“Faça-se em mim segundo a tua Palavra!”.(Cf. Lc 1,37)
A Solenidade da Imaculada Conceição celebra-se no “coração” do Advento. O tempo do Advento é o tempo de Maria por excelência, mais do que qualquer outro tempo litúrgico, pois é nele que a vemos na mais íntima relação com o seu Filho.
O amor de Mãe é, sem dúvida alguma, o mais forte, o mais pleno modo de relacionar-se, de “ser para”.
É o amor que gesta, gera, nutre e cuida. Maria, desde o início da criação, é Aquela que foi “concebida”, no projecto de Deus, para realizar esta missão de amor, missão paradigmática para todas as mães, de todas as épocas e idades. Maria é plenamente Mãe porque é a nova Eva, a mãe de todos os que estão vivos. Aquela que se encontra unida ao Filho de Deus “por vínculo estreito e indissolúvel”(Cf. LG 53) e, por isso mesmo, sem o pecado original.
Se o Senhor veio no primeiro Natal, por meio de Maria, o mesmo Senhor vem, ainda hoje, nos nossos natais litúrgicos, também através d’Ela. Em Maria, cumpre-se, então, o mistério do Advento. Ela é a aurora que precede, que anuncia, que traz no seu seio o Dia Novo que está para surgir.
Assim como na aurora se projeta a luz do Sol, de onde surge a vida, assim também, em Maria Imaculada, se reflecte o poder da Redenção, do Sol da Justiça, do Salvador que está para vir. A Solenidade da Imaculada Conceição, no tempo do Advento, constitui desta forma, a mais profunda preparação para o Natal.
“Fiat Mihi secundum Verbum Tuum”
“Faça-se em mim segundo a tua Palavra!” (Cf. Lc 1,37).
Maria mostra-nos, pela vinda do Verbo ao seu corpo, através da sua humildade radical, como nós, seus filhos, podemos também tornar-nos sinais desta presença, deste amor, desta misericórdia infinita de Deus, nas nossas acções. O Verbo Eterno pode também estar vivo dentro de nós, pela graça. Somos habitados por Deus.
Maria ensina-nos ainda como devemos ser quando hospedamos, pela graça, o Filho de Deus em nós.
A primeira resposta de Maria ao dom da maternidade divina foi sair de si mesma e servir. Ela vai logo ver a sua prima Isabel que está á espera de um bebé e precisa de ajuda. Ela foi socorrer alguém em necessidade, não com palavras bonitas, mas com acções, com actos concretos de ajuda, de serviço, de amor. Maria ensina-nos, pois, que fazer a vontade de Deus e não a nossa, é viver o nosso agora histórico na forma mais prática e simples possível, em extrema doação. Deus manifesta-se em nós sem que façamos nada de espectacular.
Quanto mais nos doamos mais recebemos. Se formos transformados pela vinda do Filho de Deus, todos, em torno de nós, também o serão.
Que como Maria, nesta Sua Solenidade da Imaculada Conceição, em pleno Advento, possamos também nós exclamar:
“Non volumptas mea, sed Tua, Fiat!”
“Seja feita a Tua Vontade”.
E, assim, o Fiat de Maria na Encarnação e o nosso unem-se ao FIAT de Jesus na Cruz, numa só oração, numa só acção. Eis o sentido pleno da Liturgia do dia 08 de Dezembro!
Hélder Gonçalves
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