terça-feira, 12 de novembro de 2013

Inquietação

Inquietação. Palavra pouco mencionada mas muito sentida. Sente-se sobretudo o seu efeito desgastante nas relações familiares, profissionais e pessoais. É como um nervoso miudinho que não deixa espaço para a reflexão, para o equilíbrio e a tranquilidade. É uma agitação constante que dá conta de tudo excepto do que é fundamental. É uma asfixia do outro quando não se sente bem consigo próprio.

O que poderá gerar a inquietação?
Provavelmente um mal-estar interior fruto de um activismo exagerado. Ou o culminar de um conjunto de situações mal resolvidas e calcadas no nosso inconsciente. As causas podem ser tantas quantas as pessoas, mas os efeitos são sempre os mesmos: falta de serenidade, falta de reflexão, falta de aceitação, falta de compreensão.

O mal não é recente. Já Jesus tinha prevenido a irmã de Maria: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas só uma é necessária.» (Lc 10,41)  E é precisamente na dificuldade da escolha do que é mais necessário que começa a inquietação.

Na nossa vida, cada vez mais complexa, vão aparecendo cada vez mais coisas necessárias. Algumas inúteis, outras desnecessárias, poucas fundamentais. A alegada falta de tempo está na base da inquietação. Interessante será perceber se a inquietação aparece pela falta de tempo ou se a falta de tempo é uma desculpa para esconder a inquietação.

Percebemos que alguém anda inquieto quando as atitudes e reacções são desproporcionadas em relação ao estímulo inicial. E não é difícil encontrar na vida quotidiana, nas diversas faixas etárias e condições de vida, estas atitudes em discussões, troca de ameaças, intolerância, actos de violência gratuita, falta de respeito.

Uma ajuda eficaz para vencer a inquietação encontramo-la na oração, no encontro pessoal com Cristo. Este foi o convite que Jesus faz a Marta. Primeiro ouvi-l’O, depois o resto. A oração deve ser um momento quotidiano, não apenas esporádico ou quando nos encontramos aflitos. Mas tal como se constrói uma relação com os outros, o mesmo é possível com Deus a partir da oração.

O primeiro beneficio da oração reside precisamente no encontro connosco próprios. Com os nossos problemas, as nossas ânsias e contrariedades. Tomada consciência da situação, estaremos mais abertos para perceber o caminho a percorrer e as escolhas a fazer. Porque, como diz São Paulo, «tudo é bom mas nem tudo nos convém».

Então aproveite este momento. Faça uma pausa, respire fundo, entre em sintonia com Deus, peça ajuda a Nossa Senhora e sinta a inquietação desaparecer dando lugar à serenidade.

HÉLDER GONÇALVES

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