Bispo de
Viana do Castelo e arcebispo de Braga, nasceu em Maio de 1514, em Lisboa, e
ingressou na Ordem Dominicana em 1548. Dez anos mais tarde, terminou os seus
estudos e ordenou-se sacerdote. Até à sua nomeação como arcebispo de Braga
(1558) dedicou-se ao ensino. Enquanto professor teve como aluno, entre outras figuras
do seu tempo, D. António, Prior do Crato, futuro pretendente ao trono na crise
dinástica de 1578-1580.
Deixou-nos
mais de trinta escritos, dos quais se salientam: Stimulus Pastorum (com 21
edições); Catecismo da Doutrina Cristã (com 15 edições) e Compendium Spiritualis
Doctrinae (com 10 edições).
Participou
no Concílio de Trento, nos anos de 1562 e 1563, onde se fez notar não só pela
defesa do primado peninsular da arquidiocese bracarense, mas também na defesa
de uma reforma da Igreja urgente e eficaz. Foi, neste sentido, o primeiro
prelado a promulgar os decretos tridentinos, aquando da reunião de um sínodo
diocesano de Braga, em 1564. Dois anos depois, organizou o 4.º Concílio
Provincial Bracarense, onde se redefiniram e ajustaram os decretos tridentinos
segundo as necessidades existentes na província da sua arquidiocese.
Urna com a relíquia do Beato Frei Bartolomeu dos Mártires |
Mesmo
contra um conjunto de várias oposições, instaurou a reforma na Igreja, ao nível
claro da sua arquidiocese, não deixando de influenciar muitas outras. Como
linhas de força da sua acção, pretendia formar um clero zeloso e culto, que moralizasse os fiéis e administrasse os bens e os partilhasse pelo povo mais
carenciado. Numa época em que a peste arrasava de uma forma avassaladora o povo
português, levou mesmo a sua caridade ao extremo, chegando a dar as suas vestes
e até mesmo a própria cama.
Como prelado preocupado com a formação do
clero e suas reformas de disciplina, costumes e vida eclesiástica, reordenou o
Colégio de São Paulo em Braga, definindo os seus programas de ensino de acordo
com os princípios imanados em Trento relativos à instrução do clero. Ainda
neste âmbito, introduziu e fundou as cadeiras de Casos da Consciência em Braga,
em Viana do Castelo e no Seminário Conciliar Bracarense, com o fim de formar o
clero segundo as ideias de reforma que defendia. Participou nas cortes de Tomar
de 1580, com os arcebispos de Lisboa e Évora. A 20 de Fevereiro de 1582,
retirou-se das suas funções eclesiásticas, resignando assim também a mitra
primacial de Braga.
Faleceu
a 16 de Julho de 1590, no convento dominicano de Santa Cruz que havia fundado
em Viana do Castelo. O seu último suspiro foi o culminar de uma vida regrada e
indesmentivelmente cristã; o povo da cidade limiana guardou ciosamente o seu
corpo, com armas até, para que os bracarenses não o levassem para a sede da
arquidiocese de Braga. Foi beatificado a 4 de Novembro de 2001, em Roma, pelo
Papa João Paulo II. A sua festa litúrgica é a 18 de Julho.
Relíquia. Osso do braço direito do Beato Frei Bartolomeu dos Mártires |
Foi objecto de uma biografia, em 1619, intitulada a Vida de Frei Bartolomeu dos Mártires, da autoria de Frei Luís de Sousa (fidalgo de nome Manuel de Sousa
Coutinho que professara na Ordem Dominicana, após resignação ao casamento com
D. Madalena de Vilhena, anteriormente casada com D. João de Portugal).
Actualmente as suas relíquias percorrem todas
as paróquias da Diocese de Viana do Castelo afim de dar a conhecer melhor a sua
obra e poder atingir a canonização que todos os vianenses desejam.
FONTE: Frei Bartolomeu dos Mártires.
In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora,
2003-2014. [Consult. 2014-07-13].
Disponível na www: .
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