quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Nossa Senhora Aparecida - Balugães

Primeira Aparição Mariana em Portugal


“ Era, numa tarde cálida de Agosto de 1702, andava um pequeno pastor, de nome João, a guardar, como de costume, o seu rebanho, no monte de Castro de Balugães, a três léguas ao norte de Barcelos; de súbito, se desencadeou uma trovoada, medonha; o pequeno, entrando-se de medo, sem poder reunir o espavorido rebanho, viu-se compelido a procurar abrigo no desvão duma lapa, no lugar em que o surpreendera a tempestade. A emergir de um envoltório de luz suave, apareceu-lhe a Senhora, que lhe perguntou a razão do seu espanto; e ele, que nascera mudo, desprendendo-se-lhe a fala, responde-lhe que chora de susto. Anima-o a Virgem, e diz-lhe que vá prevenir o pai (este era pe­dreiro) que era seu desejo lhe construí-se ali uma ermida. 

Correu a criança a comunicar as ordens rece­bidas; mas o pai não lhe deu crédito, nem, ao menos, inquiriu do filho a razão daquela estranha mudança, pois vi-o agora a falar. Volta no dia seguinte ao monte o pastorinho, que desta vez chorava de fome; apareceu-lhe de novo a Senhora a reiterar o pedido, a fim de o alentar e de reduzir a incredulidade daquele pai insensível, adverte que vai mudar em pedaços de pão alvíssimo as migalhas, quase esgotadas, do pão negro do alforge que sobrava o esfomeado zagal; da mesma sorte, deste pão de milagre, o forno vazio da sua casa o pai encon­traria repleto a mais não caber. E o duplo milagre deu-se».


A pequena paróquia de Balugães foi na primeira metade do século dezoito, centro poderoso de atracção católica para todos os portugueses, particularmente para os fiéis da região de Entre-Douro-e-Minho. Ali acorriam diariamente piedosas romagens de peregrinos, para venerar o sítio onde a Mãe de Deus se dignara aparecer.
A falta de imprensa periódica para reclamo e defesa deste facto sobrenatural, e sobretudo o arrefecimento da fé cristã, ocasionado entre nós, no final daquele século e na primeira metade do seguinte, pela penetração dos intensos erros maçónico liberais, na classe secular e eclesiástica, enuviaram a aparição de Balugães.
Contudo, a fama dos factos sobrenaturais de Balugães deveriam ser algo estrondoso, para que chegassem aos ouvidos do apreciado escritor mariano do século dezoito, Fr. Agostinho de Santa Maria, (1642-1728) o qual, entre muitas outras obras, publicou o» Santuário Mariano», ou a História das imagens milagrosas da Santíssima Virgem, que residia em Lisboa, no seu, convento da Senhora da Boa-Hora, se não no de Évora, em que fora Prior e subissem os ecos da aparição à corte de D. Pedro II, com tal clari­vidência, que movessem a sua real piedade, perpetuada na coroa de prata que mandou à Senhora. E tudo isto naquele tempo em que Lisboa ficava distante de Balugães quatro ou cinco dias de viagem, nem havia imprensa periódica para registar e espalhar esta graça divina.

Outros milagres ocorreram na aparição de Balugães, além da cura do Vidente - o maior de todos -, o milagre que resolveu o pai a acreditar no pedido feito pela Senhora ao filho Vidente. E foi que, andando numa obra de pedreiro com o filho, passando este carregado com um cântaro de água, sobre uma alta ponte, caiu dela abaixo, ficando de pé e sem entornar a água. “E o suave aroma que rescendia o penedo que foi peanha da Senhora, e percebido pelo pai do Vidente, quando foi examinar o sítio da aparição, e que ficou narrado por Fr. Agostinho de Santa Maria”.

Deste infantilismo, quiçá provocado por meningite quando criança, apareceu curado depois da Aparição, e tão radicalmente que foi nomeado pelo próprio Arce­bispo de Braga, Sacristão dos templos da Senhora, nos quais ajudava às missas, como qualquer normal. Neste ministério viveu durante oito anos, assistindo como cola­borador manual à edificação das duas capelas, sobre a laje em que lhe apareceu a Senhora, e à do templo­-memória, durante os três últimos anos da sua vida. Antes da cura milagrosa, chamavam-lhe João Mudo, e depois era tratado por «Fr. João de Nossa Senhora Aparecida», como se deduz da narrativa de Fr. Agosti­nho de Santa Maria e do assento de óbito. Neste se acrescenta que «Fr. João, ermitão de Nossa Senhora».

Como os devotos que concorriam a este local eram muitos, assim sentiam ser a sua casa pequenina, todos pediam que lhe edificasse uma casa muito grande, e com estes fervorosos desejos todos ajuntavam pedra. À vista destes fervorosos desejos que todos mostravam, mandou o ilustríssimo Arcebispo Primaz de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles, edificar à Senhora um grande e formoso templo, de estilo neoclássico (1707 a 1720), com duas torres, sendo os seus altares de estilo barroco, de uma policromia extraordinária. Aqui, poder-se-á encontrar o mais belo estilo barroco no altar-mor desta igreja.

Durante o ano acorrem milhares de devotos em romagem até este Santuário Mariano em busca de protecção. A 15 de Agosto, realiza-se uma grande peregrinação, que parte da Capela de S. Bento em direcção ao Santuário de Nª Senhora. Nela participam as freguesias dos concelhos limítrofes, pertencentes às Dioceses de Braga e de Viana do Castelo.

Também por baixo da Capela encontra-se um penedo onde os devotos que acham que não têm pecados devem passar e aqueles que não passarem "diz-se" que não têm entrada no Céu.

É muito grande a devoção e os milagres aqui ocorridos.

 


HÉLDER GONÇALVES



1 comentário:

  1. Sou Minhôto de Carvoeiro, portanto, mêsmo ao lado da Aparecida. A Nossa Senhôra Tem Aparecido em Portugal dêsde os Primórdios(sensívelmente dêsde o séc.XI) da Nossa Bela História, só que nos últimos 100 e tal anos em que a república Maçónica foi "implantada" num Banho-de-Sangue de milhares de Portuguêses, muitos Documentos preciosos(registos escritos por frades) e Património arquitectónico fôram Deliberadamente Destruídos ou se "perdêram"...
    Esta não foi(nem de longe , nem de perto) a primeira Aparição , nem Fátima terá sido a última. NOssa SenhÔra, em Fátima , Prometeu que Apareceria de nôvo em Portugal, um pouco antes do Regresso Gloriôso do Nosso Senhôr. ÊSSE Dia Aproxima-SE rápidamente.

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