A Cruz de Âncora é, entre os seguidores da religião de Cristo, uma das formas mais antigas de representação da cruz e remete-nos para o tempo em que as comunidades cristãs, perseguidas pelos romanos, estavam confinadas às catacumbas.
Aí, no mais completo isolamento, os cristãos desemvolviam, naturalmente, uma espiritualidade mais marcada pelos símbolos, pelas imagens, pela abstração. E o mar (como espaço imenso de liberdade) e a âncora (como sinal de firmeza, tranquilidade e esperança) eram frequentemente utilizados como figuras de estilo por forma a sugerir quadros ou conceitos religiosos.
"O navio está no mar. Contudo, não é mar. Do mesmo modo, os cristãos estão no mundo, mas não pertencem ao mundo". Esta é uma das representações que ilustram isso mesmo.
Nesse período, em que Roma condenava os cristãos e usava o suplício da cruz como instrumento mais cruel de castigo, o que se verificou até ao ano 313, quando Constantino, o Magno deu liberdade à igreja, os seguidores de Cristo cobriam piedosamente a cruz com alguns objectos, entre os quais a âncora.
Ainda no mundo das catacumbas, a Cruz de Âncora surge como uma figura da espiritualidade escatológica: colocada junto a uma lápide, num cemitério, servia para anunciar a chegada ao porto do paraíso.
Hélder Gonçalves
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