sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Eu creio, ajuda a minha pouca fé


O movimento para Jesus

Repetimos muitas vezes, e com razão, que no Novo Testamento acreditar não consiste em ter por verdadeiras nem em aceitar verdades difíceis de compreender. No Novo Testamento, a fé tão-pouco se apresenta como essa grande provação que caracterizou alguns meios judeus do tempo de Jesus quando as promessas de Deus tardavam em realizar-se.

Podemos dizer que, no Novo Testamento, a fé surge primeiro sob a forma de um movimento e que consiste numa caminhada, o de «ir a Jesus». Talvez devêssemos dizer que antes de ser um «movimento para», a fé é
essencialmente uma sede, um desejo: «se alguém tem sede, venha a Mim; e quem crê em mim, que sacie a sua sede» (João 7,37). Se, neste texto, São João põe em paralelo «ir a» e «crer em» (cf. 6,35), ao mesmo tempo ele sabe que este «ir a Jesus» depende, no fundo, de uma secreta atracção que o Pai já exerce sobre o coração (6,44).

Em primeiro lugar, a fé não diz respeito a certas verdades ou promessas para o futuro, nem mesmo a revelações sobre a existência de um Deus transcendente. Ela começa por um «ir ao» encontro da pessoa de Jesus e este «ir» nasce muitas vezes de uma sede. Em segredo, o coração já foi trabalhado. Já foi atraído.
Com a encarnação, com a presença de Jesus como ser humano, a fé reveste-se, em primeiro lugar, de uma forma extremamente simples: um desejo pode conter em si mesmo o início da fé; um movimento é já o princípio de um caminho.

Em várias passagens do Quarto Evangelho, podemos acompanhar percursos como este. O capítulo 9 conta a cura de um cego de nascença. No princípio, este só sabe que foi curado por aquele «homem que se chama Jesus» (v. 11).
Mais à frente afirma que «é um profeta» (v. 17). Perante a contestação, dá ainda mais um passo: só pode ser um homem de Deus, porque se não viesse de Deus, não teria podido fazer nada (v. 31 e 33). Por fim, quando reencontra Jesus e descobre n'Ele o Filho do Homem, prostra-se diante d’Ele e diz «eu
creio» (v. 35-38). Que caminho percorrido! A princípio apenas noções vagas, de seguida uma penetração no mistério e por fim um gesto de adoração. Ele, que não via nada, está de tal forma conquistado que o facto de ver já não é assim tão importante. Para ele a luz passou a ser interior e essa luz basta.

No capítulo 20 também se desenham várias caminhadas. Pedro e João correm para o túmulo. Encontram-no vazio, com as vestes muito bem arrumadas. Do discípulo amado, o Evangelho diz que «viu e acreditou» (v.8). Não se diz em que é que acreditou. Teria tido um pressentimento? 
A Maria de Magdala foi dado ver o Ressuscitado. Reconheceu-O quando Ele a chamou pelo seu nome (v. 16). Na tarde do mesmo dia, os apóstolos também puderam ver Jesus. Viram as marcas da Paixão. Mas foi soprando sobre eles, enchendo os da Sua própria vida que Jesus colocou a fé dentro deles (v. 20 e 22). 
Neste capítulo o caminho só se conclui com Tomé. Este não podia acreditar, mas, na presença de Jesus, ficou perturbado, certamente porque as marcas da Paixão estavam diante dos seus olhos, mas provavelmente também porque, e
principalmente por isso, se apercebeu de que Jesus leu o seu coração. Quando Tomé diz: «Meu Senhor e meu Deus!», a última palavra evoca de novo a adoração (v. 27-28).

Cada um pode reter para si um ou outro elemento destes percursos. O que é mais impressionante, parece-me, é que, por um lado, começam com muito pouco e, por outro, ao longo do caminho Cristo está muito mais presente do que aquele que procura poderia supor. Podemos dizer também de nós mesmos: pusemo-nos a caminho com quase nada e, à medida que íamos avançando, demo-nos conta de que Aquele a quem íamos já nos conhecia. Uma atracção da Sua parte ia à nossa frente. A fé não é da ordem do que se pode medir, porque não consiste apenas num «movimento para». Ela é já em si mesma presença d’Aquele a quem vamos.

HÉLDER GONÇALVES

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Deus Pai


Deus Pai

Quando dizemos «Pai», num contexto cristão, estamos a entrar dentro de um ‘espaço’ muito rico e profundo. Já desde as origens da revelação percebemos que Deus possui uma vontade de libertar o povo que escolheu e chamou à existência.

Deus é um amigo que estabelece com o povo um pacto de amizade, que o protege no caminho e que suscita uma resposta de confiança e cumprimento da Lei; é ainda um Deus que convoca o povo e o põe a peregrinar para o futuro, para a Promessa, para o reino da vida autêntica.


