É venerada, portanto, como uma “vera cruz”, uma cruz verdadeira.
A fazer fé na tradição, o relicário, uma cruz oriental que terá pertencido ao patriarca Roberto de Jerusalém, o primeiro bispo da Cidade Santa, depois de esta ter sido conquistada aos muçulmanos durante a primeira cruzada (1099), foi depositado por anjos no Alcázar de Caravaca, no noroeste murciano, em Espanha.
Corria, então, o ano de 1232 e a região ainda vivia sob domínio mouro. Diz a lenda que entre os prisioneiros cristãos do califa almóada Abu-Ceyt estava um sacerdote, Ginés Pérez de Chirinos, que despertou a curiosidade da autoridade muçulmana.
Convidado a celebrar uma missa, no salão principal do Alcázar, o padre aceitou o desafio.
Mas, a dado momento, interrompeu a liturgia, alegando que não podia oficiar por não ter um crucifixo. E foi precisamente quando terminava essa explicação que se deu a aparição de dois anjos, que depositaram no altar o relicário.
Caravaca foi reconquistada pelos cristãos 11 anos depois e a história da aparição andou de boca em boca.
Primeiro na região, depois por toda a Espanha, o carácter milagroso da cruz adquiriu fama.
A Cruz de Caravaca pertence às chamadas cruzes orientais – não é uma cruz latina de apenas um braço horizontal, nem uma cruz tau em forma de T maiúsculo, nem uma cruz grega com quatro braços de dimensão igual – e o seu aspecto faz lembrar a “lignum crucis” patriarcal da Igreja Ortodoxa, guardada na Cripta do Santo Sepulcro de Jerusalém.
HÉLDER GONÇALVES
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