segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Como nasceu Jesus?

Maria concebeu Jesus sem intervenção do homem.
Assim afirma claramente nos dois primeiros capítulos dos Evangelhos de São Mateus e de São Lucas: «O que Ela concebeu é obra do Espirito Santo», disse o anjo a São José (Mt 1,20); e a Maria que pergunta: «Como será isso, se eu não conheço homem?» o anjo responde: «O Espirito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra…» (Lc 1, 34-35).
Por outro lado, o facto de Jesus, na Cruz, recomendar sua Mãe a São João leva a pressupor que a Virgem não tinha outros filhos. O facto de nos Evangelhos se mencionar, por vezes, os «irmãos de Jesus» pode explicar-se pelo uso do termo «irmãos», em hebraico, no sentido de parentes próximos (Gen 13,8; etc), ou pela hipótese de São José ter tido filhos de um casamento anterior; ou ainda pela utilização do termo com o sentido de membro de grupo de crentes, tal como se usa no Novo Testamento (Act 1,15).

A tradição da Igreja transmitiu, desde muito cedo, o carácter sobrenatural do nascimento de Jesus. Por volta do ano 100, Santo Inácio de Antioquia afirma-o ao dizer que «ao príncipe deste mundo foi ocultada a virgindade de Maria e o seu parto, bem como a morte do Senhor. Três mistérios portentosos realizados no silêncio de Deus» (Carta aos Efésios 19,1). Em finais do século II, Santo Irineu assinala que o parto de Maria foi sem dor (Demonstração evangélica, 54) e Clemente de Alexandria, já sob influencia dos apócrifos, afirma que o nascimento de Jesus foi virginal (Stromata, 7,16). Num texto do século IV, atribuído a São Gregório Taumaturgo diz-se, claramente: «Ao nascer Cristo conservou intactos o seio e a virgindade da Mãe, para que a inaudita natureza deste parto fosse para nós sinal de um grande mistério»» (J. B. Pitra, Analecta Sacra 4, Greg Press, Farmborough, 1966, p. 391). Os Evangelhos apócrifos mais antigos, apesar do seu carácter  extraordinário, preservam tradições populares que coincidem com os testemunhos acima assinalados. As Odes de Salomão (Ode 19), a Ascensão de Isaías, 14, e o Protoevangelho de Tiago, 20-21, referem como o nascimento de Jesus se revestiu de um carácter milagroso.

Todos estes testemunhos reflectem uma tradição de fé sancionada pelo ensinamento da Igreja, segundo a qual Maria foi virgem antes do parto, no parto e depois do parto: «O aprofundamento da fé na maternidade virginal de Maria levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria (cf. DS 427) inclusive no parto do Filho de Deus feito homem (cf. DS 291; 294, 442; 503; 571; 1880). Com efeito, o nascimento de Cristo “não diminuiu, antes consagrou a integridade virginal” de sua Mãe (LG 57). A liturgia da Igreja celebra Maria como a “Aeiparthenos”, a “sempre virgem” (cf. LG 52)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 499).

HÉLDER GONÇALVES

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