quarta-feira, 9 de julho de 2014

Teologia Espiritual - Uma Espiritualidade para os nossos tempos

·       A  Sede  Pelo  Bem

A  alma  do  ser  humano  tem  sede,  conforme  a  sua  natureza,  de  unir-se  ao  bem  e  de  todas  as  formas  esforça-se  em  aprender,  reunir-se  e  encontrar  o  bem.  O  bem  é  como  se  fosse  feito  de  fios  dos  quais  os  seres  humanos  tecem  para  si  as  vestes  com  as  quais  estará  um  dia  frente  a  frente  ao  Altar  Divino  onde  permanecerá  para  sempre.  Esta  veste  tecida  de  fios  do  bem  e  do  amor,  clareará  com  a  luz  Divina.  Se  tecida  pelos  fios  do  mal,  actos  maus,  escurecerá  ainda  mais  em  contraste  à  luz  divina,  trará  a  vergonha  e  uma  dor  amarga,  àquele  que  estiver  vestido  com  ela.  Através  das  nossas  próprias  mãos,  isto  é,  através  da  nossa  própria  vontade  e  arbítrio – apesar  de  pouco  desenvolvidos,  enfraquecidos  pelo  pecado  mas  com  facilidade,  nós  podemos  vestir  a  veste  da  alegria  ou,  da  vergonha.  Nosso  livre  arbítrio – aquilo  de  bom,  que  Nosso  Senhor  nos  deu,  como  prémio  da  Sua  criação – direito  ao  qual  Ele  mesmo  nos  garante  e  não  faz  a  menor  pressão  para  nos  influenciar  nas  nossas  escolhas.  Porem  nós  não  cuidamos  deste  nosso  livre  arbítrio  e  frequentemente  sem  pensarmos  nas  consequências  nos  colocamos  ao  serviço  do  pecado.
Submissos  ao  pecado,  como  poderemos  nos  restabelecer  no  bem,  quando  as   nossas  forças  encontram-se  enfraquecidas?  Somente  com  as  nossas  forças  não  podemos  consertar  a  situação,  mas  com  a  graça  de  Deus  isto  é  possível:  a  Deus  tudo  é  possível!  Enquanto  a  nossa  alma  ainda  permanece  no  caminho  rumo  ao  Reino  de  Deus,  enquanto  ainda  há  tempo,  vamos  reforçar  e  fortalecer  a  nossa  vontade,  enfraquecida,  inerte,  com  a  graça  da  força  de  Deus  e  vamos  encontrar  nela  a  força  indispensável  e  o  apoio  na  luta  com  o  mal.  A  vida  exige  um  grande  esforço.

É  necessário  aprender  a  viver  com  sabedoria  em  Cristo  e  então  tudo  ao  redor  de  nós  irá  adquirir  significado  e  valor  para  a  eternidade.  Se  nós  formos  atentos,  então  as  circunstâncias  que  nos  rodeiam  ficarão  a  nosso  favor.  Os  “Santos  Mestres”  nos  ensinarão  a  obediência  a  Deus,  nos  ajudarão  com  paciência  e  amor  a  percorrer  o  nosso  caminho  na  vida  e  a  conquistar  a  salvação.

Onde  quer  que  estejamos,  em  todos  os  lugares  estaremos  cercados  por  situações  que  poderão  nos  salvar;  em  quaisquer  situações  que  a  vida  nos  coloque – sempre  poderemos  amadurecer  espiritualmente  e  nos  aperfeiçoar.
A  nossa  vida  em  cada  circunstancia,  pode  ser  o  caminho  que  nos  conduz  ao  bem,  a 
bem-aventurança – que  está  acessível  aqui  mesmo,  na  terra.


·       O  Significado  E  A  Força  Da  Palavra

Os  nossos  relacionamentos,  ocorrem  principalmente  através  de  palavras,  e  não  é  sem  significado  esta  forma  de  relacionamento.  As  nossas  palavras  são  o  reflexo  da  Palavra  que  se  tornou  vida. 
Deus  disse:  “Que  se  faça  a  Luz”.  E  o  invisível  através  da  palavra  tornou-se  vivo.  A  palavra  tem  uma  força  enorme  no  mundo.  Em  cada  um  de  nós  a  palavra  oculta  revela-se,  o  secreto  torna-se  evidente.  Relacionando-se  com  os  outros  através  da  palavra  nós  procuramos  para  si  o  bem,  pois  queremos  tê-lo  dentro  de  nós.  A  palavra  que  tem  dentro  de  si  o  bem,  ilumina  a  nossa  vida.

Se  numa  conversa  uma  palavra  boa  trouxe  força  dentro  de  si,  então  por  um  longo  tempo  nós  reteremos  um  sentimento  algo  precioso,  familiar  a  nós,  divino.  A  palavra  deve  nos  aproximar,  trazer  a  união,  e  não  a  separação  e  o  conflito.  A  palavra  quando  encontra  um  ambiente  favorável,  cria  um  resultado  formidável,  que  tem  um  significado  enorme  em  todo  o  plano  da  nossa  vida.

Mas  nós  permanecemos  em  pecado.  As  nossas  palavras  enfraquecem-se  com  os  nossos  pecados  e  não  tomam  vida  com  força.  Somente  as  palavras  desvinculadas  do  pecado  surgem  com  plena  força,  pois  aí  elas  unem-se  á  Palavra  que  criou  o  mundo.  As  nossas  palavras,  vindas  de  cantos  remotos  da  nossa  alma,  não  enfraquecidas  pelos  pecados,  com  plena  força  do  bem  existente  em  nós,  vindas  para  a  superfície,  trazem  o  bem  e  a  luz,  pois  estão  ligadas  com  a  fonte  de  luz  Deus-Palavra.  Elas  tornam-se  vida.

Espalhando  palavras  sem  dar  a  devida  atenção  a  elas,  nós  não  temos  consciência  que  elas  podem  trazer  conflitos  e  desunião  na  família,  na  sociedade  e  no  mundo.  Uma  vez  estando  no  meio  de  uma  conversa,  nós  normalmente  começamos  a  analisar  algum  facto  qualquer  que  rapidamente  passamos  a  julgar,  esquecendo-nos  que  isto  é  pecado.  Julgar  é  uma  doença  que  destrói  as  nossas  vidas.  Ela  separa  as  pessoas,  distanciando  as  pessoas,  e  enfraquece  aquilo  que  de  bom  existe  em  nós.  A  palavra  deve  ser  criativa  nas  nossas  vidas,  colher  o  bem,  trazer  união,  concordância,  e  não  a  separação,  fragilidade  e  morte.  E  como  é  importante  que  a  palavra  que  espelha  o  Logos  na  terra,  traga  para  nós  a  luz  e  a  alegria  de  viver  no  meio  de  uma  atmosfera  de  agressividade  e  desunião  onde  nós  vivemos.  Com  palavras  nós  frequentemente  descrevemos  nas  pessoas
características  que  elas  não  têm  e  desconfiamos  daquilo  que  na  realidade  não  existe.

Esta  forma  de  uso  da  palavra  somente  semeia  entre  nós  o  conflito.  A  boa  palavra  quando  encontra  um  solo  adequado  provoca  uma  enorme  e  positiva  revolução  no  ambiente,  move  montanhas.  Nós  vemos  isto  frequentemente  na  história  da  humanidade.

Os  nossos  relacionamentos  através  de  palavras  não  são  indiferentes.  A  palavra  pertence  á  eternidade,  e  as  nossas  palavras  não  se  perdem  assim  sem  querer  e  dirigem-se  á  eternidade.  Precisamos  utilizar  as  palavras  de  tal  forma,  para  não  ter  que  responder  por  elas  no  Juízo  Final.  É  necessário  que  as  nossas  palavras  não  sejam  a  nossa  sentença  no  dia  do  Juízo.  O  bem  não  está  fixo  em  nós.  O  bem  desfocado  não  está  iluminando-nos,  nós  não  estamos  a  perceber  aquela  força  que  está  dentro  dele.  Nós  precisamos  no  relacionamento  com  os  outros  procurar  o  que  existe  de  comum,  e  desligando-se  de  tudo  o  que  nos  afasta  uns  dos  outros.  No   que  diz  respeito  aos  pecados  que  existem  nas  pessoas,  o  Senhor  julgará  e  Ele  próprio  separará  os  pecadores  e  cobrará  de  cada  um  de  acordo  com  os  seus  actos.  Nós  somos  os  nossos  próprios  juízes,  pecando  na  terra.  Cristo  disse;  “se  alguém  ouvir  as  minhas  palavras  e  não  as  guardar,  eu  não  julgo,  porque  não  vim  para  julgar  o  mundo,  mas  para  salvar  o  mundo” (João 12,47).  Nós  também  precisamos  de  nos  esforçar  para  não  julgar.

Nós  devemos  procurar  o  bem  na  terra.  O  Reino  do  Céu – luz  e  alegria – está  aqui  mesmo  dentro  de  nós.  Precisamos  de  combater  as  nossas  atitudes  inadequadas,  essa  escuridão,  que  é  plantada  pelo  mal  nos  nossos  corações.  Lutando  com  o  pecado  nós  ajudamos  ao  Senhor  a  consolidar  o  Seu  Reino  dentro  dos  nossos  corações,  e  através  de  nós  também  a  terra.

É  difícil  combater  o  pecado.  O  orgulho,  a  critica,  a  irritação  e  a  vaidade – são  todos  espinhos  que  nos  ferem  a  nós  mesmos  e  aos  que  nos  cercam.  É  necessário  arrancar  esses  espinhos – mesmo  que  isto  seja  doloroso.  Esta  é  uma  cruz.  Porém,  reconstruindo  o  nosso  coração – dando  espaço  ao  Senhor,  nós  sentimos  alegria.  A  luz  de  Deus  então  ilumina  o  nosso  coração.  Não  é  á  toa  que  se  diz; “Através  da  Cruz  vem  a  alegria  ao  mundo.”  A  Cruz  erguida  constrói  o  Reino  de  Deus  na  terra,  para  uma  saudação  a  Deus.  O  esforço  no  combate  aos  nossos  pecados  é  a  crucificação  das  nossas  imperfeições  e  desvios  de  carácter.  Esta  é  a  Cruz  que  todos  nós  tanto  tememos.  Claro, a  cruz  é  pesada  e  mesmo  Cristo  caía  sob  o  peso  dela,  mas  através  da  Cruz  é  que  se  consegue  a  alegria  da  salvação.  A  ideia  da  ressurreição  é  a  ideia  da  vitória  da  força  do  bem.  Através  do  combate  ao  pecado,  chega  a  nossa  ressurreição;  “Jesus  ressuscitado,  ressuscita  as  nossas  almas!”.

Conversando,  nós  frequentemente  começamos  a  julgar  e  a  criticar,  mas  sentimos  vergonha  de  falar  sobre  o  bem.  “Talvez  as  pessoas  irão  rir  de  nós!”  E  daí?:  Por  Cristo  podemos  tolerar.  O  mal  tem  medo  de  uma  boa  palavra  que  o  ridiculariza.  A  nossa  boa  palavra  é  uma  força  criadora,  pois  ela  tem  a  mesma  raiz  que  tem  o  Verbo  de  Deus.  Através  da  palavra,  com  a  força  Divina,  é  vencido  o  mal  que  surge.  A  palavra  existe  até  mesmo  no  silêncio:  é  a  palavra  interna.  Mesmo  a  palavra  não  dita  tem  a  sua  força.  Frequentemente  a  boa  palavra  passa  pelo  filtro  da  ridicularização  e  da  falta  de  apoio,  mas  nós  não  devemos  ter  medo  disto.  Ela  atravessa  esse  filtro  e  brota  como  uma  semente.  Para  brotar,  a  semente  com  a  ajuda  de  Deus,  atravessa  o  filtro  da  terra,  cresce  e  brota  na  superfície.  É  assim  que  uma  boa  palavra  tem  um  começo  criativo.  “Por  quem  tudo  foi  feito”    não  tenha  medo  de  dizer  uma  boa  palavra.  A  palavra  que  encontrar  um  solo  adequado,  poderá  transformar-se  em  vida  e  trazer  um  fruto  generosíssimo.  Se  á  palavra  une-se  o  mal,  ela  perde  a  sua  força.  Nós  privamos  a  palavra  de  uma  força  poderosa,  inserindo  nela  a  morte.  E  a  palavra  no  lugar  da  verdade  traz-nos    conflitos,  e  ela  irá  a  julgamento,  no  dia  do  Juízo  Final.