Antigo Testamento

No Antigo Testamento, Deus não é chamado e conhecido como «Pai». Mas é um Deus que cria, que liberta e oferece uma lei que dá a possibilidade a vida. As passagens veterotestamentárias que aludem a Deus com Pai são essencialmente as seguintes:
- em contexto profético, de eleição divina e de resposta humana, Jeremias fala dos filhos de Israel que se negaram a chamar Deus “seu Pai”, não quiseram obedecer à Sua vontade e perderam-se (Cf. Jr 3,19). Também o canto de Moisés interpretou a queda e os pecados de Israel como o abandonarem o Deus Pai (Cf. Dt 32,6)

- em contexto da piedade judaica, embora com influência já do mundo helénico, há já um grupo de textos que apresentam Deus como Pai dos crentes, considerado no sentido individual. No livro de Bem Sirá, Deus é invocado como “Senhor, Pai e soberano da minha Vida” (23,1.4) e em Sabedoria 14,3 alude-se à sabedoria de “Deus Pai”.

Deus não é Pai porque gera de forma física, mas porque chamou os filhos de Israel para serem um povo de homens livres. É Pai porque ama e porque escolhe um povo e o guia segundo o caminho da Lei, conduzindo-o a uma terra de liberdade. Desta forma, quase sem usar a palavra ‘pai’, os hebreus começaram a realizar a grande revolução religiosa do símbolo paterno.


Novo Testamento

No Novo Testamento, principalmente no Evangelhos, podemos descobrir os traços principais da paternidade de Deus, de um Deus que só se descobre à medida que se nasce de novo, acolhendo o Reino de Deus entre nós:

Deus é Pai, dá a vida numa atitude de graça. Por isso, a descoberta da paternidade divina só é possível de se descobrir à medida que se aceita nascer de novo, fazer a experiência de um novo nascimento, deixando-se amar por Deus em atitude de acolhimento gratuito. Por isso, Jesus definiu os crentes como ‘crianças’ (Cf Mc 9, 33-35).

- Deus é Pai, perdoa os homens. Porque Deus ama de modo gratuito, permite o renascimento daqueles que já estavam mortos no mundo e para os donos do mundo: coxos, aleijados, cegos, pecadores, prostitutas… agora todos, não apenas alguns, são herdeiros da herança divina: serem filhos de Deus. Quando o pai recebe o filho mais novo, oferece-lhe um novo nascimento, o filho mais velho percebe que tem de mudar de vida e percebe que a ‘paternidade’ não está no cumprimento cego da lei, mas sim no amar e deixar-se amar (Cf. Lc 15, 28-32).

- Deus é Pai, em diálogo constante com os homens. Deus está em profunda intimidade com os homens, numa intensa proximidade. Deus não está fora da humanidade, nem dentro dela, confundindo-se. Deus é companheiro de caminho que nos permite viver da vida divina, oferecendo-se em gestos de gratuidade e proximidade (Cf. Lc 24, 13-23). O Mistério de Cristo, a possibilidade de participar nesse Mistério, permite compreender que o Filho permite-nos conhecer e venerar o Pai.


A Páscoa

Aqui chegamos ao centro do Mistério cristão: a experiência pascal. Deus revela-se plenamente como Pai ao ressuscitar da morte o Filho Jesus Cristo. Só assim O conhecemos na Sua totalidade:

Deus é Pai como fundador e final, que ressuscitará a humanidade da morte, porque já ressuscitou o seu Filho Jesus, primogénito de toda a humanidade.
Deus revela-se como Pai ao expressar a profundidade da sua paternidade na nossa natureza humana, fazendo com que o seu Filho encarnasse – nascesse e morresse entre os homens -, para induzir todas as pessoas no Mistério da vida eterna: a comunhão de amor da Santíssima Trindade.

A este propósito diz o Catecismo da Igreja Católica: “Deus é o Pai todo-poderoso. A sua paternidade e o seu poder esclarecem-se mutuamente. Com efeito, Ele mostra a sua omnipotência paterna pelo modo como cuida das nossas necessidades; pela adopção filial que nos concede; (…) mostra o seu poder no mais alto grau, perdoando livremente os pecados” (CCE 270).

HÉLDER GONÇALVES

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Jesus fez milagres?


Entre as acusações mais antigas dirigidas por Judeus e pagãos contra jesus, conta-se a de Ele ter sido um mago. No século II, Orígenes refuta as imputações de magia que Celso atribui ao Mestre de Nazaré (contra Celso 1,38), às quais também aludem São Justino, Arnóbio e Lactâncio. De igual modo, algumas tradições judaicas, que podem remontar ao seculo II, contêm acusações de feitiçaria contra Jesus. Numa delas diz-se o seguinte: «Na véspera da Páscoa, Yeshu (Jesus) foi crucificado. Durante quarenta dias, antes que tivesse lugar a execução, um arauto percorria as ruas, gritando: “Este vai ser apedrejado por ter praticado bruxaria, seduzindo e enganando Israel”» (Talmude da Babilónia, Sanhedrin, 43 a). Neste texto, e nos outros casos acima indicados, reconhece-se que Jesus fez milagres, embora não se admita que estes tiveram uma origem divina, sendo por isso atribuídos à magia. É a mesma acusação que aparece no Novo Testamento. Para alguns, jesus fazia milagres em nome de Belzebu (Mc 3,22 e paralelos).

Por outro lado, se compararmos os milagres de Jesus com os prodígios realizados por outros personagens da época (Hanina bem Dossa, Honi, o traçador de círculos, Eleazar, o exorcista, Apolónio de Tiana) concluiremos que se verificam entre eles diferenças notáveis. Jesus distingue-se dos outros pelo número, muito maior, de milagres que realizou e pelo sentido que lhes deu, completamente diferente do dos prodígios realizados por alguns daqueles personagens.

