por Mafaoli, em
17.06.2008
Ao “desfolhar” as páginas da Internet, dei de caras com esta carta.
Em tempo de avaliação e programação para o próximo ano, talvez seja bom ler e reflectir neste texto e não perder a oportunidade de o partilhar na reunião de avaliação da catequese.
Em tempo de avaliação e programação para o próximo ano, talvez seja bom ler e reflectir neste texto e não perder a oportunidade de o partilhar na reunião de avaliação da catequese.
“Eu tenho 12 anos, mas já sou capaz de pensar e
exprimir. O recado que eu deixo, aqui, é directo para ti, meu catequista. Não
te conheço bem, mas sinto, pelo teu jeito, que posso confiar em ti. Por isso o
meu recado está recheado de boas intenções, mas, como é próprio de qualquer
jovem adolescente da minha idade, também tem um pouco de ameaça.
Sou um adolescente imprevisível. Alguns chamam-me até
de “aborrescente”. Sei que vais entender, lê com atenção este meu pedido. Não
estou bem, ando meio confuso. Dizem que é normal acontecer isto na minha idade.
Todos parecem saber tudo o que acontece na cabeça de alguém que tem 11, 12, 13
anos. Mas, ao mesmo tempo em que dão palpites e conselhos, também parecem não
saber quase nada. Ninguém me ajuda e poucos me apoiam. Por isso, sei que posso
confiar em ti, meu catequista. Este recado que te deixo pode servir para muitos
outros jovens da minha idade e para muitos catequistas da tua idade. É um
alerta que eu faço. Embora eu tenha pouca idade, leio bastante, domino a
Internet e quando quero, escrevo bastante.Será que me podes ajudar?
Talvez não acredites muito em mim por
causa do que falam a respeito dos que têm a minha idade. Mas quero ser directo,
sem rodeios, para início de conversa. Pesquisando num site sobre a juventude de
hoje, encontrei esta frase de São João Calábria que me serviu de inspiração
para te enviar esta carta: “eu sou de quem me conquistar”. A frase
é forte, não é? Então, continua a ler o que escrevo abaixo.
Se não me deres atenção, um
pouco de carinho ou até mesmo um sorriso quando
eu chego, posso ser conquistado pela desobediência e de não gostar de ti.
Eu sou de quem me conquistar.
Se não me ensinas a importância da oração e
não rezas comigo, como saberei rezar? Se me dizes que Deus é vingativo,
assustador e perverso, como poderei gostar dele?
Eu sou de quem me conquistar.
Se não me ensinas o respeito, se não me dá
atenção e não dialogas comigo, se não te interessas pela minha vida,
posso ser conquistado a qualquer momento pelo desamor, pela inconstância e pelo
mundo. É desses sentimentos que me vou aproximar.
Eu sou de quem me conquistar.
Se não tiveres paciência com a minha
inconstância, não andarei pelo caminho que tu me queres indicar. Teimosamente,
seguirei um caminho oposto, pois é da minha índole ser assim. Sou jovem, muito
jovem, adoro contrariar.
Eu sou de quem me conquistar.
Se te apresentas como meu catequista e não colocas em
teus actos a alegria e se não sinto em ti vontade, ânimo e crença naquilo
que fazes, não direi sim ao teu convite e como poderei, em ti confiar?
Eu sou de quem me conquistar.
Se te negas a apresentar-me um Deus atraente,
alegre, justo, ético, continuarei tentado a aceitar outros convites. Se
não insistes comigo, as drogas, as bebidas, o cigarro, a violência,
o sexo fácil, a indiferença e o consumismo irão insistir. Se não me conquistas,
serei, por certo, mais um a aumentar as estatísticas dos que se dizem “sem religião”
.
Se reclamas de mim e te recusas a enfrentar os desafios que se apresentam para esta conquista, agirei de forma a te afrontar. E se não fores forte, resistente e confiante na tua missão, também tu desanimarás.
Se reclamas de mim e te recusas a enfrentar os desafios que se apresentam para esta conquista, agirei de forma a te afrontar. E se não fores forte, resistente e confiante na tua missão, também tu desanimarás.
E sou de quem me conquistar.
Conquista-me. Pára de reclamar. Aprofunda os teus conhecimentos,
procura ajuda ao ajoelhar.
Eu rezo pouco, mas ouço de muitos adultos, assim como
de ti, meu catequista, o quanto é importante rezar. Mas pelo menos
tenta, aceita conquistar-me. Tu lidas com pessoas, não tens como fugir
disso.
Por isso, tenta, insiste, prossegue nos teus desejos
de conquista. Cause em mim uma boa impressão e lembra-te: não te darei uma
segunda oportunidade de me causar uma primeira boa impressão.
Empenha-te por mim, é o que eu peço.
Eu valho a pena, preciso do teu ardor e da tua coragem.
Não sou tão terrível assim. Quando eu estiver
distraído, olha para mim com amor e não com raiva. Quando
eu não quiser rezar na hora em que tu pedes, tem compaixão comigo e não me
transformes num vilão.
Se eu não fiz o trabalho que me pediste, pede de
novo, insiste. Se não te abracei, abraça-me . Se meus pais não te
procuram para conversar, procura-os. Eu preciso muito de alguém que mostre
interesse por mim. Fala de mim aos meus pais. Talvez assim, eles percebam que
eu existo.
Eu sou de quem me conquistar.
Não desistas de mim. Eu quero tanto aprender um pouco mais daquilo que tu te propões a
ensinar. Basta para isso, que realmente me queiras conquistar.”
Assinado:
Um jovem catequizando
E se eu recebesse uma carta assim de um catequizando, qual seria a minha
atitude?
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