quarta-feira, 28 de março de 2012

MORTE DE JESUS CRISTO

Porque condenaram Jesus à morte?


À medida que a pregação de Jesus de Nazaré se ia desenrolando, a sua figura ía-se tornando cada vez mais controversa.

As autoridades religiosas de Jerusalém mostravam-se inquietas com a agitação que o Mestre, vindo da Galileia para a celebração da Páscoa, tinha suscitado entre o povo.

O mesmo sucedia com as autoridades romanas, visto que, numa época em que, de tempos a tempos, se esboçavam sublevações contra a ocupação romana, encabeçadas por líderes locais que apelavam ao orgulho judeu, as noticias acerca deste Mestre que chamava o povo a preparar-se para a chegada do «Reino de Deus» não eram nada tranquilizadoras. Uns e outros estavam, portanto, de sobreaviso contra Ele, embora por motivos diversos.

Jesus foi detido e julgado pelo Sinédrio. Não se tratou de um processo formal, segundo os requisitos mais tarde recolhidos na Mismá (Sanhedrin, 4,1) – exigindo, entre outras coisas, que o julgamento se desenrole apenas durante o dia - , mas sim de um interrogatório levado a cabo em casas particulares, com base nas acusações feitas contra Ele ou nas suspeitas levantadas acerca do seu ensinamento.

Tratou-se, concretamente, de uma instrução prévia sobre a sua afirmação de que destruiria o templo para depois o reedificar em três dias (Mt 14,58), sobre o halo messiânico em torno do seu personagem provocado pelas suas palavras e atitudes e, especialmente, sobre a sua suposta pretensão de possuir uma dignidade divina.

Mais do que as questões doutrinais em si, o que realmente preocupava as autoridades religiosas talvez fosse a agitação que elas temiam da parte de Jesus contra os padrões estabelecidos. Esta poderia dar lugar a uma agitação popular que os romanos não tolerariam, e que, por sua vez, poderiam dar origem a um agravamento da situação politica, que nesse momento era calma, devido às boas relações e à colaboração existente entre o Sumo-sacerdote Caifás e as autoridades romanas.

Sendo assim, transferiram a causa para Pilatos, levando o processo legal contra Jesus à presença da autoridade romana. Fizeram ver a Pilatos que Aquele que falava de um «reino» poderia constituir uma ameaça para Roma.

O governador tinha vários meios possíveis de resolver a situação. Uma delas era a coertio «castigo ou medida forçada», que lhe outorgava a capacidade de aplicar as medidas oportunas para manter a ordem pública. Com base nela, poderia ter aplicado a Jesus um castigo exemplar ou, inclusive, poderia tê-lo condenado à morte para que servisse de exemplo.

Também poderia instituir uma cognitio «conhecimento», processo formal em que era formulada uma acusação, havendo um interrogatório e sendo ditada uma sentença em conformidade com a lei.

No entanto, optou por uma cógnito extra ordinem, ou seja, um processo em que o próprio governador determinava o procedimento, ditando ele mesmo a sentença.

Assim se depreende de alguns detalhes aparentemente acidentais que se refletem nos relatos: Pilatos ouve as acusações, interroga, senta-se no tribunal para ditar a sentença (Jo 19,13; Mt 27,19), e condena Jesus à morte na cruz por ser «rei dos judeus», segundo se fez constar no titulus crucis, quer dizer, na placa que se fixava na cruz, indicando o motivo da condenação.

HÉLDER GONÇALVES


Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...