segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Pecado Mortal e Venial

Ao contrário do que muitos pensam, a origem do pecado de cada um não está fora, mas no nosso próprio coração. É algo de dentro para fora e não o contrário.

A raiz do pecado está na nossa livre vontade, nas nossas escolhas, atitudes e acções, segundo o ensinamento do próprio Cristo"é do coração que procedem as más inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações. São estas as coisas que tornam o ser humano impuro". Mateus 15, 19-20 (Catecismo 1853).

A maldade presente no mundo não pode atingir-nos se nós não permitirmos, principalmente, se estivermos intimamente ligados a Deus. Mas, infelizmente, deixamo-nos levar pelo ritmo da vida, do meio social, das más influências e das modas que nos são impostos.

O pecado é uma falta contra a verdade, contra a razão (bom senso, juízo, prudência, moral, direito, justiça) e contra a consciência recta (capacidade de estabelecer julgamentos morais dos actos realizados).

Pecado é ofensa a Deus. É uma falta contra o amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo. O pecado ergue-se contra o amor de Deus por nós e desvia-nos  d’Ele os nossos corações. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana (Catecismo 1849).

Pecado é a transgressão de um preceito religioso. Pecado é a auto-suficiência. Santo Agostinho diz que "o pecado é amor de si mesmo até ao desprezo de Deus".

Pode-se distinguir os pecados segundo os actos humanos, os mandamentos que eles contrariam e às virtudes a que se opõem. Podemos pecar por pensamentos, palavras, actos e omissões. Em relação à omissão, não praticamos um mal, mas deixamos de fazer o bem.

O pecado é classificado, segundo a sua gravidade, em venial e mortal.

Pecado venial (desculpável, perdoável) ainda deixa existir a força e a acção da caridade, do amor na nossa vida, mas ofende-os e fere. Ele enfraquece a graça de Deus em nós, mas não a destrói.

Os pecados veniais são faltas leves, perdoadas no Acto de Contrição, rezado durante a Santa Missa, desde que estejamos sinceramente arrependidos. Porém, a confissão regular dos nossos pecados veniais ajudam-nos a formar a consciência, a lutar contra as nossas más tendências, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida espiritual. Recebendo mais frequentemente o perdão dos pecados e o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como ele (Catecismo 1458).

"O homem não pode, enquanto está na carne, evitar todos os pecados, pelo menos os pecados leves. Mas, esses pecados que chamamos leves, não os considerem insignificantes: se os considerar insignificantes ao pesá-los, treme ao contá-los. Um grande número de objectos leves faz uma grande massa; um grande número de gotas enche um rio. Qual é então a nossa esperança? Antes de tudo, a Confissão" (Santo Agostinho).

Já o pecado mortal destrói a caridade, destrói o amor no coração do homem por uma infracção grave á  lei de Deus; desvia o homem de Deus, preferindo um bem inferior, sem valor (Catecismo 1855). 

O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. O pecado mortal acarreta a perda da caridade, do amor e da privação da Graça Santificante, isto é, do estado de graça recebido no Baptismo. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que a nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso (Catecismo 1861).

Para que um pecado seja mortal requerem-se três condições ao mesmo tempo: ser matéria grave, cometido com consciência e deliberadamente.
A matéria grave é baseada nos dez mandamentos: não mate, não cometa adultério, não levante falso testemunho, não roube, honre pai e mãe (Marcos 10, 19).

Requer pleno conhecimento e consentimento. Pressupõe o conhecimento do carácter pecaminoso do acto, da sua oposição à lei de Deus.
Envolve também um consentimento suficientemente deliberado (meditar no que se há-de fazer, reflectir, decidir) para ser uma escolha pessoal.
A ignorância pode diminuir ou até desculpar a imputabilidade de uma falta grave, mas supõe-se que ninguém ignora os princípios da lei moral, inscritos na consciência de todo ser humano.

Em todo o caso, Deus, na sua infinita misericórdia e amor, deixou-nos um caminho de volta.

Ele está sempre de portas abertas para aceitar as nossas sinceras desculpas, independentemente da falta que tenhamos cometido, desde que estejamos sinceramente arrependidos.

O Sacramento da Confissão ou Reconciliação devolve-nos a graça de estarmos novamente no coração de Deus.

Por isso, não deixe a sua confissão para amanhã.

Não tenha medo, receio ou vergonha de abrir-se a um sacerdote, um ungido de Deus.


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