terça-feira, 10 de novembro de 2015

Cruz Basca ou Lauburu

Lauburu ou Cruz basca é o nome que recebe em euskera a cruz suástica de braços curvilíneos que constitui o emblema representativo do País Basco. A sua origem europeia recua aos celtas que através das emigrações dos povos do Oriente para o Ocidente teriam herdado esse símbolo conhecidíssimo em todo o Oriente, particularmente na Índia onde o Hinduísmo e o Budismo faz profuso uso dele.

Foi assim que o lauburu entrou na tradição céltica dos primitivos bascos, mas também asturianos e galegos, chamando ao mesmo de tetrasquel pelos seus quatro braços curvilíneos circum-giratórios. Com efeito, o termo lauburu compõe-se das duas palavras bascas lau, “quatro”, e buru, “cabeça”, portanto, “quatro cabeças”, ou seja, quatro braços dirigidos às “cabeças” ou pontos cardeais do Mundo (Norte, Sul, Este e Oeste) num movimento contínuo. Quando no tempo do imperador Octávio Augusto os romanos invadiram e ocuparam a Bascónia ou País dos Bascos chamaram ao lauburu de labarum, e provém deste etimólogo a denominação popular da estrela cantábrica, de origem celta, chamada lábaro.

Esta suástica basca por seu movimento sinistrocêntrico (da direita para a esquerda) será antes uma sovástica, e se bem que a cultura esotérica hindu e budista desaprecie tal símbolo por representar o movimento oposto ao destrocêntrico (da esquerda para a direita) em que se move a Evolução geral de tudo e todos, ainda assim é representativa do Poder Temporal oposto complementar à Autoridade Espiritual representada pela suástica. Por essa razão a sovástica expressa sobretudo o movimento da Matéria que, por ser limitada, está sujeita à lei da transformação pelo fenómeno natural da Morte.

Esta, a Morte, é tradicionalmente representada pela Noite, a Lua, o astro nocturno predilecto dos povos ante-diluvianos ou atlantes que veio a ser regente astral do povo basco, vasco ou “adorador da vaca” que identificavam não como o planeta Vénus mas como a própria Lua cujas hastes do crescente associavam às do cornúpeto. Por este motivo, ainda hoje o País Basco é um grande produtor de gado bovino, herança de um passado longínquo onde se considerava a vaca animal sagrado, tal qual acontece na Índia. Se o basco é povo lunar, já o galego, adorador do galo, a ave do dia, é povo solar, enquanto o asturiano, astur ou assur é povo mercuriano, planeta de natureza andrógina ou bissexual que serve de permeio ao Sol e à Lua, representativos do masculino e do feminino como princípios activo e passivo de que ele, Mercúrio, é o neutro ou equilibrante. Por este motivo de inter-relação esotérica entre as três étnias ibéricas, é que a suástica faz parte da sua cultura espiritual.

Como as cores verde e vermelha da bandeira basca são as mesmas que a Tradição Iniciática dá às Energias Celeste e Terrestre chamadas no Oriente de Fohat eKundalini, será então a suástica expressiva do movimento universal dessa Energia dupla que ao animar a Matéria como electricidade e electromagnetismo vem a ser uma espécie de “incarnação” de Forças invisíveis que se tornam visíveis, alterando-se o movimento giratório dessa cruz celeste tornando-se na Terra sovástica. Por este motivo tornou-se símbolo da Morte, razão pela qual aparece em inúmeros monumentos funerários bascos. Já nas Astúrias e na Galiza (por exemplo, em Grullos, Quirós e Piornedo) ele também aparece, mas com menos frequência predominando asuástica, símbolo da Vida e do Sol. Utilizado como amuleto ou talismã pelos bascos, além das construções funerárias o lauburu também aparece gravado nos frontispícios das casas, para que o mal e a morte não invadam as mesmas. Nisto, é um signo esconjurador mágico de grande poder.

Apesar da sua grande antiguidade, o lauburu só aparece nas bandeiras e outras insígnias bascas desde o final do século XVI ou princípios do XVII. Modernamente é utilizado com profusão como símbolo da cultura basca, com carácter folclórico ou tradicional, e não necessariamente como emblema político, apesar do sentido excessivo que lhe foi imposto e lhe é absolutamente estranho atendendo às suas origens sagradas.


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