Conhecido
entre os Tibetanos como Gang Rinpoche, a preciosa jóia das neves, o monte
Kailas, de 6716 metros, está separado dos grandes Himalaias pelos rios Tsangpo
e Sutlej, que são alimentados pelos lagos mais elevados do planeta, acima dos
4500 metros de altitude.
Este cume ergue-se numa região desolada duma enorme extensão lunar atacada por ventos ferozes onde apenas alguns pastores nómadas conseguem sobreviver.
O
primeiro ocidental a ver este indómito canto do Tibete foi o Jesuíta italiano
Ippolito Desideri, que aqui chegou depois de grandes esforços em 1715.
O Monte
Kailas é uma montanha do Tibete,
considerada como um dos lugares mais sagrados para os hindus e budistas.
Situada
na prefeitura de Ngari, junto aos lagos Manasarovar e
do Rakshasta, é a nascente de
quatro dos maiores rios da Ásia: o Ganges, o Bramaputra,
o Indo e
o Sutlej.
Para
os hindus o
cume do Kailas é considerado a residência de Shiva e de sua Shákti, Parvati —
literalmente filha da montanha —, o que explica o seu carácter
sagrado para os hindus, que vêm também a montanha como um lingan acompanhado
da yoni simbolizada
pelo Lago Manasarovar.
Os budistas consideram-na
o centro do universo (cada budista aspira em dar-lhe a volta) e para os hindus é
a morada de Xiva.
Os jainistas e bonpos (religião
tradicional do Tibete anterior ao budismo) também consideram a montanha
sagrada. As proximidades da montanha divina são lugares santos onde "as
pedras rezam".
Segundo
uma lenda, durante uma disputa com um monge bön, o mestre Milarepa,
para mostrar a sua superioridade, ter-se-ia transportado para o cimo da serra sobre
um raio de sol.
A
lenda diz que o seu cume é o centro do universo, literalmente «o umbigo do
mundo». Este foi um lugar importante durante mais de mil anos.
Os
devotos devem rodear a monte, um circulo de 52 quilómetros, e depois mergulhar
no gélido lago Manasarovar, um dos mais importantes parikramas que um budista
ou um hinduísta pode realizar na vida.
Mais
concretamente, a crença budista reside na ideia de que um peregrino pode
alcançar o nirvana contornando o monte Kailas 108 vezes, 5615 Km ao todo, por
isso alguns tibetanos são capazes de completar uma «órbita» por dia.
Desde
1982, o governo chinês restringiu a visita aos lugares sagrados do cume e dos
lagos próximos.
HÉLDER GONÇALVES
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