Que sentido
tem um “projecto
de evangelização” na
Igreja ?
Por um
lado, falar em
‘projecto’, poderia parecer
restritivo, pois a
Igreja deve colocar
em prática a
proposta do Evangelho
de Jesus no
seu todo: poderia
parecer que a
Igreja não tem
já um ‘projecto’
de acção… De facto, não
é isso: um
projecto de evangelização, sem
deixar de atender
à globalidade da
missão, ajuda a
concentrar os esforços
para responder melhor
às necessidades e
urgências do momento.
A nível mundial,
temos várias situações
que desafiam a
missão evangelizadora da
Igreja; a experiência
da fé e
da vida eclesial
pouco profunda deixa
os baptizados com uma
identidade cristã e
católica muito fraca
e com um
escasso sentido de
pertença à Igreja;
e disso decorre,
entre outras coisas,
o escasso impulso
missionário e o
empenho cristão na
transformação da sociedade
não suficientemente assumido;
decorre também o
fácil abandono da
fé ou a
busca, noutras partes
de respostas às
profundas interrogações existenciais
e religiosas, desconhecendo
e deixando de
procurá-las na própria
comunidade católica. É
necessária uma acção
missionaria mais incisiva,
organizada e constante;
e um projecto
de evangelização pode
contribuir para alcançar
isso.
Em que
consiste um ‘projecto’
Um
projecto procurará traduzir
na prática os
conceitos ‘evangelizar’ e
‘proclamar a Boa
Nova de Jesus
Cristo’. A fé
e a atitude
cristã nascem do
encontro vital com
a pessoa de
Jesus Cristo, caminho,
verdade e vida:
ele é a ‘boa noticia’
de Deus para
a pessoa, a
comunidade e para a sociedade;
n’Ele vemos espelhado
o rosto de
Deus e Ele
nos revela o coração do
Pai; por Ele
recebemos o Espírito
de Deus, que
nos torna capazes
de traduzir em
‘vida nova’ nossa
fé, já neste
mundo. A evangelização, antes
de propor uma
‘doutrina’, precisa de
ajudar as pessoas
a terem este
encontro pessoal com
Cristo, mediante o anuncio do
Evangelho; a doutrina,
a proposta moral
e a orientação
da vida inteira
‘no caminho’ de
Jesus decorrem desse
encontro e da
aceitação da pessoa
de Jesus, como
o ‘Enviado de
Deus, cheio do
Espírito Santo’, para
a vida do
mundo.
Quer dizer
que um projecto
estará voltado para
os que já
são cristãos e
participam na vida
da Igreja ?
Será,
uma proposta missionária,
voltada para atingir
os que não
participam da vida
eclesial. Não podemos
ficar indiferentes diante
dos muitos cristãos
baptizados, que nunca
foram ‘incluídos’ devidamente
na vida cristã
e eclesial. Mas
quem deverá fazer
isto? Certamente isto
é esperado por
aqueles que participam
nas nossas comunidades.
A eles, em
primeiro lugar, devia
ser proposto um
novo e aprofundado
encontro com Jesus
Cristo, para descobrirem
a alegria de
crer e de
pertencer à Igreja,
e para sentirem
o desejo de
contagiar outros com
a própria fé.
Como fazer
com que cada
católico se sinta
um missionário ?
‘Ninguém
dá o que
não tem’… Para
se ter o missionário
e o apostolo,
é preciso
formar antes o
cristão e o
discípulo. Se pretendermos
que todos os
baptizados sejam apóstolos
e abracem a
proposta do Evangelho
na vida pessoal e
a tornem mais
presente e operante
nas estruturas da
vida social, precisamos
de ajudar os
cristãos a terem
uma experiência profunda,
alegre e convicta
de Deus, através
de Jesus Cristo,
e também da
vida eclesial; se
queremos os frutos
da fé, precisamos
de alimentar a
vida cristã. E
isto faz parte
de um projecto
de evangelização.
Um projecto
tem que falar
nas suas directrizes,
daquilo que é
permanente na vida
eclesial: o anuncio
da Palavra, a
liturgia (sacramentos, especialmente
a Eucaristia) e
a caridade: de
que maneira isto
entra num projecto ?