O número de milagres atribuídos a outros taumaturgos é muito reduzido, ao passo que o Novo Testamento dá notícia de numerosos milagres feitos por jesus.

Nos Evangelhos encontram-se vinte e sete relatos de milagres. Além disso, há referência a muitos outros milagres que Jesus realizou e que não são explicitamente mencionados. Numa passagem de São Mateus, por exemplo, Jesus refere milagres realizados em Corazim e Betsaida, que não são recolhidos pelos Evangelistas: «Ai de ti Corazim! Ai de ti Betsaida! Porque se os milagres realizados entre vós tivessem sido feitos em Tiro e em Sídon, de há muito se teriam convertido, vestindo-se de saco e com cinza» (Mt 11,21; Lc 10,13). São João também diz, no final do seu Evangelho, que «muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro» (Jo 20,30). Por isso, São Pedro poderá referir-se a Jesus no dia de Pentecostes como «homem acreditado por Deus junto de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus realizou no meio de vós por seu intermédio» (Act 2,22-23). Ver também (Mc 1,32-34 e paralelos; 3,7-12 e paralelos; 6,53-56).

O sentido que Jesus deu aos seus milagres também é diferente do de qualquer outro taumaturgo: Jesus faz milagres que implicam, para os respectivos beneficiados, um reconhecimento da bondade de Deus e uma mudança de vida. A sua resistência em fazê-los mostra que não procura a sua própria exaltação ou glória. Daí que tenham um significado próprio. Os milagres de Jesus são entendidos no contexto do reino: «Se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demónios, então chegou até vós o Reino de Deus» (Mt 12,28). Jesus inaugura o Reino de Deus e os milagres são uma chamada a uma resposta de fé. Isto é fundamental, sendo um sinal distintivo de todos os milagres que Ele realizou. Reino e milagres são inseparáveis.

Portanto, Jesus fez milagres para confirmar que o Reino estava presente nele, para anunciar a derrota definitiva de Satanás e para aumentar a fé na sua pessoa. Os seus milagres não podem explicar-se como acções assombrosas mas como actuações do próprio Deus, com um significado mais profundo que um simples facto prodigioso. Os milagres, como disse São João, são sinais de outras realidades espirituais: as curas do corpo – libertação da escravidão da doença – significam a cura da alma da escravidão do pecado; o poder de expulsar os demónios indica a vitória de Cristo sobre o mal; a multiplicação dos pães alude ao dom da Eucaristia; a tempestade acalmada é um convite a confiar em Cristo nos momentos difíceis; a ressurreição de Lázaro anuncia que Cristo é a própria ressurreição, figura da ressurreição final, etc.

Assim, pois, do conjunto de afirmações do Novo Testamento e de outros testemunhos extra-biblicos, entre os dados da vida de Jesus considerados comprovados conta-se, hoje em dia, o facto de Ele ter realizado milagres aceites como demonstrados sobre a sua vida e de estes estarem associados à proclamação do Reino de Deus.

HÉLDER GONÇALVES

domingo, 25 de novembro de 2012

Cristo Rei

A Igreja celebra a Festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.  

Qual é o reino de Jesus Cristo? 

Poderíamos imaginá-lo sob a forma de um reino terreno, onde os valores como  riqueza e poder são os critérios de julgamento?  Certamente que não. 

Diante de Pôncio Pilatos, Jesus vai afirmar: o meu reino não é deste mundo (Jo 19, 36). A realeza de Cristo, que nasce da morte no Calvário e culmina no acontecimento dela inseparável, a ressurreição, recorda-nos aquela centralidade, que a ele compete por motivo daquilo que é e daquilo que fez. Verbo de Deus e Filho de Deus, primeiro que tudo e acima de tudo, “por Ele — como repetiremos no Credo — todas as coisas foram feitas”, Ele tem um intrínseco, essencial e inalienável primado na ordem da criação, a respeito da qual é a suprema causa exemplar. 

Instalar um reino nesses moldes entre nós ainda é um desafio.  É desafiador reconhecer Jesus Cristo naquele mais pobre, mais necessitado e  que nos interpela por justiça. É desafiador pensar em um reino onde todos possam ser iguais, onde o que prevalece é o poder de serviço e não o poder autoritário que esmaga o outro.  

Saberemos um dia viver assim?  
Seremos capazes de assumir esta proposta em toda a sua radicalidade?  
Seremos, nós, ativos construtores dessa nova ordem?  
Este é o convite que a festa de Cristo Rei nos faz.  

Que saibamos responder afirmativamente a ele.  Que possamos reconhecer em Jesus Cristo o convite à implementação de um novo reino e que sejamos seguidores fiéis de um rei de amor e de bondade.
Com a festa de Cristo Rei, pomos à prova a nossa vocação especial, de ser leigo ou leiga no mundo de hoje que é um permanente desafio.  Desafio de vida e testemunho: como estar no mundo, sem ser do mundo, como nos conclama São Paulo?  Leigos e leigas ocupam importantes ministérios na vida da Igreja e assumem a sua vocação particular de constituir família – e aceitar com generosidade a vocação matrimonial que Deus lhes dá.  Assumem a vocação de actuar profissionalmente com ética, dedicação e diferencial positivo no sentido de ser uma pessoa diferente no meio de tantas. 