Quando  começa  a  surgir  dentro  de  nós  uma  nova  palavra  nós  devemos  voltar-nos  para  Deus  pedindo-lhe  ajuda.  Voltados  para  Deus,  nós  trazemos  a  luz  do  Céu  e  ela  penetra  dentro  de  nós,  então  a  palavra  que  esta  a  nascer  traz  luz  ao  mundo,  torna-se  criativa  e  une  as  pessoas.  A  escuridão  tem  medo  da  luz.  Sem  percebermos  ,  através  de  uma  ácida  autocrítica,  a  nossa  vontade  diminui.  Nós  temos  medo  de  pronunciar  uma  boa  palavra,  revelar-se,  enquanto  o  mal  se  alegra  da  sua  acção  enfraquecendo-nos.  A  plenitude  da  energia  do  bem  fica  encoberta  pelo  medo  da  humilhação.  O  nosso  desafio  é  afirmar  que;  nós  rejeitamos  a  força  do  mal  e  acreditamos  no  bem.

O  ser  humano  parece  estar  sempre  á  espera  de  alguma  coisa.  Neste  momento,  nós  não  podemos  ficar  á  espera  do  nada,  é  preciso  agir.  Nada  de  afirmar; eu  não  sou  capaz.  Cada  um  é  um  lutador  com  as  armas  que  possui.  É  necessário  fazer  força  para  dizer  sempre  uma  boa  palavra.  Esta  é  a  missão  que  o  Senhor  dá  para  cada  um  de  nós.  O  bem  é  corajoso.  A  boa  palavra,  que  carrega  o  bem  dentro  de  si,  desperta  a  luz  nas  almas  dos  semelhantes,  e  nas  almas  obscurecidas  desmascara  a  escuridão.  O  pecado  traz  a  nós  uma  vida  de  ilusões.  O  bem  traz  a  vida  real  que  se  estende  á  eternidade.  Quando  dizemos  uma  boa  palavra,  é  como  se  nós  abríssemos  o  Céu  e  penetrássemos  na  eternidade.  E  a  boa  palavra  torna-se  a  pedra  fundamental  daquela  habitação  que  é  preparada  para  nós  pelo  Próprio  Senhor,  assim  como  Ele  preparou  a  morada  para  o  ladrão  crucificado  a  Seu  lado  na  hora  final.  A  boa  palavra  traz  por  si  só,  o  bem  e  a  alegria  desta  vida  e  da  próxima – na  vida  eterna  nos  dará  a  graça  de  podermos  ver  a  Deus.  Assim  como  a  semente  na  parábola  do  semeador,  exactamente  assim  a  boa  palavra,  caindo  sobre  um  solo  receptivo,  dará  frutos,  em  trinta,  setenta,  cem  vezes  mais. 


·       A  Luz  Que  Vem  Do  Céu

Deus  criou  o  mundo  e  disse:  “ E  faça-se  a  luz”.  Na  nossa  vida  criativa  nós  somos  um  reflexo  do  Criador  que  criou  o  mundo.  Quando  nós  estamos  atentos  e  dirigimos  a  nossa  atenção  para  a  esfera  da  luz,  dentro  de  nós  surge  um  bom  pensamento,  como  reflexo  natural  do  criativo  pensamento  de  Deus.  Um  bom  pensamento  bom  é  a  luz,  pois  Ele  tem  origem  na  fonte  da  luz.  Ele  é  o  inicio  criativo,  Ele  penetra  no  caos  entre  o  bem  e  o  mal  existentes  nos  relacionamentos  humanos  e  cria  uma  nova  vida.  Ele  nos  desperta  para  vencermos  a  escuridão.  Foi  dito; “enquanto  tendes  luz,  crede  na  luz  para  que  sejais  filhos  da  luz” (João 12-36).  A  luz  de  Deus permanentemente  esparrama-se  pelo  mundo.  A  escuridão  da  nossa  alma  o  afasta.  Quando  nós  desvanecemos  a  escuridão,  nós  nos  iluminamos.  Existe  até  uma  expressão:  Eu  tive  uma  ideia  luminosa.  É  como  se  um  raio  de  luz  caísse  do  Céu  e  iluminasse  tudo  dentro  de  nós  e  ao  redor  de  nós.  É  assim  que  se  manifesta  a  força  de  Deus.  É  como  se  o  Senhor  falasse  através  de  nós;  “Seja  feita  a  luz”.  E  a  luz  surge  e  frente  aos  nossos  olhos  abre-se  uma  vida  nova,  de  cuja  existência  nós  nunca  suspeitávamos.  Nós  podemos  transformar  a  nossa  vida  acinzentada  numa  nova  existência,  se  fixarmos  a  nossa  atenção  num  pensamento  bom.  Um  pensamento  bom,  como  impulso  da  nossa  vida,  irá  empurrar  a  nossa  vontade  para  vencer  o  mal,  iluminar  e  criar  para  nós  um  novo  caminho  na  vida.  Para  evitar  isso,  o  mal  de  todas  as  formas  luta  para  capturar  a  nossa  atenção.  É  necessário  permanentemente  estarmos  á  guarda  e  combatermos  a  aproximação  do  mal.

A  luz  da  vontade  de  Deus  ilumina  tudo  dentro  de  nós.  Ela  deve  existir  dentro  de  nós  permanentemente.  Porém  nós  escolhemos  aquilo  que  nos  parece  mais  fácil,  aquilo  que  parece  ser  mais  conveniente  á  nossa  natureza.  Nós  frequentemente  deixamo-nos  seduzir  e  entregamo-nos  ao  pecado  repetidas  vezes  nas  nossas  vidas.

O  principal  desafio  das  nossas  vidas,  é  expulsar  a  escuridão  de  dentro  do  nosso  coração.  “A  noite  está  quase  passada  e  o  dia  aproxima-se.  Deixemos  pois,  as  obras  das  trevas  e  revistamo-nos  das  armas  da  luz” (Romanos 13-12)  fala  o  Apóstolo  Paulo.  Trocando  a  escuridão  dos  nossos  corações  pela  luz,  nós  preenchemo-nos  com  o  Espírito  Santo.  O  Espírito  Santo  cria  uma  nova  vida,  trazendo-a  da  não  existência  para  a  existência.  É  necessário  fazer  força  para  abrir  o  nosso  coração  a  Deus,  o  Qual  entra  dentro  dele:  “Eis  que  estou  á  porta  e  bato” (Apocalipse 3-20).
É  claro  que  o  Reino  dos  Céus  não  é  dado  sem  esforço,  ele  deve  ser  tomado  á  força.  “...o  reino  dos  céus  adquire-se  á  força...” (Mateus 11-12 ).  O  Reino  dos  Céus  é  o  nosso  bem,  o  bem  comum  e  totalmente  possível  na  terra  e  não  apenas  atrás  das  nuvens.  Para  isso  nós  precisamos  de  nos  desafiar  para  a  luta  com  o  pecado.  Este  esforço  trás  junto  de  si  uma  nova  vida,  novas  experiências,  ainda  não  conhecidas  por  nós.

O  esforço  para  a  salvação  frequentemente  é  postergado  para  a  velhice.  O  começo  da  salvação,  nós  imaginamos  empurrar  para  o  futuro,  esquecendo-se  que  talvez  nós  não  iremos  viver  até  á  velhice.  O  futuro  está  sempre  ao  redor  de  nós,  ele  está  ligado  ao  nosso  arrependimento  e  á  vontade  de  melhorar.  O  mistério  da  vida  actual  consiste  em  que  a  preocupação  com  a  salvação  não  nos  seja  postergada  para  um  futuro  incerto,  mas  para  que  cada  um  dos  nossos  passos  seja  iluminado   pela  luz  da  Verdade  e  Vontade  de  Deus  e  nessa  luz  esteja  a  nossa  melhoria. 
É  indispensável  lembrar-se  que  se  nós  vivermos  no  caminho  do  pecado,  estaremos  á  beira  da  destruição,  esta  lembrança  é  fundamental  para  que  a  luz  da  verdade  ilumine  a  nossa  vida.

Nós  todos  estamos  sempre  atentos  a  alegrias  exteriores,  mas  aquilo  que  existe  dentro  de  nós,  nós  desconhecemos.  Por  isso  é  que  nós  estamos  envolvidos  pela  escuridão  dentro  e  fora  de  nós.  Nos  nossos  corações  está  a  escuridão  do  pecado  e  nós  atribuímos  ás  coisas  e  factos  significados  que  não  são  verdadeiros.  Nós  embaraçamo-nos  em  detalhes  insignificantes,   exaurimo-nos  em  situações  sem  nexo,  o  que  deveria  ser  feito  não  é  feito,  e  discutimos  uns  com  os  outros.  Assim  passa  um  dia  após  outro,  e  determinados  momentos  passam  e  vão-se  embora  sem  aquele  conteúdo  divino que  traz  a  vida,  e  que  poderia  nos  preencher.  Nós  não  avaliamos  o  significado  do  tempo;  os  minutos,  horas,  dias,  as  coisas...  Nós  sentimo-nos  como  se  estivéssemos  cegos.  

Na  nossa  vida  diária  é  exigida  uma  constante  capacidade  de  ultrapassar  obstáculos  para  termos  bons  relacionamentos,  porém  nós  não  temos  consciência  da  importância  disto.  Nós  caminhamos  na  escuridão  e  frequentemente  tropeçamos  e  por  isso  sofremos.  Se  nós  tentássemos  vencer  a  escuridão  em  nós  mesmos,  somente  isso  já  iluminaria  tudo  em  volta  de  nós.  Se  nós  conseguirmos  conquistar  este  momento  de  iluminação,  então  tudo  muda,  e  todos  os  que  nos  rodeiam  tornam-se  subitamente  muito  familiares.


·       A  Luta  Contra  O  Pecado

Cada  pecado  é  uma  infidelidade  para  nós  e  para  todos  os  que  nos  cercam.  O  pecado  é  o  inicio  do  que  nos  separa,  distancia  e  repele  das  pessoas.  O  pecado  não  expurgado  está  firmemente  cravado  no  nosso  coração  e  separa  as  pessoas  umas  das  outras.  Cada  vitória  sobre  o  pecado é  a  reconquista  de  si  mesmo  e  dos  outros  para  uma  vida  de  compreensão  mútua  entre  todas  as  pessoas.  Na  vitória  sobre  o  pecado  abre-se  uma  atracção  mutua  e  um  sentimento  de  irmandade  entre  as  pessoas  de  forma  natural;  vencendo  o  pecado  dentro  de  si,  o  ser  humano  ajuda  aos  outros,  até  mesmo  sem  consciência  e  vontade  destes,  ele  abre  as  suas  melhores  qualidades  da  sua  alma  e  quase  que  sem  querer  leva-os  para  o  bem.  Vencendo  o  pecado  dentro  de  si,  reavivando  no  íntimo  do  seu  ser  os  melhores  aspectos,  o  ser  humano  com  isso  mesmo  abre  o  tesouro  espiritual  existente  também  dentro  dos  outros  e  ajuda-os  a  encontrar  em  si  mesmos,  aquilo  que  eles  nunca  perceberam  antes.

O bem  encontra  eco  no  meio  daquelas  pessoas  que  o  tem,  mas  que  ainda  não  o  perceberam.  O  ser  humano  enquanto  sob  o  domínio  do  pecado,  parece  que  tem  medo  de  outras  pessoas,  mas  a  partir  da  vitória  sobre  o  pecado,  ele  contamina  com  o  bem  o  seu  próximo  e  a  todos  os  que  o  cercam.  Isso  é  muito  importante  compreender  e  experimentar,  porque  normalmente  em  nós  predomina  um  sentimento  pessimista  e  nós  temos  a  impressão  que  o  mal  dominou  o  mundo.  Esse  pessimismo  impede  a  luta  com  o  pecado  e  diminui  a  luta  activa  contra  ele.

Num  contacto  superficial  com  uma  pessoa,  nós  não  vemos  nada  e  não  podemos  perceber  o  tesouro  do  bem  inaproveitado  e  que  pertence  a  ela.  Aquele  que  vence  o  pecado  em  si,  desperta  no  outro  essas  forças  do  bem  e  estes  aspectos  da  alma  do  outro,  que  são  riquezas  originadas  pelo  bem.  Quando  uma  pessoa  em  pecado,  percebe  o  seu  próximo  fazendo  actos  bons,  ele  também  adquire  forças  para  uma  actividade  cristã.  Enorme,  incomparável  é  a  alegria  em  procurar  o  bem  em  si  e  nos  outros.  Aumentando  o  bem  no  mundo  é  que  se  revela  a  força  da  graça  de  Deus  que  se  revela  ajudando  aos  nossos  enfraquecidos  esforços,  a  fazer  aquilo  o  que  sem  ela  seria  completamente  impossível.  Frequentemente  na  vida,  o  ser  humano  “comete  um  pecado  que  não  deseja” (São Paulo).  Este  prisioneiro  do  pecado  encontra  no  bem  de  outra  pessoa,  a  força  que  o  empurra  para  o  bem  na  sua  vida  quotidiana. 

