·
A
Sede Pelo Bem
A alma do ser humano tem sede, conforme a sua natureza, de unir-se ao bem e de todas as formas esforça-se em aprender, reunir-se e encontrar o bem. O bem é como se fosse feito de fios dos quais os seres humanos tecem para si as vestes com as quais estará um dia frente a frente ao Altar Divino onde permanecerá para sempre. Esta veste tecida de fios do bem e do amor, clareará com a luz Divina. Se tecida pelos fios do mal, actos maus, escurecerá ainda mais em contraste à luz divina, trará a vergonha e uma dor amarga, àquele que estiver vestido com ela. Através das nossas próprias mãos, isto é, através da nossa própria vontade e arbítrio – apesar de pouco desenvolvidos, enfraquecidos pelo pecado mas com facilidade, nós podemos vestir a veste da alegria ou, da vergonha. Nosso livre arbítrio – aquilo de bom, que Nosso Senhor nos deu, como prémio da Sua criação – direito ao qual Ele mesmo nos garante e não faz a menor pressão para nos influenciar nas nossas escolhas. Porem nós não cuidamos deste nosso livre arbítrio e frequentemente sem pensarmos nas consequências nos colocamos ao serviço do pecado.
A alma do ser humano tem sede, conforme a sua natureza, de unir-se ao bem e de todas as formas esforça-se em aprender, reunir-se e encontrar o bem. O bem é como se fosse feito de fios dos quais os seres humanos tecem para si as vestes com as quais estará um dia frente a frente ao Altar Divino onde permanecerá para sempre. Esta veste tecida de fios do bem e do amor, clareará com a luz Divina. Se tecida pelos fios do mal, actos maus, escurecerá ainda mais em contraste à luz divina, trará a vergonha e uma dor amarga, àquele que estiver vestido com ela. Através das nossas próprias mãos, isto é, através da nossa própria vontade e arbítrio – apesar de pouco desenvolvidos, enfraquecidos pelo pecado mas com facilidade, nós podemos vestir a veste da alegria ou, da vergonha. Nosso livre arbítrio – aquilo de bom, que Nosso Senhor nos deu, como prémio da Sua criação – direito ao qual Ele mesmo nos garante e não faz a menor pressão para nos influenciar nas nossas escolhas. Porem nós não cuidamos deste nosso livre arbítrio e frequentemente sem pensarmos nas consequências nos colocamos ao serviço do pecado.
Submissos ao
pecado, como poderemos
nos restabelecer no
bem, quando as
nossas forças encontram-se
enfraquecidas? Somente com
as nossas forças
não podemos consertar
a situação, mas
com a graça
de Deus isto
é possível: a
Deus tudo é
possível! Enquanto a
nossa alma ainda
permanece no caminho
rumo ao Reino
de Deus, enquanto
ainda há tempo,
vamos reforçar e
fortalecer a nossa
vontade, enfraquecida, inerte,
com a graça
da força de
Deus e vamos
encontrar nela a
força indispensável e
o apoio na
luta com o
mal. A vida
exige um grande
esforço.
É necessário aprender a viver com sabedoria em Cristo e então tudo ao redor de nós irá adquirir significado e valor para a eternidade. Se nós formos atentos, então as circunstâncias que nos rodeiam ficarão a nosso favor. Os “Santos Mestres” nos ensinarão a obediência a Deus, nos ajudarão com paciência e amor a percorrer o nosso caminho na vida e a conquistar a salvação.
Onde quer que estejamos, em todos os lugares estaremos cercados por situações que poderão nos salvar; em quaisquer situações que a vida nos coloque – sempre poderemos amadurecer espiritualmente e nos aperfeiçoar.
É necessário aprender a viver com sabedoria em Cristo e então tudo ao redor de nós irá adquirir significado e valor para a eternidade. Se nós formos atentos, então as circunstâncias que nos rodeiam ficarão a nosso favor. Os “Santos Mestres” nos ensinarão a obediência a Deus, nos ajudarão com paciência e amor a percorrer o nosso caminho na vida e a conquistar a salvação.
Onde quer que estejamos, em todos os lugares estaremos cercados por situações que poderão nos salvar; em quaisquer situações que a vida nos coloque – sempre poderemos amadurecer espiritualmente e nos aperfeiçoar.
A nossa
vida em cada
circunstancia, pode ser
o caminho que
nos conduz ao
bem, a
bem-aventurança – que está
acessível aqui mesmo,
na terra.
· O Significado E A Força Da Palavra
Os nossos relacionamentos, ocorrem principalmente através de palavras, e não é sem significado esta forma de relacionamento. As nossas palavras são o reflexo da Palavra que se tornou vida.
· O Significado E A Força Da Palavra
Os nossos relacionamentos, ocorrem principalmente através de palavras, e não é sem significado esta forma de relacionamento. As nossas palavras são o reflexo da Palavra que se tornou vida.
Deus disse:
“Que se faça
a Luz”. E
o invisível através
da palavra tornou-se
vivo. A palavra
tem uma força
enorme no mundo.
Em cada um
de nós a
palavra oculta revela-se,
o secreto torna-se
evidente. Relacionando-se com
os outros através da
palavra nós procuramos
para si o
bem, pois queremos
tê-lo dentro de
nós. A palavra
que tem dentro
de si o
bem, ilumina a
nossa vida.
Se numa conversa uma palavra boa trouxe força dentro de si, então por um longo tempo nós reteremos um sentimento algo precioso, familiar a nós, divino. A palavra deve nos aproximar, trazer a união, e não a separação e o conflito. A palavra quando encontra um ambiente favorável, cria um resultado formidável, que tem um significado enorme em todo o plano da nossa vida.
Mas nós permanecemos em pecado. As nossas palavras enfraquecem-se com os nossos pecados e não tomam vida com força. Somente as palavras desvinculadas do pecado surgem com plena força, pois aí elas unem-se á Palavra que criou o mundo. As nossas palavras, vindas de cantos remotos da nossa alma, não enfraquecidas pelos pecados, com plena força do bem existente em nós, vindas para a superfície, trazem o bem e a luz, pois estão ligadas com a fonte de luz Deus-Palavra. Elas tornam-se vida.
Espalhando palavras sem dar a devida atenção a elas, nós não temos consciência que elas podem trazer conflitos e desunião na família, na sociedade e no mundo. Uma vez estando no meio de uma conversa, nós normalmente começamos a analisar algum facto qualquer que rapidamente passamos a julgar, esquecendo-nos que isto é pecado. Julgar é uma doença que destrói as nossas vidas. Ela separa as pessoas, distanciando as pessoas, e enfraquece aquilo que de bom existe em nós. A palavra deve ser criativa nas nossas vidas, colher o bem, trazer união, concordância, e não a separação, fragilidade e morte. E como é importante que a palavra que espelha o Logos na terra, traga para nós a luz e a alegria de viver no meio de uma atmosfera de agressividade e desunião onde nós vivemos. Com palavras nós frequentemente descrevemos nas pessoas
Se numa conversa uma palavra boa trouxe força dentro de si, então por um longo tempo nós reteremos um sentimento algo precioso, familiar a nós, divino. A palavra deve nos aproximar, trazer a união, e não a separação e o conflito. A palavra quando encontra um ambiente favorável, cria um resultado formidável, que tem um significado enorme em todo o plano da nossa vida.
Mas nós permanecemos em pecado. As nossas palavras enfraquecem-se com os nossos pecados e não tomam vida com força. Somente as palavras desvinculadas do pecado surgem com plena força, pois aí elas unem-se á Palavra que criou o mundo. As nossas palavras, vindas de cantos remotos da nossa alma, não enfraquecidas pelos pecados, com plena força do bem existente em nós, vindas para a superfície, trazem o bem e a luz, pois estão ligadas com a fonte de luz Deus-Palavra. Elas tornam-se vida.
Espalhando palavras sem dar a devida atenção a elas, nós não temos consciência que elas podem trazer conflitos e desunião na família, na sociedade e no mundo. Uma vez estando no meio de uma conversa, nós normalmente começamos a analisar algum facto qualquer que rapidamente passamos a julgar, esquecendo-nos que isto é pecado. Julgar é uma doença que destrói as nossas vidas. Ela separa as pessoas, distanciando as pessoas, e enfraquece aquilo que de bom existe em nós. A palavra deve ser criativa nas nossas vidas, colher o bem, trazer união, concordância, e não a separação, fragilidade e morte. E como é importante que a palavra que espelha o Logos na terra, traga para nós a luz e a alegria de viver no meio de uma atmosfera de agressividade e desunião onde nós vivemos. Com palavras nós frequentemente descrevemos nas pessoas
características que
elas não têm e desconfiamos
daquilo que na
realidade não existe.
Esta forma de uso da palavra somente semeia entre nós o conflito. A boa palavra quando encontra um solo adequado provoca uma enorme e positiva revolução no ambiente, move montanhas. Nós vemos isto frequentemente na história da humanidade.
Os nossos relacionamentos através de palavras não são indiferentes. A palavra pertence á eternidade, e as nossas palavras não se perdem assim sem querer e dirigem-se á eternidade. Precisamos utilizar as palavras de tal forma, para não ter que responder por elas no Juízo Final. É necessário que as nossas palavras não sejam a nossa sentença no dia do Juízo. O bem não está fixo em nós. O bem desfocado não está iluminando-nos, nós não estamos a perceber aquela força que está dentro dele. Nós precisamos no relacionamento com os outros procurar o que existe de comum, e desligando-se de tudo o que nos afasta uns dos outros. No que diz respeito aos pecados que existem nas pessoas, o Senhor julgará e Ele próprio separará os pecadores e cobrará de cada um de acordo com os seus actos. Nós somos os nossos próprios juízes, pecando na terra. Cristo disse; “se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não julgo, porque não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” (João 12,47). Nós também precisamos de nos esforçar para não julgar.
Nós devemos procurar o bem na terra. O Reino do Céu – luz e alegria – está aqui mesmo dentro de nós. Precisamos de combater as nossas atitudes inadequadas, essa escuridão, que é plantada pelo mal nos nossos corações. Lutando com o pecado nós ajudamos ao Senhor a consolidar o Seu Reino dentro dos nossos corações, e através de nós também a terra.
É difícil combater o pecado. O orgulho, a critica, a irritação e a vaidade – são todos espinhos que nos ferem a nós mesmos e aos que nos cercam. É necessário arrancar esses espinhos – mesmo que isto seja doloroso. Esta é uma cruz. Porém, reconstruindo o nosso coração – dando espaço ao Senhor, nós sentimos alegria. A luz de Deus então ilumina o nosso coração. Não é á toa que se diz; “Através da Cruz vem a alegria ao mundo.” A Cruz erguida constrói o Reino de Deus na terra, para uma saudação a Deus. O esforço no combate aos nossos pecados é a crucificação das nossas imperfeições e desvios de carácter. Esta é a Cruz que todos nós tanto tememos. Claro, a cruz é pesada e mesmo Cristo caía sob o peso dela, mas através da Cruz é que se consegue a alegria da salvação. A ideia da ressurreição é a ideia da vitória da força do bem. Através do combate ao pecado, chega a nossa ressurreição; “Jesus ressuscitado, ressuscita as nossas almas!”.
Conversando, nós frequentemente começamos a julgar e a criticar, mas sentimos vergonha de falar sobre o bem. “Talvez as pessoas irão rir de nós!” E daí?: Por Cristo podemos tolerar. O mal tem medo de uma boa palavra que o ridiculariza. A nossa boa palavra é uma força criadora, pois ela tem a mesma raiz que tem o Verbo de Deus. Através da palavra, com a força Divina, é vencido o mal que surge. A palavra existe até mesmo no silêncio: é a palavra interna. Mesmo a palavra não dita tem a sua força. Frequentemente a boa palavra passa pelo filtro da ridicularização e da falta de apoio, mas nós não devemos ter medo disto. Ela atravessa esse filtro e brota como uma semente. Para brotar, a semente com a ajuda de Deus, atravessa o filtro da terra, cresce e brota na superfície. É assim que uma boa palavra tem um começo criativo. “Por quem tudo foi feito” não tenha medo de dizer uma boa palavra. A palavra que encontrar um solo adequado, poderá transformar-se em vida e trazer um fruto generosíssimo. Se á palavra une-se o mal, ela perde a sua força. Nós privamos a palavra de uma força poderosa, inserindo nela a morte. E a palavra no lugar da verdade traz-nos conflitos, e ela irá a julgamento, no dia do Juízo Final.
Quando começa a surgir dentro de nós uma nova palavra nós devemos voltar-nos para Deus pedindo-lhe ajuda. Voltados para Deus, nós trazemos a luz do Céu e ela penetra dentro de nós, então a palavra que esta a nascer traz luz ao mundo, torna-se criativa e une as pessoas. A escuridão tem medo da luz. Sem percebermos , através de uma ácida autocrítica, a nossa vontade diminui. Nós temos medo de pronunciar uma boa palavra, revelar-se, enquanto o mal se alegra da sua acção enfraquecendo-nos. A plenitude da energia do bem fica encoberta pelo medo da humilhação. O nosso desafio é afirmar que; nós rejeitamos a força do mal e acreditamos no bem.
O ser humano parece estar sempre á espera de alguma coisa. Neste momento, nós não podemos ficar á espera do nada, é preciso agir. Nada de afirmar; eu não sou capaz. Cada um é um lutador com as armas que possui. É necessário fazer força para dizer sempre uma boa palavra. Esta é a missão que o Senhor dá para cada um de nós. O bem é corajoso. A boa palavra, que carrega o bem dentro de si, desperta a luz nas almas dos semelhantes, e nas almas obscurecidas desmascara a escuridão. O pecado traz a nós uma vida de ilusões. O bem traz a vida real que se estende á eternidade. Quando dizemos uma boa palavra, é como se nós abríssemos o Céu e penetrássemos na eternidade. E a boa palavra torna-se a pedra fundamental daquela habitação que é preparada para nós pelo Próprio Senhor, assim como Ele preparou a morada para o ladrão crucificado a Seu lado na hora final. A boa palavra traz por si só, o bem e a alegria desta vida e da próxima – na vida eterna nos dará a graça de podermos ver a Deus. Assim como a semente na parábola do semeador, exactamente assim a boa palavra, caindo sobre um solo receptivo, dará frutos, em trinta, setenta, cem vezes mais.
· A Luz Que Vem Do Céu
Deus criou o mundo e disse: “ E faça-se a luz”. Na nossa vida criativa nós somos um reflexo do Criador que criou o mundo. Quando nós estamos atentos e dirigimos a nossa atenção para a esfera da luz, dentro de nós surge um bom pensamento, como reflexo natural do criativo pensamento de Deus. Um bom pensamento bom é a luz, pois Ele tem origem na fonte da luz. Ele é o inicio criativo, Ele penetra no caos entre o bem e o mal existentes nos relacionamentos humanos e cria uma nova vida. Ele nos desperta para vencermos a escuridão. Foi dito; “enquanto tendes luz, crede na luz para que sejais filhos da luz” (João 12-36). A luz de Deus permanentemente esparrama-se pelo mundo. A escuridão da nossa alma o afasta. Quando nós desvanecemos a escuridão, nós nos iluminamos. Existe até uma expressão: Eu tive uma ideia luminosa. É como se um raio de luz caísse do Céu e iluminasse tudo dentro de nós e ao redor de nós. É assim que se manifesta a força de Deus. É como se o Senhor falasse através de nós; “Seja feita a luz”. E a luz surge e frente aos nossos olhos abre-se uma vida nova, de cuja existência nós nunca suspeitávamos. Nós podemos transformar a nossa vida acinzentada numa nova existência, se fixarmos a nossa atenção num pensamento bom. Um pensamento bom, como impulso da nossa vida, irá empurrar a nossa vontade para vencer o mal, iluminar e criar para nós um novo caminho na vida. Para evitar isso, o mal de todas as formas luta para capturar a nossa atenção. É necessário permanentemente estarmos á guarda e combatermos a aproximação do mal.
A luz da vontade de Deus ilumina tudo dentro de nós. Ela deve existir dentro de nós permanentemente. Porém nós escolhemos aquilo que nos parece mais fácil, aquilo que parece ser mais conveniente á nossa natureza. Nós frequentemente deixamo-nos seduzir e entregamo-nos ao pecado repetidas vezes nas nossas vidas.
O principal desafio das nossas vidas, é expulsar a escuridão de dentro do nosso coração. “A noite está quase passada e o dia aproxima-se. Deixemos pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz” (Romanos 13-12) fala o Apóstolo Paulo. Trocando a escuridão dos nossos corações pela luz, nós preenchemo-nos com o Espírito Santo. O Espírito Santo cria uma nova vida, trazendo-a da não existência para a existência. É necessário fazer força para abrir o nosso coração a Deus, o Qual entra dentro dele: “Eis que estou á porta e bato” (Apocalipse 3-20).
Esta forma de uso da palavra somente semeia entre nós o conflito. A boa palavra quando encontra um solo adequado provoca uma enorme e positiva revolução no ambiente, move montanhas. Nós vemos isto frequentemente na história da humanidade.
