terça-feira, 20 de março de 2012

PERDÃO

Perdoar é um dos actos básicos da fé cristã, pois, a nossa entrada na vida que Jesus Cristo nos ofereceu, só foi possível porque recebemos o perdão de Deus Pai. Ele perdoou-nos, mediante a obra do Seu Filho feita na cruz, em nosso favor. Amor e perdão caminham sempre juntos.

Deus é amor, é a mais formosa definição que a Bíblia apresenta. E a maior prova do Seu amor para connosco foi perdoar todos os nossos pecados. Porque Ele ama-nos e perdoou-nos. Perdoar é um atributo de Deus.

Perdoar é um mandamento da Palavra de Deus. Não é um sentimento, nem depende da nossa vontade ou emoção. A Palavra declara: “sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo vos perdoou” (Efésios 4.32)

“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha queixa contra outrem. Assim como o Senhor nos perdoou, assim também perdoai vós” (Colossenses 3.13)

Quando Deus perdoou-nos, pôs um fim à situação desastrosa em que nós nos encontrávamos, pois, estávamos condenados à morte como consequência do nosso pecado de desobediência. Ele chamou-nos para uma nova vida, onde o amor e o perdão têm a sua expressão máxima. Perdoada a nossa ofensa, o relacionamento amoroso que nos une ao Pai Eterno foi restaurado. Diante desse acto de misericórdia e amor imerecido devemos, do mesmo modo, estender o perdão a todo aquele que nos ofender. O perdão de Deus deve gerar no nosso coração o desejo de perdoar incondicionalmente, tal com Ele fez connosco.

Perdoar significa deixar de considerar o outro com desprezo ou ressentimento. É ter compaixão, deixando de lado toda a ideia de vingar-se daquilo que foi feito ou pelas consequências que sofremos.

A base sobre a qual exercitamos o perdão

A base para o acto de perdoar é o completo e livre perdão que recebemos do Pai. Assim como Ele nos perdoou, nós perdoamos. Como filhos de Deus o perdão que expressarmos, deve ser análogo ao seu perdão – “perdoando-vos uns aos outros como, também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Efésios 4.32), ensina o apóstolo. É inconcebível viver sob o perdão de Deus sem perdoar ao próximo.

Quando Jesus ensinou os seus discípulos a orar, Ele colocou um pedido ao Pai: “perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mateus 6.12). É esse espírito de perdão que deve permanecer em nós. Se o Pai, antecipadamente, perdoou-nos, quando não éramos merecedores, em gratidão ao seu amor perdoador, nós devemos, também, perdoar aos que nos ofendem. O perdão deve ser uma característica do nosso viver cristão. Se o amor perdoador de Cristo foi sacrificial – Ele deu-se por nós -, da mesma forma o nosso amor deve expressar-se dando-nos, em amor, por aquele que nos ofendeu.

Quando devemos perdoar

Há dois momentos, em especial, que o perdão deve expressar-se:

(1) – No momento em que fomos atingidos - injuriados, maltratados, ofendidos, perseguidos, etc. – O exemplo de Estevão mostra que ele perdoou no mesmo momento da agressão recebida  – “Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado”(Actos 7.60). Apedrejado até á morte, ele não pensou em si, pensou na situação dos agressores diante de Deus – perdoou-os e rogou por eles. Eis, aí o manifesto, o mais elevado e magnífico espírito cristão de perdão. Este primeiro mártir da fé cristã imitou o Senhor Jesus que orou na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23.34).

(2) – Quando aquele que ofendeu pede perdão – Devemos estar preparados para perdoar, tão logo nos for solicitado o perdão. Deve ser uma atitude imediata e sem guardar ressentimento algum. Isso se expressará mais fácil na medida em que amadurecemos na nossa vida espiritual. O perdão tem de ser um acto da nossa vontade disciplinada. Ele não é um sentimento, nem é facultativo. Ele resulta de colocar a nossa vontade sob a vontade de Deus.

Quantas vezes devemos perdoar

Essa foi a pergunta que Pedro fez a Jesus. A resposta do Senhor trouxe algo de novo, demonstrando que já não estamos sob a Lei, estamos sobre a Graça de Deus. “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo sete vezes, mas setenta vezes sete” (Mateus 18.21,22). Se a Lei determina um número de vezes para perdoar, o Evangelho de Cristo não determina números, determina a aplicação do amor em grau infinito.

Condições para recebermos perdão

Perdoar para ser perdoado é o ensino de Jesus:

- “se, porém, não perdoardes aos homens as (suas ofensas), tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. (Mateus 6.15).

- “Assim também Meu Pai celeste vos fará, se no íntimo não perdoardes cada um ao seu irmão” (Mateus 18.35).

- “E, quando tiverdes a orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que o Vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas” (Marcos 11.25)..

O perdão "a" nós mesmos

Muitas vezes, antes de podermos perdoar os outros, devemos perdoar a nós mesmos. Habitualmente somos mais duros connosco do que com os outros. Devemos recordar que Cristo perdoou-nos. Mateus ensina-nos: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.39). Precisamos sentir que Ele nos ama e já perdoou-nos . Para que isso ocorra, devemos lembrar a posição em que Deus já colocou-nos: “fez-nos assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Efésios 2.6). Precisamos de ver-nos como somos aos olhos de Deus e não segundo os nossos incorretos sentimentos. Em Cristo está a nossa vitória.

Valor do Perdão

Perdoar é essencial ao nosso bem estar interno e ao testemunho externo da igreja. Sem esta prática as ervas daninhas da amargura, do ódio e do ressentimento impedirão de que representemos ao mundo, integralmente, o carácter de Jesus o nosso Senhor e Salvador. Amém.

HÉLDER GONÇALVES

2 comentários:

  1. O perdão é uma virtude dos fortes! Uma demonstração de força e grandeza que um ser humano é capaz de alcançar.

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