Para  uma  real  felicidade  e  não  ilusória,  é  necessário  vencer  o  pecado.  É  necessário  permanentemente  prestar  atenção  naquilo,  o  que  move  o  ser  humano  externamente  e  no  que  o  dirige  internamente,  examinando  o  seu  comportamento  e  vontades.  Este  esforço  não  é  fácil,  mas  nos  relacionamentos  entre  as  pessoas – é  a  vida.  É  necessário  iluminá-los  com  a  luz  da  Verdade  de  Cristo,  para  que  estes  relacionamentos  não  sejam  nocivos  nem  para  nós,  nem  para  as  pessoas  que  se  relacionam  connosco.  Se  existe  paz  na  alma,  então  esta  alegria  nunca  será  perdida.  O  conflito  traz  sempre  a  infelicidade.  Se  o  ser  humano  tem  dentro  de  si  a  paz,  então  o  seu  coração  pacifico  lança  a  luz  sobre  tudo.  A  paz  no  coração  é  a  principal  conquista.  As  acções  originadas  por  um  coração  assim,  transformam  os  relacionamentos  para  o  bem.  O  estado  em  pecado,  através  da  irritação  vinda  de  outros,  ,  confrontada  com  a  nossa  irritação  controlada,  transforma-se  para  o  nosso  bem  em  algo  que  cria  para  nós  e  para  os  outros  um  bom  estado  de  espirito, - pois  com  esta  atitude  nós  congelamos  a  irritação  dos  outros. 

Aqui  também  há  um  beneficio  para  aquele  que  se  revelou  modesto  ou  humilde  e  para  quem  estava  irritado.  Daqui  é  que  vem  a  felicidade  na  vida.  A  vitória    de  um  contra  os  seus  pecados  e  o  esforço  para  a  salvação – gera  o  bem  comum  a  todos.

O  bem,  como  força  positiva,  desenvolve  e  traz  á  vida  o  bem  adormecido  nos  outros,  fechado  até  ao  momento  pela  passividade  e  também  pelo  ataque  do  mal.  O  bem  cria  uma  atmosfera  que  é  uma  forte  ajuda  no  combate  contra  o  mal  na  vida  cristã.  Ás  vezes  parece  que  o  esforço  para  eliminar  o  mal  em  nós  é  egoísta  e  que  tal  pessoa  está  preocupada  apenas  consigo  mesma  e  desligada  do  bem  comum.  Mas  isto  não  é  assim.  O  ser  humano,  que  não  conseguiu  ainda  vencer  os  seus  pecados,  não  consegue  gerar  uma  influência  positiva  sobre  os  que  o  cercam,  não  pode  ajudar  aos  outros  e  nem  pode  comemorar  em  conjunto  a  vitória  deles  sobre  os  seus  pecados.

Ele  não  pode  agir  para  o  bem  comum  com  aquele  beneficio  e  força,  se  tivesse  vencido  em  si  mesmo  o  pecado.  A  santidade  é  uma  enorme  bênção  e  força.  Decididos  de  facto  a  ajudar  os  outros,  nós,  antes  de  mais  nada,  devemo-nos  limpar  de  todos  os  hábitos  e  tendências  de  pecar,  ficarmos  limpos  e  levar  uma  vida  de  acordo  com  Deus.  É  na  medida  do  nosso  aperfeiçoamento  que   podemos  ser  úteis  aos  nossos  semelhantes  nos  seus  problemas  e  dificuldades.  Este  é  o  único  caminho  para  ajudar  os  outros.  Aquele  que  conquista  a  santidade,  conquistou  a  máxima  capacidade  de  ajudar  os  outros.  Os  seres  humanos  aos  olhos  de  Deus  são  organismos  com  objectivos.  As  diversas  aparições  de  santidade  limpam  todo  o  organismo.  Salvando-se  a  si  próprio,  nós  introduzimos  uma  parcela  da  salvação  na  salvação  de  toda  a  humanidade.

A  melhoria  interna  do  ser  humano  acontece  não  apenas  no  instante  de  grandes  desafios,  mas  principalmente  na  repetitiva  vida  quotidiana.  O  objectivo  do  ser  humano – é  o  equilíbrio  da  sua  vida  interior  e  a  construção  em  si  mesmo  do  Reino  dos  Céus.  Lutando  contra  o  pecado,  consolidamos  em  nós  e  no  mundo  a  vida  de  Deus.  O  combate  contra  o  pecado  expõe  também  as  verdades  supremas  e  nós  aprendemos  a  conhecer  melhor  a  vida  de  Deus.  Uma  vida  assim  é  a  construção  do  Reino  dos  Céus  em  toda  a  sua  força.  Tornam-se  mais  compreensíveis  as  palavras  da  oração  ao  Senhor “Venha  a  nós  o  vosso  Reino,  seja  feita  a  tua  vontade”.

Quando  nós,  vencemos  o  pecado  e  superamos  as  rupturas,  voltamos  a  unir-nos,  então  os  nossos  pensamentos  e  vontades  tornam-se  comuns,  nós  pensamos  de  forma  idêntica.  Nessa  identidade  de  sentimentos  e  vontades  nós  começamos  a  compreender  a  vontade  de  Deus  e  o  que  é  esperado  de  nós.  É  aquela  unidade  pela  qual  orava  Jesus  Nosso  Senhor.  Essa  identidade  e  união  no  amor – não  são  ideais  distantes,  mas  o  esforço  fundamental  para  estabelecermos  a  nossa  vida.  Nós  conseguiremos  nos  aproximar  dele,  se  nós  descobrirmos  as  nossas  semelhanças  espirituais.  A  questão  da  salvação  da  alma  não  é  uma  questão  teórica,  mas  o  caminho  da  acção.  Infelizmente,  nem  todas  as  pessoas  que  frequentam  as  igrejas  compreendem  isto.  Vencer  o  pecado  é  necessário  para  uma  aproximação  mútua  e  para  a  concretização  do  nosso  esforço  fundamental.

O  pecado  que  mora  em  nós,  nos  obscurece  e  nos  obriga  a  inventarmos  desculpas  perante  nós  mesmos.  Este  auto-engano  vem  a  nós  pelo  demónio.  Enquanto  em  nós  não  despertar  a  consciência,  atenta  não  apenas  a  pecados  isolados – raramente  teremos  consciência  de  todos  os  nossos  pecados.  Com  os  nossos  pecados  em  qualquer  ambiente  nós  traremos  conflitos,  porém 
cada  batida  do  coração  para  o  bem,  é  a  medida  que  faz  a  diferença.  As  nossas  desculpas  e  justificações  pelos  nossos  pecados – são  inimigos  da  nossa  salvação.  Somente  a  consciência  do  perigo  que  é  o  pecado  desperta  a  vontade  de  lutar  contra  ele.  Nós  somos  indiferentes    ao  pecado  enquanto  não  tomamos  consciência  que  ele  nos  retira  a  felicidade.  Nós  consideramos  o  pecado  como  nossa  natureza.  “Eu  sou  assim,  assado  e  não  posso  ser  de  forma  diferente” – “este  é  o  meu  carácter”.  Mas  o  carácter  não  é  algo,  com  o  que  nós  não  podemos  lutar.  Com  a  decisão  para  começar  a  lutar  contra  o  pecado,  é  necessário  lembrar,  que  ele  não  é  integrante  da  nossa  natureza,  mas  que  ele  aderiu  a  nós.  Os  nossos  mais  distantes  antepassados  foram  criados  sem  pecado.  O  pecado  é  algo  externo  que  penetra  na  nossa  natureza,  se  adapta  a  nós,  escolhe  para  se  fixar  naqueles  aspectos  mais  convenientes  a  ele  na  nossa  alma  criada  por  Deus. 

O  pecado  nos  aprisiona,  penetra  em  nós,  no  inicio  como  uma  forma  desconhecida,  mas  que  depois  faz  com  que  tudo  seja  misturado  a  ele.  É  muito  importante  estar  atento  ao  facto  que  o  pecado  é  um  estranho  ao  nosso  ser:  isso  ajuda  a  combate-lo.  O  momento  de  iluminação  vindo  do  Senhor,  quando  nós  tomamos  conhecimento  dos  nossos  pecados, infelizmente  é  ligado  á  nossa  força  de  vontade,  pois  o  pecado  escraviza  a  nossa  força  de  vontade.  Uma  “Vontade  fraca”  vem  do  demónio.  Mas  e  o  que  vem  de  nós  está  misturado  com  o  pecado,  como  nós  iremos  vencer  a  nós  mesmos?.  Para  que  dentro  de  mim  surja  a  força    de  vontade  para  lutar  contra  o  pecado,  é  imprescindível  ter  consciência  que  o  pecado  não  é  parte  de  nós.  Este  conhecimento  dá  forças  á  vontade  no  combate  ao  pecado.


·       O  Desafio  Dos  Relacionamentos

A  vida  cristã  é  deslocar-se  pelo  mundo.  Atrás  do  cinzento  das  nossas  vidas  nós  não  percebemos  a  totalidade  da  nossa  missão  na  Terra,  a  totalidade  dos  talentos  dados  a  nós  por  Deus  e  não  temos  consciência  até  de  nós  mesmos.  Os  talentos  da  nossa  alma  permanecem  não  utilizados.  Nós  consideramo-nos  pouco  significativos  assim  como  as  outras  pessoas  e  dizemos;  “nós  somos  pessoas  simples,  normais,  aonde  nós  teremos  capacidade  de  fazer  algo  especial,  uma  vez  que  o  mais  importante  é  trabalhar  para  sobreviver.”  Essa  diminuição  de  si  mesmo,  muitas  vezes  enfraquece  a  nossa  força  de  vontade  para  agirmos – e  apesar  disso  tudo,  cada  um  de  nós  tem  uma  missão.  Cada  ser  humano  no  mundo  tem  uma  tarefa  a  executar,  pois  é  um  enviado  de  Deus  na  terra.  Nosso  Senhor  precisa  de  cada  alma  e  cada  um  é  responsável  pela  sua  vida  e  não  está  livre  de  ser  responsável  pelos  outros.  A  questão  não  está  na  nossa  limitada  capacidade,  mas  na  falta  de  vontade  de  assumir  a  responsabilidade  de  si  mesmo.  Nós  frequentemente  comentamos;  “isso  não  é  problema  meu,  vou  deixar  os  outros  fazerem  força,  etc...”  Com  essas  palavras  nós  transferimos  a  nossa  responsabilidade   para  os  outros  e  com  isso  também  toda  e  qualquer  culpa  sobre  eles,  começando  a  julgá-los  e  com  isso  gerando  conflitos.

A  nossa  vida  externa  em  muito  depende  de  nós  mesmos.  Em  virtude  da  nossa  missão  na  terra,  cada  um  tem  influência  sobre  os  que  o  cercam  e  dessa  forma  na  vida  do  mundo.   Se  a  má  vontade  de  uma  certa  forma  neutraliza  a  força  do  bem,  mais  ainda  a  força  de  vontade  livre  do  pecado,  tem  um  significado  enorme.

Nós  diariamente  relacionamo-nos  com  diferentes  pessoas,  e  nestes  relacionamentos  podemos  nos  revelar  num  bom  ou  mau  sentido.  Infelizmente,  nós  frequentemente  não  percebemos  a  luz  e  o  bem  que  em  nós  se  desenvolvem.  Os  nossos  talentos  são  obscurecidos  pelo  cinzento  das  nossas  vidas.  Nós  muitas  vezes  não  conhecemos  as  preciosidades  da  nossa  alma  e  por  causa  disso  sobre  a  nossa  alma  desce  um  tipo  de  escurecimento.  Pois  para  cumprirmos  a  nossa  missão,  é  necessário  que  se  abra  a  nossa  visão  interior,  e  somente  assim  enxergaremos   a  nossa  alma  daquelas  riquezas  que  estão  fechadas  da  nossa  visão  interna.  Nós  precisamos  por  nós  mesmos  descobrirmos  estas  preciosidades  e  ajudar  aos  outros  para  que  também  consigam  fazer  isto  dentro  deles.  É  exactamente  por  isso  que  é  tão  importante  o  relacionamento  com  os  outros;  ele  torna-se  para  nós  a  escola  da  nossa  salvação,  da  nossa  força  espiritual.  Isolar-se  evitando  relacionar-se  com  as  pessoas  nem  sempre  é  saudável  para  um  cristão.