Os nossos relacionamentos através de palavras não são indiferentes. A palavra pertence á eternidade, e as nossas palavras não se perdem assim sem querer e dirigem-se á eternidade. Precisamos utilizar as palavras de tal forma, para não ter que responder por elas no Juízo Final. É necessário que as nossas palavras não sejam a nossa sentença no dia do Juízo. O bem não está fixo em nós. O bem desfocado não está iluminando-nos, nós não estamos a perceber aquela força que está dentro dele. Nós precisamos no relacionamento com os outros procurar o que existe de comum, e desligando-se de tudo o que nos afasta uns dos outros. No que diz respeito aos pecados que existem nas pessoas, o Senhor julgará e Ele próprio separará os pecadores e cobrará de cada um de acordo com os seus actos. Nós somos os nossos próprios juízes, pecando na terra. Cristo disse; “se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não julgo, porque não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” (João 12,47). Nós também precisamos de nos esforçar para não julgar.
Nós devemos procurar o bem na terra. O Reino do Céu – luz e alegria – está aqui mesmo dentro de nós. Precisamos de combater as nossas atitudes inadequadas, essa escuridão, que é plantada pelo mal nos nossos corações. Lutando com o pecado nós ajudamos ao Senhor a consolidar o Seu Reino dentro dos nossos corações, e através de nós também a terra.
É difícil combater o pecado. O orgulho, a critica, a irritação e a vaidade – são todos espinhos que nos ferem a nós mesmos e aos que nos cercam. É necessário arrancar esses espinhos – mesmo que isto seja doloroso. Esta é uma cruz. Porém, reconstruindo o nosso coração – dando espaço ao Senhor, nós sentimos alegria. A luz de Deus então ilumina o nosso coração. Não é á toa que se diz; “Através da Cruz vem a alegria ao mundo.” A Cruz erguida constrói o Reino de Deus na terra, para uma saudação a Deus. O esforço no combate aos nossos pecados é a crucificação das nossas imperfeições e desvios de carácter. Esta é a Cruz que todos nós tanto tememos. Claro, a cruz é pesada e mesmo Cristo caía sob o peso dela, mas através da Cruz é que se consegue a alegria da salvação. A ideia da ressurreição é a ideia da vitória da força do bem. Através do combate ao pecado, chega a nossa ressurreição; “Jesus ressuscitado, ressuscita as nossas almas!”.
Conversando, nós frequentemente começamos a julgar e a criticar, mas sentimos vergonha de falar sobre o bem. “Talvez as pessoas irão rir de nós!” E daí?: Por Cristo podemos tolerar. O mal tem medo de uma boa palavra que o ridiculariza. A nossa boa palavra é uma força criadora, pois ela tem a mesma raiz que tem o Verbo de Deus. Através da palavra, com a força Divina, é vencido o mal que surge. A palavra existe até mesmo no silêncio: é a palavra interna. Mesmo a palavra não dita tem a sua força. Frequentemente a boa palavra passa pelo filtro da ridicularização e da falta de apoio, mas nós não devemos ter medo disto. Ela atravessa esse filtro e brota como uma semente. Para brotar, a semente com a ajuda de Deus, atravessa o filtro da terra, cresce e brota na superfície. É assim que uma boa palavra tem um começo criativo. “Por quem tudo foi feito” não tenha medo de dizer uma boa palavra. A palavra que encontrar um solo adequado, poderá transformar-se em vida e trazer um fruto generosíssimo. Se á palavra une-se o mal, ela perde a sua força. Nós privamos a palavra de uma força poderosa, inserindo nela a morte. E a palavra no lugar da verdade traz-nos conflitos, e ela irá a julgamento, no dia do Juízo Final.
Quando começa a surgir dentro de nós uma nova palavra nós devemos voltar-nos para Deus pedindo-lhe ajuda. Voltados para Deus, nós trazemos a luz do Céu e ela penetra dentro de nós, então a palavra que esta a nascer traz luz ao mundo, torna-se criativa e une as pessoas. A escuridão tem medo da luz. Sem percebermos , através de uma ácida autocrítica, a nossa vontade diminui. Nós temos medo de pronunciar uma boa palavra, revelar-se, enquanto o mal se alegra da sua acção enfraquecendo-nos. A plenitude da energia do bem fica encoberta pelo medo da humilhação. O nosso desafio é afirmar que; nós rejeitamos a força do mal e acreditamos no bem.
O ser humano parece estar sempre á espera de alguma coisa. Neste momento, nós não podemos ficar á espera do nada, é preciso agir. Nada de afirmar; eu não sou capaz. Cada um é um lutador com as armas que possui. É necessário fazer força para dizer sempre uma boa palavra. Esta é a missão que o Senhor dá para cada um de nós. O bem é corajoso. A boa palavra, que carrega o bem dentro de si, desperta a luz nas almas dos semelhantes, e nas almas obscurecidas desmascara a escuridão. O pecado traz a nós uma vida de ilusões. O bem traz a vida real que se estende á eternidade. Quando dizemos uma boa palavra, é como se nós abríssemos o Céu e penetrássemos na eternidade. E a boa palavra torna-se a pedra fundamental daquela habitação que é preparada para nós pelo Próprio Senhor, assim como Ele preparou a morada para o ladrão crucificado a Seu lado na hora final. A boa palavra traz por si só, o bem e a alegria desta vida e da próxima – na vida eterna nos dará a graça de podermos ver a Deus. Assim como a semente na parábola do semeador, exactamente assim a boa palavra, caindo sobre um solo receptivo, dará frutos, em trinta, setenta, cem vezes mais.
· A Luz Que Vem Do Céu
Deus criou o mundo e disse: “ E faça-se a luz”. Na nossa vida criativa nós somos um reflexo do Criador que criou o mundo. Quando nós estamos atentos e dirigimos a nossa atenção para a esfera da luz, dentro de nós surge um bom pensamento, como reflexo natural do criativo pensamento de Deus. Um bom pensamento bom é a luz, pois Ele tem origem na fonte da luz. Ele é o inicio criativo, Ele penetra no caos entre o bem e o mal existentes nos relacionamentos humanos e cria uma nova vida. Ele nos desperta para vencermos a escuridão. Foi dito; “enquanto tendes luz, crede na luz para que sejais filhos da luz” (João 12-36). A luz de Deus permanentemente esparrama-se pelo mundo. A escuridão da nossa alma o afasta. Quando nós desvanecemos a escuridão, nós nos iluminamos. Existe até uma expressão: Eu tive uma ideia luminosa. É como se um raio de luz caísse do Céu e iluminasse tudo dentro de nós e ao redor de nós. É assim que se manifesta a força de Deus. É como se o Senhor falasse através de nós; “Seja feita a luz”. E a luz surge e frente aos nossos olhos abre-se uma vida nova, de cuja existência nós nunca suspeitávamos. Nós podemos transformar a nossa vida acinzentada numa nova existência, se fixarmos a nossa atenção num pensamento bom. Um pensamento bom, como impulso da nossa vida, irá empurrar a nossa vontade para vencer o mal, iluminar e criar para nós um novo caminho na vida. Para evitar isso, o mal de todas as formas luta para capturar a nossa atenção. É necessário permanentemente estarmos á guarda e combatermos a aproximação do mal.
A luz da vontade de Deus ilumina tudo dentro de nós. Ela deve existir dentro de nós permanentemente. Porém nós escolhemos aquilo que nos parece mais fácil, aquilo que parece ser mais conveniente á nossa natureza. Nós frequentemente deixamo-nos seduzir e entregamo-nos ao pecado repetidas vezes nas nossas vidas.
O principal desafio das nossas vidas, é expulsar a escuridão de dentro do nosso coração. “A noite está quase passada e o dia aproxima-se. Deixemos pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz” (Romanos 13-12) fala o Apóstolo Paulo. Trocando a escuridão dos nossos corações pela luz, nós preenchemo-nos com o Espírito Santo. O Espírito Santo cria uma nova vida, trazendo-a da não existência para a existência. É necessário fazer força para abrir o nosso coração a Deus, o Qual entra dentro dele: “Eis que estou á porta e bato” (Apocalipse 3-20).
É claro
que o Reino
dos Céus não
é dado sem
esforço, ele deve
ser tomado á
força. “...o reino
dos céus adquire-se
á força...” (Mateus 11-12 ). O
Reino dos Céus
é o nosso
bem, o bem
comum e totalmente
possível na terra
e não apenas
atrás das nuvens.
Para isso nós
precisamos de nos
desafiar para a
luta com o
pecado. Este esforço
trás junto de
si uma nova
vida, novas experiências,
ainda não conhecidas
por nós.
O esforço para a salvação frequentemente é postergado para a velhice. O começo da salvação, nós imaginamos empurrar para o futuro, esquecendo-se que talvez nós não iremos viver até á velhice. O futuro está sempre ao redor de nós, ele está ligado ao nosso arrependimento e á vontade de melhorar. O mistério da vida actual consiste em que a preocupação com a salvação não nos seja postergada para um futuro incerto, mas para que cada um dos nossos passos seja iluminado pela luz da Verdade e Vontade de Deus e nessa luz esteja a nossa melhoria.
O esforço para a salvação frequentemente é postergado para a velhice. O começo da salvação, nós imaginamos empurrar para o futuro, esquecendo-se que talvez nós não iremos viver até á velhice. O futuro está sempre ao redor de nós, ele está ligado ao nosso arrependimento e á vontade de melhorar. O mistério da vida actual consiste em que a preocupação com a salvação não nos seja postergada para um futuro incerto, mas para que cada um dos nossos passos seja iluminado pela luz da Verdade e Vontade de Deus e nessa luz esteja a nossa melhoria.
É indispensável
lembrar-se que se nós vivermos
no caminho do
pecado, estaremos á
beira da destruição,
esta lembrança é
fundamental para que
a luz da
verdade ilumine a
nossa vida.
Nós todos estamos sempre atentos a alegrias exteriores, mas aquilo que existe dentro de nós, nós desconhecemos. Por isso é que nós estamos envolvidos pela escuridão dentro e fora de nós. Nos nossos corações está a escuridão do pecado e nós atribuímos ás coisas e factos significados que não são verdadeiros. Nós embaraçamo-nos em detalhes insignificantes, exaurimo-nos em situações sem nexo, o que deveria ser feito não é feito, e discutimos uns com os outros. Assim passa um dia após outro, e determinados momentos passam e vão-se embora sem aquele conteúdo divino que traz a vida, e que poderia nos preencher. Nós não avaliamos o significado do tempo; os minutos, horas, dias, as coisas... Nós sentimo-nos como se estivéssemos cegos.
Na nossa vida diária é exigida uma constante capacidade de ultrapassar obstáculos para termos bons relacionamentos, porém nós não temos consciência da importância disto. Nós caminhamos na escuridão e frequentemente tropeçamos e por isso sofremos. Se nós tentássemos vencer a escuridão em nós mesmos, somente isso já iluminaria tudo em volta de nós. Se nós conseguirmos conquistar este momento de iluminação, então tudo muda, e todos os que nos rodeiam tornam-se subitamente muito familiares.
· A Luta Contra O Pecado
Cada pecado é uma infidelidade para nós e para todos os que nos cercam. O pecado é o inicio do que nos separa, distancia e repele das pessoas. O pecado não expurgado está firmemente cravado no nosso coração e separa as pessoas umas das outras. Cada vitória sobre o pecado é a reconquista de si mesmo e dos outros para uma vida de compreensão mútua entre todas as pessoas. Na vitória sobre o pecado abre-se uma atracção mutua e um sentimento de irmandade entre as pessoas de forma natural; vencendo o pecado dentro de si, o ser humano ajuda aos outros, até mesmo sem consciência e vontade destes, ele abre as suas melhores qualidades da sua alma e quase que sem querer leva-os para o bem. Vencendo o pecado dentro de si, reavivando no íntimo do seu ser os melhores aspectos, o ser humano com isso mesmo abre o tesouro espiritual existente também dentro dos outros e ajuda-os a encontrar em si mesmos, aquilo que eles nunca perceberam antes.
O bem encontra eco no meio daquelas pessoas que o tem, mas que ainda não o perceberam. O ser humano enquanto sob o domínio do pecado, parece que tem medo de outras pessoas, mas a partir da vitória sobre o pecado, ele contamina com o bem o seu próximo e a todos os que o cercam. Isso é muito importante compreender e experimentar, porque normalmente em nós predomina um sentimento pessimista e nós temos a impressão que o mal dominou o mundo. Esse pessimismo impede a luta com o pecado e diminui a luta activa contra ele.
Num contacto superficial com uma pessoa, nós não vemos nada e não podemos perceber o tesouro do bem inaproveitado e que pertence a ela. Aquele que vence o pecado em si, desperta no outro essas forças do bem e estes aspectos da alma do outro, que são riquezas originadas pelo bem. Quando uma pessoa em pecado, percebe o seu próximo fazendo actos bons, ele também adquire forças para uma actividade cristã. Enorme, incomparável é a alegria em procurar o bem em si e nos outros. Aumentando o bem no mundo é que se revela a força da graça de Deus que se revela ajudando aos nossos enfraquecidos esforços, a fazer aquilo o que sem ela seria completamente impossível. Frequentemente na vida, o ser humano “comete um pecado que não deseja” (São Paulo). Este prisioneiro do pecado encontra no bem de outra pessoa, a força que o empurra para o bem na sua vida quotidiana.
Para uma real felicidade e não ilusória, é necessário vencer o pecado. É necessário permanentemente prestar atenção naquilo, o que move o ser humano externamente e no que o dirige internamente, examinando o seu comportamento e vontades. Este esforço não é fácil, mas nos relacionamentos entre as pessoas – é a vida. É necessário iluminá-los com a luz da Verdade de Cristo, para que estes relacionamentos não sejam nocivos nem para nós, nem para as pessoas que se relacionam connosco. Se existe paz na alma, então esta alegria nunca será perdida. O conflito traz sempre a infelicidade. Se o ser humano tem dentro de si a paz, então o seu coração pacifico lança a luz sobre tudo. A paz no coração é a principal conquista. As acções originadas por um coração assim, transformam os relacionamentos para o bem. O estado em pecado, através da irritação vinda de outros, , confrontada com a nossa irritação controlada, transforma-se para o nosso bem em algo que cria para nós e para os outros um bom estado de espirito, - pois com esta atitude nós congelamos a irritação dos outros.
Aqui também há um beneficio para aquele que se revelou modesto ou humilde e para quem estava irritado. Daqui é que vem a felicidade na vida. A vitória de um contra os seus pecados e o esforço para a salvação – gera o bem comum a todos.
O bem, como força positiva, desenvolve e traz á vida o bem adormecido nos outros, fechado até ao momento pela passividade e também pelo ataque do mal. O bem cria uma atmosfera que é uma forte ajuda no combate contra o mal na vida cristã. Ás vezes parece que o esforço para eliminar o mal em nós é egoísta e que tal pessoa está preocupada apenas consigo mesma e desligada do bem comum. Mas isto não é assim. O ser humano, que não conseguiu ainda vencer os seus pecados, não consegue gerar uma influência positiva sobre os que o cercam, não pode ajudar aos outros e nem pode comemorar em conjunto a vitória deles sobre os seus pecados.
Ele não pode agir para o bem comum com aquele beneficio e força, se tivesse vencido em si mesmo o pecado. A santidade é uma enorme bênção e força. Decididos de facto a ajudar os outros, nós, antes de mais nada, devemo-nos limpar de todos os hábitos e tendências de pecar, ficarmos limpos e levar uma vida de acordo com Deus. É na medida do nosso aperfeiçoamento que podemos ser úteis aos nossos semelhantes nos seus problemas e dificuldades. Este é o único caminho para ajudar os outros. Aquele que conquista a santidade, conquistou a máxima capacidade de ajudar os outros. Os seres humanos aos olhos de Deus são organismos com objectivos. As diversas aparições de santidade limpam todo o organismo. Salvando-se a si próprio, nós introduzimos uma parcela da salvação na salvação de toda a humanidade.
A melhoria interna do ser humano acontece não apenas no instante de grandes desafios, mas principalmente na repetitiva vida quotidiana. O objectivo do ser humano – é o equilíbrio da sua vida interior e a construção em si mesmo do Reino dos Céus. Lutando contra o pecado, consolidamos em nós e no mundo a vida de Deus. O combate contra o pecado expõe também as verdades supremas e nós aprendemos a conhecer melhor a vida de Deus. Uma vida assim é a construção do Reino dos Céus em toda a sua força. Tornam-se mais compreensíveis as palavras da oração ao Senhor “Venha a nós o vosso Reino, seja feita a tua vontade”.
Quando nós, vencemos o pecado e superamos as rupturas, voltamos a unir-nos, então os nossos pensamentos e vontades tornam-se comuns, nós pensamos de forma idêntica. Nessa identidade de sentimentos e vontades nós começamos a compreender a vontade de Deus e o que é esperado de nós. É aquela unidade pela qual orava Jesus Nosso Senhor. Essa identidade e união no amor – não são ideais distantes, mas o esforço fundamental para estabelecermos a nossa vida. Nós conseguiremos nos aproximar dele, se nós descobrirmos as nossas semelhanças espirituais. A questão da salvação da alma não é uma questão teórica, mas o caminho da acção. Infelizmente, nem todas as pessoas que frequentam as igrejas compreendem isto. Vencer o pecado é necessário para uma aproximação mútua e para a concretização do nosso esforço fundamental.
