Pai. Por natureza e graça,
nos comunicastes o ser, os sentidos e os movimentos naturais, bem como a
essência da graça, isto é, o seu movimento, que nos faz viver.
Nosso. Porque, com a
concessão liberal da vossa bondade, gerais em cada dia muitos filhos segundo o
ser espiritual da graça e do amor.
Que estais nos céus. Quer
dizer, que habitais admiravelmente naqueles que são chamados a viver no Céu,
isto é, que estão firmes no vosso amor, sempre movidos pela assiduidade dos
desejos sublimes, como se estivessem ornados de estrelas, o mesmo é dizer, de
virtudes.
Santificado seja o vosso nome.
Realize-se em mim, sem nada de terreno, o vosso nome, com a purificação de
todos os afectos mundanos.
Venha a nós o vosso reino.
Reina inteiramente e sempre em mim, não só para que não haja nenhum movimento
ou acto contra os vossos preceitos, mas para que todas as minhas acções sejam
feitas com a aprovação da vossa providência. São Bernardo, no comentário
septuagésimo terceiro ao Cântico dos Cânticos, expõe esta matéria do segundo
advento, dizendo: «Oh se acabasse já este mundo e se manifestasse o vosso
reino! Isto é o que ardentemente deseja a esposa, ou seja, a Igreja».
Seja feita a vossa vontade.
Nos homens da terra como nos habitantes do Céu, isto é, nos firmes, nos que
sempre estão em crescimento, ornados de estrelas, como acima dissemos.
O pão nosso de cada dia. Ó
Pai, se não mandardes, lá do alto, o pão do fervor e da consolação espiritual,
todos os dias e a todas as horas, depressa desfaleceremos e iremos procurar pão
vilíssimo de consolações exteriores. Enviai-nos, Pai benigníssimo, as migalhas
daquela mesa opulentíssima, pois se com elas (quer dizer, com os atos de amor
unitivo) não for alimentado todos os dias, perderei por certo, o vigor da
fortaleza.
Perdoai-nos as nossas dívidas.
Perdoai o castigo devido até pelos mais leves pecados. Detesto-os, odeio-os,
porque fazem obscurecer o raio da vossa luz e tornam tíbio o fervor do meu amor.
Não nos deixeis cair em
tentação. Quanto mais Vos amo, benigníssimo Senhor, mais temo separar-me de
Vós, considerando a fragilidade da minha carne e a astúcia das investidas do
inimigo. Não permitais, que alguma vez eu ceda às suas carícias ou ciladas, mas
livrai-me das muitas inclinações para o mal, bem como das penas do Purgatório,
na medida em que podem adiar a vossa dulcíssima visão.
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