmar que não precisa de ser apoiado e sustentado pelos outros? […]

A Igreja não está em primeiro lugar nos órgãos que a organizam, reformam, governam, e sim naqueles que simplesmente crêem e recebem nela o dom da fé que se torna a sua vida.

Com isto chegamos à outra palavra que o «Credo» usa para qualificar a Igreja: «católica». São muitas as nuances de sentido que acompanham este termo desde a sua origem. Mas existe nele uma ideia principal que pode ser comprovada desde o início: trata-se de uma palavra que remete duplamente para a unidade da Igreja; em primeiro lugar, ela indica a unidade local da Igreja: só a comunidade unida ao bispo é «Igreja Católica»; os grupos que se separaram dessa Igreja local por qualquer razão não são «católicos». Em segundo lugar, o termo refere-se à unidade das muitas igrejas locais entre si; elas não podem fechar-se em si mesmas, pois, para serem Igreja, precisam de estar abertas umas às outras, formando a Igreja una no testemunho comum da palavra e na comunhão da mesa eucarística que recebe a todos em qualquer lugar. […]. Os elementos fundamentais da Igreja são o perdão, a conversão, a penitência, a comunhão eucarística e, a partir dela, a pluralidade e a unidade: a pluralidade de igrejas locais que só podem ser consideradas Igreja na medida em que se inserem no organismo da Igreja una. O conteúdo da unidade é formado sobretudo pela palavra e pelo sacramento: a Igreja é una pela palavra una e pelo pão uno. A estrutura episcopal aparece no fundo como meio dessa unidade.

“Introdução ao Cristianismo”. Joseph Ratzinger. Principia. 2005. Pg 248-253

HÉLDER GONÇALVES

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