O pecado que mora em nós, nos obscurece e nos obriga a inventarmos desculpas perante nós mesmos. Este auto-engano vem a nós pelo demónio. Enquanto em nós não despertar a consciência, atenta não apenas a pecados isolados – raramente teremos consciência de todos os nossos pecados. Com os nossos pecados em qualquer ambiente nós traremos conflitos, porém
Nós todos estamos sempre atentos a alegrias exteriores, mas aquilo que existe dentro de nós, nós desconhecemos. Por isso é que nós estamos envolvidos pela escuridão dentro e fora de nós. Nos nossos corações está a escuridão do pecado e nós atribuímos ás coisas e factos significados que não são verdadeiros. Nós embaraçamo-nos em detalhes insignificantes, exaurimo-nos em situações sem nexo, o que deveria ser feito não é feito, e discutimos uns com os outros. Assim passa um dia após outro, e determinados momentos passam e vão-se embora sem aquele conteúdo divino que traz a vida, e que poderia nos preencher. Nós não avaliamos o significado do tempo; os minutos, horas, dias, as coisas... Nós sentimo-nos como se estivéssemos cegos.
Na nossa vida diária é exigida uma constante capacidade de ultrapassar obstáculos para termos bons relacionamentos, porém nós não temos consciência da importância disto. Nós caminhamos na escuridão e frequentemente tropeçamos e por isso sofremos. Se nós tentássemos vencer a escuridão em nós mesmos, somente isso já iluminaria tudo em volta de nós. Se nós conseguirmos conquistar este momento de iluminação, então tudo muda, e todos os que nos rodeiam tornam-se subitamente muito familiares.
· A Luta Contra O Pecado
Cada pecado é uma infidelidade para nós e para todos os que nos cercam. O pecado é o inicio do que nos separa, distancia e repele das pessoas. O pecado não expurgado está firmemente cravado no nosso coração e separa as pessoas umas das outras. Cada vitória sobre o pecado é a reconquista de si mesmo e dos outros para uma vida de compreensão mútua entre todas as pessoas. Na vitória sobre o pecado abre-se uma atracção mutua e um sentimento de irmandade entre as pessoas de forma natural; vencendo o pecado dentro de si, o ser humano ajuda aos outros, até mesmo sem consciência e vontade destes, ele abre as suas melhores qualidades da sua alma e quase que sem querer leva-os para o bem. Vencendo o pecado dentro de si, reavivando no íntimo do seu ser os melhores aspectos, o ser humano com isso mesmo abre o tesouro espiritual existente também dentro dos outros e ajuda-os a encontrar em si mesmos, aquilo que eles nunca perceberam antes.
O bem encontra eco no meio daquelas pessoas que o tem, mas que ainda não o perceberam. O ser humano enquanto sob o domínio do pecado, parece que tem medo de outras pessoas, mas a partir da vitória sobre o pecado, ele contamina com o bem o seu próximo e a todos os que o cercam. Isso é muito importante compreender e experimentar, porque normalmente em nós predomina um sentimento pessimista e nós temos a impressão que o mal dominou o mundo. Esse pessimismo impede a luta com o pecado e diminui a luta activa contra ele.
Num contacto superficial com uma pessoa, nós não vemos nada e não podemos perceber o tesouro do bem inaproveitado e que pertence a ela. Aquele que vence o pecado em si, desperta no outro essas forças do bem e estes aspectos da alma do outro, que são riquezas originadas pelo bem. Quando uma pessoa em pecado, percebe o seu próximo fazendo actos bons, ele também adquire forças para uma actividade cristã. Enorme, incomparável é a alegria em procurar o bem em si e nos outros. Aumentando o bem no mundo é que se revela a força da graça de Deus que se revela ajudando aos nossos enfraquecidos esforços, a fazer aquilo o que sem ela seria completamente impossível. Frequentemente na vida, o ser humano “comete um pecado que não deseja” (São Paulo). Este prisioneiro do pecado encontra no bem de outra pessoa, a força que o empurra para o bem na sua vida quotidiana.
Para uma real felicidade e não ilusória, é necessário vencer o pecado. É necessário permanentemente prestar atenção naquilo, o que move o ser humano externamente e no que o dirige internamente, examinando o seu comportamento e vontades. Este esforço não é fácil, mas nos relacionamentos entre as pessoas – é a vida. É necessário iluminá-los com a luz da Verdade de Cristo, para que estes relacionamentos não sejam nocivos nem para nós, nem para as pessoas que se relacionam connosco. Se existe paz na alma, então esta alegria nunca será perdida. O conflito traz sempre a infelicidade. Se o ser humano tem dentro de si a paz, então o seu coração pacifico lança a luz sobre tudo. A paz no coração é a principal conquista. As acções originadas por um coração assim, transformam os relacionamentos para o bem. O estado em pecado, através da irritação vinda de outros, , confrontada com a nossa irritação controlada, transforma-se para o nosso bem em algo que cria para nós e para os outros um bom estado de espirito, - pois com esta atitude nós congelamos a irritação dos outros.
Aqui também há um beneficio para aquele que se revelou modesto ou humilde e para quem estava irritado. Daqui é que vem a felicidade na vida. A vitória de um contra os seus pecados e o esforço para a salvação – gera o bem comum a todos.
O bem, como força positiva, desenvolve e traz á vida o bem adormecido nos outros, fechado até ao momento pela passividade e também pelo ataque do mal. O bem cria uma atmosfera que é uma forte ajuda no combate contra o mal na vida cristã. Ás vezes parece que o esforço para eliminar o mal em nós é egoísta e que tal pessoa está preocupada apenas consigo mesma e desligada do bem comum. Mas isto não é assim. O ser humano, que não conseguiu ainda vencer os seus pecados, não consegue gerar uma influência positiva sobre os que o cercam, não pode ajudar aos outros e nem pode comemorar em conjunto a vitória deles sobre os seus pecados.
Ele não pode agir para o bem comum com aquele beneficio e força, se tivesse vencido em si mesmo o pecado. A santidade é uma enorme bênção e força. Decididos de facto a ajudar os outros, nós, antes de mais nada, devemo-nos limpar de todos os hábitos e tendências de pecar, ficarmos limpos e levar uma vida de acordo com Deus. É na medida do nosso aperfeiçoamento que podemos ser úteis aos nossos semelhantes nos seus problemas e dificuldades. Este é o único caminho para ajudar os outros. Aquele que conquista a santidade, conquistou a máxima capacidade de ajudar os outros. Os seres humanos aos olhos de Deus são organismos com objectivos. As diversas aparições de santidade limpam todo o organismo. Salvando-se a si próprio, nós introduzimos uma parcela da salvação na salvação de toda a humanidade.
A melhoria interna do ser humano acontece não apenas no instante de grandes desafios, mas principalmente na repetitiva vida quotidiana. O objectivo do ser humano – é o equilíbrio da sua vida interior e a construção em si mesmo do Reino dos Céus. Lutando contra o pecado, consolidamos em nós e no mundo a vida de Deus. O combate contra o pecado expõe também as verdades supremas e nós aprendemos a conhecer melhor a vida de Deus. Uma vida assim é a construção do Reino dos Céus em toda a sua força. Tornam-se mais compreensíveis as palavras da oração ao Senhor “Venha a nós o vosso Reino, seja feita a tua vontade”.
Quando nós, vencemos o pecado e superamos as rupturas, voltamos a unir-nos, então os nossos pensamentos e vontades tornam-se comuns, nós pensamos de forma idêntica. Nessa identidade de sentimentos e vontades nós começamos a compreender a vontade de Deus e o que é esperado de nós. É aquela unidade pela qual orava Jesus Nosso Senhor. Essa identidade e união no amor – não são ideais distantes, mas o esforço fundamental para estabelecermos a nossa vida. Nós conseguiremos nos aproximar dele, se nós descobrirmos as nossas semelhanças espirituais. A questão da salvação da alma não é uma questão teórica, mas o caminho da acção. Infelizmente, nem todas as pessoas que frequentam as igrejas compreendem isto. Vencer o pecado é necessário para uma aproximação mútua e para a concretização do nosso esforço fundamental.
O pecado que mora em nós, nos obscurece e nos obriga a inventarmos desculpas perante nós mesmos. Este auto-engano vem a nós pelo demónio. Enquanto em nós não despertar a consciência, atenta não apenas a pecados isolados – raramente teremos consciência de todos os nossos pecados. Com os nossos pecados em qualquer ambiente nós traremos conflitos, porém
cada batida
do coração para o bem,
é a medida
que faz a
diferença. As nossas
desculpas e justificações
pelos nossos pecados – são
inimigos da nossa
salvação. Somente a
consciência do perigo
que é o
pecado desperta a
vontade de lutar
contra ele. Nós
somos indiferentes ao
pecado enquanto não
tomamos consciência que
ele nos retira
a felicidade. Nós
consideramos o pecado
como nossa natureza.
“Eu sou assim,
assado e não
posso ser de
forma diferente” – “este é
o meu carácter”.
Mas o carácter não é algo,
com o que
nós não podemos
lutar. Com a
decisão para começar
a lutar contra
o pecado, é
necessário lembrar, que
ele não é integrante da
nossa natureza, mas
que ele aderiu
a nós. Os
nossos mais distantes
antepassados foram criados
sem pecado. O
pecado é algo
externo que penetra
na nossa natureza,
se adapta a
nós, escolhe para
se fixar naqueles aspectos
mais convenientes a ele na
nossa alma criada
por Deus.
O pecado nos aprisiona, penetra em nós, no inicio como uma forma desconhecida, mas que depois faz com que tudo seja misturado a ele. É muito importante estar atento ao facto que o pecado é um estranho ao nosso ser: isso ajuda a combate-lo. O momento de iluminação vindo do Senhor, quando nós tomamos conhecimento dos nossos pecados, infelizmente é ligado á nossa força de vontade, pois o pecado escraviza a nossa força de vontade. Uma “Vontade fraca” vem do demónio. Mas e o que vem de nós está misturado com o pecado, como nós iremos vencer a nós mesmos?. Para que dentro de mim surja a força de vontade para lutar contra o pecado, é imprescindível ter consciência que o pecado não é parte de nós. Este conhecimento dá forças á vontade no combate ao pecado.
· O Desafio Dos Relacionamentos
A vida cristã é deslocar-se pelo mundo. Atrás do cinzento das nossas vidas nós não percebemos a totalidade da nossa missão na Terra, a totalidade dos talentos dados a nós por Deus e não temos consciência até de nós mesmos. Os talentos da nossa alma permanecem não utilizados. Nós consideramo-nos pouco significativos assim como as outras pessoas e dizemos; “nós somos pessoas simples, normais, aonde nós teremos capacidade de fazer algo especial, uma vez que o mais importante é trabalhar para sobreviver.” Essa diminuição de si mesmo, muitas vezes enfraquece a nossa força de vontade para agirmos – e apesar disso tudo, cada um de nós tem uma missão. Cada ser humano no mundo tem uma tarefa a executar, pois é um enviado de Deus na terra. Nosso Senhor precisa de cada alma e cada um é responsável pela sua vida e não está livre de ser responsável pelos outros. A questão não está na nossa limitada capacidade, mas na falta de vontade de assumir a responsabilidade de si mesmo. Nós frequentemente comentamos; “isso não é problema meu, vou deixar os outros fazerem força, etc...” Com essas palavras nós transferimos a nossa responsabilidade para os outros e com isso também toda e qualquer culpa sobre eles, começando a julgá-los e com isso gerando conflitos.
A nossa vida externa em muito depende de nós mesmos. Em virtude da nossa missão na terra, cada um tem influência sobre os que o cercam e dessa forma na vida do mundo. Se a má vontade de uma certa forma neutraliza a força do bem, mais ainda a força de vontade livre do pecado, tem um significado enorme.
Nós diariamente relacionamo-nos com diferentes pessoas, e nestes relacionamentos podemos nos revelar num bom ou mau sentido. Infelizmente, nós frequentemente não percebemos a luz e o bem que em nós se desenvolvem. Os nossos talentos são obscurecidos pelo cinzento das nossas vidas. Nós muitas vezes não conhecemos as preciosidades da nossa alma e por causa disso sobre a nossa alma desce um tipo de escurecimento. Pois para cumprirmos a nossa missão, é necessário que se abra a nossa visão interior, e somente assim enxergaremos a nossa alma daquelas riquezas que estão fechadas da nossa visão interna. Nós precisamos por nós mesmos descobrirmos estas preciosidades e ajudar aos outros para que também consigam fazer isto dentro deles. É exactamente por isso que é tão importante o relacionamento com os outros; ele torna-se para nós a escola da nossa salvação, da nossa força espiritual. Isolar-se evitando relacionar-se com as pessoas nem sempre é saudável para um cristão.
Vivendo isolado, o ser humano torna-se quase sempre empobrecido. Quanto mais ele isola-se das pessoas, mais ele torna-se pobre. Vivendo sozinhos nós desligamo-nos da vida em comum, da vida de todo um organismo, no isolamento nós secamos, pois não nos alimentamos dos nutrientes da vida em comum. Através dos relacionamentos com as outras pessoas descobrem-se forças desconhecidas do ser humano e que entram em acção. Dessa forma, o relacionamento com as outras pessoas enriquece a nossa alma, que floresce na medida da nossa aproximação com as outras pessoas. Cada ser humano é um indivíduo, mas ele pode completar em si o que lhe falta através do relacionamento com toda a humanidade. As pessoas – são as flores de Deus; é necessário imitar as abelhas que comem mel de todas as flores, enriquecendo-se com a individualidade dos outros e abrindo-se aos outros.
Algumas vezes os relacionamentos tornam-se difíceis para nós, mas nós somos chamados para a vida em comum e por isso o relacionamento com as pessoas é um dever cristão. Cada encontro pode nos dar muito. Se nós formos atentos ás pessoas que nos rodeiam, invariavelmente nós encontraremos preciosidades como a luz e o bem. Em cada ser humano existe o belo e somente os nossos pecados não nos permitem ver isto. Nós encontramos pessoas e na maioria das vezes as avaliamos incorrectamente, analisando só a superfície. A gente diz; “aquele é simpático e este não”. Frequentemente olhando quaisquer aspectos ausentes numa pessoa, nós a evitamos, examinando somente a sua aparência, fazemos julgamentos a seu respeito, sem tentarmos superar o que nos separa. Nós gostamos de nos relacionar com pessoas que são agradáveis a nós, quando existe uma predisposição favorável uns com os outros. Encontrando a menor resistência na relação, nós não fazemos força para ultrapassá-la. É difícil conversar com uma pessoa, contra a qual sentimos preconceito, mas é exactamente esta dificuldade que nós precisamos ultrapassar.
Deus quer nos reunir a todos enquanto o demónio se esforça em nos separar. Superando a desunião, nós descobriremos uns nos outros aquilo o que é único que é de Deus em nós, o que gera a nossa força, o que nos dá a bem-aventurança. O pecado dividiu toda a humanidade. Vencendo o pecado dentro de si, as pessoas aproximam-se umas das outras, assim que retornam ao seu estado original da natureza humana em geral – a de um único organismo. O pecado rouba o ser humano. Não vencendo aquilo o que nos separa, nós não enxergamos a vida real de cada ser humano, mas somente a sua persona, ao qual nós erradamente consideramos como sua realidade. A nossa fragmentação, a nossa prepotência distorce a nossa vida.
Nós normalmente consideramos que os nossos encontros com as outras pessoas são acidentais. Claro que não é isso! Deus coloca-nos uns ao lado dos outros na família e na sociedade, para que nós enriqueçamos uns com os outros; para que encostando uns nos outros, as pessoas com atritos acendam faíscas de luz. Deus disse; “Eis uma charada. Eu coloquei-te junto a essa ou aquela pessoa. No seu coração existe um talento, que eu dou-te, portanto descobre-a”. Deus enviando cada alma para a vida, a diferencia com um determinado talento, e lhe dá um palco para acção, para o florescimento da sua vida espiritual. Como cada pessoa é espiritualmente diferente, se o seu talento espiritual não for descoberto, será a falência da sua alma e o desaparecimento da luz divina num determinado ponto da sua existência. Por isso cada um deve preocupar-se com o seu mundo espiritual, para permitir a luz divina a oportunidade de brilhar nele e não desaparecer. Porque nós não temos vontade e somos lentos para utilizar aquelas forças que existem dentro de nós? Vencendo o pecado nós libertamos os princípios do bem dentro de nós, reduzindo o mal – diminuímos o mal da terra. O menor esforço da nossa parte quebra a nossa inércia e desperta o bem adormecido e o evidencia.
A cada um de nós são dados determinados talentos. A cada um Deus irá perguntar; “Porquê que não fizeste o que deverias ter feito?” O desafio de cada um na sua vida é descobrir e multiplicar os seus talentos dados por Deus. Frequentemente as pessoas dizem; “eu não tenho nenhum talento,” tendo em vista o talento dos cientistas, artistas plásticos, lideres na sociedade ... Mas muito mais importantes são os talentos do coração, que Deus deu a cada ser humano, como por exemplo a cordialidade, a compaixão, a presteza. O desenvolvimento destes talentos, como aspectos da nossa natureza, está nas nossas mãos. Esses nossos talentos são desenvolvidos através de um activo relacionamento com as pessoas. Nós estamos ligados através de inúmeros fios uns com os outros, e nós precisamos de através estes fios criar união entre as nossas vidas. É triste constatar que muitas pessoas queixam-se da solidão. Isolar-se dos outros cria uma certa apatia, enquanto o contacto – ao contrário, dá vivacidade, uma vez que a pessoa sente, que ela não está perdida no mundo. O contacto com as pessoas é um fio que atirado da Terra para o Céu a Deus – ao Centro que a tudo une. O desejo de união que vem do coração do outro, tem em si como direcção o Centro que a tudo une e que é Deus, pois o contacto entre as pessoas é vida e a separação é a morte.
