Vejamos rapidamente qual é a ligação entre estes dois
conceitos com que lidamos habitualmente: fé e catequese.
1. A catequese parte da fé inicial
A catequese “visa o duplo objectivo de fazer
amadurecer a fé inicial e de educar o verdadeiro discípulo de Cristo” (CT, 19).
Esta afirmação de João Paulo II (que contém a reflexão do Sínodo de 1977)
pressupões que a catequese é o momento evangelizador que começa depois da
conversão inicial. A partir da conversão inicial de uma pessoa ao Senhor,
suscitada pelo Espírito Santo, mediante o primeiro anúncio, a catequese propõe-se dar um fundamento e fazer
amadurecer esta primeira adesão (cf DGC, nº 80).
Essa é a sequência normal da evangelização, mas que hoje,
muitas vezes, não se verifica com esta clareza. Na verdade, acontece muitas
vezes chegarem á catequese crianças ou adolescentes que não tiveram o chamado
despertar religioso, que poderia ser considerado uma forma aproximada de
primeiro anúncio.
Nestes casos, terá a catequese de ser missionária, isto
é, encontrar forma de fazer o primeiro anúncio (“Deus ama-te em Jesus Cristo”)
e de suscitar uma primeira adesão.
Só na base dessa conversão inicial, é que a catequese
terá alguma consistência.
Assim conclui o Directório Geral: “O primeiro anúncio é dirigido aos não crentes e àqueles que vivem de
facto na indiferença religiosa. Ele tem a função de anunciar o Evangelho e de
chamar à conversão. A catequese, ‘distinta do primeiro anúncio do Evangelho’,
promove e faz amadurecer esta conversão inicial, educando a fé do convertido e inserindo-o na
comunidade cristã. A relação entre estas duas formas do ministério da Palavra
é, portanto, uma relação de distinção na complementaridade” (DGC, nº 61).
2. A
catequese está ao serviço da fé adulta
“A catequese é a
forma específica do ministério da Palavra que faz amadurecer a conversão inicial, até fazer dela uma confissão de fé
viva, explícita e operante: ‘A catequese tem a sua origem na confissão de fé e
leva à confissão de fé’” (DGC, nº 82; cf CT n º 20).
A confissão de fé viva, capaz de dar um testemunho feliz e coerente do
Evangelho, é a grande meta da catequese e de todas as actividades que lhe estão
ligadas. Trata-se de um outra forma de
dizermos o grande objectivo da catequese: a comunhão com Jesus Cristo. A fé cristã é, antes de
mais, conversão a Jesus Cristo, adesão plena e sincera à sua pessoa e a decisão
de caminhar no seu seguimento. A fé é um encontro pessoal com Jesus Cristo, é
fazer-se seu discípulo. Isto exige o compromisso permanente de pensar como Ele,
de julgar como Ele e viver como Ele viveu. Assim o crente une-se à comunidade
dos discípulos e faz sua a fé da Igreja.
A partir dessa conversão
inicial, a catequese propõe-se fundamentar e amadurecer esse encontro com Jesus
Cristo até que chega a ser comunhão.
Como diziam os bispos
Portugueses, já em 1984, a finalidade
específica da catequese é “desenvolver a fé inicial, levá-la à maturidade” (Renovação da Igreja em Portugal, nº 26).
3. Fé e
catequese estão em interação (Consequências):
- Devemos ser capazes de verificar a etapa de fé em que cada um se encontra
na sua caminhada pessoal;
- Nos casos em que não tenha havido um primeiro sim de fé, a catequese deve
ser capaz de fazer um verdadeiro primeiro anúncio desenvolvendo o seu carácter missionário) e de “ler” a primeira adesão a Jesus Cristo;
- Devemos ter em conta que a fé só é verdadeira se se viver em todas as
suas dimensões: fé professada, fé celebrada, fé orada e fé vivida;
- A catequese há-de ter em conta uma constante integração na comunidade
cristã, pois o “creio” está ligado ao “cremos”;
- Umas das melhores formas de integração na comunidade verifica-se pela
descoberta e participação viva na Eucaristia de Domingo.
- A catequese é o serviço que introduz os catecúmenos e os catequizandos na
unidade da confissão de fé (cf DGC, nº 106).
HÉLDER GONÇALVES
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