Assumem uma vocação missionária, dedicando-se, muitas vezes, solitariamente, ao outro mais necessitado. Devemos considerar a situação da vida dos leigos na família, célula fundamental da Igreja e da sociedade, em tempos difíceis de desagregação da ordem familiar, com a relativização do matrimónio que gera um casamento sem compromisso cristão.

Vivemos uma grave crise moral que hoje em dia se abate, de muitos modos, sobre a família em geral. Precisamente por isso, é necessária e urgente uma profunda revitalização da instituição familiar. É essa uma tarefa prioritária dos leigos na nova evangelização. É doloroso observar a extrema fragilidade de muitos casamentos, com a triste sequela de inúmeras separações, de que os filhos são sempre vítimas inocentes. É ainda lastimável ver o desrespeito à lei divina, que se espalha com a difusão de práticas anti-conceptivas gravemente ilícitas; ver o índice alarmante de esterilizações de mulheres e de homens, voluntárias ou induzidas, às vezes, pelos responsáveis da sociedade política ou por profissionais que deveriam zelar pela dignidade e integridade da pessoa e do corpo social; ver o incremento, também alarmante, da prática do aborto, desse atentado criminoso ao direito humano primeiro e fundamental, o direito à vida desde o instante da sua concepção, que jamais pode ter qualquer justificativa prática e, menos ainda, legal. 
Não podemos descuidar-nos das outras graves causas de deterioração das famílias, como as decorrentes das condições de habitação, de alimentação e de saúde, de instrução e de higiene em que vivem milhões de pessoas no campo e nas periferias das cidades, com a lamentável consequência de um elevado número de menores abandonados e marginalizados. As consequências dos desvios levam-
nos a situações injustas insustentáveis que conduzem a uma constante violência entre nós. 

Pede-se às lideranças leigas a lançar um forte apelo à responsabilidade moral dos detentores do poder público, nos seus diferentes níveis, e de todos os homens de boa vontade, católicos ou não, para que criem, dentro das suas possibilidades de actuação, condições económicas e sociais que garantam a dignidade da vida humana e da família. Pode-se fazer muito e deve-se fazer muito para reverter essa situação. É muito séria a obrigação de cada fiel baptizado – os nossos irmãos e irmãs leigas – de promover corajosamente os valores cristãos do casamento e da família. “Começai pelos vossos próprios lares, a fim de serdes vós mesmos “luz do mundo” e sal que preserva da corrupção”.

Estamos em estado permanente de missão à sombra da procteção da Virgem Maria. Todos os leigos e leigas, homens e mulheres, estão vinculados aos ministérios que exercem, tais como “ministros da Palavra, animadores de  assembleia e de pequenas comunidades”. A sua abnegação e dedicada entrega como missionários são louvados, especialmente na participação da missão “ad gentes”. Devo sublinhar, que o lugar do cristão leigo é no mundo, renovando as estruturas temporais. “Os leigos, conscientes do seu chamamento à santidade em virtude da sua vocação baptismal, são os que têm de actuar à maneira de fermento na massa para construir uma cidade temporal que esteja de acordo com o projecto de Deus.”

É assim que vão surgindo e ocupando espaço os leigos que dedicam a sua vida ao estudo, ensino e pesquisa da teologia; os leigos e leigas orientadores espirituais, que acompanham outros no itinerário do encontro em profundidade com o Deus de Jesus Cristo; os leigos e leigas que lideram comunidades cristãs, organizam a liturgia e a celebração. Ou seja, cristãos leigos que exercem uma acção transformadora sobre o mundo, actuando desde dentro da Igreja. 

Os baptizados devem trabalhar no mundo, nas estruturas temporais, ouvindo a voz dos sacerdotes da Igreja. 

Enfim, leigos e leigas assumem o grande desafio de serem pedras vivas da Igreja, trabalhadores do Reino que Cristo Rei vem implementar.

HÉLDER GONÇALVES

sábado, 24 de novembro de 2012

Monte Atos - Grécia

- Terá a Virgem Maria passado por aqui?

- Terá sido aqui o primeiro lar de Zeus ?


Segundo uma antiga lenda, consta que no ano 49 A.C, Maria acompanhada do Apóstolo João, terão feito uma viagem a Chipre e com o mau tempo terão âncorado aqui. 

Maria ficou deslumbrada com a beleza do local e pediu a Deus para deixar fazer daquele local a sua morada. 

Existia no local uma estátua de Apolo que sim que Maria pisou terra a estátua ganhou vida e chamou os ermitas para virem adorar a Mãe de Deus, tendo depois se desfeito em pedaços.

Os antigos Gregos veneravam este monte chamado Agion Oros, que quer dizer, o monte Santo.

Homero, menciona-o também como sendo o primeiro lar de Zeus.

Hérodoto situa nele um templo de Apolo. 

Em 842, na altura do concílio ortodoxo, a imperatriz Teodora já mencionava os monges de Atos, organizados e viviam com os primeiros cristâos.

No Mosteiro de Xenofontos do monte Atos, vivem cerca de 60 monges e conta com cerca de 300 manuscritos e 4000 livros na sua biblioteca.

Existe no monte Atos vários Mosteiros que se regem por decretos imperiais dos séculos X e XI. Cada um é dirigido por um Abade que é eleito pelos seus companheiros de forma vitalícia.

