Na teologia
cristã Epiclese (do grego
antigo: ἐπίκλησις
- epíklesis, fusão das palavras pí e kaleô: "chamar sobre") é a oração de invocação que pede a descida do Espírito Santo nos sacramentos .
Na Oração Eucarística da Missa há duas epicleses (cf. IGMR 79c):
Na Oração Eucarística da Missa há duas epicleses (cf. IGMR 79c):
a) a que o sacerdote
pronuncia sobre os dons do pão e do vinho, com as mãos estendidas sobre eles,
dizendo, por exemplo: «Santificai estes dons, derramando sobre eles o Vosso
Espírito, de modo que se convertam, para nós, no Corpo e Sangue de Nosso Senhor
Jesus Cristo» (Oração II) – é a epiclese «consacratória»; outras Orações
Eucarísticas pedem que o Espírito «torne», «abençoe», «santifique»,
«transforme» o pão e o vinho;
b) a que o sacerdote
diz na mesma Oração Eucarística, depois do memorial e da oferenda, pedindo a
Deus que de novo envie o seu Espírito, desta vez sobre a comunidade que vai
participar da Eucaristia, para que também ela se transforme, ou se vá
construindo na unidade: «humildemente Vos suplicamos que, participando do Corpo
e Sangue de Cristo, sejamos pelo Espírito Santo congregados na unidade» (Oração
II) – é a epiclese «de comunhão», que, noutras Orações Eucarísticas, pede que
«sejamos em Cristo um só corpo e um só espírito»; «Derramai sobre nós o
Espírito… fortalecei o vosso povo com o Corpo e o Sangue do vosso Filho e
renovai-nos a todos à sua imagem»…
O Catecismo da Igreja Católica possuí
vários cânones e instruções sobre a necessidade e o
meio de aplicar a epiclese.
Existem diferentes interpretações sobre
o significado da epiclese entre católicos e ortodoxos,
enquanto os ortodoxos professam ser essencial na Liturgia Eucarística a
epiclese antes das palavras da consagração; os católicos crêem que a consagração do pão e do
vinho se faz pela repetição das palavras de Cristo: "Isto é o meu corpo...
Isto é o meu sangue...", de facto, a epiclese não constava originalmente
no Cânon Romano (Oração Eucarística nº 1), embora as Orações Eucarísticas
compostas após o Concílio
Vaticano II (1962-65) incluam a invocação, não
para corrigir uma suposta falha anterior, mas apenas como fidelidade a uma
antiga tradição.
Existem dois tipos de epiclese, a
"epiclese sacramentária", que é a epiclese propriamente dita, em que
se invoca o Espírito Santo sobre os sacramentos, e a "epiclese em sentido
lato", que consta nas orações litúrgicas, por exemplo, nas conclusões de
orações: "em unidade do Espírito Santo".
A epiclese não faz só
parte da Eucaristia. A oração consacratória central de todos os sacramentos,
depois da anamnese ou memória de louvor a Deus, contém sempre a oração de epiclese:
- pede-se-lhe
que santifique a água do Baptismo: «Receba esta água, pelo Espírito Santo, a
graça de vosso Filho Unigénito, para que o homem, criado à vossa imagem, no
sacramento do Baptismo seja purificado das velhas impurezas e ressuscite homem novo
pela água e pelo Espírito Santo»;
- na Missa Crismal invoca-se o Espírito sobre os
óleos para os sacramentos e, a seguir, na Confirmação, pede-se a Deus que envie
o seu Espírito sobre os confirmandos para que os encha de seus dons;
- no
sacramento da Reconciliação também se nomeia o Espírito: «enviou o Espírito
Santo para remissão dos pecados»;
- na Unção dos Doentes
o sacerdote ora pelo doente na fé da Igreja: «é a epiclese própria deste
sacramento» (CIC 1519);
- no
sacramento da ordem é onde, talvez, com maior expressividade o bispo, impondo
as mãos sobre a cabeça dos ordenandos e pronunciando a seguir a invocação do
Espírito, põe em relevo a força da epiclese;
- e,
finalmente, no Matrimónio: «Na epiclese deste sacramento, os esposos recebem o
Espírito Santo como comunhão do amor de Cristo e da Igreja» (CIC 1624).
Invocando a força do Espírito nos nossos sacramentos, estamos a reconhecer que é Deus quem salva e que o protagonismo é da acção do seu Espírito santificador.
Invocando a força do Espírito nos nossos sacramentos, estamos a reconhecer que é Deus quem salva e que o protagonismo é da acção do seu Espírito santificador.
HÉLDER GONÇALVES
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