quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

IMACULADA CONCEIÇÃO E O ADVENTO

 “Fiat Mihi secundum Verbum Tuum”

“Faça-se em mim segundo a tua Palavra!”.(Cf. Lc 1,37)


A Solenidade da Imaculada Conceição celebra-se no “coração” do Advento. O tempo do Advento é o tempo de Maria por excelência, mais do que qualquer outro tempo litúrgico, pois é nele que a vemos na mais íntima relação com o seu Filho.

O amor de Mãe é, sem dúvida alguma, o mais forte, o mais pleno modo de  relacionar-se, de “ser para”.

É o amor que gesta, gera, nutre e cuida. Maria, desde o início da criação, é Aquela que foi “concebida”, no projecto de Deus, para realizar esta missão de amor, missão paradigmática para todas as mães, de todas as épocas e idades. Maria é plenamente Mãe porque é a nova Eva, a mãe de todos os que estão vivos. Aquela que se encontra unida ao Filho de Deus “por vínculo estreito e indissolúvel”(Cf. LG 53) e, por isso mesmo, sem o pecado original.

Se o Senhor veio no primeiro Natal, por meio de Maria, o mesmo Senhor vem, ainda hoje, nos nossos natais litúrgicos, também através d’Ela. Em Maria,  cumpre-se, então, o mistério do Advento. Ela é a aurora que precede, que anuncia, que traz no seu seio o Dia Novo que está para surgir.

Assim como na aurora se projeta a luz do Sol, de onde surge a vida, assim também, em Maria Imaculada, se reflecte o poder da Redenção, do Sol da Justiça, do Salvador que está para vir. A Solenidade da Imaculada Conceição, no tempo do Advento, constitui desta forma, a mais profunda preparação para o Natal.

“Fiat Mihi secundum Verbum Tuum”

“Faça-se em mim segundo a tua Palavra!” (Cf. Lc 1,37).

Maria mostra-nos, pela vinda do Verbo ao seu corpo, através da sua humildade radical, como nós, seus filhos, podemos também tornar-nos sinais desta presença, deste amor, desta misericórdia infinita de Deus, nas nossas acções. O Verbo Eterno pode também estar vivo dentro de nós, pela graça. Somos habitados por Deus.

Maria ensina-nos ainda como devemos ser quando hospedamos, pela graça, o Filho de Deus em nós.

A primeira resposta de Maria ao dom da maternidade divina foi sair de si mesma e servir. Ela vai logo ver a sua prima Isabel que está á espera de um bebé e precisa de ajuda. Ela foi socorrer alguém em necessidade, não com palavras bonitas, mas com acções, com actos concretos de ajuda, de serviço, de amor. Maria ensina-nos, pois, que fazer a vontade de Deus e não a nossa, é viver o nosso agora histórico na forma mais prática e simples possível, em extrema doação. Deus manifesta-se em nós sem que façamos nada de espectacular.

Quanto mais nos doamos mais recebemos. Se formos transformados pela vinda do Filho de Deus, todos, em torno de nós, também o serão.

Que como Maria, nesta Sua Solenidade da Imaculada Conceição, em pleno Advento, possamos também nós exclamar:

“Non volumptas mea, sed Tua, Fiat!”

“Seja feita a Tua Vontade”.

E, assim, o Fiat de Maria na Encarnação e o nosso unem-se ao FIAT de Jesus na Cruz, numa só oração, numa só acção. Eis o sentido pleno da Liturgia do dia 08 de Dezembro!

Hélder Gonçalves

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...