HÉLDER GONÇALVES

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Machu Picchu - Perú

- Que representou, no passado, Machu Picchu?

- Porque foi abandonada?

- Porque é que nenhum cronista da batalha fala da sua existência?


Em 1911 um camponês chamado Melchor Arteaga levou o arqueólogo Hiram Bingham ao topo do monte Machu Picchu, que quer dizer «monte velho» ou «monte sábio», para lhe mostrar umas importantes e gigantescas ruínas. 

Foi então que Hiram Bingham descobriu um autêntico tesouro, pois este era composto por socalcos destinados a terrenos agrícolas  casas, degraus, altares, praças e templos sepultados por baixo da erva e, ao qual pensa ser o berço espiritual da civilização inca.

Machu Picchu, foi construída, no século XV, no reinado de Pachacuti o monarca mais poderoso da história dos Incas. 
As requintadas construções de Machu Picchu demonstram o seu carácter de centro religioso, por se pensar que tenham aqui vivido pessoas ligadas à nobreza.

Ninguém sabe como foi possível levar estas pedras grandes para o topo da montanha, visto que os incas não conheciam a roda, mas também é surpreendente a forma como encaixam as pedras umas nas outras, sendo um autêntico quebra cabeças.

Machu Picchu, está cheio de mistério e os incas acreditam nas três esferas da existência representado por três animais: o condor: que representa o paraíso; o jaguar: que encarna o presente; e a cobra, que é a forma visível do mundo espiritual  O número três para eles, representa a totalidade ou a globalidade do Universo.

O carácter sagrado de Machu Picchu é confirmado pelo número de esqueletos encontrados: 26 homens, 4 rapazes e 109 mulheres, ao qual esta desproporção pensa-se que nos últimos tempos teria sido povoado pos acclas, ou virgens consagradas ao serviço dos altares. 

Também uma outra hipótese, é a de que um sacerdote noviço violou uma das Virgens do Sol e esta gravíssima profanação terá conduzido ao abandono da cidade.

Machu Picchu, é tão rico em lendas e histórias e envolvida em mistério que se aconselha a ler e pesquisar mais sobre a sua realidade.

HÉLDER GONÇALVES

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Quem é Cristo para mim?


A dimensão interior do homem deve ser procurada insistentemente na nossa vida. Nesta reflexão veremos alguns dos efeitos que deve ter esta dimensão interior em nós. Não esqueçamos que tudo vem de um esforço de conversão; tudo nasce de nosso esforço pessoal por converter a alma a Deus, por dirigir a mente e o coração a nosso Senhor.
Que consequências tem esta conversão em nós? Numa catequese o Papa falava das três dimensões da conversão: a conversão à verdade, a conversão à santidade e a conversão à reconciliação. 

Que significa converter-me à verdade?
Evidentemente, que a primeira verdade a que tenho de converter-me é à verdade de mim mesmo; quer dizer, quem sou eu?, para que estou neste mundo? Mas, ao mesmo tempo, a conversão à verdade é também uma abertura a essa verdade que é Deus, nosso Senhor, à verdade de Cristo. 

Converter-me a Cristo não é somente converter-me a uma ideologia ou a uma doutrina; a conversão cristã tem que passar primeiro pela experiência de Cristo. Às vezes podemos fazer do cristianismo uma teoria mais ou menos convincente de forma de vida, e então ouvem-se expressões como: “o conceito cristão”, “a doutrina cristã”, “o programa cristão”, “a ideologia cristã”, como se isso fosse realmente o mais importante, e como se tudo isso não estivesse ao serviço de algo muito mais profundo, que é a experiência que cada homem e cada mulher têm que fazer de Cristo. 

O fundamental do cristianismo é a experiência que o homem e a mulher fazem de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Que experiência tenho eu de Jesus Cristo? Nenhuma? Que tremendo seria que soubesse todo o catecismo mas que não tivesse experiência de Jesus Cristo. Estritamente falando não existe uma ideologia cristã, é como se disséssemos que existe uma ideologia de cada um de nós. Existe a pessoa com suas ideias, mas não existe una ideologia de uma pessoa. O mais que se pode fazer de cada um de nós é uma experiência que, evidentemente como pessoas humanas, comporta umas exigências de tipo moral e humano que nascem da experiência. Se eu não parto da reflexão sobre a minha experiência de uma pessoa, é muito difícil que eu seja capaz de aplicar teorias sobre essa pessoa. 

É Cristo para mim uma doutrina ou é alguém vivo? É alguém vivo que me exige, ou é simplesmente uma série de perguntas de catecismo? A importância que tem para o homem e a mulher a pessoa de Cristo não tem limites. Quando alguém teve uma experiência com uma pessoa, dá-se conta, de que constantemente se abrem novos campos, novos caminhos nunca andados, e quando chega a morte e deixamos de ter a experiência quotidiana com essa pessoa, damo-nos conta de que a sua presença era o que mais enchia a nossa vida.
Converter-me a Cristo significa tornar Cristo presente na minha existência. Essa experiência é algo muito importante, e temos que perguntar-nos: Está Cristo realmente presente em toda minha vida? Ou está simplesmente em algumas partes da minha vida? Quando isto acontece, o importante é que nos demos conta de que talvez eu não estou a ser o cristão que deveria ser. Converter-me à verdade, converter-me a Cristo significa levá-lo e torná-lo presente em cada minuto. 