Vivendo  isolado,  o  ser  humano  torna-se  quase  sempre  empobrecido.  Quanto  mais  ele  isola-se  das  pessoas,  mais  ele  torna-se  pobre.  Vivendo  sozinhos  nós  desligamo-nos  da  vida  em  comum,  da  vida  de  todo  um  organismo,  no  isolamento  nós  secamos,  pois  não  nos  alimentamos  dos  nutrientes  da  vida  em  comum.  Através  dos  relacionamentos  com  as  outras  pessoas  descobrem-se  forças  desconhecidas  do  ser  humano  e  que  entram  em  acção.  Dessa  forma,  o  relacionamento  com  as  outras  pessoas  enriquece  a  nossa  alma,  que  floresce  na  medida  da  nossa  aproximação  com  as  outras  pessoas.  Cada  ser  humano  é  um  indivíduo,  mas  ele  pode  completar  em  si  o  que  lhe  falta  através  do  relacionamento  com  toda  a  humanidade.  As  pessoas – são  as  flores  de  Deus; é  necessário  imitar  as  abelhas  que  comem  mel  de  todas  as  flores,  enriquecendo-se  com  a  individualidade  dos  outros  e  abrindo-se  aos  outros.

Algumas  vezes  os  relacionamentos  tornam-se  difíceis  para  nós,  mas  nós  somos  chamados  para  a  vida  em  comum  e  por  isso  o  relacionamento  com  as  pessoas  é  um  dever  cristão.  Cada  encontro  pode  nos  dar  muito.  Se  nós  formos  atentos  ás  pessoas  que  nos  rodeiam,  invariavelmente  nós  encontraremos  preciosidades  como  a  luz  e  o  bem.  Em  cada  ser  humano  existe  o  belo  e  somente  os  nossos  pecados  não  nos  permitem  ver  isto.  Nós  encontramos  pessoas  e  na  maioria  das  vezes  as  avaliamos  incorrectamente,  analisando  só  a  superfície.  A  gente  diz;  “aquele  é  simpático  e  este  não”.  Frequentemente  olhando  quaisquer  aspectos  ausentes  numa  pessoa,  nós  a  evitamos,  examinando  somente  a  sua  aparência,  fazemos  julgamentos  a  seu  respeito,  sem  tentarmos  superar  o  que  nos  separa.  Nós  gostamos  de  nos  relacionar  com  pessoas  que  são  agradáveis  a  nós,  quando  existe  uma  predisposição  favorável  uns  com  os  outros.  Encontrando  a  menor  resistência  na  relação,  nós  não  fazemos  força  para  ultrapassá-la.  É  difícil  conversar  com  uma  pessoa,  contra  a  qual  sentimos  preconceito,  mas  é  exactamente  esta  dificuldade  que  nós  precisamos  ultrapassar.

Deus  quer  nos  reunir  a  todos  enquanto  o  demónio  se  esforça  em  nos  separar.  Superando  a  desunião,  nós  descobriremos  uns  nos  outros  aquilo  o  que  é  único  que  é  de  Deus  em  nós,  o  que  gera  a  nossa  força,  o  que  nos  dá  a  bem-aventurança.  O  pecado  dividiu  toda  a  humanidade.  Vencendo  o  pecado  dentro  de  si,  as  pessoas  aproximam-se  umas  das  outras,  assim  que  retornam  ao  seu  estado  original  da  natureza  humana  em  geral – a  de  um  único  organismo.  O  pecado  rouba  o  ser  humano.  Não  vencendo  aquilo  o  que  nos  separa,  nós  não  enxergamos  a  vida  real  de  cada  ser  humano,  mas  somente  a  sua  persona,  ao  qual  nós  erradamente  consideramos  como  sua  realidade.  A  nossa  fragmentação,  a  nossa  prepotência  distorce  a  nossa  vida.

Nós  normalmente  consideramos  que  os  nossos  encontros  com  as  outras  pessoas  são  acidentais.  Claro  que  não  é  isso!  Deus  coloca-nos  uns  ao  lado  dos  outros  na  família  e  na  sociedade,  para  que  nós  enriqueçamos  uns  com  os  outros;  para  que  encostando  uns  nos  outros,  as  pessoas  com  atritos  acendam  faíscas  de  luz.  Deus  disse;  “Eis  uma  charada.  Eu  coloquei-te  junto  a  essa  ou  aquela  pessoa.  No  seu  coração  existe  um  talento,  que  eu  dou-te,  portanto  descobre-a”.  Deus  enviando  cada  alma  para  a  vida,  a  diferencia  com  um  determinado  talento,  e  lhe  dá  um  palco  para  acção,  para  o  florescimento  da  sua  vida  espiritual.  Como  cada  pessoa  é  espiritualmente  diferente,  se  o  seu  talento  espiritual  não  for  descoberto,  será  a  falência  da  sua  alma  e  o  desaparecimento  da  luz  divina  num  determinado  ponto  da  sua  existência.  Por  isso  cada  um  deve  preocupar-se  com  o  seu  mundo  espiritual,  para  permitir  a  luz  divina  a  oportunidade  de  brilhar  nele  e  não  desaparecer.  Porque  nós  não  temos  vontade  e  somos  lentos  para  utilizar  aquelas  forças  que  existem  dentro  de  nós?  Vencendo  o  pecado  nós  libertamos  os  princípios  do  bem  dentro  de  nós,  reduzindo  o  mal – diminuímos  o  mal  da  terra.  O  menor  esforço  da  nossa  parte  quebra  a  nossa  inércia  e  desperta  o  bem  adormecido  e  o  evidencia.

A  cada  um  de  nós  são  dados  determinados  talentos.  A  cada  um  Deus  irá  perguntar;  “Porquê  que  não  fizeste  o  que  deverias  ter  feito?”  O  desafio  de  cada  um  na  sua  vida  é  descobrir  e  multiplicar  os  seus  talentos  dados  por  Deus.  Frequentemente  as  pessoas  dizem;  “eu  não  tenho  nenhum  talento,”  tendo  em  vista  o  talento  dos  cientistas,  artistas  plásticos,  lideres  na  sociedade ...  Mas  muito  mais  importantes  são  os  talentos  do  coração,  que  Deus  deu  a  cada  ser  humano,  como  por  exemplo  a  cordialidade,  a  compaixão,  a  presteza.  O  desenvolvimento  destes  talentos,  como  aspectos  da  nossa  natureza,  está  nas  nossas  mãos.  Esses  nossos  talentos  são  desenvolvidos  através  de  um  activo  relacionamento  com  as  pessoas.  Nós  estamos  ligados  através  de  inúmeros  fios  uns  com  os  outros,  e  nós  precisamos  de  através  estes  fios  criar  união  entre  as  nossas  vidas.  É  triste  constatar  que  muitas  pessoas  queixam-se  da  solidão.  Isolar-se  dos  outros  cria  uma  certa  apatia,  enquanto  o  contacto – ao  contrário,  dá  vivacidade,  uma  vez  que  a  pessoa  sente,  que  ela  não  está  perdida  no  mundo.  O  contacto  com  as  pessoas  é  um  fio  que  atirado  da  Terra  para  o  Céu  a  Deus – ao  Centro  que  a  tudo  une.  O  desejo  de  união  que  vem  do  coração  do  outro,  tem  em  si como  direcção  o  Centro  que  a  tudo  une  e  que  é  Deus,  pois  o  contacto  entre  as  pessoas  é  vida  e  a  separação  é  a  morte.

A  união  entre  as  pessoas  é  o  bem  que  traz-nos  a  alegria  da  vida.  Esta  é  uma  lei  afastando-se  da  qual,  as  pessoas  irão  invariavelmente  sofrer.  Todos  nós  somos  criados  á  imagem  e  semelhança  de  Deus.  Isto  significa  que  a  imagem  de  Deus  é  exactamente  o  que  nos  une.  Unindo-nos,  podemos  conquistar  uma  mesma  forma  de  pensar,  um  mesmo  espírito,  uma  mesma  vontade ...  aquela  unidade  da  qual  Jesus  falava:  “para  que  sejam  todos  um,  como  tu,  Pai,  o  és  em  mim,  e  eu  em  ti,  para  que  também  eles  sejam  um  em  nós ...” (João 17,21).nós,  na  nossa  vida  cinzenta  nem  achamos  necessário  procurar  aquilo  que  nós  recebemos  de  Deus,  aquilo  que  na  realidade  poderia  nos  unir.  O  estado  de  desilusão  tira  de  nós  a  alegria  da  vida  quotidiana  e  não  nos  permite  desenvolver  os  nossos  talentos.

Constantemente  escutamos;  “Não  existem  pessoas  boas”  Como  não  existem  pessoas  boas?  Entre  nós  há  pessoas  com  educação  avançada,  inteligentes,  com  tesouros  espirituais  e  apenas  por  causa  de  um  véu  superficial  nós  não  enxergamos  isso  e  além  de  tudo  enterramos  os  nossos  próprios  talentos  junto  com  os  dos  outros.  Nós  somos  escravos  da  preguiça  e  da  malícia.  Nós  dizemos  que  não  podemos  multiplicar  os  nossos  talentos,  apesar  de  ser  dito;  “Batei  e  abrir-se-vos-á.”

Em  cada  coração  é  necessário  procurar  um  tesouro.  Os  tesouros  são  procurados  com  frequência,  mas  não  os  espirituais,  por  isso  é  necessário  procurar  os  espirituais.  Muitos  podem  perguntar;  “E  para  quê?”  -  Nós  responderemos;  “para  enriquecermos.”  Nós  enxergamos  nas  pessoas  somente  a  superfície  e  tomamos  delas  somente  o  superficial,  pois  não  percebemos  e  não  procuramos  o  tesouro  existente  em  cada  um  de  nós.  É  necessário  procurar  o  talento  existente  no  coração;  este  tesouro  é  a  fonte  do  bem.  Mas  como  fazer  isto?  Para  isso  é  necessário  esforço  e  dedicação.  Sem  esforço,  como  dizem,  não  se  tira  um  peixe  da  água.  Se  mesmo  os  grandes  talentos  recebidos  de  Deus  dependem  de  esforços  para  que  haja  um  resultado  de  acordo,  tanto  isto  é  verdadeiro  para  as  pessoas  comuns.

Aproximando-se  de  uma  pessoa,  vamos  prestar  atenção  ao  seu  coração – que  é  o  centro  do  ser  humano.  Jesus  Cristo  afirmou  que  tudo  tem  origem  no  coração  das  pessoas;  “o  homem  bom  do  bom  tesouro  do  seu  coração  tira  o  bem;  e  o  homem  mau  do  mau  tesouro  tira  o  mal” (Lc 6-45).  A  bondade  no  coração  é  uma  dádiva  de  Deus  e  que  pode  ser  multiplicada  por  dez – sobre  um  coração  bom  é  mais  fácil  estabelecer  a  bondade.  Os  milagres  estão  não  nas  grandes  realizações,  mas  o  milagre  está  quando  alguém  mau  transforma-se  em  bom,  porque  então  vencem-se  os  aspectos  originais  da  natureza  humana  e  cria-se  uma  nova  pessoa  através  da  luta  contra  o  pecado.  Lutando  contra  o  pecado,  o  ser  humano  aperfeiçoa-se,  isto  é  transforma-se   naquele  que  o  liga  a  Deus.  O  ser  humano  vencendo  o  pecado  dentro  de  si,  abre  assim  os  melhores  aspectos  da  sua  alma,  o  que  também  faz  surgir  nas  outras  pessoas  um  tesouro,  o  qual  os  outros  nem  desconfiavam  da  sua  existência.  Ele  pensa  dentro  de  si  como  fazer  para  não  se  encontrar  com  esta  ou  aquela  pessoa.  Vencendo  o  pecado,  o  ser  humano  facilmente  aproxima-se  de  outras  pessoas  e  contamina-as  com  o  bem.  Se  olharmos  no  âmago  de  cada  ser  humano,  podemos  enxergar  a  sua  real  natureza.  Isto  não  é  fácil,  mas  nós  precisamos  de  nos  disciplinar  para  conseguir.