A união entre as pessoas é o bem que traz-nos a alegria da vida. Esta é uma lei afastando-se da qual, as pessoas irão invariavelmente sofrer. Todos nós somos criados á imagem e semelhança de Deus. Isto significa que a imagem de Deus é exactamente o que nos une. Unindo-nos, podemos conquistar uma mesma forma de pensar, um mesmo espírito, uma mesma vontade ... aquela unidade da qual Jesus falava: “para que sejam todos um, como tu, Pai, o és em mim, e eu em ti, para que também eles sejam um em nós ...” (João 17,21).nós, na nossa vida cinzenta nem achamos necessário procurar aquilo que nós recebemos de Deus, aquilo que na realidade poderia nos unir. O estado de desilusão tira de nós a alegria da vida quotidiana e não nos permite desenvolver os nossos talentos.
Constantemente escutamos; “Não existem pessoas boas” Como não existem pessoas boas? Entre nós há pessoas com educação avançada, inteligentes, com tesouros espirituais e apenas por causa de um véu superficial nós não enxergamos isso e além de tudo enterramos os nossos próprios talentos junto com os dos outros. Nós somos escravos da preguiça e da malícia. Nós dizemos que não podemos multiplicar os nossos talentos, apesar de ser dito; “Batei e abrir-se-vos-á.”
Em cada coração é necessário procurar um tesouro. Os tesouros são procurados com frequência, mas não os espirituais, por isso é necessário procurar os espirituais. Muitos podem perguntar; “E para quê?” - Nós responderemos; “para enriquecermos.” Nós enxergamos nas pessoas somente a superfície e tomamos delas somente o superficial, pois não percebemos e não procuramos o tesouro existente em cada um de nós. É necessário procurar o talento existente no coração; este tesouro é a fonte do bem. Mas como fazer isto? Para isso é necessário esforço e dedicação. Sem esforço, como dizem, não se tira um peixe da água. Se mesmo os grandes talentos recebidos de Deus dependem de esforços para que haja um resultado de acordo, tanto isto é verdadeiro para as pessoas comuns.
Aproximando-se de uma pessoa, vamos prestar atenção ao seu coração – que é o centro do ser humano. Jesus Cristo afirmou que tudo tem origem no coração das pessoas; “o homem bom do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau do mau tesouro tira o mal” (Lc 6-45). A bondade no coração é uma dádiva de Deus e que pode ser multiplicada por dez – sobre um coração bom é mais fácil estabelecer a bondade. Os milagres estão não nas grandes realizações, mas o milagre está quando alguém mau transforma-se em bom, porque então vencem-se os aspectos originais da natureza humana e cria-se uma nova pessoa através da luta contra o pecado. Lutando contra o pecado, o ser humano aperfeiçoa-se, isto é transforma-se naquele que o liga a Deus. O ser humano vencendo o pecado dentro de si, abre assim os melhores aspectos da sua alma, o que também faz surgir nas outras pessoas um tesouro, o qual os outros nem desconfiavam da sua existência. Ele pensa dentro de si como fazer para não se encontrar com esta ou aquela pessoa. Vencendo o pecado, o ser humano facilmente aproxima-se de outras pessoas e contamina-as com o bem. Se olharmos no âmago de cada ser humano, podemos enxergar a sua real natureza. Isto não é fácil, mas nós precisamos de nos disciplinar para conseguir.
Quando nós estamos de bem com as pessoas, nós nos iluminamos com faíscas de luz, e levamos connosco algo invisível – que nos dá vida. Deus envia-nos ao mundo para evidenciarmos as nossas riquezas. Se nós juntarmos os pedacinhos do bem e da luz descobertos em nós, só isto já será muito. Se estivermos a recolher pedacinhos desta luz, então nesta atmosfera nós mesmos seremos alimentados por ela e então ocorrerá a iluminação e o aquecimento do nosso coração empedrado. Este processo de procura pela luz é o momento de iluminação espiritual; a beleza do bem descoberto enche de beleza a nossa alma. Na procura do tesouro na nossa alma, nós inevitavelmente iremos arrancar as ervas daninhas do nosso coração e esta limpeza também faz parte do bem, ao qual nos dará a alegria de viver.
Este bem é o degrau para a morada onde enxergamos Deus no momento do nosso crescimento espiritual – a bem-aventurança. Foi dito; “Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5-8). É com momentos diferenciados que o ser humano prepara para si o seu espaço na morada da luz.
A luz de Deus, que nós descobrimos em nós, faz com que nós enxerguemos verdadeiramente e quando a nossa visão está atenta, então nós não iremos gastar todas as energias da nossa alma com coisas insignificantes. Com a luz de Deus, como uma lanterna na mão, o ser humano ilumina o seu caminho e então também nas outras pessoas ele começa a enxergar a mesma luz. Esta luz existe em cada ser humano, mas ela está coberta pela escuridão a ponto de nós durante muito tempo não conseguirmos senti-la em nós e enxergá-la nos outros. Uma vez percebida esta luz, é como se nós despertássemos pois tudo muda á nossa volta e as energias do mal perdem as suas forças. Com a luz de Deus e com essa reviravolta interna voltada para Deus, reunimos todos os pontinhos de luz num único foco e com isso não apenas iluminamos a nós mesmos, mas despertamos a luz nas outras pessoas.
Quando durante os relacionamentos com as pessoas surgem dificuldades, quando o mal cria uma tempestade no nosso coração e instala-se a escuridão, nós precisamos de pedir ajuda a Deus, chamando mentalmente pelo Seu nome. Este é um momento espiritual. O ser humano quando se encontra assim na escuridão, pode fazer e falar muitas asneiras. É importante rapidamente voltar-se para Deus. Ele introduzirá a luz na escuridão. Com este acto criativo – quando o ser humano volta-se para Deus, ele está a chamar a luz que vinda de Deus vai para o seu coração, isto é, o próprio Jesus Cristo entra no coração, iluminando-o e lá reinando. Então no coração vive Deus, a escuridão é vencida e esta vitória leva-nos numa outra esfera da vida – nova e alegre. No coração instala-se a paz e a alegria e então nós começamos a perceber aquela unidade, pela qual a nossa alma tanto anseia. Vivendo para Deus, é como se nós nos renovássemos, entramos na esfera da luz e o próprio Nosso senhor se afirma em nós; “ Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18-20)
· O Papel Da Família Na Salvação
A questão da salvação – é uma pergunta fundamenta na história da humanidade no todo e no destino individual de cada um. A ela (ou também na questão da felicidade) são adequadas as palavras – “foi, é e será”. Tudo está resumido nesta questão e na sua realização em vida. Neste sentido a felicidade está nas nossas mãos. Ela é decorrente da vitória sobre o pecado. O meio mais próximo para o combate contra o pecado é antes de tudo na família e em todos aqueles que nos rodeiam. Nós olhamos para o meio, para o ambiente no qual vivemos como algo meio acidental e quase não reparamos na nossa família como um caminho, dado-nos a nós por Deus para a salvação. A vida em família parece-nos algo do acaso e o mais importante na família escapa á nossa atenção. A família – pelas palavras do Apostolo – é uma pequena Igreja. Ela pode de forma especial ajudar o ser humano a alcançar o seu mais importante objectivo na vida. Na família procura-se a felicidade. Mas o que devemos entender como felicidade ? as respostas para isso são nebulosas. Isto é um testemunho de que o mais importante não é extraído desta condição dada por Deus.
A vida em pecado e a correcta vida espiritual – ambas ocorrem dentro do ser humano e o ambiente desta vida é o meio, com a ajuda do qual o ser humano deve voltar-se para o seu intimo. Já foi dito, que o pecado é uma força que gera conflitos e desunião. Vou explicar isto com um exemplo de vida. Duas pessoas magoaram-se uma á outra, ofenderam-se, não queriam ceder uma á outra e feridas no interior separaram-se. Eis a infelicidade. Isto demonstra que devemos combater o pecado para garantir a nossa felicidade, assim como a irritação é a infelicidade na nossa vida. O ser humano é criado com o desejo de felicidade e pode aprender pela sua felicidade como lutar contra a sua infelicidade, isto é, contra o pecado no seu ambiente que lhe é mais próximo. As forças do pecado e da pureza encontram-se dentro do ser humano em aparente estado de calma. E dependendo em como nós tocamos este ser, reagem dentro dele e no mundo as forças do bem ou do mal. Nós precisamos de encontrar sempre um ambiente tal, que mantenha limpo o nosso mundo interior, nos desse forças e condições de um verdadeiro conhecimento de si mesmo.
O meio ambiente em geral, como mero encontro acidental de pessoas, pouco pode ajudar. Frente ás outras pessoas o ser humano esconde as suas mentiras, empurra-as para dentro e esforça-se em parecer limpinho. Ele tem vergonha daquilo do que pode ser pensado dele, tem medo da opinião publica e por isso não se expõe. Somente num ambiente costumeiro, num ambiente familiar o mal escondido no ser humano começa a esvair-se para fora. Nestas condições o ambiente familiar – cria um momento indispensável para o auto-conhecimento. Não é por acaso que nós temos receio de estarmos num ambiente familiar. Fugindo dele, nós interessamo-nos de tudo, encontramos diversão e isso basta para fugirmos do ambiente favorável para o nosso auto-conhecimento.
Porque é que a família parece o meio mais favorável para a salvação ? em família o ser humano inevitavelmente abre os seus sentidos, enquanto perante desconhecidos ele encobre o seu mundo interior. Em sociedade o ser humano controla-se, encobre a irritação, esforça-se em parecer diferente. Ele demonstra a sua face externa e não a interna. Em família ele não esconde as suas condições, não se envergonha de expor o seu estado em pecado em palavras ou acções. E um mundo em pecado oculto revela-se frente á família e aos mais próximos e perante ele próprio. Dessa forma, o ser humano atento á sua salvação, dentro do ambiente familiar entende mais facilmente o que há de pecado dentro dele e o que o isola dos outros. É necessário apenas, que o conhecimento do seu mundo interior, permaneça combatendo o pecado.
· A Grande Quaresma
Durante o período da Grande Quaresma a Igreja firmemente esforça-se em despertar em nós o sentimento de arrependimento. Nós somos tocados pelas Missas, os cânones e também por uma parte das leituras do Antigo Testamento que são meios para conscientizarmo-nos dos nossos pecados. Os exemplos que vêm do Antigo Testamento advertem-nos, indicando-nos da sua experiência milenar, o único e abençoado caminho: o caminho ao encontro de Deus.
Através de diferentes dificuldades, prolongada a escravidão, graves doenças, Deus conduziu o Povo até á Sua Verdade. Todo o Antigo Testamento é a história da verdade de Deus, que castiga punindo os pecados e que também abençoa. Porém mesmo depois de tantos castigos o povo judeu frequentemente embrutecia o seu coração e não queria compreender as ordens de Deus.
Mas um embrutecimento semelhante também é possível perceber em muitos de nós. Deus atinge-nos com sofrimentos, derrama dificuldades sobre os corações empedrados, para que eles possam ser arados e tornados adequados para receber a Graça de Deus ; isto é, muitas vezes o nosso coração não é receptivo á sua Graça, mesmo quando Deus de forma óbvia e evidente no-la dá. Nós ainda somos dominados pelo medo animal - o medo da morte, mas será que vive em nós o medo do Juízo de Deus ? Deus espera, para que nós enxerguemos nas dificuldades que nos rodeiam, a Sua Graça, e não apenas uma serie de acasos.
Comparando assim o Antigo Testamento com o momento presente, nós percebemos que naquela época assim como agora, Deus preocupa-se com as suas pessoa, não permitindo que elas pereçam na indefinição, e ás margens das leis, esforçando-se de todas as formas em levá-las ao arrependimento e de todos os meios chamando-as novamente para ligarem-se a Deus – Fonte de Vida. De facto o Amor de Deus ultrapassa a compreensão humana !
O Seu Amor estende-se a tal ponto, que “por causa dos seus eleitos, por causa de uma pequena porção, Ele abençoa todo o Povo” “uma semente sagrada – é a força de todo um povo” diz o profecia Isaías, graças a ela todo um reino se perpetuará ; ela é como um solido alicerce que deve ser construído como base de um povo. Assim Deus guiava os Seus servos, manifestando-se ora como um severo Juiz e Carrasco, ora como O que perdoa a tudo e O que abençoa – para o bem das pessoas, para firmar a verdade na Terra. (a verdade é uma outra face do amor, e é a sua força que a defende)
Revelando tanta preocupação sobre os seus servos, não se preocupa mais ainda o Senhor com os Seus Filhos ? O Antigo Testamento é servidão e3 o Novo Testamento é filiação. Nós já não somos servos na casa de Deus. O servo preocupa-se somente como agradar ao seu senhorio e, a relação com ele é medida com actos : enquanto o filho tem proximidade com o seu pai, preocupa-se em não magoá-lo não só através de actos, mas até com intenções, para não perder o amor paterno; o seu relacionamento mede-se com sentimentos e pensamentos. Mas àquele que muito for dado, muito será exigido. “Nós somos filhos de Deus, mas ainda não nos foi anunciado, o que seremos” – fala o apostolo; a nós, muito é dado e depende da nossa vontade de multiplicar o talento dado por Deus. Na nossa vontade está o desejo de sermos os guerreiros de Cristo, combatendo nos nossos corações, este campo de lutas, pela verdade de Deus. Está dentro da nossa vontade dar um inicio abençoado – pois Deus “beija até as nossas intenções” e o resto faremos com a ajuda da Graça de Deus.
Como meio de combate existem muitas orações a Deus – momentos criativos, que nos tiram da vida mecânica e ás quais em grandes quantidades nos oferece a Santa Igreja em tocantes missas durante a Grande Quaresma. A meta da luta – é conversar a paz espiritual. Quando a paz se instala no nosso coração, então nós colocamo-nos no caminho em direcção a Deus. As condições na relação com Deus são tão maravilhosas, que elas por si só tornam-se recompensas – o Reino de Deus dentro de nós. É para isso que nos chama o Senhor, para que nós aqui na Terra, em diferentes momentos conquistássemos para nós a eternidade. Amém.
· Em Busca Da Felicidade
Cada um de nós deseja para si a bênção da felicidade. Deus deu-nos a terra para uma feliz permanência nela, para que nós vivamos em estado de graça, para que nós participássemos da glória de Deus. Porém frequentemente somos obrigados a ouvir que a nossa vida não nos traz nenhuma alegria. Um dia após o outro nós acordamos, trabalhamos, cansamos, sempre a mesma coisa repetindo-se, tudo nos cansa, é chato e tão cinzento em redor. De facto, se nós prestarmos atenção, nós trabalhamos o dia todo, ficamos preocupados, estressados, magoados, sentimo-nos infelizes, inúteis e solitários. Dessa forma nós tornamo-nos verdadeiramente infelizes, pois somos escravos de coisas e vivemos mecanicamente e nos subordinamos a uma interminável corrente de facto. Toda a nossa energia é colocada em coisas insignificantes, que hoje existem e talvez amanhã não existem mais.
A transitoriedade da nossa vida com as suas mágoas, julgamentos e invejas, nós consideramos como nossa vida verdadeira. Irritando-nos e magoando-nos nós perdemos a paz interior no nosso coração e submergimos na escuridão. Para nós tudo é desagradável, os amigos parecem inimigos, até a luz do sol parece que não nos ilumina e os pássaros não cantam para nós. Neste estado esta escondida de nós mesmos a fonte do nosso bem, da nossa alegria. Nós não conseguimos enxergar nada de bom dentro de nós e nem nos outros. Tudo para nós parece ruim. Porque isso acontece ? o que é que está a estragar a nossa vida ? nós estamos a viver com um coração obscurecido. Nós aceitamos a posse temporária de nós pelas forças escuras – este estado em pecado da nossa alma – na realidade, pelas nossas culpas. Nós andamos na escuridão e quem anda na escuridão tropeça. Colado a nós está o pecado e o mal : através da irritação, criticas, raiva e que nos tiram a paz.
Relacionando-se com outras pessoas sem paz no intimo, nós despertamos um estado de conflitos e estranhamento uns com os outros. Sentindo o conflito, nós sentimo-nos mal, infelicidade e de facto sofremos.
Onde está nos dias da semana o estado de graça e a alegria ? Como iluminar a nossa vida ? Como achar o caminho para a luz ? Deus é a fonte da luz e da alegria, enquanto que o mal traz-nos a escuridão. Nós tornamo-nos escravos do mal. O mal atrai a escuridão para o nosso coração e na escuridão nós enxergamos a vida erradamente. A escuridão do nosso coração distorce a nossa vida. Nós damos passos errados, falamos o que não devíamos, fazemos movimentos inadequados, até não enxergamos mais a aparência real das outras pessoas e avaliamos as pessoas incorrectamente, acreditando que o seu estado de espírito temporário é de facto o definitivo. Aceitando a aparência como que se fosse realidade, nós encontramo-nos num estado que nos leva a uma infelicidade mutua e conflitos. Os nossos longínquos antepassados foram criados sem pecado. Desde os tempos do pecado original, parece que o pecado faz parte do nosso estado natural, cola-se a nós e mantém-nos como seus escravos. Tudo em nós vem misturado com o pecado e com o pecado nós perdemos a alegria da vida.