Há uma segunda dimensão desta conversão: a conversão à santidade. Diz o Papa, “Toda a vida deve estar dedicada ao aperfeiçoamento espiritual. Na Quaresma, é mais notável a exigência de passar de uma situação de indiferença e afastamento a uma prática religiosa mais convencida; de uma situação de mediocridade e tibieza a um fervor mais sentido e profundo; de uma manifestação tímida da fé ao testemunho aberto e valente do próprio credo.” Que interessante descrição do Santo Padre! Na primeira frase fala a todos os cristãos, não a monges nem a sacerdotes. Sou realmente uma pessoa que tende para a perfeição espiritual? Qual é minha intenção para a visão cristã da virtude da humildade, da caridade, da simplicidade de coração, ou na luta contra a preguiça e a vaidade? O Papa pinta uns traços do que é um santo, diz: “O santo não é nem o indiferente, nem o distante, nem o medíocre, nem o tíbio, nem o tímido”. Se não és distante, medíocre, tímido, tíbio, então tens que ser santo. Escolhe: ou és esses adjectivos, ou és santo. E não esqueçamos que o santo é o homem completo, a mulher completa; o homem ou a mulher que é convencido, profundo, aberto e valente. Evidentemente a dimensão fundamental é pôr minha vida diante de Deus para estar convencido diante de Deus, para ser profundo diante de Deus, para ser aberto e valente diante de Deus. 

Pode acontecer que na minha vida, este esforço pela santidade não seja um esforço real, e isto sucede quando queremos ser veleidosamente santos. Uma pessoa inconstante é aquela que tem um grandíssimo defeito de vontade. O inconstante é aquela pessoa que, querendo o bem e vendo-o, não procura os meios. Vejo o bem e digo: que formoso é ser santo!, mas como para ser santo é preciso ser convencido, profundo, aberto e valente, pois ficamos com os sonhos, e como os sonhos..., sonhos são.
Quero realmente ser santo, e por isso, a minha vida cristã é uma vida convencida, e por isso, procuro formar-me para me convencer, em minha formação cristã a nível moral, a nível doutrinal? Quantas vezes a nossa formação cristã é una formação cega, não formada, não convencida! Damo-nos conta de que muitos dos problemas que temos são por ignorância? O meu cristianismo é profundo, aberto e valente no testemunho? 

Há uma terceira dimensão desta conversão: a dimensão da reconciliação. Daqui brota e se alimenta a terceira conversão a que nos convida a Quaresma. O Papa diz que todos somos conscientes da urgência deste convite a considerar os acontecimentos dolorosos que está sofrendo a humanidade: “Reconciliar-se com Deus é um compromisso que se impõe a todos, porque constitui a condição necessária para recuperar a serenidade pessoal, a alegria interior, o entendimento fraterno com os outros e por conseguinte, a paz na família, na sociedade e no mundo. Queremos a paz, reconciliemo-nos com Deus”. 

A primeira injustiça que se comete não é a injustiça do homem para com o homem, mas a injustiça do homem para com Deus. Qual é a primeira injustiça que aparece na Bíblia? O pecado original. E do pecado de Adão e Eva que pecado nasce? O segundo pecado, o pecado de Caím contra Abel. Do pecado do homem contra Deus nasce o pecado do homem contra o homem. Não existe nenhum pecado do homem contra o homem que não provenha do primeiro pecado do homem contra Deus. Não há nenhum pecado de um homem contra outro que não nasça de um coração do qual Deus já se foi há muito tempo. Se queremos transformar a sociedade, a primeira coisa que temos que fazer é reconciliar o nosso coração com Deus. Se queremos recristianizar o mundo, mudar a humanidade, a primeira coisa a fazer é transformar e recristianizar o nosso coração. Os meus critérios são os do Evangelho? Os meus comportamentos são os do Evangelho? A minha vida familiar, conjugal, social e apostólica radica do Evangelho? 

Esta é a verdadeira santidade, que só a conseguem as pessoas que realmente fizeram da sua existência a experiência de Cristo. Pessoas que buscam e anelam a experiência de Cristo, e que não encontram desculpas para a não fazer. Não é desculpa para não fazer a experiência de Cristo o próprio carácter, nem as próprias obrigações, nem a própria saúde, porque se nestes aspectos de minha vida não sei fazer a experiência de Cristo, não estou a ser cristão. Quaresma é converter-se à verdade, à santidade e à reconciliação. Em definitivo, Quaresma é comprometer-se. Converter-se é comprometer-se com Cristo com a minha santidade, com a minha dimensão social de evangelização. É isto que procuro? É isto que faço? Procuro os meios para o fazer? Se assim é, muito bem; se não é assim, vou mal. Porque uma pessoa que se chame a si mesma cristã e que não esteja autenticamente comprometida com Cristo na sua santidade para evangelizar, não é cristã. 

Reflictam sobre isto, tirem compromissos e procurem ardentemente essa experiência, essa santidade e esse compromisso apostólico; nunca digam não a Cristo, nunca se ponham acima do que Cristo lhes pede, porque no dia em que o fizerem, estarão a ser pessoas distantes, indiferentes, tíbias, medíocres, tímidas. Em definitivo não estarão a ser autênticos seres humanos, porque não estarão a ser cristãos.