Quando  nós  estamos  de  bem  com  as  pessoas,  nós  nos  iluminamos  com  faíscas  de  luz,  e  levamos  connosco  algo  invisível – que  nos  dá  vida.  Deus  envia-nos  ao  mundo  para  evidenciarmos  as  nossas  riquezas.  Se  nós  juntarmos  os  pedacinhos  do  bem  e  da  luz  descobertos  em  nós,  só  isto  já  será  muito.  Se  estivermos  a  recolher  pedacinhos  desta  luz,  então  nesta  atmosfera  nós  mesmos  seremos  alimentados  por  ela  e  então  ocorrerá  a  iluminação  e  o  aquecimento  do  nosso  coração  empedrado.  Este  processo  de  procura  pela  luz  é  o  momento  de  iluminação  espiritual;  a  beleza  do  bem  descoberto  enche  de  beleza  a  nossa  alma.  Na  procura  do  tesouro  na  nossa  alma,  nós  inevitavelmente  iremos  arrancar  as  ervas  daninhas  do  nosso  coração  e  esta  limpeza  também  faz  parte  do  bem,  ao  qual  nos  dará  a  alegria  de  viver.

Este  bem  é  o  degrau  para  a  morada  onde  enxergamos  Deus  no  momento  do  nosso  crescimento  espiritual – a  bem-aventurança.  Foi  dito; “Bem  aventurados  os  puros  de  coração,  porque  verão  a  Deus”  (Mt 5-8).  É  com  momentos  diferenciados  que  o  ser  humano  prepara  para  si  o  seu  espaço  na  morada  da  luz.

A  luz  de  Deus,  que  nós  descobrimos  em  nós,  faz  com  que  nós  enxerguemos  verdadeiramente  e  quando  a  nossa  visão  está  atenta,  então  nós  não  iremos  gastar  todas  as  energias  da  nossa  alma  com  coisas   insignificantes.  Com  a  luz  de  Deus,  como  uma  lanterna  na  mão,  o  ser  humano  ilumina  o  seu  caminho  e  então  também  nas  outras  pessoas  ele  começa  a  enxergar  a  mesma  luz.  Esta  luz  existe  em  cada  ser  humano,  mas  ela  está  coberta  pela  escuridão  a  ponto  de  nós  durante  muito  tempo  não  conseguirmos  senti-la  em  nós  e  enxergá-la  nos  outros.  Uma  vez  percebida  esta  luz,  é  como  se  nós  despertássemos  pois  tudo  muda  á  nossa  volta  e  as  energias  do  mal  perdem  as  suas  forças.  Com  a  luz  de  Deus  e  com  essa  reviravolta  interna  voltada  para  Deus,  reunimos  todos  os  pontinhos  de  luz  num  único  foco  e  com  isso  não  apenas  iluminamos  a  nós  mesmos,  mas  despertamos  a  luz  nas  outras  pessoas.

Quando  durante  os  relacionamentos  com  as  pessoas  surgem  dificuldades,  quando  o  mal  cria  uma  tempestade  no  nosso  coração  e  instala-se  a  escuridão,  nós  precisamos  de  pedir  ajuda  a  Deus,  chamando  mentalmente  pelo  Seu  nome.  Este  é  um  momento  espiritual.  O  ser  humano  quando  se  encontra  assim  na  escuridão,  pode  fazer  e  falar  muitas  asneiras.  É  importante  rapidamente  voltar-se  para  Deus.  Ele  introduzirá  a  luz  na  escuridão.  Com  este  acto  criativo – quando  o  ser  humano  volta-se  para  Deus,  ele  está  a  chamar  a  luz  que  vinda  de  Deus  vai  para  o  seu  coração,  isto  é,  o  próprio  Jesus  Cristo  entra  no  coração,  iluminando-o  e  lá  reinando.  Então  no  coração  vive  Deus,  a  escuridão  é  vencida  e  esta  vitória  leva-nos  numa  outra  esfera  da  vida – nova  e  alegre.  No  coração  instala-se  a  paz  e  a  alegria  e  então  nós  começamos  a  perceber  aquela  unidade,  pela  qual  a  nossa  alma  tanto  anseia.  Vivendo  para  Deus,  é  como  se  nós  nos  renovássemos,  entramos  na  esfera  da  luz  e  o  próprio  Nosso  senhor  se  afirma  em  nós;  “  Porque  onde  estiverem  dois  ou  três  reunidos  em  meu  nome,  eu  estou  no  meio  deles”  (Mt 18-20)


·       O  Papel  Da  Família  Na  Salvação

A  questão  da  salvação – é  uma  pergunta  fundamenta  na  história  da  humanidade  no  todo  e  no  destino  individual  de  cada  um.  A  ela  (ou  também  na  questão  da  felicidade)  são  adequadas  as  palavras – “foi,  é  e  será”.  Tudo  está  resumido  nesta  questão  e  na  sua  realização  em  vida.  Neste  sentido  a  felicidade  está  nas  nossas  mãos.  Ela  é  decorrente  da  vitória  sobre  o  pecado.  O  meio  mais  próximo  para  o  combate  contra  o  pecado  é  antes  de  tudo  na  família  e  em  todos  aqueles  que  nos  rodeiam.  Nós  olhamos  para  o  meio,  para  o  ambiente  no  qual  vivemos  como  algo  meio  acidental  e  quase  não  reparamos  na  nossa  família  como  um  caminho,  dado-nos  a  nós  por  Deus  para  a  salvação.  A  vida  em  família  parece-nos  algo  do  acaso  e  o  mais  importante  na  família  escapa  á  nossa  atenção.  A  família – pelas  palavras  do  Apostolo – é  uma  pequena  Igreja.  Ela  pode  de  forma  especial  ajudar  o  ser  humano  a  alcançar  o  seu  mais  importante  objectivo  na  vida.  Na  família  procura-se  a  felicidade.  Mas  o  que  devemos  entender  como  felicidade ?  as  respostas  para  isso  são  nebulosas.  Isto  é  um  testemunho  de  que  o  mais  importante  não  é  extraído  desta  condição  dada  por  Deus.

A  vida  em  pecado  e  a  correcta  vida  espiritual – ambas  ocorrem  dentro  do  ser  humano  e  o  ambiente  desta  vida  é  o  meio,  com  a  ajuda  do  qual  o  ser  humano  deve  voltar-se  para  o  seu  intimo.  Já  foi  dito,  que  o  pecado  é  uma  força  que  gera  conflitos  e  desunião.  Vou  explicar  isto  com  um  exemplo  de  vida.  Duas  pessoas  magoaram-se  uma  á  outra,  ofenderam-se,  não  queriam  ceder  uma  á  outra  e  feridas  no  interior  separaram-se.  Eis  a  infelicidade.  Isto  demonstra  que  devemos  combater  o  pecado  para  garantir  a  nossa  felicidade,  assim  como  a  irritação  é  a  infelicidade  na  nossa  vida.  O  ser  humano  é  criado  com  o  desejo  de  felicidade  e  pode  aprender  pela  sua  felicidade  como  lutar  contra  a  sua  infelicidade,  isto  é,  contra  o  pecado  no  seu ambiente que  lhe  é  mais  próximo.  As  forças  do  pecado  e  da  pureza  encontram-se  dentro  do  ser  humano  em  aparente  estado  de  calma.  E  dependendo  em  como  nós  tocamos  este  ser,  reagem  dentro  dele  e  no  mundo  as  forças  do  bem  ou  do  mal.  Nós  precisamos  de  encontrar  sempre  um  ambiente  tal,  que  mantenha  limpo  o  nosso  mundo  interior,  nos  desse  forças  e  condições  de  um  verdadeiro  conhecimento  de  si  mesmo.

O  meio  ambiente  em  geral,  como  mero  encontro  acidental  de  pessoas,  pouco  pode  ajudar.  Frente  ás  outras  pessoas  o  ser  humano  esconde  as  suas  mentiras,  empurra-as  para  dentro  e  esforça-se  em  parecer  limpinho.  Ele  tem  vergonha  daquilo  do  que  pode  ser  pensado  dele,  tem  medo  da  opinião  publica  e  por  isso  não  se  expõe.  Somente  num  ambiente  costumeiro,  num  ambiente  familiar  o  mal  escondido  no  ser  humano  começa  a  esvair-se  para  fora.  Nestas  condições  o  ambiente  familiar – cria  um  momento  indispensável  para  o  auto-conhecimento.  Não  é  por  acaso  que  nós  temos  receio  de  estarmos  num  ambiente  familiar.  Fugindo  dele,  nós  interessamo-nos  de  tudo,  encontramos  diversão  e  isso  basta  para  fugirmos  do  ambiente  favorável  para  o  nosso  auto-conhecimento

Porque  é  que  a  família  parece  o  meio  mais  favorável  para  a  salvação ?  em  família  o  ser  humano  inevitavelmente  abre  os  seus  sentidos,  enquanto  perante  desconhecidos  ele  encobre  o  seu  mundo  interior.  Em  sociedade  o  ser  humano  controla-se,  encobre  a  irritação,  esforça-se  em  parecer  diferente.  Ele  demonstra  a  sua  face  externa  e  não  a  interna.  Em  família  ele  não  esconde  as  suas  condições,  não  se  envergonha  de  expor  o  seu  estado  em  pecado  em  palavras  ou  acções.  E  um  mundo  em  pecado  oculto  revela-se  frente  á  família  e  aos  mais  próximos  e  perante  ele  próprio.  Dessa  forma,  o  ser  humano  atento  á  sua  salvação,  dentro  do  ambiente  familiar  entende  mais  facilmente  o  que  há  de  pecado  dentro  dele  e  o  que  o  isola  dos  outros.  É  necessário  apenas,  que  o  conhecimento  do  seu  mundo  interior,  permaneça  combatendo  o  pecado.


·       A  Grande  Quaresma

Durante  o  período  da  Grande  Quaresma  a  Igreja  firmemente  esforça-se  em  despertar  em  nós  o  sentimento  de  arrependimento.  Nós  somos   tocados  pelas  Missas,  os  cânones  e  também  por  uma  parte  das  leituras  do  Antigo  Testamento  que  são  meios  para  conscientizarmo-nos  dos  nossos  pecados.  Os  exemplos  que  vêm  do  Antigo  Testamento  advertem-nos,  indicando-nos  da  sua  experiência  milenar,  o  único  e  abençoado  caminho:  o  caminho  ao  encontro  de  Deus.

Através  de  diferentes  dificuldades,  prolongada  a  escravidão,  graves  doenças,  Deus  conduziu  o  Povo  até  á  Sua  Verdade.  Todo  o  Antigo  Testamento  é  a  história  da  verdade  de  Deus,  que  castiga  punindo  os  pecados  e  que  também  abençoa.  Porém  mesmo  depois  de  tantos  castigos  o  povo  judeu  frequentemente  embrutecia  o  seu  coração  e  não  queria   compreender  as  ordens  de  Deus.

Mas  um  embrutecimento  semelhante  também  é  possível  perceber  em  muitos  de  nós.  Deus  atinge-nos  com  sofrimentos,  derrama  dificuldades  sobre  os  corações  empedrados,  para  que  eles  possam  ser  arados  e  tornados  adequados  para  receber  a  Graça  de  Deus ;  isto  é,  muitas  vezes  o  nosso  coração  não  é  receptivo  á  sua  Graça,  mesmo  quando  Deus  de  forma  óbvia  e  evidente  no-la  dá.  Nós  ainda  somos  dominados  pelo  medo  animal -  o  medo  da  morte,  mas  será  que  vive  em  nós  o  medo  do  Juízo  de  Deus ?   Deus  espera,  para  que  nós  enxerguemos  nas  dificuldades  que  nos  rodeiam,  a  Sua  Graça,  e  não  apenas  uma  serie  de  acasos.

Comparando  assim  o  Antigo  Testamento  com  o  momento  presente,  nós  percebemos  que  naquela  época  assim  como  agora,  Deus  preocupa-se  com  as  suas  pessoa,  não  permitindo  que  elas  pereçam  na  indefinição,  e  ás  margens  das  leis,  esforçando-se  de  todas  as  formas  em  levá-las  ao  arrependimento  e  de  todos  os  meios  chamando-as  novamente  para  ligarem-se  a  Deus – Fonte  de  Vida.  De  facto  o  Amor  de  Deus  ultrapassa  a  compreensão  humana !