A nossa vida tumultuada é o caminho para a vida real de facto.
Vamos transformar os meios em metas. Os nossos passos reais, oriundos do irreal, carregam consigo o mal, a tristeza e o sofrimento. Nós caminhamos como se estivéssemos a dormir e submersos na escuridão dos pecados e tentações, olhamos e enxergamos somente a escuridão. O demónio impede-nos de ver a luz. Nós transformamo-nos em armar cegas das forças escuras, daí sofremos. Nós tornamo-nos não criadores da vida, mas seus escravos.
Como fazer ? É necessário abrir os olhos. Conquistar e receber a graça do bem – é um facto possível. É necessário apenas esforçar-se para receber estas preciosidades. Este é um tesouro dentro de nós e ao redor de nós.
Nós queremos viver felizes e bem. Mas o que é que nós fazemos para conquistar isso ? até as orações matinais e nocturnas não descortinam perante nós o nosso estado lamentável. É indispensável, que nós entremos no significado das orações e então encontraremos a consciência dos nossos pecados e a certeza da misericórdia de Deus. Essas orações determinam toda a nossa vida e actividade e apontam o que devemos fazer e o que devemos evitar. Nas orações nocturnas e matinais nós estamos frente á face de Deus e examinamo-nos a nós próprios. Essas orações mostram-nos para nós mesmos. É importante que aquele pouco que nos é destinado durante o dia, nos iluminemos com a razão de Deus.
A nossa alma existe para a eternidade e nós simplesmente não nos preocupamos com ela. Nós esforçamo-nos em conquistar os mais diversos tesouros, menos o tesouro da eternidade. Nós somos maus negociantes e valorizamos muito pouco a nossa alma. Mas não existe nada mais precioso que a nossa alma. Nós adquirimos somente o que não tem nenhum valor na eternidade, porém aquilo que é valioso na eternidade nós não adquirimos. Isso acontece porque, tudo em nós é confuso, todas as preciosidades desequilibradas; o pecado obscureceu a nossa mais verdadeira harmonia das coisas. Quando nós de facto percebemos toda a ilusão e erros da nossa vida, então ocorrerá de verdade um óptimo acordo. O ser humano frente á luz d Deus começa a colocar ordem no tumulto da sua vida e esforça-se em direcção ao bem e ao eterno.
É importante para que cada dia não se encaminhe vazio para a eternidade; é necessário achar preciosidades no dia a dia da nossa vida. Cada dia é-nos dado para extrairmos um mínimo daquela benção, daquela alegria, a qual na realidade é a eternidade e a qual irá connosco para a vida futura. Para extrairmos preciosidades de cada um dos nossos dias, é necessário relacionarmo-nos criativamente com cada momento da nossa vida. Com criatividade nós podemos superar a nossa inércia, livramo-nos da escuridão e das tentações que nos dominam.
A vitória sobre o pecado leva a uma alegre percepção da vida, conhecimento de Deus e trás junto de nós a experimentação da real vida para a qual foi destinado o ser humano.
Como se aproximar desta vida criativa ? A fonte da nossa vida é o coração. O nosso coração é a arena da luta do demónio com Deus e esta luta acontece a todas as horas e a cada minuto. É necessário o tempo todo com muita atenção sentir o coração, perceber as intenções do demónio e combate-las. Então nós teremos um relacionamento criativo com cada momento da nossa vida. Nós todo o tempo estamos entre o bem e o mal. A nossa vontade inclina-nos para o bem, sem forças submetemo-nos ao mal. O demónio quer-nos dominar, mas nós devemos resistir-lhe. O demónio empurra-nos para o pecado com aparência do bem e nos estimula a coisas, que não são o bem para nós. Ele sob a imagem da felicidade empurra-nos para o pecado.
Em cada ser humano há mais cosas do bem do que do mal, só que o bem está misturado com o mal. Vamos dizer: “Mas, como é isso? Porque é que vemos tanto mal nos outros? Um mar inteiro do mal.” O mal está sempre esvaindo-se de nós, fica evidente aos nossos olhos, porém o bem está oculto em nós, não está reunido. O mal é agressivo, o bem é modesto. O mal é a escuridão, o pecado, a nossa fraqueza, a desunião, a infelicidade, a morte. O bem é a luz, a união, força, ímpeto, alegria, a vida da alma.
É possível iluminarmos o apático, passar de cada dia e horas, fazê-lo alegre, se nós extrairmos da vida o bem, a luz e o calor. Eu devo direcionar correctamente a minha atenção na vida que me rodeia. Se eu conduzir a minha visão interna para a luz, então eu vejo-a . A atenção concentrada é o maior acto da vida espiritual. Lute, reaja, obrigue-se a encontrar a luz que a encontrará e verá. Foi dito “... buscai e achareis” (Mt7,7). O nosso ser nos seus dois terços é repleto de luz, porém essa luz interna não se revela somente a partir do nosso desejo. Vencendo a escuridão, nós trazemos luz ou Deus para o nosso coração. Esse momento já não é mais passivo, mas criativo. É necessário revelar-se criativo. Criando uma nova vida, nós podemos tocar a Fonte da luz, que a tudo ilumina.
O bem é eterno e vindo de Deus a Ele retorna. Esse movimento do bem em direcção a Deus é a existência do Reino dos Céus na Terra. É necessário fazer força em relação ao bem e o bem virá na nossa direcção. Eu caminho na direcção de Deus Pai e o Deus Pai vem na minha direcção (parábola do filho pródigo). Expulsando o demónio do nosso coração, nós libertamos um espaço para Deus. Deus entra no nosso coração e reina nele, com o que se estabelece o reino dos Céus. Ele é uma bênção real na terra – essa alegria vem pelo Espírito Santo. Então em nós descortina-se a vida celeste e o ideal torna-se real. Nós rezamos: “e venha a nós o Vosso reino” - pois isto é um facto real. A permanência no combate com o pecado é um estado na luz, na santidade, que tem como fonte o Espírito Santo que vem da Fonte da Luz – Deus. Por isso o Apostolo São Paulo determina que “porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça e paz e gozo no Espírito Santo” (Romanos 14,17). Neste estado o ser humano une-se a Deus e sente a alegria pelo espírito Santo com todo o seu ser. Isso é porque o ser humano está a voltar para Deus – seu Pai, e o seu lar.
A felicidade não pode ser obtida desrespeitando as Leis da vida, através do pecado. Como então começar a combater o pecado ? É necessário encontrar as forças necessárias, que destroi e enfraquece o pecado. É necessário unir-se com a fonte da força do bem – Deus – rezar-Lhe pedindo-Lhe ajuda, pois a força que nos domina enfraquece as nossas tentativas, e sem a ajuda de Deus nós não temos condições de alterar a nossa natureza pecaminosa.
Deus está sempre perto, imediatamente vem ao nosso encontro e ajuda-nos. Por meio de uma pequena suplica a Deus, com as palavras: “Senhor, ajuda-me” no instante em que estamos reféns da força escura, nós da não existência para a existência clamamos pela nossa vida. Voltar-se para Deus é um acto de vontade, dirigido á fonte da luz. O pensamento de voltar-se para Deus no momento de escuridão no coração: (irritação, raiva, inveja ou outro tentação qualquer), demonstrada pelas palavras: “Senhor, ajuda-me”, atravessa o espaço entre a terra e o Céu. No momento do apelo, de lá do Céu, invariavelmente vem a força necessária ao coração e que por uma luz de vontade nos encaminhamos para uma nova parte da existência, o que já é um esforço especial, mas ele, o pensamento, vem junto com a luz de Deus. Voltando-se para Deus – com a Palavra, nós recebemos em resposta a luz Divina, que surge como uma estrela condutora na nossa vida. Essa luz desperta a vida – a energia do bem e então o ser humano cria condições para germinar nesta terra indiferente e congelada.
O momento quando chamamos o nome de Deus é o condutor da luz para dentro da nossa alma. Parece uma coisa pequena dizermos: “Deus, Ajude-me”, mas perante nós é como se abrisse o Céu expondo a morada de Deus e lançando a luz, transfere-se a nós, enquanto nós mergulhamos na eternidade. A própria eternidade penetra na nossa vida, como que num momento, nos aproximando da fonte da luz. Esta luz acolhe em nós as sementinhas do bem – no caos existe entre o bem e o mal, característico da nossa vida habitual. Deus começa a reinar no nosso coração e com isso estabelece-se o Reino de Deus – a alegria e a paz.
No processo da luta com o pecado é como que se nós renascêssemos: de irritações tornamo-nos calmos, de avarentos tornamo-nos generosos, de maus – bons, de cruéis – bondosos, de atormentados – ponderados. Em nós surgem sentimentos e preocupações. Em nós abre-se a visão. A escuridão do nosso coração é trocada pela luz e isso é um milagre que vem através da força de Deus. Isto é renovação, o afastamento do antigo ser humano (pecador ) e a construção do novo – nova criatura – transformada. O eterno, o celeste entra na nossa vida e nós exactamente com isso entramos na eternidade. Ao ser humano é dada uma força imensa – com a ajuda de Deus para transformar a vida de pecado numa nova, construir o Reino de Deus na Terra. O Espírito Santo começa a agir em nós, e o fruto do espírito; “... a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a bondade, a longanimidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade ...”(gálatas 5,22). Cada ser humano então torna-se como um milagroso, pois vencendo o pecado, ele faz um milagre, encontrando dentro de si, Deus. Nós começamos a perceber toda a miragem que antes envolvia a nossa vida.
Sem chamarmos a Deus e segui-Lo, nós não conseguiremos escapar da escravidão das coisas e situações, das quais tornamo-nos servos. É necessário o mais frequentemente possível iluminar o nosso quotidiano com a luz de Deus, como abrindo uma janelinha dentro do Céu, para que a luz do Céu derrame-se para dentro do nosso coração. Quanto mais, nós tivermos momentos assim luminosos, mais frequentemente a nossa vida será iluminada com a luz de Deus. O mundo irá adquirir a sua beleza verdadeira e o ser humano a sua vida real e desfrutar a alegria da vida. O cristianismo não é a religião do sofrimento, mas a religião da alegria e bênçãos. O Apostolo São Paulo diz; “estai sempre alegres” (Tessalonicences 5,16 ). Isso é o começo daquela bênção da qual se diz; “o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que o amam” (coríntios 2,9 ).
· A Vida Do Céu Na Terra
O mais importante desafio do homem cristão – é a consolidação da vida divina na terra. “sede pois perfeitos como também Vosso Pai é perfeito” (Mt 5,48). O cristianismo é um dever do ser humano. O cristão conquista o bem perdido, para o qual ele foi criado e combate aquilo que destrói o seu bem estar.
Como se processa dentro do ser humano a renovação da vida divina na terra ? Cristo veio como homem, para abençoar a terra e para que o ser humano visse e se consciencializasse da vida divina e a vivificasse pelo feito humano de Cristo – a Sua vinda á terra, o sofrimento na Cruz e a morte.
Por isso crucificar-se junto dele, romper com o homem antigo e vestir-se como um novo é o caminho da recuperação da vida divina, que se dá através do esforço da luta contra o pecado; “.... o Reino dos Céus tem sido objecto de violência e os violentos apoderam-se dele á força” (Mt 11,12).
Entregando-se ás tentações e pecados, o ser humano vive sob a acção do demónio e está pronto para submeter-se a ele, ao invés da bênção receber uma pseudo “felicidade”. O demónio disse a Cristo: “tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares” (Mt 4,9). A luta contra o mal é uma cruz para o ser humano, mas através da cruz é que se inicia o poder de Deus no nosso coração, a vida divina. A vida divina, não é deste mundo, ela é o reino dos Céus na terra. E ao mesmo tempo esta vida é a mais verdadeira e a mais real – na sua mais elevada revelação, na relação com Deus. Relação com Deus!... aparentemente um desafio muito elevado e como ele é possível nos limites da nossa vida de pecado e atribulações ? Porém a relação com Deus é possível aqui na terra. Nos homens santos nós percebemos a recuperação da ordem perdida na vida ; a harmonia e a volta ao estado original, o qual nos conduz á relação com Deus. Relacionar-se com Deus é uma bênção verdadeira, que cada ser humano pode conseguir.
Este caminho é através da crucificação junto de Cristo. Não é possível conquistar a bênção, evitando o caminho de Cristo. Somente andando atrás de Cristo o ser humano adquire o seu bem. Cristo veio á terra, para salvar cada ser humano pecador “colocar a ovelha perdida sobre os Seus ombros” e trazê-la para Deus, reunindo-a novamente com a vida divina. A vida divina não é um ideal teórico, mas uma exigência prática. Deus não pode recusar-se do evidente amor ao ser humano, desejando-lhe o bem. Cristo ergue cada pecador, mostrando-lhe, que ele é feito á imagem de Deus. Ele volta-se para o ser humano e as suas possibilidades, para que, aperfeiçoando-se, possa viver para o bem. O pecado obscureceu a imagem de Deus dentro de nós, nós não nos conhecemos a nós próprios e não enxergamos nos outros a imagem de Deus. Cristo veio para recuperar a imagem de Deus no ser humano. Lutando contra o pecado, nós na nossa imagem tiramos o pó e o suor do pecado e assim a imagem clareia, revelando a imagem de Deus em nós – e que é a verdadeira imagem do ser humano. O símbolo de Deus na nossa era – renovação dos ícones – é o símbolo e o chamado de Deus para nos afastarmos do ser humano antigo e a criação do novo. Este pode ser, o chamado de Deus á humanidade nas suas ultimas horas.
O nosso estado em pecado é anormal e estraga a harmonia da vida. O necessário equilíbrio entre a alma, espírito e corpo, vem através da superposição da alma sobre o corpo, e depois através do espírito sobre a alma, o que devolve ao ser humano a harmonia original na sua criação. Então o ser humano ressurge na sua realeza e torna-se rei na sua natureza. Nós percebemos que para as pessoas, que cumprem a vontade de Deus, a eles, obedeçam animais selvagens e a sua natureza. E nisso não há nada de espantoso, pois o ser humano retorna ao seu destino neste mundo. Existindo apenas na vida física - material, nós somente de vez em quando percebemos a presença do Espírito Santo; “o vento sopra onde quer, e tu ouves o seu ruído, mas não sabes donde ele vem, nem para onde vai....” (João 3,8).
Tradicionalmente os efeitos do Espírito Santo não se manifestam em nós, pois estamos algemados pelo pecado. Á medida que o ser humano liberta-se do pecado, então o Espírito Santo começa a manifestar-se em nós. Nós observamos, como os santos ultrapassam o espaço e realizam milagres. Num milagre não existe nada de estranho, ele é uma manifestação de Deus através da força do Seu poder. Para um coração despreparado os milagres não são aceites e as pessoas procuram as mais variadas explicações, não enxergando as acções de Deus. Os milagres eram negados até mesmo na época de Cristo na Terra, como por exemplo no milagre do cego de nascença. Milagres originados a partir de pessoas santas, não abalam as leis da natureza, mas pelo contrário as renovam.
O que é então a vida espiritual, ou celestial e como se adaptar a ela ? Não é possível compreender a vida espiritual, não se aproximando dela. Ela é o oposto da vida corporal e de pecados. “Mas o homem físico não percebe aquelas coisas que são do Espírito de Deus” (1 corintios 2,14). Eles falam diversa línguas; um dentro de uma igreja recebe alegria, outro está deprimido. O coração em pecado não escuta os sons divinos que vem do Céu. Exactamente como são incompreensíveis os sons musicais sem uma adequada educação musical, exactamente assim são impossíveis de ser alcançados as evoluções espirituais, ás pessoas entupidas pelo pecado e que não lutam contra ele. Somente em resultado do processo da luta contra o pecado, nós começamos a entender a vida espiritual. O semelhante reconhece o semelhante e Deus é reconhecido pela santidade. O que nos aproxima de Deus é o facto que nós somos descendentes dele. E somos descendentes pelos efeitos reflectidos em nós pelo Espírito Santo. A escada para relacionar-se com Deus é a santidade. O estado da santidade não deve ser encarado como absolutamente sem pecados, mas como afirmação no ser humano dos frutos do espírito Santo, por exemplo a paz no coração. O estado de santidade afirma-se em nós na luta contra o pecado e com a vitoria sobre uns e outros estados de pecado do corpo e da alma. Esta luta é de dificuldades e unida á cruz e a esforços, mas leva á santidade. O objectivo final é a união com Deus, mas o caminho até Ele é a santidade. Deus abre-se a nós em resultado da nossa vontade e esforço. Ele dá-nos a Sua graça, ilumina aos bons e aos maus, pois é o Deus do amor.
