quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Catequese e Fé

Relação entre a Fé e a Catequese

Vejamos rapidamente qual é a ligação entre estes dois conceitos com que lidamos habitualmente: fé e catequese.



1. A catequese parte da fé inicial

A catequese “visa o duplo objectivo de fazer amadurecer a fé inicial e de educar o verdadeiro discípulo de Cristo” (CT, 19). Esta afirmação de João Paulo II (que contém a reflexão do Sínodo de 1977) pressupões que a catequese é o momento evangelizador que começa depois da conversão inicial. A partir da conversão inicial de uma pessoa ao Senhor, suscitada pelo Espírito Santo, mediante o primeiro anúncio, a catequese propõe-se dar um fundamento e fazer amadurecer esta primeira adesão (cf DGC, nº 80).

Essa é a sequência normal da evangelização, mas que hoje, muitas vezes, não se verifica com esta clareza. Na verdade, acontece muitas vezes chegarem á catequese crianças ou adolescentes que não tiveram o chamado despertar religioso, que poderia ser considerado uma forma aproximada de primeiro anúncio.

Nestes casos, terá a catequese de ser missionária, isto é, encontrar forma de fazer o primeiro anúncio (“Deus ama-te em Jesus Cristo”) e de suscitar uma primeira adesão.

Só na base dessa conversão inicial, é que a catequese terá alguma consistência.

Assim conclui o Directório Geral: “O primeiro anúncio é dirigido aos não crentes e àqueles que vivem de facto na indiferença religiosa. Ele tem a função de anunciar o Evangelho e de chamar à conversão. A catequese, ‘distinta do primeiro anúncio do Evangelho’, promove e faz amadurecer esta conversão inicial, educando a fé do convertido e inserindo-o na comunidade cristã. A relação entre estas duas formas do ministério da Palavra é, portanto, uma relação de distinção na complementaridade” (DGC, nº 61).


2. A catequese está ao serviço da fé adulta

“A catequese é a forma específica do ministério da Palavra que faz amadurecer a conversão inicial, até fazer dela uma confissão de fé viva, explícita e operante: ‘A catequese tem a sua origem na confissão de fé e leva à confissão de fé’” (DGC, nº 82; cf CT n º 20).  

A confissão de fé viva, capaz de dar um testemunho feliz e coerente do Evangelho, é a grande meta da catequese e de todas as actividades que lhe estão ligadas.  Trata-se de um outra forma de dizermos o grande objectivo da catequese: a comunhão com Jesus Cristo. A fé cristã é, antes de mais, conversão a Jesus Cristo, adesão plena e sincera à sua pessoa e a decisão de caminhar no seu seguimento. A fé é um encontro pessoal com Jesus Cristo, é fazer-se seu discípulo. Isto exige o compromisso permanente de pensar como Ele, de julgar como Ele e viver como Ele viveu. Assim o crente une-se à comunidade dos discípulos e faz sua a fé da Igreja.

A partir dessa conversão inicial, a catequese propõe-se fundamentar e amadurecer esse encontro com Jesus Cristo até que chega a ser comunhão.

Como diziam os bispos Portugueses, já em 1984, a finalidade específica da catequese é “desenvolver a fé inicial, levá-la à maturidade” (Renovação da Igreja em Portugal, nº 26).


3. Fé e catequese estão em interação (Consequências):

- Devemos ser capazes de verificar a etapa de fé em que cada um se encontra na sua caminhada pessoal;

- Nos casos em que não tenha havido um primeiro sim de fé, a catequese deve ser capaz de fazer um verdadeiro primeiro anúncio desenvolvendo o seu carácter missionário) e de “ler” a primeira adesão a Jesus Cristo;

- Devemos ter em conta que a fé só é verdadeira se se viver em todas as suas dimensões: fé professada, fé celebrada, fé orada e fé vivida;

- A catequese há-de ter em conta uma constante integração na comunidade cristã, pois o “creio” está ligado ao “cremos”;

- Umas das melhores formas de integração na comunidade verifica-se pela descoberta e participação viva na Eucaristia de Domingo.

- A catequese é o serviço que introduz os catecúmenos e os catequizandos na unidade da confissão de fé (cf DGC, nº 106).

HÉLDER GONÇALVES

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