O  Seu  Amor  estende-se  a  tal  ponto,  que  “por  causa  dos  seus  eleitos,  por  causa  de  uma  pequena  porção,  Ele  abençoa  todo  o  Povo”  “uma  semente  sagrada – é  a  força  de  todo  um  povo”  diz  o  profecia  Isaías,  graças  a  ela  todo  um  reino  se  perpetuará ;  ela  é  como  um  solido  alicerce  que  deve  ser  construído  como  base  de  um  povo.  Assim  Deus  guiava  os  Seus  servos,  manifestando-se  ora  como  um  severo  Juiz  e  Carrasco,  ora  como  O  que  perdoa  a  tudo  e  O  que  abençoa – para  o  bem  das  pessoas,  para  firmar  a  verdade  na  Terra.  (a  verdade  é  uma  outra  face  do  amor,  e  é  a  sua  força  que  a  defende)

Revelando  tanta  preocupação  sobre  os  seus  servos,  não  se  preocupa  mais  ainda  o  Senhor  com  os  Seus  Filhos ?  O  Antigo  Testamento  é  servidão  e3  o  Novo  Testamento  é  filiação.  Nós  já  não  somos  servos  na  casa  de  Deus.  O  servo  preocupa-se  somente  como  agradar  ao  seu  senhorio  e,  a  relação  com  ele  é  medida  com  actos :  enquanto  o  filho  tem  proximidade  com  o  seu  pai,  preocupa-se  em  não  magoá-lo  não  só  através  de  actos,  mas  até  com  intenções,  para  não  perder  o  amor  paterno;  o  seu  relacionamento  mede-se  com  sentimentos  e  pensamentos.  Mas  àquele  que  muito  for  dado,  muito  será  exigido.  “Nós  somos  filhos  de  Deus,  mas  ainda  não  nos  foi  anunciado,  o  que  seremos” – fala  o  apostolo;  a  nós,  muito  é  dado  e  depende  da  nossa  vontade  de  multiplicar  o  talento  dado  por  Deus.  Na  nossa  vontade  está  o  desejo  de  sermos  os  guerreiros  de  Cristo,  combatendo  nos  nossos  corações,  este  campo  de  lutas,  pela  verdade  de  Deus.  Está  dentro  da  nossa  vontade  dar  um  inicio  abençoado – pois  Deus  “beija  até  as  nossas  intenções”  e  o  resto  faremos  com  a  ajuda  da  Graça  de  Deus.

Como  meio  de  combate  existem  muitas  orações  a  Deus – momentos  criativos,  que  nos  tiram  da  vida  mecânica    e  ás  quais  em  grandes  quantidades  nos  oferece  a  Santa  Igreja  em  tocantes  missas  durante  a  Grande  Quaresma.  A  meta  da  luta – é  conversar  a  paz  espiritual.  Quando  a  paz  se  instala  no  nosso  coração,  então  nós  colocamo-nos  no  caminho  em  direcção  a  Deus.  As  condições  na  relação  com  Deus  são  tão  maravilhosas,  que  elas  por  si  só  tornam-se  recompensas – o  Reino  de  Deus  dentro  de  nós.  É  para  isso  que  nos  chama  o  Senhor,  para  que  nós  aqui  na  Terra,  em  diferentes  momentos  conquistássemos  para  nós  a  eternidade.  Amém. 


·       Em  Busca  Da  Felicidade

Cada  um  de  nós  deseja  para  si  a  bênção  da  felicidade.  Deus  deu-nos  a  terra  para  uma  feliz  permanência  nela,  para  que  nós  vivamos  em  estado  de  graça,  para  que  nós  participássemos  da  glória  de  Deus.  Porém  frequentemente  somos  obrigados  a  ouvir  que  a  nossa  vida  não  nos  traz  nenhuma  alegria.  Um  dia  após  o  outro  nós  acordamos,  trabalhamos,  cansamos,  sempre  a  mesma  coisa  repetindo-se,  tudo  nos  cansa,  é  chato  e  tão  cinzento  em  redor.  De  facto,  se  nós  prestarmos  atenção,  nós  trabalhamos  o  dia  todo,  ficamos  preocupados,  estressados,  magoados,  sentimo-nos  infelizes,  inúteis  e  solitários.  Dessa  forma  nós  tornamo-nos  verdadeiramente  infelizes,  pois  somos  escravos  de  coisas  e  vivemos  mecanicamente  e  nos  subordinamos  a  uma  interminável  corrente  de  facto.  Toda  a  nossa  energia  é  colocada  em  coisas  insignificantes,  que  hoje  existem  e  talvez  amanhã  não  existem  mais.

A  transitoriedade  da  nossa  vida  com  as  suas  mágoas,  julgamentos  e  invejas,  nós  consideramos  como  nossa  vida  verdadeira.  Irritando-nos  e  magoando-nos  nós  perdemos  a  paz  interior  no  nosso  coração  e  submergimos  na  escuridão.  Para  nós  tudo  é  desagradável,  os  amigos  parecem  inimigos,  até  a  luz  do  sol  parece  que  não  nos  ilumina  e  os  pássaros  não  cantam  para  nós. Neste  estado  esta  escondida  de  nós  mesmos  a  fonte  do  nosso  bem,  da  nossa  alegria.  Nós  não  conseguimos  enxergar  nada  de  bom  dentro  de  nós  e  nem  nos  outros.  Tudo  para  nós  parece  ruim.  Porque  isso  acontece ?  o  que  é  que  está  a  estragar  a  nossa  vida ?  nós  estamos  a  viver  com  um  coração  obscurecido.  Nós  aceitamos  a  posse  temporária  de  nós  pelas  forças  escuras – este  estado  em  pecado  da  nossa  alma – na  realidade,  pelas  nossas  culpas.  Nós  andamos  na  escuridão  e  quem  anda  na  escuridão  tropeça.  Colado  a  nós  está  o  pecado  e  o  mal :  através  da  irritação,  criticas,  raiva  e  que  nos  tiram  a  paz.

Relacionando-se  com  outras  pessoas  sem  paz  no  intimo,  nós  despertamos  um  estado  de  conflitos  e  estranhamento  uns  com  os  outros.  Sentindo  o  conflito,  nós  sentimo-nos  mal,  infelicidade  e  de  facto  sofremos. 

Onde  está  nos  dias  da  semana  o  estado  de  graça  e  a  alegria ?  Como  iluminar  a  nossa  vida ?  Como  achar  o  caminho  para  a  luz ?  Deus  é  a  fonte  da  luz  e  da  alegria,  enquanto  que  o  mal  traz-nos  a  escuridão.  Nós  tornamo-nos  escravos  do  mal.  O  mal  atrai  a  escuridão  para  o  nosso  coração  e  na  escuridão  nós  enxergamos  a  vida  erradamente.  A  escuridão  do  nosso  coração  distorce  a  nossa  vida.  Nós  damos  passos  errados,  falamos  o  que  não  devíamos,  fazemos  movimentos  inadequados,  até  não  enxergamos  mais  a  aparência  real  das  outras  pessoas  e  avaliamos  as  pessoas  incorrectamente,  acreditando  que  o  seu  estado  de  espírito  temporário  é  de  facto  o  definitivo.  Aceitando  a  aparência  como  que  se  fosse  realidade,  nós  encontramo-nos  num  estado  que  nos  leva  a  uma  infelicidade  mutua  e  conflitos.  Os  nossos  longínquos  antepassados  foram  criados  sem  pecado.  Desde  os  tempos  do  pecado  original,  parece  que  o  pecado  faz  parte  do  nosso  estado  natural,  cola-se  a  nós  e  mantém-nos  como  seus  escravos.  Tudo  em  nós  vem  misturado  com  o  pecado  e  com  o  pecado  nós  perdemos  a  alegria  da  vida.

A  nossa  vida  tumultuada  é  o  caminho  para  a  vida  real  de  facto.
Vamos  transformar  os  meios  em  metas.  Os  nossos  passos  reais,  oriundos  do  irreal,  carregam  consigo  o  mal,  a  tristeza  e  o  sofrimento.  Nós  caminhamos  como  se  estivéssemos  a  dormir  e  submersos  na  escuridão  dos  pecados  e  tentações,  olhamos  e  enxergamos  somente  a  escuridão.  O  demónio  impede-nos  de  ver  a  luz.  Nós  transformamo-nos  em  armar  cegas  das  forças  escuras,  daí  sofremos.  Nós  tornamo-nos  não  criadores  da  vida,  mas  seus  escravos.

Como  fazer ?  É  necessário  abrir  os  olhos.  Conquistar  e  receber  a  graça  do  bem – é  um  facto  possível.  É  necessário  apenas  esforçar-se  para  receber  estas  preciosidades.  Este  é  um  tesouro  dentro  de  nós  e  ao  redor  de  nós.

Nós  queremos  viver  felizes  e  bem.  Mas  o  que  é  que  nós  fazemos  para  conquistar  isso ?  até  as  orações  matinais  e  nocturnas  não  descortinam  perante  nós  o  nosso  estado  lamentável.  É  indispensável,  que  nós  entremos  no  significado  das  orações  e  então  encontraremos  a  consciência  dos  nossos  pecados  e  a  certeza  da  misericórdia  de  Deus.  Essas  orações  determinam  toda  a  nossa  vida  e  actividade  e  apontam  o  que  devemos  fazer  e  o  que  devemos  evitar.  Nas  orações  nocturnas  e  matinais  nós  estamos  frente  á  face  de  Deus  e  examinamo-nos  a  nós  próprios.  Essas  orações  mostram-nos  para  nós  mesmos.   É  importante  que  aquele  pouco  que  nos  é  destinado  durante  o  dia,  nos  iluminemos  com  a  razão  de  Deus.

A  nossa  alma  existe  para  a  eternidade  e  nós  simplesmente  não  nos  preocupamos  com  ela.  Nós  esforçamo-nos  em  conquistar  os  mais  diversos  tesouros,  menos  o  tesouro  da  eternidade.  Nós  somos  maus  negociantes  e  valorizamos  muito  pouco  a  nossa  alma.  Mas  não  existe  nada  mais  precioso  que  a  nossa  alma.  Nós  adquirimos  somente  o  que  não  tem  nenhum  valor  na  eternidade,  porém  aquilo  que  é  valioso  na  eternidade  nós  não  adquirimos.  Isso  acontece  porque,  tudo  em  nós  é  confuso,  todas  as  preciosidades  desequilibradas;  o  pecado  obscureceu  a  nossa  mais  verdadeira  harmonia  das  coisas.  Quando  nós  de  facto  percebemos  toda  a  ilusão  e  erros  da  nossa  vida,  então  ocorrerá  de  verdade  um  óptimo  acordo.  O  ser  humano  frente  á  luz  d  Deus  começa  a  colocar  ordem  no  tumulto  da  sua  vida  e  esforça-se  em  direcção  ao  bem  e  ao  eterno.

É  importante  para  que  cada  dia  não  se  encaminhe  vazio  para  a  eternidade;  é  necessário  achar  preciosidades  no  dia  a  dia  da  nossa  vida.  Cada  dia  é-nos  dado  para  extrairmos  um  mínimo  daquela  benção,  daquela  alegria,  a  qual  na  realidade  é  a  eternidade  e  a  qual  irá  connosco  para  a  vida  futura.  Para  extrairmos  preciosidades  de  cada  um  dos  nossos  dias,  é  necessário  relacionarmo-nos  criativamente  com  cada  momento  da  nossa  vida.  Com  criatividade  nós  podemos  superar  a  nossa  inércia,  livramo-nos  da  escuridão  e  das  tentações  que  nos  dominam. 

A  vitória  sobre  o  pecado  leva  a  uma  alegre  percepção  da  vida,  conhecimento  de  Deus  e  trás  junto  de  nós  a  experimentação  da  real  vida  para  a  qual  foi  destinado  o  ser  humano. 

Como  se  aproximar  desta  vida  criativa ?   A  fonte  da  nossa  vida  é  o  coração.  O  nosso  coração  é  a  arena  da  luta   do  demónio  com  Deus   e  esta  luta  acontece  a  todas  as  horas  e  a  cada  minuto.  É  necessário  o  tempo  todo  com  muita  atenção  sentir  o  coração,  perceber  as  intenções  do  demónio  e  combate-las.  Então  nós  teremos  um  relacionamento  criativo  com  cada  momento  da  nossa  vida.  Nós  todo  o  tempo  estamos  entre  o  bem  e  o  mal.  A  nossa  vontade  inclina-nos  para  o  bem,  sem  forças  submetemo-nos  ao  mal.  O  demónio  quer-nos  dominar,  mas  nós  devemos  resistir-lhe.  O  demónio  empurra-nos  para  o  pecado  com  aparência  do  bem  e  nos  estimula  a  coisas,  que  não  são  o  bem  para  nós.  Ele  sob  a  imagem  da  felicidade  empurra-nos  para  o  pecado.

Em  cada  ser  humano  há  mais  cosas  do  bem  do  que  do  mal,  só  que  o  bem  está  misturado  com  o  mal.  Vamos  dizer:  “Mas,  como  é  isso?  Porque  é  que  vemos  tanto  mal  nos  outros?  Um  mar  inteiro  do  mal.”   O  mal  está  sempre  esvaindo-se  de  nós,  fica  evidente  aos  nossos  olhos,  porém  o  bem  está  oculto  em  nós,  não  está  reunido.  O  mal  é  agressivo,  o  bem  é  modesto.  O  mal  é  a  escuridão,  o  pecado,  a  nossa  fraqueza,  a  desunião,  a  infelicidade,  a  morte.  O  bem  é  a  luz,  a  união,  força,  ímpeto,  alegria,  a  vida  da  alma.