Como reconhecer a vida espiritual ? Ela torna-se conhecida pelos seus frutos. A fonte da vida espiritual é o Espírito Santo. Os frutos do Espírito Santo surgem de acordo com a vontade, do ser humano, orientada para a luta contra o pecado, com a bênção de Deus. Os frutos do Espírito Santo, de acordo com o Apostolo São Paulo são : “... a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a bondade, a longanimidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade ...”(gálatas 5,22). Os feitos do corpo são tais que é melhor não falar neles; pelas palavras do Apostolo, são “o adultério, a fornicação, a impureza, as inimizades e outras coisas semelhantes”... (gálatas 5,19). No mundo, os frutos do Espírito santo nós observamos nos homens santos. O próprio Cristo – encarnado como o Deus-Palavra – veio ao mesmo ambiente que o nosso, para que nós não nos atemorizássemos com o brilho de Deus e através do ser humano possamos assimilar o que vem de Deus. A permanência de Deus na Terra foi um descobrimento para as pessoas de vida ligada a Deus em condições terrenas. Na Terra, Cristo entreabriu a Sua glória, como isso aconteceu na Sua Transfiguração do Senhor no monte Tabor. Quando dentro do ser humano age o Espírito Santo, acontece o clareamento do homem pecador, ou a sua transfiguração. Com o reinado do Senhor inicia-se o Reino de Deus em nós e o coração torna-se o abrigo das acções do Espírito Santo. E isso pode ser possível para cada um de nós. Assimilarmos o Espírito Santo – é o mais importante desafio da nossa vida.
A acção do Espírito Santo traz-nos o estado de paz, o que é a verdadeira vida. Essa paz conquista-se através de uma luta diária, vencendo-se o pecado, familiar ao ser humano material. O material é o óbvio, o da natureza. Tudo de bom em nós é um presente de Deus. O cristão deve utilizar isto para construir dentro de si a sua vida espiritual. O desafio do cristão – é vencer dentro de si o mal e multiplicar o bem. Essa aproximação ao Deus-Pai, como o retorno do filho pródigo, o qual após ter sofrido muitos humilhações, finalmente, decide voltar ao seu pai. Ele levanta-se e retorna ao pai, e o pai sai ao seu encontro. Acontece uma acção reciproca acção entre o ser humano e Deus. Para o esforço e força de vontade o Senhor responde com a Sua graça e esse processo chama-se salvação da alma. Derrubando os muros que representam o nosso pecado, nós com a ajuda da graça de Deus, mudamos para o estado de santidade, pois em nós reflecte-se a imagem de Deus. Esses momentos de vitoria contra o pecado e que são resultado da acção do espírito Santo, são a vida santificada.
Existe a opinião que os bons actos cristãos – são apenas efeitos externos, como por exemplo as mais variadas situações de caridade. Muitos dos feitos cristãos são bons actos internos. E diferentes momentos de bons actos, construem-se resultados bons que são como degraus de escadas que nos levam para o Céu.
Degraus que nos aproximam de Deus, indicados por Cristo no Seu sermão na montanha nos mandamentos do bem, e para os que os praticam, a sua percepção ainda aqui na terra; “Bem aventurados os puros de coração, os humildes os mansos ....”. ver a Deus – a plenitude da graça – somente será possível na vida futura, mas por enquanto, conforme Deus estará a iluminar-nos por dentro, iremos reflectir a Glória de Deus. Fazendo o bem nós somos companheiros de Deus nos seus trabalhos. Fazer o bem – é a vida eterna. Nós colheremos os frutos do Espírito Santo se não fraquejarmos. “não nos cansemos, pois, de fazer o bem, a seu tempo colheremos, não desfalecendo” (gálatas 6,9).
Conservando o Espírito Santo abrem-se a nós os portões da eternidade, a morada no Céu na vida futura e aqui na terra, o estado da santidade; a paz e alegria pelo Espírito Santo. O Reino de Deus começa aqui na terra, no nosso coração, preenchendo-o com santos sentimentos, os quais transfiguram a nossa vida. Ao ser humano é estabelecido o desafio de reflectir a Glória de Deus, a Luz de Cristo. Transfigurando-nos e relacionando-nos com Deus, nós reflectimos os raios de Deus e com isso participamos na Glória de Deus. Dos homens santos fulguram os raios da Luz de Cristo. Os raios do Céu, caído na terra, tendo atravessado o ser humano e brilhando dentro dele com a graça de Deus, iluminam-se novamente e dirigem-se novamente ao Céu. A ideia definitiva do mundo – é a Gloria de Deus e para cada ser humano é a salvação da alma, retornando o ser humano á sua imagem original.
Exame de "Teologia Espiritual (Uma Espiritualidade para os nossos tempos)"
de Hélder Gonçalves a 10.02.2005
Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas de Viana do Castelo
Professor: Padre Alfredo Domingues de Sousa
Avaliação Final: 16 Valores
HÉLDER GONÇALVES
O pecado nos aprisiona, penetra em nós, no inicio como uma forma desconhecida, mas que depois faz com que tudo seja misturado a ele. É muito importante estar atento ao facto que o pecado é um estranho ao nosso ser: isso ajuda a combate-lo. O momento de iluminação vindo do Senhor, quando nós tomamos conhecimento dos nossos pecados, infelizmente é ligado á nossa força de vontade, pois o pecado escraviza a nossa força de vontade. Uma “Vontade fraca” vem do demónio. Mas e o que vem de nós está misturado com o pecado, como nós iremos vencer a nós mesmos?. Para que dentro de mim surja a força de vontade para lutar contra o pecado, é imprescindível ter consciência que o pecado não é parte de nós. Este conhecimento dá forças á vontade no combate ao pecado.
· O Desafio Dos Relacionamentos
A vida cristã é deslocar-se pelo mundo. Atrás do cinzento das nossas vidas nós não percebemos a totalidade da nossa missão na Terra, a totalidade dos talentos dados a nós por Deus e não temos consciência até de nós mesmos. Os talentos da nossa alma permanecem não utilizados. Nós consideramo-nos pouco significativos assim como as outras pessoas e dizemos; “nós somos pessoas simples, normais, aonde nós teremos capacidade de fazer algo especial, uma vez que o mais importante é trabalhar para sobreviver.” Essa diminuição de si mesmo, muitas vezes enfraquece a nossa força de vontade para agirmos – e apesar disso tudo, cada um de nós tem uma missão. Cada ser humano no mundo tem uma tarefa a executar, pois é um enviado de Deus na terra. Nosso Senhor precisa de cada alma e cada um é responsável pela sua vida e não está livre de ser responsável pelos outros. A questão não está na nossa limitada capacidade, mas na falta de vontade de assumir a responsabilidade de si mesmo. Nós frequentemente comentamos; “isso não é problema meu, vou deixar os outros fazerem força, etc...” Com essas palavras nós transferimos a nossa responsabilidade para os outros e com isso também toda e qualquer culpa sobre eles, começando a julgá-los e com isso gerando conflitos.
A nossa vida externa em muito depende de nós mesmos. Em virtude da nossa missão na terra, cada um tem influência sobre os que o cercam e dessa forma na vida do mundo. Se a má vontade de uma certa forma neutraliza a força do bem, mais ainda a força de vontade livre do pecado, tem um significado enorme.
Nós diariamente relacionamo-nos com diferentes pessoas, e nestes relacionamentos podemos nos revelar num bom ou mau sentido. Infelizmente, nós frequentemente não percebemos a luz e o bem que em nós se desenvolvem. Os nossos talentos são obscurecidos pelo cinzento das nossas vidas. Nós muitas vezes não conhecemos as preciosidades da nossa alma e por causa disso sobre a nossa alma desce um tipo de escurecimento. Pois para cumprirmos a nossa missão, é necessário que se abra a nossa visão interior, e somente assim enxergaremos a nossa alma daquelas riquezas que estão fechadas da nossa visão interna. Nós precisamos por nós mesmos descobrirmos estas preciosidades e ajudar aos outros para que também consigam fazer isto dentro deles. É exactamente por isso que é tão importante o relacionamento com os outros; ele torna-se para nós a escola da nossa salvação, da nossa força espiritual. Isolar-se evitando relacionar-se com as pessoas nem sempre é saudável para um cristão.
Vivendo isolado, o ser humano torna-se quase sempre empobrecido. Quanto mais ele isola-se das pessoas, mais ele torna-se pobre. Vivendo sozinhos nós desligamo-nos da vida em comum, da vida de todo um organismo, no isolamento nós secamos, pois não nos alimentamos dos nutrientes da vida em comum. Através dos relacionamentos com as outras pessoas descobrem-se forças desconhecidas do ser humano e que entram em acção. Dessa forma, o relacionamento com as outras pessoas enriquece a nossa alma, que floresce na medida da nossa aproximação com as outras pessoas. Cada ser humano é um indivíduo, mas ele pode completar em si o que lhe falta através do relacionamento com toda a humanidade. As pessoas – são as flores de Deus; é necessário imitar as abelhas que comem mel de todas as flores, enriquecendo-se com a individualidade dos outros e abrindo-se aos outros.
Algumas vezes os relacionamentos tornam-se difíceis para nós, mas nós somos chamados para a vida em comum e por isso o relacionamento com as pessoas é um dever cristão. Cada encontro pode nos dar muito. Se nós formos atentos ás pessoas que nos rodeiam, invariavelmente nós encontraremos preciosidades como a luz e o bem. Em cada ser humano existe o belo e somente os nossos pecados não nos permitem ver isto. Nós encontramos pessoas e na maioria das vezes as avaliamos incorrectamente, analisando só a superfície. A gente diz; “aquele é simpático e este não”. Frequentemente olhando quaisquer aspectos ausentes numa pessoa, nós a evitamos, examinando somente a sua aparência, fazemos julgamentos a seu respeito, sem tentarmos superar o que nos separa. Nós gostamos de nos relacionar com pessoas que são agradáveis a nós, quando existe uma predisposição favorável uns com os outros. Encontrando a menor resistência na relação, nós não fazemos força para ultrapassá-la. É difícil conversar com uma pessoa, contra a qual sentimos preconceito, mas é exactamente esta dificuldade que nós precisamos ultrapassar.
Deus quer nos reunir a todos enquanto o demónio se esforça em nos separar. Superando a desunião, nós descobriremos uns nos outros aquilo o que é único que é de Deus em nós, o que gera a nossa força, o que nos dá a bem-aventurança. O pecado dividiu toda a humanidade. Vencendo o pecado dentro de si, as pessoas aproximam-se umas das outras, assim que retornam ao seu estado original da natureza humana em geral – a de um único organismo. O pecado rouba o ser humano. Não vencendo aquilo o que nos separa, nós não enxergamos a vida real de cada ser humano, mas somente a sua persona, ao qual nós erradamente consideramos como sua realidade. A nossa fragmentação, a nossa prepotência distorce a nossa vida.
Nós normalmente consideramos que os nossos encontros com as outras pessoas são acidentais. Claro que não é isso! Deus coloca-nos uns ao lado dos outros na família e na sociedade, para que nós enriqueçamos uns com os outros; para que encostando uns nos outros, as pessoas com atritos acendam faíscas de luz. Deus disse; “Eis uma charada. Eu coloquei-te junto a essa ou aquela pessoa. No seu coração existe um talento, que eu dou-te, portanto descobre-a”. Deus enviando cada alma para a vida, a diferencia com um determinado talento, e lhe dá um palco para acção, para o florescimento da sua vida espiritual. Como cada pessoa é espiritualmente diferente, se o seu talento espiritual não for descoberto, será a falência da sua alma e o desaparecimento da luz divina num determinado ponto da sua existência. Por isso cada um deve preocupar-se com o seu mundo espiritual, para permitir a luz divina a oportunidade de brilhar nele e não desaparecer. Porque nós não temos vontade e somos lentos para utilizar aquelas forças que existem dentro de nós? Vencendo o pecado nós libertamos os princípios do bem dentro de nós, reduzindo o mal – diminuímos o mal da terra. O menor esforço da nossa parte quebra a nossa inércia e desperta o bem adormecido e o evidencia.
A cada um de nós são dados determinados talentos. A cada um Deus irá perguntar; “Porquê que não fizeste o que deverias ter feito?” O desafio de cada um na sua vida é descobrir e multiplicar os seus talentos dados por Deus. Frequentemente as pessoas dizem; “eu não tenho nenhum talento,” tendo em vista o talento dos cientistas, artistas plásticos, lideres na sociedade ... Mas muito mais importantes são os talentos do coração, que Deus deu a cada ser humano, como por exemplo a cordialidade, a compaixão, a presteza. O desenvolvimento destes talentos, como aspectos da nossa natureza, está nas nossas mãos. Esses nossos talentos são desenvolvidos através de um activo relacionamento com as pessoas. Nós estamos ligados através de inúmeros fios uns com os outros, e nós precisamos de através estes fios criar união entre as nossas vidas. É triste constatar que muitas pessoas queixam-se da solidão. Isolar-se dos outros cria uma certa apatia, enquanto o contacto – ao contrário, dá vivacidade, uma vez que a pessoa sente, que ela não está perdida no mundo. O contacto com as pessoas é um fio que atirado da Terra para o Céu a Deus – ao Centro que a tudo une. O desejo de união que vem do coração do outro, tem em si como direcção o Centro que a tudo une e que é Deus, pois o contacto entre as pessoas é vida e a separação é a morte.
A união entre as pessoas é o bem que traz-nos a alegria da vida. Esta é uma lei afastando-se da qual, as pessoas irão invariavelmente sofrer. Todos nós somos criados á imagem e semelhança de Deus. Isto significa que a imagem de Deus é exactamente o que nos une. Unindo-nos, podemos conquistar uma mesma forma de pensar, um mesmo espírito, uma mesma vontade ... aquela unidade da qual Jesus falava: “para que sejam todos um, como tu, Pai, o és em mim, e eu em ti, para que também eles sejam um em nós ...” (João 17,21).nós, na nossa vida cinzenta nem achamos necessário procurar aquilo que nós recebemos de Deus, aquilo que na realidade poderia nos unir. O estado de desilusão tira de nós a alegria da vida quotidiana e não nos permite desenvolver os nossos talentos.
Constantemente escutamos; “Não existem pessoas boas” Como não existem pessoas boas? Entre nós há pessoas com educação avançada, inteligentes, com tesouros espirituais e apenas por causa de um véu superficial nós não enxergamos isso e além de tudo enterramos os nossos próprios talentos junto com os dos outros. Nós somos escravos da preguiça e da malícia. Nós dizemos que não podemos multiplicar os nossos talentos, apesar de ser dito; “Batei e abrir-se-vos-á.”
Em cada coração é necessário procurar um tesouro. Os tesouros são procurados com frequência, mas não os espirituais, por isso é necessário procurar os espirituais. Muitos podem perguntar; “E para quê?” - Nós responderemos; “para enriquecermos.” Nós enxergamos nas pessoas somente a superfície e tomamos delas somente o superficial, pois não percebemos e não procuramos o tesouro existente em cada um de nós. É necessário procurar o talento existente no coração; este tesouro é a fonte do bem. Mas como fazer isto? Para isso é necessário esforço e dedicação. Sem esforço, como dizem, não se tira um peixe da água. Se mesmo os grandes talentos recebidos de Deus dependem de esforços para que haja um resultado de acordo, tanto isto é verdadeiro para as pessoas comuns.
Aproximando-se de uma pessoa, vamos prestar atenção ao seu coração – que é o centro do ser humano. Jesus Cristo afirmou que tudo tem origem no coração das pessoas; “o homem bom do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau do mau tesouro tira o mal” (Lc 6-45). A bondade no coração é uma dádiva de Deus e que pode ser multiplicada por dez – sobre um coração bom é mais fácil estabelecer a bondade. Os milagres estão não nas grandes realizações, mas o milagre está quando alguém mau transforma-se em bom, porque então vencem-se os aspectos originais da natureza humana e cria-se uma nova pessoa através da luta contra o pecado. Lutando contra o pecado, o ser humano aperfeiçoa-se, isto é transforma-se naquele que o liga a Deus. O ser humano vencendo o pecado dentro de si, abre assim os melhores aspectos da sua alma, o que também faz surgir nas outras pessoas um tesouro, o qual os outros nem desconfiavam da sua existência. Ele pensa dentro de si como fazer para não se encontrar com esta ou aquela pessoa. Vencendo o pecado, o ser humano facilmente aproxima-se de outras pessoas e contamina-as com o bem. Se olharmos no âmago de cada ser humano, podemos enxergar a sua real natureza. Isto não é fácil, mas nós precisamos de nos disciplinar para conseguir.
Quando nós estamos de bem com as pessoas, nós nos iluminamos com faíscas de luz, e levamos connosco algo invisível – que nos dá vida. Deus envia-nos ao mundo para evidenciarmos as nossas riquezas. Se nós juntarmos os pedacinhos do bem e da luz descobertos em nós, só isto já será muito. Se estivermos a recolher pedacinhos desta luz, então nesta atmosfera nós mesmos seremos alimentados por ela e então ocorrerá a iluminação e o aquecimento do nosso coração empedrado. Este processo de procura pela luz é o momento de iluminação espiritual; a beleza do bem descoberto enche de beleza a nossa alma. Na procura do tesouro na nossa alma, nós inevitavelmente iremos arrancar as ervas daninhas do nosso coração e esta limpeza também faz parte do bem, ao qual nos dará a alegria de viver.