HÉLDER GONÇALVES

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Cruz Grega


Símbolo universal do Cristianismo, a cruz grega tem sido especialmente utilizada ao longo da história.

É também conhecida como cruz simples, pois tem as quatro hastes iguais, em altura e largura, inserindo-se num plano quadrado.

Era já usada pelos gregos e romanos como símbolo de mistério e aparece em manuscritos, cartas e diplomas de imperadores, reis e pontífices.

É também frequente encontra-la em contratos comerciais ou outros documentos medievais de grande importância, que eram selados com o sinal da cruz.

Na arquitectura, foi utilizada em muitos monumentos da antiguidade cristã e tem tido um papel importante na disposição da planta de igrejas e catedrais, rivalizando com a cruz latina das construções românicas e góticas.

Esta disposição em cruz grega teve origem na magnífica arquitectura bizantina. Os primeiros exemplos foram realizados em Constantinopla, actual Istambul (Turquia), e Ravena (Itália), de onde se estenderam para o Ocidente.

Saint Front de Perigueux, em França, é um excelente exemplo da utilização da planta em cruz grega e assinala a influência da arquitectura cristã oriental.

Esta cruz tem também servido como decoração em templos ou lugares de especial significado espiritual e religioso.

Encontram-se muitas vezes pintada, executada em forja ou outros materiais requintados, ou ainda talhada em pedra, adornando as cúpulas dos templos e as paredes exteriores de igrejas e mosteiros, como sinal da esperança para o ser humano.

HÉLDER GONÇALVES

sábado, 17 de novembro de 2012

Santiago de Compostela

Catedral de Santiago

Graças a Deus!

Mais uma vez, e desta vez sem contar, fizemos o caminho de Santiago a pé, com alguns percalços no caminho.

De facto, foi uma sorte enorme e uma bênção de Deus, sendo agora outono e tem estado muito chuvoso este ano, fizemos todo o caminho sem uma única gota de chuva.

Obrigado Senhor!

Pois por causa do mau tempo que fez nos dias anteriores, precavemo-nos com botas por causa dos caminhos alagados o que se veio a revelar um desastre para os pés.

Mas passado esta parte resolvida, em que todo o sofrimento e dor causado pelo calçado, foi oferecido em remissão dos nossos pecados, sempre conseguimos prosseguir o caminho e chegar ao fim.

Santiago, continua a aglutinar diariamente dezenas ou até centenas de peregrinos que, por razões diversas ali se deslocam e pedem a sua intercessão.

Santiago não foi um apóstolo qualquer mas, um dos três privilegiados que Cristo escolheu para estarem nos momentos mais marcantes como, a Transfiguração no Monte Tabor ou ainda a ressurreição da filha de Jairo, só ele, João e Pedro puderam presenciar ao vivo.

Este caminho foi também um caminho de fé, onde durante longas horas de caminhada houve espaço para uma reflexão interior, para rezar e encontrar-se com Deus.

O caminho de Santiago é difícil de explicar, porque o caminho Vive-se e não se explica.

Graças a Deus, para mim este foi a décima vez que fiz o caminho a pé, e se Deus me permitir volto sempre com muito gosto, pois todos os anos o caminho é sempre diferente.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Santiago de Compostela, rogai por todos nós.

Aqui deixo algumas fotos.

Catedral de Tui - Ínicio do Caminho

 

 

 

 

 


 


 



Km 0

 
Chegada a Santiago

Urna com os restos mortais de Santiago


HÉLDER GONÇALVES

sábado, 10 de novembro de 2012

Linhas de Nazca - Perú

- Colibris, cachalotes, aranhas e macacos que só se podem ver do ar devido às suas enormes dimensões, escavados na rocha nua do deserto.

- Por quem e para quê?

- É impossÍvel não pensar em seres vindos de outro mundo e em indicações para naves espaciais.




As Famosas Linhas de Nazca, situadas próximo à Costa, são desenhos geóglifos que só podem ser vistos do Alto, Observados do chão não passam de sulcos no solo macio e arenoso do Deserto,numa área conhecida por” Pampa Colorada”, tem 15 milhas de largura e corre ao longo de 37 milhas, paralela ao mar e aos Andes.

Nazca está Localizada a 450 km ao Sul de Lima,no Peru. É uma pequena Cidade de 30.000 habitantes,conhecida no Mundo pelas famosas Linhas de Nazca.
Maria Reiche, uma Famosa Matemática Alemã, falecida em 1998 com 95 anos de idade, residiu longo tempo em Nazca, tornando-se a Pesquisadora que mais estudou estas Linhas. Maria Reiche considerava que elas foram feitas pelas Culturas Paracas e Nazca durante o Período de 800 a.C e 600 d.C. Ela acreditava que se tratava de um Calendário com propósito Agrícola. 

Quem ou o que desenhou as Enigmáticas figuras? 
Muitos estudiosos dizem ser um local de rituais para garantir imortalidade dos mortos. Algumas linhas têm 15 cm de largura e outras, centenas de metros. O desenho de um "Lagarto", por exemplo, atinge 180 m de extensão, o "Condor" tem a envergadura das asas com 130 m , o "Macaco" é uma figura de 90 m. 
Outras figuras se misturam com estas: outros animais, figuras humanóides, objectos estranhos e plantas estilizadas. Alguns destes enigmáticos desenhos chegam a atingir 180 m de extensão, por 15 m de largura. 