É  possível  iluminarmos  o  apático,  passar  de  cada  dia  e  horas,  fazê-lo  alegre,  se  nós  extrairmos  da  vida  o  bem,  a  luz  e  o  calor.  Eu  devo  direcionar  correctamente  a  minha  atenção  na  vida  que  me  rodeia.  Se  eu  conduzir  a  minha  visão  interna  para  a  luz,  então  eu  vejo-a .  A  atenção  concentrada  é  o  maior  acto  da  vida  espiritual.  Lute,  reaja,  obrigue-se  a  encontrar  a  luz  que  a  encontrará  e  verá.  Foi  dito  “... buscai  e  achareis” (Mt7,7).  O  nosso  ser  nos  seus  dois  terços  é  repleto  de  luz,  porém  essa  luz  interna  não  se  revela  somente  a  partir  do  nosso  desejo.  Vencendo  a  escuridão,  nós  trazemos  luz  ou  Deus  para  o  nosso  coração.  Esse  momento  já  não  é  mais  passivo,  mas  criativo.  É  necessário  revelar-se  criativo.  Criando  uma  nova  vida,  nós  podemos  tocar  a  Fonte  da  luz,  que  a  tudo  ilumina.

O  bem  é  eterno  e  vindo  de  Deus  a  Ele  retorna.  Esse  movimento  do  bem  em  direcção  a  Deus  é  a  existência  do  Reino  dos  Céus  na  Terra.  É  necessário  fazer  força  em  relação  ao  bem  e  o  bem  virá  na  nossa  direcção.  Eu  caminho  na  direcção  de  Deus  Pai  e  o  Deus  Pai  vem  na  minha  direcção  (parábola  do  filho  pródigo).  Expulsando  o  demónio  do  nosso  coração,  nós  libertamos  um  espaço  para  Deus.  Deus  entra  no  nosso  coração  e  reina  nele,  com  o  que  se  estabelece  o  reino  dos  Céus.  Ele  é  uma  bênção  real  na  terra – essa  alegria  vem  pelo  Espírito  Santo.  Então  em  nós  descortina-se  a  vida  celeste  e  o  ideal  torna-se  real.  Nós  rezamos:  “e  venha  a  nós  o  Vosso  reino”  - pois  isto  é  um  facto  real.  A  permanência  no  combate  com  o  pecado  é  um  estado  na  luz,  na  santidade,  que  tem  como  fonte  o  Espírito  Santo  que  vem  da  Fonte  da  Luz – Deus.  Por  isso  o  Apostolo  São  Paulo  determina  que  “porque  o  Reino  de  Deus  não  é  comida  nem  bebida,  mas  justiça  e  paz  e  gozo  no  Espírito  Santo” (Romanos  14,17).  Neste  estado  o  ser  humano  une-se  a Deus  e  sente  a  alegria  pelo  espírito  Santo  com  todo  o  seu  ser.  Isso  é  porque  o  ser  humano  está  a  voltar  para  Deus – seu  Pai,  e  o  seu  lar.

A  felicidade  não  pode  ser  obtida  desrespeitando  as  Leis  da  vida,  através  do  pecado.  Como  então  começar  a  combater  o  pecado ?  É  necessário  encontrar  as  forças  necessárias,  que  destroi  e  enfraquece  o  pecado.  É  necessário  unir-se  com  a  fonte  da  força  do  bem – Deus – rezar-Lhe  pedindo-Lhe  ajuda,  pois  a  força  que  nos  domina  enfraquece  as  nossas  tentativas,  e  sem  a  ajuda  de  Deus  nós  não  temos  condições  de  alterar  a  nossa  natureza  pecaminosa. 

Deus  está  sempre  perto,  imediatamente  vem  ao  nosso  encontro  e  ajuda-nos.  Por  meio  de  uma  pequena  suplica  a  Deus,  com  as  palavras:  “Senhor,  ajuda-me”  no  instante  em  que  estamos  reféns  da  força  escura,  nós  da  não  existência  para  a  existência  clamamos  pela  nossa  vida.  Voltar-se  para  Deus  é  um  acto  de  vontade,  dirigido  á  fonte  da  luz.  O  pensamento  de  voltar-se  para  Deus no  momento  de  escuridão  no  coração: (irritação,  raiva,  inveja  ou  outro  tentação  qualquer),  demonstrada  pelas  palavras:  “Senhor,  ajuda-me”,  atravessa  o  espaço  entre  a  terra  e  o  Céu.  No  momento  do  apelo,  de  lá  do  Céu,  invariavelmente  vem  a  força  necessária  ao  coração  e  que  por  uma  luz  de  vontade  nos  encaminhamos  para  uma  nova  parte  da  existência,  o  que  já  é  um  esforço  especial,  mas  ele,  o  pensamento,  vem  junto  com  a  luz  de  Deus.  Voltando-se  para  Deus – com  a  Palavra,  nós  recebemos  em  resposta  a  luz  Divina,  que  surge  como  uma  estrela  condutora  na  nossa  vida.  Essa  luz  desperta  a  vida – a  energia  do  bem  e  então  o  ser  humano  cria  condições  para  germinar  nesta  terra  indiferente  e  congelada. 

O  momento  quando  chamamos  o  nome  de  Deus  é  o  condutor  da  luz  para  dentro  da  nossa  alma.  Parece  uma  coisa  pequena  dizermos:  “Deus,  Ajude-me”,  mas  perante  nós  é  como  se  abrisse  o  Céu  expondo  a  morada  de  Deus  e  lançando  a  luz,  transfere-se  a  nós,  enquanto  nós  mergulhamos  na  eternidade.  A  própria  eternidade  penetra  na  nossa  vida,  como  que  num  momento,  nos  aproximando  da  fonte  da  luz.  Esta  luz  acolhe  em  nós  as  sementinhas  do  bem – no  caos  existe  entre  o  bem  e  o  mal,  característico  da  nossa  vida  habitual.  Deus  começa  a  reinar  no  nosso  coração  e  com  isso  estabelece-se  o  Reino  de  Deus – a  alegria  e  a  paz.

No  processo  da  luta  com  o  pecado  é  como  que  se  nós  renascêssemos:  de  irritações  tornamo-nos  calmos,  de  avarentos  tornamo-nos  generosos,  de  maus – bons,  de  cruéis – bondosos,  de  atormentados – ponderados.  Em  nós  surgem  sentimentos  e  preocupações.  Em  nós  abre-se  a  visão.  A  escuridão  do  nosso  coração  é  trocada  pela  luz  e  isso  é  um  milagre  que  vem  através  da  força  de  Deus.  Isto  é  renovação,  o  afastamento  do  antigo  ser  humano (pecador )  e  a  construção  do  novo – nova  criatura – transformada.  O  eterno,  o  celeste  entra  na  nossa  vida  e  nós  exactamente  com  isso  entramos  na  eternidade.  Ao  ser  humano  é  dada  uma  força  imensa – com  a  ajuda  de  Deus  para  transformar  a  vida  de  pecado  numa  nova,  construir  o  Reino  de  Deus  na  Terra.  O  Espírito  Santo  começa   a  agir  em  nós,  e  o  fruto  do  espírito; “... a  caridade,  a  alegria,  a  paz,  a  paciência,  a  bondade,  a  longanimidade,  a  mansidão,  a  fidelidade,  a  modéstia,  a  continência,  a  castidade ...”(gálatas 5,22).  Cada  ser  humano  então  torna-se  como  um  milagroso,  pois  vencendo  o  pecado,  ele  faz  um  milagre,  encontrando  dentro  de  si,  Deus.  Nós  começamos  a  perceber  toda  a  miragem  que  antes  envolvia  a  nossa  vida.

Sem  chamarmos  a  Deus  e  segui-Lo,  nós  não  conseguiremos  escapar  da  escravidão  das  coisas  e  situações,  das  quais  tornamo-nos  servos.  É  necessário  o  mais  frequentemente  possível  iluminar  o  nosso  quotidiano  com  a  luz  de  Deus,  como  abrindo  uma  janelinha  dentro  do  Céu,  para  que  a  luz  do  Céu  derrame-se  para  dentro  do  nosso  coração.  Quanto  mais,  nós  tivermos  momentos  assim  luminosos,  mais  frequentemente  a  nossa  vida  será  iluminada  com  a  luz  de  Deus.  O  mundo  irá  adquirir  a  sua  beleza  verdadeira  e  o  ser  humano  a  sua  vida  real  e  desfrutar  a  alegria  da  vida.  O   cristianismo  não  é  a  religião  do  sofrimento,  mas  a  religião  da  alegria  e  bênçãos.  O  Apostolo  São  Paulo  diz;  “estai  sempre  alegres” (Tessalonicences 5,16 ).  Isso  é  o  começo  daquela  bênção  da  qual  se  diz;   “o  que  os  olhos  não  viram,  os  ouvidos  não  ouviram,  o  coração  do  homem  não  pressentiu,  isso  Deus  preparou  para  aqueles  que  o  amam” (coríntios 2,9 ).


·       A  Vida  Do  Céu  Na  Terra

O  mais  importante  desafio  do  homem  cristão – é  a  consolidação  da  vida  divina  na  terra. “sede  pois  perfeitos  como  também  Vosso  Pai  é  perfeito”  (Mt 5,48).  O  cristianismo  é  um  dever  do  ser  humano.  O  cristão  conquista  o  bem  perdido,  para  o  qual  ele  foi  criado  e  combate  aquilo  que  destrói  o  seu  bem  estar.

Como  se  processa  dentro  do  ser  humano  a  renovação  da  vida  divina  na  terra ?  Cristo  veio  como  homem,  para  abençoar  a  terra  e  para  que  o  ser  humano  visse  e  se  consciencializasse  da  vida  divina  e  a  vivificasse  pelo  feito  humano  de  Cristo – a  Sua  vinda  á  terra,  o  sofrimento  na  Cruz  e  a  morte. 

Por  isso  crucificar-se  junto  dele,  romper  com  o  homem  antigo  e  vestir-se  como  um  novo  é  o  caminho  da  recuperação  da  vida  divina,  que  se  dá  através  do  esforço  da  luta  contra  o  pecado;  “.... o  Reino  dos  Céus  tem  sido  objecto  de  violência  e  os  violentos  apoderam-se  dele  á  força”  (Mt 11,12). 

Entregando-se  ás  tentações  e  pecados,  o  ser  humano  vive  sob  a  acção  do  demónio  e  está  pronto  para  submeter-se  a  ele,  ao  invés  da  bênção  receber  uma  pseudo  “felicidade”.  O  demónio  disse  a  Cristo:  “tudo  isto  te  darei,  se,  prostrado,  me  adorares”  (Mt 4,9).  A  luta  contra  o  mal  é  uma  cruz  para  o  ser  humano,  mas  através  da  cruz  é  que  se  inicia  o  poder  de  Deus  no  nosso  coração,  a  vida  divina.  A  vida  divina,  não  é  deste  mundo,  ela  é  o  reino  dos  Céus  na  terra.  E  ao  mesmo  tempo  esta  vida  é  a  mais  verdadeira  e  a  mais  real – na  sua  mais  elevada  revelação,  na  relação  com  Deus.  Relação  com  Deus!...  aparentemente  um  desafio  muito  elevado  e  como  ele  é  possível  nos  limites  da  nossa  vida  de  pecado  e  atribulações ?  Porém  a  relação  com  Deus  é  possível  aqui  na  terra.  Nos  homens  santos  nós  percebemos  a  recuperação  da  ordem  perdida  na  vida ;  a  harmonia  e  a  volta  ao  estado  original,  o  qual  nos  conduz  á  relação  com  Deus.  Relacionar-se  com  Deus  é  uma  bênção  verdadeira,  que  cada  ser  humano  pode  conseguir.