Este bem é o degrau para a morada onde enxergamos Deus no momento do nosso crescimento espiritual – a bem-aventurança. Foi dito; “Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5-8). É com momentos diferenciados que o ser humano prepara para si o seu espaço na morada da luz.
A luz de Deus, que nós descobrimos em nós, faz com que nós enxerguemos verdadeiramente e quando a nossa visão está atenta, então nós não iremos gastar todas as energias da nossa alma com coisas insignificantes. Com a luz de Deus, como uma lanterna na mão, o ser humano ilumina o seu caminho e então também nas outras pessoas ele começa a enxergar a mesma luz. Esta luz existe em cada ser humano, mas ela está coberta pela escuridão a ponto de nós durante muito tempo não conseguirmos senti-la em nós e enxergá-la nos outros. Uma vez percebida esta luz, é como se nós despertássemos pois tudo muda á nossa volta e as energias do mal perdem as suas forças. Com a luz de Deus e com essa reviravolta interna voltada para Deus, reunimos todos os pontinhos de luz num único foco e com isso não apenas iluminamos a nós mesmos, mas despertamos a luz nas outras pessoas.
Quando durante os relacionamentos com as pessoas surgem dificuldades, quando o mal cria uma tempestade no nosso coração e instala-se a escuridão, nós precisamos de pedir ajuda a Deus, chamando mentalmente pelo Seu nome. Este é um momento espiritual. O ser humano quando se encontra assim na escuridão, pode fazer e falar muitas asneiras. É importante rapidamente voltar-se para Deus. Ele introduzirá a luz na escuridão. Com este acto criativo – quando o ser humano volta-se para Deus, ele está a chamar a luz que vinda de Deus vai para o seu coração, isto é, o próprio Jesus Cristo entra no coração, iluminando-o e lá reinando. Então no coração vive Deus, a escuridão é vencida e esta vitória leva-nos numa outra esfera da vida – nova e alegre. No coração instala-se a paz e a alegria e então nós começamos a perceber aquela unidade, pela qual a nossa alma tanto anseia. Vivendo para Deus, é como se nós nos renovássemos, entramos na esfera da luz e o próprio Nosso senhor se afirma em nós; “ Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18-20)
· O Papel Da Família Na Salvação
A questão da salvação – é uma pergunta fundamenta na história da humanidade no todo e no destino individual de cada um. A ela (ou também na questão da felicidade) são adequadas as palavras – “foi, é e será”. Tudo está resumido nesta questão e na sua realização em vida. Neste sentido a felicidade está nas nossas mãos. Ela é decorrente da vitória sobre o pecado. O meio mais próximo para o combate contra o pecado é antes de tudo na família e em todos aqueles que nos rodeiam. Nós olhamos para o meio, para o ambiente no qual vivemos como algo meio acidental e quase não reparamos na nossa família como um caminho, dado-nos a nós por Deus para a salvação. A vida em família parece-nos algo do acaso e o mais importante na família escapa á nossa atenção. A família – pelas palavras do Apostolo – é uma pequena Igreja. Ela pode de forma especial ajudar o ser humano a alcançar o seu mais importante objectivo na vida. Na família procura-se a felicidade. Mas o que devemos entender como felicidade ? as respostas para isso são nebulosas. Isto é um testemunho de que o mais importante não é extraído desta condição dada por Deus.
A vida em pecado e a correcta vida espiritual – ambas ocorrem dentro do ser humano e o ambiente desta vida é o meio, com a ajuda do qual o ser humano deve voltar-se para o seu intimo. Já foi dito, que o pecado é uma força que gera conflitos e desunião. Vou explicar isto com um exemplo de vida. Duas pessoas magoaram-se uma á outra, ofenderam-se, não queriam ceder uma á outra e feridas no interior separaram-se. Eis a infelicidade. Isto demonstra que devemos combater o pecado para garantir a nossa felicidade, assim como a irritação é a infelicidade na nossa vida. O ser humano é criado com o desejo de felicidade e pode aprender pela sua felicidade como lutar contra a sua infelicidade, isto é, contra o pecado no seu ambiente que lhe é mais próximo. As forças do pecado e da pureza encontram-se dentro do ser humano em aparente estado de calma. E dependendo em como nós tocamos este ser, reagem dentro dele e no mundo as forças do bem ou do mal. Nós precisamos de encontrar sempre um ambiente tal, que mantenha limpo o nosso mundo interior, nos desse forças e condições de um verdadeiro conhecimento de si mesmo.
O meio ambiente em geral, como mero encontro acidental de pessoas, pouco pode ajudar. Frente ás outras pessoas o ser humano esconde as suas mentiras, empurra-as para dentro e esforça-se em parecer limpinho. Ele tem vergonha daquilo do que pode ser pensado dele, tem medo da opinião publica e por isso não se expõe. Somente num ambiente costumeiro, num ambiente familiar o mal escondido no ser humano começa a esvair-se para fora. Nestas condições o ambiente familiar – cria um momento indispensável para o auto-conhecimento. Não é por acaso que nós temos receio de estarmos num ambiente familiar. Fugindo dele, nós interessamo-nos de tudo, encontramos diversão e isso basta para fugirmos do ambiente favorável para o nosso auto-conhecimento.
Porque é que a família parece o meio mais favorável para a salvação ? em família o ser humano inevitavelmente abre os seus sentidos, enquanto perante desconhecidos ele encobre o seu mundo interior. Em sociedade o ser humano controla-se, encobre a irritação, esforça-se em parecer diferente. Ele demonstra a sua face externa e não a interna. Em família ele não esconde as suas condições, não se envergonha de expor o seu estado em pecado em palavras ou acções. E um mundo em pecado oculto revela-se frente á família e aos mais próximos e perante ele próprio. Dessa forma, o ser humano atento á sua salvação, dentro do ambiente familiar entende mais facilmente o que há de pecado dentro dele e o que o isola dos outros. É necessário apenas, que o conhecimento do seu mundo interior, permaneça combatendo o pecado.
· A Grande Quaresma
Durante o período da Grande Quaresma a Igreja firmemente esforça-se em despertar em nós o sentimento de arrependimento. Nós somos tocados pelas Missas, os cânones e também por uma parte das leituras do Antigo Testamento que são meios para conscientizarmo-nos dos nossos pecados. Os exemplos que vêm do Antigo Testamento advertem-nos, indicando-nos da sua experiência milenar, o único e abençoado caminho: o caminho ao encontro de Deus.
Através de diferentes dificuldades, prolongada a escravidão, graves doenças, Deus conduziu o Povo até á Sua Verdade. Todo o Antigo Testamento é a história da verdade de Deus, que castiga punindo os pecados e que também abençoa. Porém mesmo depois de tantos castigos o povo judeu frequentemente embrutecia o seu coração e não queria compreender as ordens de Deus.
Mas um embrutecimento semelhante também é possível perceber em muitos de nós. Deus atinge-nos com sofrimentos, derrama dificuldades sobre os corações empedrados, para que eles possam ser arados e tornados adequados para receber a Graça de Deus ; isto é, muitas vezes o nosso coração não é receptivo á sua Graça, mesmo quando Deus de forma óbvia e evidente no-la dá. Nós ainda somos dominados pelo medo animal - o medo da morte, mas será que vive em nós o medo do Juízo de Deus ? Deus espera, para que nós enxerguemos nas dificuldades que nos rodeiam, a Sua Graça, e não apenas uma serie de acasos.
Comparando assim o Antigo Testamento com o momento presente, nós percebemos que naquela época assim como agora, Deus preocupa-se com as suas pessoa, não permitindo que elas pereçam na indefinição, e ás margens das leis, esforçando-se de todas as formas em levá-las ao arrependimento e de todos os meios chamando-as novamente para ligarem-se a Deus – Fonte de Vida. De facto o Amor de Deus ultrapassa a compreensão humana !
O Seu Amor estende-se a tal ponto, que “por causa dos seus eleitos, por causa de uma pequena porção, Ele abençoa todo o Povo” “uma semente sagrada – é a força de todo um povo” diz o profecia Isaías, graças a ela todo um reino se perpetuará ; ela é como um solido alicerce que deve ser construído como base de um povo. Assim Deus guiava os Seus servos, manifestando-se ora como um severo Juiz e Carrasco, ora como O que perdoa a tudo e O que abençoa – para o bem das pessoas, para firmar a verdade na Terra. (a verdade é uma outra face do amor, e é a sua força que a defende)
Revelando tanta preocupação sobre os seus servos, não se preocupa mais ainda o Senhor com os Seus Filhos ? O Antigo Testamento é servidão e3 o Novo Testamento é filiação. Nós já não somos servos na casa de Deus. O servo preocupa-se somente como agradar ao seu senhorio e, a relação com ele é medida com actos : enquanto o filho tem proximidade com o seu pai, preocupa-se em não magoá-lo não só através de actos, mas até com intenções, para não perder o amor paterno; o seu relacionamento mede-se com sentimentos e pensamentos. Mas àquele que muito for dado, muito será exigido. “Nós somos filhos de Deus, mas ainda não nos foi anunciado, o que seremos” – fala o apostolo; a nós, muito é dado e depende da nossa vontade de multiplicar o talento dado por Deus. Na nossa vontade está o desejo de sermos os guerreiros de Cristo, combatendo nos nossos corações, este campo de lutas, pela verdade de Deus. Está dentro da nossa vontade dar um inicio abençoado – pois Deus “beija até as nossas intenções” e o resto faremos com a ajuda da Graça de Deus.
Como meio de combate existem muitas orações a Deus – momentos criativos, que nos tiram da vida mecânica e ás quais em grandes quantidades nos oferece a Santa Igreja em tocantes missas durante a Grande Quaresma. A meta da luta – é conversar a paz espiritual. Quando a paz se instala no nosso coração, então nós colocamo-nos no caminho em direcção a Deus. As condições na relação com Deus são tão maravilhosas, que elas por si só tornam-se recompensas – o Reino de Deus dentro de nós. É para isso que nos chama o Senhor, para que nós aqui na Terra, em diferentes momentos conquistássemos para nós a eternidade. Amém.
· Em Busca Da Felicidade
Cada um de nós deseja para si a bênção da felicidade. Deus deu-nos a terra para uma feliz permanência nela, para que nós vivamos em estado de graça, para que nós participássemos da glória de Deus. Porém frequentemente somos obrigados a ouvir que a nossa vida não nos traz nenhuma alegria. Um dia após o outro nós acordamos, trabalhamos, cansamos, sempre a mesma coisa repetindo-se, tudo nos cansa, é chato e tão cinzento em redor. De facto, se nós prestarmos atenção, nós trabalhamos o dia todo, ficamos preocupados, estressados, magoados, sentimo-nos infelizes, inúteis e solitários. Dessa forma nós tornamo-nos verdadeiramente infelizes, pois somos escravos de coisas e vivemos mecanicamente e nos subordinamos a uma interminável corrente de facto. Toda a nossa energia é colocada em coisas insignificantes, que hoje existem e talvez amanhã não existem mais.
A transitoriedade da nossa vida com as suas mágoas, julgamentos e invejas, nós consideramos como nossa vida verdadeira. Irritando-nos e magoando-nos nós perdemos a paz interior no nosso coração e submergimos na escuridão. Para nós tudo é desagradável, os amigos parecem inimigos, até a luz do sol parece que não nos ilumina e os pássaros não cantam para nós. Neste estado esta escondida de nós mesmos a fonte do nosso bem, da nossa alegria. Nós não conseguimos enxergar nada de bom dentro de nós e nem nos outros. Tudo para nós parece ruim. Porque isso acontece ? o que é que está a estragar a nossa vida ? nós estamos a viver com um coração obscurecido. Nós aceitamos a posse temporária de nós pelas forças escuras – este estado em pecado da nossa alma – na realidade, pelas nossas culpas. Nós andamos na escuridão e quem anda na escuridão tropeça. Colado a nós está o pecado e o mal : através da irritação, criticas, raiva e que nos tiram a paz.
Relacionando-se com outras pessoas sem paz no intimo, nós despertamos um estado de conflitos e estranhamento uns com os outros. Sentindo o conflito, nós sentimo-nos mal, infelicidade e de facto sofremos.
Onde está nos dias da semana o estado de graça e a alegria ? Como iluminar a nossa vida ? Como achar o caminho para a luz ? Deus é a fonte da luz e da alegria, enquanto que o mal traz-nos a escuridão. Nós tornamo-nos escravos do mal. O mal atrai a escuridão para o nosso coração e na escuridão nós enxergamos a vida erradamente. A escuridão do nosso coração distorce a nossa vida. Nós damos passos errados, falamos o que não devíamos, fazemos movimentos inadequados, até não enxergamos mais a aparência real das outras pessoas e avaliamos as pessoas incorrectamente, acreditando que o seu estado de espírito temporário é de facto o definitivo. Aceitando a aparência como que se fosse realidade, nós encontramo-nos num estado que nos leva a uma infelicidade mutua e conflitos. Os nossos longínquos antepassados foram criados sem pecado. Desde os tempos do pecado original, parece que o pecado faz parte do nosso estado natural, cola-se a nós e mantém-nos como seus escravos. Tudo em nós vem misturado com o pecado e com o pecado nós perdemos a alegria da vida.
A nossa vida tumultuada é o caminho para a vida real de facto.
Vamos transformar os meios em metas. Os nossos passos reais, oriundos do irreal, carregam consigo o mal, a tristeza e o sofrimento. Nós caminhamos como se estivéssemos a dormir e submersos na escuridão dos pecados e tentações, olhamos e enxergamos somente a escuridão. O demónio impede-nos de ver a luz. Nós transformamo-nos em armar cegas das forças escuras, daí sofremos. Nós tornamo-nos não criadores da vida, mas seus escravos.
Como fazer ? É necessário abrir os olhos. Conquistar e receber a graça do bem – é um facto possível. É necessário apenas esforçar-se para receber estas preciosidades. Este é um tesouro dentro de nós e ao redor de nós.
Nós queremos viver felizes e bem. Mas o que é que nós fazemos para conquistar isso ? até as orações matinais e nocturnas não descortinam perante nós o nosso estado lamentável. É indispensável, que nós entremos no significado das orações e então encontraremos a consciência dos nossos pecados e a certeza da misericórdia de Deus. Essas orações determinam toda a nossa vida e actividade e apontam o que devemos fazer e o que devemos evitar. Nas orações nocturnas e matinais nós estamos frente á face de Deus e examinamo-nos a nós próprios. Essas orações mostram-nos para nós mesmos. É importante que aquele pouco que nos é destinado durante o dia, nos iluminemos com a razão de Deus.
A nossa alma existe para a eternidade e nós simplesmente não nos preocupamos com ela. Nós esforçamo-nos em conquistar os mais diversos tesouros, menos o tesouro da eternidade. Nós somos maus negociantes e valorizamos muito pouco a nossa alma. Mas não existe nada mais precioso que a nossa alma. Nós adquirimos somente o que não tem nenhum valor na eternidade, porém aquilo que é valioso na eternidade nós não adquirimos. Isso acontece porque, tudo em nós é confuso, todas as preciosidades desequilibradas; o pecado obscureceu a nossa mais verdadeira harmonia das coisas. Quando nós de facto percebemos toda a ilusão e erros da nossa vida, então ocorrerá de verdade um óptimo acordo. O ser humano frente á luz d Deus começa a colocar ordem no tumulto da sua vida e esforça-se em direcção ao bem e ao eterno.
É importante para que cada dia não se encaminhe vazio para a eternidade; é necessário achar preciosidades no dia a dia da nossa vida. Cada dia é-nos dado para extrairmos um mínimo daquela benção, daquela alegria, a qual na realidade é a eternidade e a qual irá connosco para a vida futura. Para extrairmos preciosidades de cada um dos nossos dias, é necessário relacionarmo-nos criativamente com cada momento da nossa vida. Com criatividade nós podemos superar a nossa inércia, livramo-nos da escuridão e das tentações que nos dominam.
A vitória sobre o pecado leva a uma alegre percepção da vida, conhecimento de Deus e trás junto de nós a experimentação da real vida para a qual foi destinado o ser humano.
Como se aproximar desta vida criativa ? A fonte da nossa vida é o coração. O nosso coração é a arena da luta do demónio com Deus e esta luta acontece a todas as horas e a cada minuto. É necessário o tempo todo com muita atenção sentir o coração, perceber as intenções do demónio e combate-las. Então nós teremos um relacionamento criativo com cada momento da nossa vida. Nós todo o tempo estamos entre o bem e o mal. A nossa vontade inclina-nos para o bem, sem forças submetemo-nos ao mal. O demónio quer-nos dominar, mas nós devemos resistir-lhe. O demónio empurra-nos para o pecado com aparência do bem e nos estimula a coisas, que não são o bem para nós. Ele sob a imagem da felicidade empurra-nos para o pecado.
Em cada ser humano há mais cosas do bem do que do mal, só que o bem está misturado com o mal. Vamos dizer: “Mas, como é isso? Porque é que vemos tanto mal nos outros? Um mar inteiro do mal.” O mal está sempre esvaindo-se de nós, fica evidente aos nossos olhos, porém o bem está oculto em nós, não está reunido. O mal é agressivo, o bem é modesto. O mal é a escuridão, o pecado, a nossa fraqueza, a desunião, a infelicidade, a morte. O bem é a luz, a união, força, ímpeto, alegria, a vida da alma.
