Em Portugal muitas dezenas de milhar de pessoas peregrinam a pé anualmente.
A Fátima vão mais de 50.000 todos os anos, número sempre em crescimento.
Uma grande dificuldade enfrentam os peregrinos que viajam a pé: o transito automóvel que não só é extremamente perigoso como muito incómodo devido ao ruído. Alem disso caminhar no asfalto muitos quilómetros é penoso pela dureza do piso e no Verão pelo calor que o mesmo transmite aos pés.
Por tudo isto decidiu o CNC conceber um plano, a nível nacional, de identificação de caminhos alternativos às grandes estradas nacionais de intenso transito automóvel que permitam aos peregrinos caminhar em segurança e em paz, desfrutando de belas paisagens, gozando o silêncio. Sempre que possível os caminhos escolhidos são de terra batida e quando isso não é possível são pequenas estradas rurais com escasso transito. Todos os caminhos estão sinalizados com marcos nos quais está indicada a direcção de Fátima. Ao logo dos caminhos encontram-se aldeias, vilas e cidades onde se pode pernoitar, tomar refeições, e obter qualquer tipo de assistência que porventura se necessite.
Peregrinar é uma forma de procurar, de avançar, de olhar o horizonte essa linha onde a Terra e o Céu se tocam. Peregrinar é empreender uma viagem. É também uma forma de olhar para dentro. Peregrinar é uma atitude tão antiga quanto a existência do Homem. Todas as grandes religiões consideram a peregrinação como uma via de conversão desde que empreendida com inquietação e espírito de busca.
As grandes peregrinações cristãs são à Terra Santa, a Roma, a Santiago de Compostela e, mais recentemente, a Fátima. A peregrinação a pé era, em tempos antigos, a forma mais comum de peregrinar para os menos afortunados por ser a mais barata. A pé se faziam centenas de quilómetros, ás vezes milhares, em viagens que duravam semanas e às vezes meses.
Também hoje se peregrina a pé. Nalguns locais peregrina-se a pé pelas mesmas razões que antes mas muitas vezes e sobretudo na Europa peregrina-se a pé porque se prefere caminhar. Por vezes ainda porque se fez uma promessa mas cada vez mais pelo simples e profundo desejo de percorrer um caminho iniciático, com algum esforço físico e psíquico, superando dificuldades, aproximando-se do lugar almejado. E sempre mergulhado no silêncio, pelos campos, olhando para longe e para dentro de si mesmo.
Hélder Gonçalves
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