Um
projecto de evangelização
não pretende, nem
pode parar a
vida eclesial; aquilo
que é permanente,
continua; mas também
aí pode ser
colocado um novo
‘acento’ e um
novo enfoque, de
maneira que o
‘ordinário’ da vida
cristã e eclesial,
experimentado em profundidade
e de maneira
renovada, manifeste a
profundidade e a
alegria serena e
contagiante da fé,
levando ao impulso
missionário. O quotidiano
da vida eclesial
atinge, normalmente, os
baptizados que frequentam
as comunidades e
se destina a
alimentar neles a
fé e a
esperança, e a
animá-los na caridade.
É necessário que o encontro
com a Palavra
de Deus, a
celebração dos mistérios
da fé nos
sacramentos e a
prática da caridade
sejam vitais e
tragam uma forte
motivação para os
que crêem, para
continuarem a crer,
e para aprofundarem
a comunhão com
Deus e com
os irmãos. Mas
não nos podemos
contentar com os
que já frequentam
as nossas comunidades;
se perdermos a
dimensão missionária concreta
e efectiva, a
Igreja vai empobrecendo-se e
perdendo vitalidade.
Um projecto
deixará de lado a preocupação
social, tão característica da
Igreja, para concentrar-se
somente sobre na
sua vida interna ?
Não,
certamente. A presença
da Igreja nas
muitas realidades do
mundo e da
vida social faz
parte e é
essencial na sua
missão; os discípulos
de Cristo são enviados
para serem ‘fermento,
sal e luz’
do Evangelho no
mundo; da mesma
forma, a actuação
da Igreja em
favor da pessoa,
de maneira muito
especial em relação
aos pobres e
necessitados de todos
os tipos, é
parte da missão
da Igreja, à
imitação daquilo que
fazia Jesus Cristo.
De facto, era
desejável que a
presença da Igreja
no mundo pudesse
aprofundar-se e ampliar-se
ainda mais, segundo
as orientações da
doutrina social do
Magistério; por isso
era necessário propor,
de maneira renovada,
os fundamentos e
os motivos evangélicos
desta actuação cristã
na sociedade, para
que nela apareçam
sempre mais os
sinais do reino
de Deus, que
é a vida
plena para todas
as pessoas.
Quais são
os eixos centrais
dum projecto ?
Ao
longo dos anos,
um projecto deverá
prever a promoção
da verdadeira identidade
e dignidade da
pessoa humana, a
renovação da comunidade
nos níveis mais
básicos da convivência
humana e a
construção da sociedade
solidária: isso tudo
mediante o encontro
com Jesus Cristo
e a sua
Palavra. Para cada
ano haveria uma
frase do Evangelho,
como lema; ao
mesmo tempo, haveria
a indicação de
acções e programas.
De que
maneira um projecto
poderia alcançar os
seus objectivos ?
O
êxito de um
projecto dependerá de
uma motivação a
ser despertada nos
católicos; por isso é possível
esperar que se
possa colocar em
pratica aquilo que
o Papa pediu
na Carta Apostólica
“Novo Millennio Ineunte”:
que cada católico
se sinta missionário;
que cada comunidade
da Igreja seja
orientada para uma
nova missionariedade.
‘Para
Evangelizar o Mundo,
necessita-se de apóstolos
“peritos” na celebração,
adoração e contemplação
da Eucaristia’
(João
Paulo II)
‘O
encontro com Cristo
continuamente aprofundado na
intimidade eucarística, suscita
na Igreja e
em cada cristão
a urgência de
testemunhar e evangelizar’
(João
Paulo II)
Exame de "Pedagogia da Fé (Evangelização, Missão da Igreja)"
de Hélder Gonçalves a 15.02.2006
Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas de Viana do Castelo
Professor: Padre Alfredo Domingues de Sousa
Avaliação Final: 17 Valores
de Hélder Gonçalves a 15.02.2006
Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas de Viana do Castelo
Professor: Padre Alfredo Domingues de Sousa
Avaliação Final: 17 Valores
HÉLDER GONÇALVES
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