É possível iluminarmos o apático, passar de cada dia e horas, fazê-lo alegre, se nós extrairmos da vida o bem, a luz e o calor. Eu devo direcionar correctamente a minha atenção na vida que me rodeia. Se eu conduzir a minha visão interna para a luz, então eu vejo-a . A atenção concentrada é o maior acto da vida espiritual. Lute, reaja, obrigue-se a encontrar a luz que a encontrará e verá. Foi dito “... buscai e achareis” (Mt7,7). O nosso ser nos seus dois terços é repleto de luz, porém essa luz interna não se revela somente a partir do nosso desejo. Vencendo a escuridão, nós trazemos luz ou Deus para o nosso coração. Esse momento já não é mais passivo, mas criativo. É necessário revelar-se criativo. Criando uma nova vida, nós podemos tocar a Fonte da luz, que a tudo ilumina.
O bem é eterno e vindo de Deus a Ele retorna. Esse movimento do bem em direcção a Deus é a existência do Reino dos Céus na Terra. É necessário fazer força em relação ao bem e o bem virá na nossa direcção. Eu caminho na direcção de Deus Pai e o Deus Pai vem na minha direcção (parábola do filho pródigo). Expulsando o demónio do nosso coração, nós libertamos um espaço para Deus. Deus entra no nosso coração e reina nele, com o que se estabelece o reino dos Céus. Ele é uma bênção real na terra – essa alegria vem pelo Espírito Santo. Então em nós descortina-se a vida celeste e o ideal torna-se real. Nós rezamos: “e venha a nós o Vosso reino” - pois isto é um facto real. A permanência no combate com o pecado é um estado na luz, na santidade, que tem como fonte o Espírito Santo que vem da Fonte da Luz – Deus. Por isso o Apostolo São Paulo determina que “porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça e paz e gozo no Espírito Santo” (Romanos 14,17). Neste estado o ser humano une-se a Deus e sente a alegria pelo espírito Santo com todo o seu ser. Isso é porque o ser humano está a voltar para Deus – seu Pai, e o seu lar.
A felicidade não pode ser obtida desrespeitando as Leis da vida, através do pecado. Como então começar a combater o pecado ? É necessário encontrar as forças necessárias, que destroi e enfraquece o pecado. É necessário unir-se com a fonte da força do bem – Deus – rezar-Lhe pedindo-Lhe ajuda, pois a força que nos domina enfraquece as nossas tentativas, e sem a ajuda de Deus nós não temos condições de alterar a nossa natureza pecaminosa.
Deus está sempre perto, imediatamente vem ao nosso encontro e ajuda-nos. Por meio de uma pequena suplica a Deus, com as palavras: “Senhor, ajuda-me” no instante em que estamos reféns da força escura, nós da não existência para a existência clamamos pela nossa vida. Voltar-se para Deus é um acto de vontade, dirigido á fonte da luz. O pensamento de voltar-se para Deus no momento de escuridão no coração: (irritação, raiva, inveja ou outro tentação qualquer), demonstrada pelas palavras: “Senhor, ajuda-me”, atravessa o espaço entre a terra e o Céu. No momento do apelo, de lá do Céu, invariavelmente vem a força necessária ao coração e que por uma luz de vontade nos encaminhamos para uma nova parte da existência, o que já é um esforço especial, mas ele, o pensamento, vem junto com a luz de Deus. Voltando-se para Deus – com a Palavra, nós recebemos em resposta a luz Divina, que surge como uma estrela condutora na nossa vida. Essa luz desperta a vida – a energia do bem e então o ser humano cria condições para germinar nesta terra indiferente e congelada.
O momento quando chamamos o nome de Deus é o condutor da luz para dentro da nossa alma. Parece uma coisa pequena dizermos: “Deus, Ajude-me”, mas perante nós é como se abrisse o Céu expondo a morada de Deus e lançando a luz, transfere-se a nós, enquanto nós mergulhamos na eternidade. A própria eternidade penetra na nossa vida, como que num momento, nos aproximando da fonte da luz. Esta luz acolhe em nós as sementinhas do bem – no caos existe entre o bem e o mal, característico da nossa vida habitual. Deus começa a reinar no nosso coração e com isso estabelece-se o Reino de Deus – a alegria e a paz.
No processo da luta com o pecado é como que se nós renascêssemos: de irritações tornamo-nos calmos, de avarentos tornamo-nos generosos, de maus – bons, de cruéis – bondosos, de atormentados – ponderados. Em nós surgem sentimentos e preocupações. Em nós abre-se a visão. A escuridão do nosso coração é trocada pela luz e isso é um milagre que vem através da força de Deus. Isto é renovação, o afastamento do antigo ser humano (pecador ) e a construção do novo – nova criatura – transformada. O eterno, o celeste entra na nossa vida e nós exactamente com isso entramos na eternidade. Ao ser humano é dada uma força imensa – com a ajuda de Deus para transformar a vida de pecado numa nova, construir o Reino de Deus na Terra. O Espírito Santo começa a agir em nós, e o fruto do espírito; “... a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a bondade, a longanimidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade ...”(gálatas 5,22). Cada ser humano então torna-se como um milagroso, pois vencendo o pecado, ele faz um milagre, encontrando dentro de si, Deus. Nós começamos a perceber toda a miragem que antes envolvia a nossa vida.
Sem chamarmos a Deus e segui-Lo, nós não conseguiremos escapar da escravidão das coisas e situações, das quais tornamo-nos servos. É necessário o mais frequentemente possível iluminar o nosso quotidiano com a luz de Deus, como abrindo uma janelinha dentro do Céu, para que a luz do Céu derrame-se para dentro do nosso coração. Quanto mais, nós tivermos momentos assim luminosos, mais frequentemente a nossa vida será iluminada com a luz de Deus. O mundo irá adquirir a sua beleza verdadeira e o ser humano a sua vida real e desfrutar a alegria da vida. O cristianismo não é a religião do sofrimento, mas a religião da alegria e bênçãos. O Apostolo São Paulo diz; “estai sempre alegres” (Tessalonicences 5,16 ). Isso é o começo daquela bênção da qual se diz; “o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que o amam” (coríntios 2,9 ).
· A Vida Do Céu Na Terra
O mais importante desafio do homem cristão – é a consolidação da vida divina na terra. “sede pois perfeitos como também Vosso Pai é perfeito” (Mt 5,48). O cristianismo é um dever do ser humano. O cristão conquista o bem perdido, para o qual ele foi criado e combate aquilo que destrói o seu bem estar.
Como se processa dentro do ser humano a renovação da vida divina na terra ? Cristo veio como homem, para abençoar a terra e para que o ser humano visse e se consciencializasse da vida divina e a vivificasse pelo feito humano de Cristo – a Sua vinda á terra, o sofrimento na Cruz e a morte.
Por isso crucificar-se junto dele, romper com o homem antigo e vestir-se como um novo é o caminho da recuperação da vida divina, que se dá através do esforço da luta contra o pecado; “.... o Reino dos Céus tem sido objecto de violência e os violentos apoderam-se dele á força” (Mt 11,12).
Entregando-se ás tentações e pecados, o ser humano vive sob a acção do demónio e está pronto para submeter-se a ele, ao invés da bênção receber uma pseudo “felicidade”. O demónio disse a Cristo: “tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares” (Mt 4,9). A luta contra o mal é uma cruz para o ser humano, mas através da cruz é que se inicia o poder de Deus no nosso coração, a vida divina. A vida divina, não é deste mundo, ela é o reino dos Céus na terra. E ao mesmo tempo esta vida é a mais verdadeira e a mais real – na sua mais elevada revelação, na relação com Deus. Relação com Deus!... aparentemente um desafio muito elevado e como ele é possível nos limites da nossa vida de pecado e atribulações ? Porém a relação com Deus é possível aqui na terra. Nos homens santos nós percebemos a recuperação da ordem perdida na vida ; a harmonia e a volta ao estado original, o qual nos conduz á relação com Deus. Relacionar-se com Deus é uma bênção verdadeira, que cada ser humano pode conseguir.
Este caminho é através da crucificação junto de Cristo. Não é possível conquistar a bênção, evitando o caminho de Cristo. Somente andando atrás de Cristo o ser humano adquire o seu bem. Cristo veio á terra, para salvar cada ser humano pecador “colocar a ovelha perdida sobre os Seus ombros” e trazê-la para Deus, reunindo-a novamente com a vida divina. A vida divina não é um ideal teórico, mas uma exigência prática. Deus não pode recusar-se do evidente amor ao ser humano, desejando-lhe o bem. Cristo ergue cada pecador, mostrando-lhe, que ele é feito á imagem de Deus. Ele volta-se para o ser humano e as suas possibilidades, para que, aperfeiçoando-se, possa viver para o bem. O pecado obscureceu a imagem de Deus dentro de nós, nós não nos conhecemos a nós próprios e não enxergamos nos outros a imagem de Deus. Cristo veio para recuperar a imagem de Deus no ser humano. Lutando contra o pecado, nós na nossa imagem tiramos o pó e o suor do pecado e assim a imagem clareia, revelando a imagem de Deus em nós – e que é a verdadeira imagem do ser humano. O símbolo de Deus na nossa era – renovação dos ícones – é o símbolo e o chamado de Deus para nos afastarmos do ser humano antigo e a criação do novo. Este pode ser, o chamado de Deus á humanidade nas suas ultimas horas.
O nosso estado em pecado é anormal e estraga a harmonia da vida. O necessário equilíbrio entre a alma, espírito e corpo, vem através da superposição da alma sobre o corpo, e depois através do espírito sobre a alma, o que devolve ao ser humano a harmonia original na sua criação. Então o ser humano ressurge na sua realeza e torna-se rei na sua natureza. Nós percebemos que para as pessoas, que cumprem a vontade de Deus, a eles, obedeçam animais selvagens e a sua natureza. E nisso não há nada de espantoso, pois o ser humano retorna ao seu destino neste mundo. Existindo apenas na vida física - material, nós somente de vez em quando percebemos a presença do Espírito Santo; “o vento sopra onde quer, e tu ouves o seu ruído, mas não sabes donde ele vem, nem para onde vai....” (João 3,8).
Tradicionalmente os efeitos do Espírito Santo não se manifestam em nós, pois estamos algemados pelo pecado. Á medida que o ser humano liberta-se do pecado, então o Espírito Santo começa a manifestar-se em nós. Nós observamos, como os santos ultrapassam o espaço e realizam milagres. Num milagre não existe nada de estranho, ele é uma manifestação de Deus através da força do Seu poder. Para um coração despreparado os milagres não são aceites e as pessoas procuram as mais variadas explicações, não enxergando as acções de Deus. Os milagres eram negados até mesmo na época de Cristo na Terra, como por exemplo no milagre do cego de nascença. Milagres originados a partir de pessoas santas, não abalam as leis da natureza, mas pelo contrário as renovam.
O que é então a vida espiritual, ou celestial e como se adaptar a ela ? Não é possível compreender a vida espiritual, não se aproximando dela. Ela é o oposto da vida corporal e de pecados. “Mas o homem físico não percebe aquelas coisas que são do Espírito de Deus” (1 corintios 2,14). Eles falam diversa línguas; um dentro de uma igreja recebe alegria, outro está deprimido. O coração em pecado não escuta os sons divinos que vem do Céu. Exactamente como são incompreensíveis os sons musicais sem uma adequada educação musical, exactamente assim são impossíveis de ser alcançados as evoluções espirituais, ás pessoas entupidas pelo pecado e que não lutam contra ele. Somente em resultado do processo da luta contra o pecado, nós começamos a entender a vida espiritual. O semelhante reconhece o semelhante e Deus é reconhecido pela santidade. O que nos aproxima de Deus é o facto que nós somos descendentes dele. E somos descendentes pelos efeitos reflectidos em nós pelo Espírito Santo. A escada para relacionar-se com Deus é a santidade. O estado da santidade não deve ser encarado como absolutamente sem pecados, mas como afirmação no ser humano dos frutos do espírito Santo, por exemplo a paz no coração. O estado de santidade afirma-se em nós na luta contra o pecado e com a vitoria sobre uns e outros estados de pecado do corpo e da alma. Esta luta é de dificuldades e unida á cruz e a esforços, mas leva á santidade. O objectivo final é a união com Deus, mas o caminho até Ele é a santidade. Deus abre-se a nós em resultado da nossa vontade e esforço. Ele dá-nos a Sua graça, ilumina aos bons e aos maus, pois é o Deus do amor.
Como reconhecer a vida espiritual ? Ela torna-se conhecida pelos seus frutos. A fonte da vida espiritual é o Espírito Santo. Os frutos do Espírito Santo surgem de acordo com a vontade, do ser humano, orientada para a luta contra o pecado, com a bênção de Deus. Os frutos do Espírito Santo, de acordo com o Apostolo São Paulo são : “... a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a bondade, a longanimidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência, a castidade ...”(gálatas 5,22). Os feitos do corpo são tais que é melhor não falar neles; pelas palavras do Apostolo, são “o adultério, a fornicação, a impureza, as inimizades e outras coisas semelhantes”... (gálatas 5,19). No mundo, os frutos do Espírito santo nós observamos nos homens santos. O próprio Cristo – encarnado como o Deus-Palavra – veio ao mesmo ambiente que o nosso, para que nós não nos atemorizássemos com o brilho de Deus e através do ser humano possamos assimilar o que vem de Deus. A permanência de Deus na Terra foi um descobrimento para as pessoas de vida ligada a Deus em condições terrenas. Na Terra, Cristo entreabriu a Sua glória, como isso aconteceu na Sua Transfiguração do Senhor no monte Tabor. Quando dentro do ser humano age o Espírito Santo, acontece o clareamento do homem pecador, ou a sua transfiguração. Com o reinado do Senhor inicia-se o Reino de Deus em nós e o coração torna-se o abrigo das acções do Espírito Santo. E isso pode ser possível para cada um de nós. Assimilarmos o Espírito Santo – é o mais importante desafio da nossa vida.
A acção do Espírito Santo traz-nos o estado de paz, o que é a verdadeira vida. Essa paz conquista-se através de uma luta diária, vencendo-se o pecado, familiar ao ser humano material. O material é o óbvio, o da natureza. Tudo de bom em nós é um presente de Deus. O cristão deve utilizar isto para construir dentro de si a sua vida espiritual. O desafio do cristão – é vencer dentro de si o mal e multiplicar o bem. Essa aproximação ao Deus-Pai, como o retorno do filho pródigo, o qual após ter sofrido muitos humilhações, finalmente, decide voltar ao seu pai. Ele levanta-se e retorna ao pai, e o pai sai ao seu encontro. Acontece uma acção reciproca acção entre o ser humano e Deus. Para o esforço e força de vontade o Senhor responde com a Sua graça e esse processo chama-se salvação da alma. Derrubando os muros que representam o nosso pecado, nós com a ajuda da graça de Deus, mudamos para o estado de santidade, pois em nós reflecte-se a imagem de Deus. Esses momentos de vitoria contra o pecado e que são resultado da acção do espírito Santo, são a vida santificada.
Existe a opinião que os bons actos cristãos – são apenas efeitos externos, como por exemplo as mais variadas situações de caridade. Muitos dos feitos cristãos são bons actos internos. E diferentes momentos de bons actos, construem-se resultados bons que são como degraus de escadas que nos levam para o Céu.
Degraus que nos aproximam de Deus, indicados por Cristo no Seu sermão na montanha nos mandamentos do bem, e para os que os praticam, a sua percepção ainda aqui na terra; “Bem aventurados os puros de coração, os humildes os mansos ....”. ver a Deus – a plenitude da graça – somente será possível na vida futura, mas por enquanto, conforme Deus estará a iluminar-nos por dentro, iremos reflectir a Glória de Deus. Fazendo o bem nós somos companheiros de Deus nos seus trabalhos. Fazer o bem – é a vida eterna. Nós colheremos os frutos do Espírito Santo se não fraquejarmos. “não nos cansemos, pois, de fazer o bem, a seu tempo colheremos, não desfalecendo” (gálatas 6,9).
Conservando o Espírito Santo abrem-se a nós os portões da eternidade, a morada no Céu na vida futura e aqui na terra, o estado da santidade; a paz e alegria pelo Espírito Santo. O Reino de Deus começa aqui na terra, no nosso coração, preenchendo-o com santos sentimentos, os quais transfiguram a nossa vida. Ao ser humano é estabelecido o desafio de reflectir a Glória de Deus, a Luz de Cristo. Transfigurando-nos e relacionando-nos com Deus, nós reflectimos os raios de Deus e com isso participamos na Glória de Deus. Dos homens santos fulguram os raios da Luz de Cristo. Os raios do Céu, caído na terra, tendo atravessado o ser humano e brilhando dentro dele com a graça de Deus, iluminam-se novamente e dirigem-se novamente ao Céu. A ideia definitiva do mundo – é a Gloria de Deus e para cada ser humano é a salvação da alma, retornando o ser humano á sua imagem original.
Exame de "Teologia Espiritual (Uma Espiritualidade para os nossos tempos)"
de Hélder Gonçalves a 10.02.2005
Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas de Viana do Castelo
Professor: Padre Alfredo Domingues de Sousa
Avaliação Final: 16 Valores
HÉLDER GONÇALVES
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