ó Beleza tão antiga e tão nova,
tarde Vos amei!
Eis que habitáveis dentro de mim,
e eu lá fora a procurar-Vos!
Disforme, Lançava-me sobre estas formosuras que criastes.
Estáveis comigo, e eu não estava convosco!
Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse em Vós.
Porém, chamaste-me com uma voz tão forte
que rompeste a minha surdez!
Brilhaste, cintilastes e logo afugentastes a minha cegueira!
Exalastes perfume: respirei-o, suspirando por Vós.
Saboreei-Vos e agora tenho fome e sede de Vós.
Tocaste-me e ardi no desejo da vossa paz.
Agostinho de Hipona (354-430), Confissões, Livro X, 27
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