Afinal, qual seria a verdadeira utilidade de um desenho tão extenso que só poderia ser visto do alto?

Escavados entre 900 a.C. e o ano 600 os desenhos guardam dois Enigmas. 

O primeiro é: como foram parar ali no deserto?! 
O segundo: que serventia teria ao Homem num tempo em que não se pensava em voar?!

Como sempre ocorre quando a Humanidade se vê diante de algo que não sabe explicar, muitos atribuem as Linhas de Nazca à intervensão Extraterrestre, como Erich von Daniken. Queriam identificar um Local para Seres vindo do Espaço, como nos actuais Aeroportos com as suas demarcações para pouso nas pistas? Seja como for, não será agora que este Mistério será esclarecido e, como se sabe, Mistérios costumam tornar as coisas mais interessantes… 


HÉLDER GONÇALVES

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Vergonha

Não é vergonha ter defeitos
Vergonha é ver os dos outros e não os próprios.

Não é vergonha cair
Vergonha é ficar caído.

Não é vergonha errar
Vergonha é perseverar no erro.

Não é vergonha ser ignorante em alguns assuntos
Vergonha é presumir de sábio em todos eles.

Não é vergonha ficar reprovado
Vergonha é não estudar.

Não é vergonha andar na moda
Vergonha é usar modas escandalosas.

Não é vergonha ser empregado
Vergonha é, chegando a patrão, desprezar os empregados.

Não é vergonha reivindicar a liberdade
Vergonha é não a conceder aos outros.

Não é vergonha respeitar as outras religiões
Vergonha é dizer mal da própria.

Não é vergonha pregar a paz com os inimigos
Vergonha é andar em guerra com os amigos e parentes.

Não é vergonha usar cabelos compridos
Vergonha é usar ideias curtas.

Não é vergonha ficar a dever
Vergonha é não pensar em pagar.

Não é vergonha ter vergonha
Vergonha é NÃO a ter. 

HÉLDER GONÇALVES

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Tempo para Deus


Certa ocasião, perguntei a um jovem, no fim de um dia muito preenchido de actividades, qual tinha sido o momento mais importante dele. Passeámos por tantos locais belíssimos, partilhámos em grupo tantos sorrisos e ele respondeu: «aquela visita fugaz ao Santíssimo Sacramento, logo de manhã, a caminho do Encontro».

Não estivemos lá mais do que 2 minutos. Foi o tempo de entrar na Capela da Adoração, ajoelhar, fazer sinal da Cruz, rezar um «Pai-nosso» e um «Obrigado por este dia, aceita-o, guarda-nos» e sair. Mas, para ele, foi o ponto alto da jornada. Para mim, como para ele no futuro, essa profundidade vivida em cada momento de oração, foi um sinal claríssimo do chamamento de Deus. E senti-me envergonhado porque esse não fora para mim, até aquela conversa, o momento mais importante…

Assim, podemos considerar como sendo o 4º sinal vocacional um gosto particular e uma necessidade de cultivar a vida espiritual, de ter momentos e espaços de oração. Gosto em especial não apenas por aquilo que é religioso mas particularmente por aquilo que “mexe com a alma”…; isto é, o encontro com Deus. Sentir-se muito bem na oração pessoal.
Convém fazer aqui três observações: a primeira é que não se trata (apenas) de sentimentos, emoção ou «calores» na alma.

Dizia Santa Teresa que «esses calores dá-os Deus nosso Senhor quando quer mas não fazem falta nenhuma!» Ou seja, emocionar-se até chorar com um cântico numa capela a meia-luz não significa que se trata de um chamamento de Deus. Até pode ser. Mas isso não basta.

E, então, como discernir? 
Pela perseverança. Se é apenas uma emoção passageira, esta pessoa não voltará a rezar no dia seguinte e no outro e no outro, se não lhe vieram as lágrimas aos olhos. Se, pelo contrário, a oração passa a ter um lugar diário na vida (que não consiste apenas em fazer o sinal da cruz ao sair da porta…) e cada vez é mais central, pode tratar-se de uma vocação nascente.

A segunda observação resulta da constatação de que a oração é uma necessidade e um imperativo para cada cristão. Sim, é verdade. Mas nem para todo o cristão, os princípios da vida na oração pessoal são tão espontâneos e profundos como na água que desce o rio. Ora Deus provoca este diálogo com fluência para ajudar uma pessoa a aproximar-se d’Ele. Como quando procuramos coisas em comum com uma pessoa para meter conversa.
Também Deus procura pôr coisas em comum com aquele/a que escolhe e fá-lo através da oração. Para esta pessoa, entrar em clima de oração é «tão natural como a sua sede».

A terceira e última observação tem a ver com a ordem em que estou a expor os sinais vocacionais que não é, de maneira nenhuma, obrigatória. Deus não obedece a esquemas e para cada pessoa Ele tem um plano de namoro e sedução muito peculiar.
Mas estas são algumas constantes que se têm manifestado naqueles que um dia descobriram o chamamento de Deus para uma vida de especial consagração.

HÉLDER GONÇALVES

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