Este  caminho  é  através  da  crucificação  junto  de  Cristo.  Não  é  possível  conquistar  a  bênção,  evitando  o  caminho  de  Cristo.  Somente  andando  atrás  de  Cristo  o  ser  humano  adquire  o  seu  bem.  Cristo  veio  á  terra,  para  salvar  cada  ser  humano  pecador  “colocar  a ovelha  perdida  sobre  os  Seus  ombros”  e  trazê-la  para  Deus,  reunindo-a  novamente  com  a  vida  divina.  A  vida  divina  não  é  um  ideal  teórico,  mas  uma  exigência  prática.  Deus  não  pode  recusar-se  do  evidente  amor  ao  ser  humano,  desejando-lhe  o  bem.  Cristo  ergue  cada  pecador,  mostrando-lhe,  que  ele  é  feito  á  imagem  de  Deus.  Ele  volta-se  para  o  ser  humano  e  as  suas  possibilidades,  para  que,  aperfeiçoando-se,  possa  viver  para  o  bem.  O pecado  obscureceu  a  imagem  de  Deus  dentro  de  nós,  nós  não  nos  conhecemos  a  nós  próprios  e  não  enxergamos  nos  outros  a  imagem  de  Deus.  Cristo  veio  para  recuperar  a  imagem  de  Deus    no  ser  humano.  Lutando  contra  o  pecado,  nós  na  nossa  imagem  tiramos  o  pó  e  o  suor  do  pecado  e  assim  a  imagem  clareia,  revelando  a  imagem  de  Deus  em  nós – e  que  é  a  verdadeira  imagem  do  ser  humano.  O  símbolo  de  Deus  na  nossa  era – renovação  dos  ícones – é  o  símbolo  e  o  chamado  de  Deus  para  nos  afastarmos  do  ser  humano  antigo  e  a  criação  do  novo.  Este  pode  ser,  o  chamado  de  Deus  á  humanidade  nas  suas  ultimas  horas.

O  nosso  estado  em  pecado  é  anormal  e  estraga  a  harmonia  da  vida.  O  necessário  equilíbrio  entre  a  alma,  espírito  e  corpo,  vem  através  da  superposição  da  alma  sobre  o  corpo,  e  depois  através  do espírito sobre  a  alma,  o  que  devolve  ao  ser  humano  a  harmonia  original  na  sua   criação.  Então  o  ser  humano  ressurge  na  sua  realeza  e  torna-se  rei  na  sua  natureza.  Nós  percebemos  que  para  as  pessoas,  que  cumprem  a  vontade  de  Deus,  a  eles,  obedeçam animais  selvagens  e  a  sua  natureza.  E  nisso  não  há  nada  de  espantoso,  pois  o  ser  humano  retorna  ao  seu  destino  neste  mundo.  Existindo  apenas  na  vida  física - material,  nós  somente  de  vez  em  quando  percebemos  a  presença  do  Espírito  Santo;  “o  vento  sopra  onde  quer,  e  tu  ouves  o  seu  ruído,  mas  não  sabes  donde  ele  vem,  nem  para  onde  vai....” (João 3,8). 

Tradicionalmente  os  efeitos  do  Espírito  Santo  não  se  manifestam  em  nós,  pois  estamos  algemados  pelo  pecado.  Á  medida  que  o  ser  humano  liberta-se  do  pecado,  então  o  Espírito  Santo  começa  a  manifestar-se  em  nós.  Nós  observamos,  como  os  santos  ultrapassam  o  espaço  e  realizam  milagres.  Num  milagre  não  existe  nada  de  estranho,  ele  é  uma  manifestação  de  Deus  através  da  força  do  Seu  poder.  Para  um  coração  despreparado  os  milagres  não  são  aceites  e  as  pessoas  procuram  as  mais  variadas  explicações,  não  enxergando  as  acções  de  Deus.  Os  milagres  eram  negados  até  mesmo  na  época  de  Cristo  na  Terra,  como  por  exemplo  no  milagre  do  cego  de  nascença.  Milagres  originados  a  partir  de  pessoas  santas,  não  abalam  as  leis  da  natureza,  mas  pelo  contrário  as  renovam.

O  que  é  então  a  vida  espiritual,  ou  celestial  e  como  se  adaptar  a  ela ?  Não  é  possível  compreender  a  vida  espiritual,  não  se  aproximando  dela.  Ela  é  o  oposto  da  vida  corporal  e  de  pecados.  “Mas  o  homem  físico  não  percebe  aquelas  coisas  que  são  do  Espírito  de  Deus” (1 corintios 2,14).  Eles  falam  diversa  línguas;  um  dentro  de  uma  igreja  recebe  alegria,  outro  está  deprimido.  O  coração  em  pecado  não  escuta  os  sons  divinos  que  vem  do  Céu.  Exactamente  como  são  incompreensíveis  os  sons  musicais  sem  uma  adequada  educação  musical,  exactamente  assim   são  impossíveis  de  ser  alcançados  as  evoluções  espirituais,  ás  pessoas  entupidas  pelo  pecado  e  que  não  lutam  contra  ele.  Somente  em  resultado  do  processo  da  luta  contra  o  pecado,  nós  começamos  a  entender  a  vida  espiritual.  O  semelhante  reconhece  o  semelhante  e  Deus  é  reconhecido  pela  santidade.  O  que  nos  aproxima  de  Deus  é  o  facto  que  nós  somos  descendentes  dele.  E  somos  descendentes  pelos  efeitos  reflectidos  em  nós  pelo  Espírito  Santo.  A  escada  para  relacionar-se  com  Deus  é  a  santidade.  O  estado  da  santidade  não  deve  ser  encarado  como  absolutamente  sem  pecados,  mas  como  afirmação  no  ser  humano  dos  frutos  do  espírito  Santo,  por  exemplo  a  paz  no  coração.  O  estado  de  santidade  afirma-se  em  nós  na  luta  contra  o  pecado  e  com  a  vitoria  sobre  uns  e  outros  estados  de  pecado  do  corpo  e  da  alma.  Esta  luta  é  de  dificuldades  e  unida  á  cruz  e  a  esforços,  mas  leva  á  santidade.  O  objectivo  final  é  a  união  com  Deus,  mas  o  caminho  até  Ele  é  a  santidade.  Deus  abre-se  a  nós  em  resultado  da  nossa  vontade  e  esforço.  Ele  dá-nos  a  Sua  graça,  ilumina  aos  bons  e  aos  maus,  pois  é  o  Deus  do  amor.

Como  reconhecer  a  vida  espiritual ?  Ela  torna-se  conhecida  pelos  seus  frutos.  A  fonte  da  vida  espiritual  é  o  Espírito  Santo.  Os  frutos  do  Espírito  Santo  surgem  de  acordo  com  a  vontade,  do  ser  humano,  orientada  para  a  luta  contra  o  pecado,  com  a  bênção  de  Deus.  Os  frutos  do  Espírito  Santo,  de  acordo  com  o  Apostolo  São  Paulo  são :  “... a  caridade,  a  alegria,  a  paz,  a  paciência,  a  bondade,  a  longanimidade,  a  mansidão,  a  fidelidade,  a  modéstia,  a  continência,  a  castidade ...”(gálatas 5,22).  Os  feitos  do  corpo  são  tais  que  é  melhor  não  falar  neles;  pelas  palavras  do  Apostolo,  são  “o  adultério,  a  fornicação,  a  impureza,  as  inimizades  e  outras  coisas  semelhantes”... (gálatas 5,19).  No  mundo,  os  frutos  do  Espírito  santo  nós  observamos  nos  homens  santos.  O  próprio  Cristo – encarnado  como  o  Deus-Palavra – veio  ao  mesmo  ambiente  que  o  nosso,  para  que  nós  não  nos  atemorizássemos  com  o  brilho  de  Deus  e  através  do  ser  humano  possamos  assimilar  o  que  vem  de  Deus.  A  permanência  de  Deus  na  Terra  foi  um  descobrimento  para  as  pessoas  de  vida  ligada  a  Deus  em  condições  terrenas.  Na  Terra,  Cristo  entreabriu  a  Sua  glória,  como  isso  aconteceu  na  Sua  Transfiguração  do  Senhor  no  monte  Tabor.  Quando  dentro  do  ser  humano  age  o  Espírito  Santo,  acontece  o  clareamento  do  homem  pecador,  ou  a  sua  transfiguração.  Com  o  reinado  do  Senhor  inicia-se  o  Reino  de  Deus  em  nós  e  o  coração  torna-se  o  abrigo  das  acções  do  Espírito  Santo.  E  isso  pode  ser  possível  para  cada  um  de  nós.  Assimilarmos  o  Espírito  Santo – é  o  mais  importante  desafio  da  nossa  vida.

A  acção  do  Espírito  Santo  traz-nos  o  estado  de  paz,  o  que  é  a  verdadeira  vida.  Essa  paz  conquista-se  através  de  uma  luta  diária,  vencendo-se  o  pecado,  familiar  ao  ser  humano  material.  O  material  é  o  óbvio,  o  da  natureza.  Tudo  de  bom  em  nós  é  um  presente  de  Deus.  O  cristão  deve  utilizar  isto  para  construir  dentro  de  si  a  sua  vida  espiritual.  O  desafio  do  cristão – é  vencer  dentro  de  si  o  mal  e  multiplicar  o  bem.  Essa  aproximação  ao  Deus-Pai,  como  o  retorno  do  filho  pródigo,  o  qual  após  ter  sofrido  muitos  humilhações,  finalmente,  decide  voltar  ao  seu  pai.  Ele  levanta-se  e  retorna  ao  pai,  e  o  pai  sai  ao  seu  encontro.  Acontece  uma  acção  reciproca  acção  entre  o  ser  humano  e  Deus.  Para  o  esforço  e  força  de  vontade  o  Senhor  responde  com  a  Sua  graça  e  esse  processo  chama-se  salvação  da  alma.  Derrubando  os  muros  que  representam  o  nosso  pecado,  nós  com  a  ajuda  da  graça  de  Deus,  mudamos  para  o  estado  de  santidade,  pois  em  nós  reflecte-se  a  imagem  de  Deus.  Esses  momentos  de  vitoria  contra  o  pecado  e  que  são  resultado  da  acção  do espírito  Santo,  são  a  vida  santificada.

Existe  a  opinião  que  os  bons  actos  cristãos – são  apenas  efeitos  externos,  como  por  exemplo  as  mais  variadas  situações  de  caridade.  Muitos  dos  feitos  cristãos  são  bons  actos  internos.  E  diferentes  momentos  de  bons  actos,  construem-se  resultados  bons  que  são  como  degraus  de  escadas  que  nos  levam  para  o  Céu. 

Degraus  que  nos  aproximam  de  Deus,  indicados  por  Cristo  no  Seu  sermão  na  montanha  nos  mandamentos  do  bem,  e  para  os  que  os  praticam,  a  sua  percepção  ainda  aqui  na  terra; “Bem  aventurados  os  puros  de  coração,  os  humildes  os  mansos ....”.  ver  a  Deus – a  plenitude  da  graça – somente  será  possível  na  vida  futura,  mas  por  enquanto,  conforme  Deus  estará  a  iluminar-nos  por  dentro,  iremos  reflectir  a  Glória  de  Deus.  Fazendo  o  bem  nós  somos  companheiros de  Deus  nos  seus  trabalhos.  Fazer  o  bem – é  a  vida  eterna.  Nós  colheremos  os  frutos  do  Espírito  Santo  se  não  fraquejarmos.  “não  nos  cansemos,  pois,  de  fazer  o  bem,  a  seu  tempo  colheremos,  não  desfalecendo”  (gálatas  6,9).

Conservando  o  Espírito  Santo  abrem-se  a  nós  os  portões  da  eternidade,  a  morada  no  Céu  na  vida  futura  e  aqui  na  terra,  o  estado  da  santidade;  a  paz  e  alegria  pelo  Espírito  Santo.  O  Reino  de  Deus  começa  aqui  na  terra,  no  nosso  coração,  preenchendo-o  com  santos  sentimentos,  os  quais  transfiguram  a  nossa  vida.  Ao  ser  humano  é  estabelecido  o  desafio  de  reflectir  a  Glória  de  Deus,  a  Luz  de  Cristo.  Transfigurando-nos  e  relacionando-nos  com  Deus,  nós  reflectimos  os  raios  de  Deus  e  com  isso  participamos  na  Glória  de  Deus.  Dos  homens  santos  fulguram  os  raios  da  Luz  de  Cristo.  Os  raios  do  Céu,  caído  na  terra,  tendo  atravessado  o  ser  humano  e  brilhando  dentro  dele  com  a  graça  de  Deus,  iluminam-se  novamente  e  dirigem-se  novamente  ao  Céu.  A  ideia  definitiva  do  mundo – é  a  Gloria  de  Deus  e  para  cada  ser  humano  é  a  salvação  da  alma,  retornando  o  ser  humano  á  sua  imagem  original.

Exame de "Teologia Espiritual (Uma Espiritualidade para os nossos tempos)" 
de Hélder Gonçalves a 10.02.2005
Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas de Viana do Castelo
Professor: Padre Alfredo Domingues de Sousa
Avaliação Final: 16 Valores

HÉLDER GONÇALVES

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