As festevidades em honra de São João Arga são este fim de semana de 27,28 e 29 de Agosto.
Consta-se que S. João de Arga era um local de passagem para os peregrinos que íam para Santiago de Compostela e, ao mesmo tempo, ponto de paragem e descanso de todos os outros que por lá passavam, como por exemplo carreteiros.
Verificava-se, então, que, quando os carreteiros passavam em frente à porta lateral da Capela (lado direito), os animais estacavam e não passavam dali para a frente.
A partir daí, a porta só foi aberta novamente há cerca de 22 anos.
Mas para se apreciar verdadeiramente a festa de São João de Arga, há que ir de véspera.
Qualquer pessoa se apercebe ao chegar ao local.
A chegada dos romeiros ao espaço da festividade não deixa adivinhar o fervilhar de gente que hão-de ocorrer no dia seguinte.
A capela de Sãoo João de Arga está encravada na serra que leva o mesmo nome, no Minho, a meio caminho para o vale.
A imponência da paisagem esmaga os visitantes e, com a chegada no dia anterior á festa, infunde uma falsa sensação de tranquilidade: não é possivel apreciar o silêncio pois depressa será banido, graças á multidão que ali se reunirá.
Aos poucos assiste-se á formação de extensas filas de automoveis, na única estrada que converge ao local da festa.
Os últimos a chegar arriscam-se a ter de percorrer a pé uns bons dois ou três quilómetros, desde o local de estacionamento até ao recinto.
Existem duas zonas independentes: a da capela e cortelhos (alugados com um ano de antecedência) e a zona comercial, com os inevitáveis feirantes e barracas de comes e bebes.
Por toda a parte se vêem cobertores e colchões desdobráveis, sinónimo de antecipação da longa noite de festa. Isto dentro da zona da capela, porque para lá da zona dos feirantes, para além do limite do percurso da procissão imperam as tendas, montadas de autênticos prodigios de engenharia.
Ao lado da capela dois pequenos coretos que hão-de albergar duas bandas filarmónicas, que levarão a noite inteira em disputa musical. Nos periodos de descanso dos músicos cabe ao senhor João e ao seu velho transmissor de valvulas animar o povo, debitando música popular.
Enquanto isso os devotos vão cumprindo as suas promessas, dando três voltas em volta da capela.
Cerca das 17 horas celebra-se a missa, após a qual tem lugar a procissão, cuja distância percorrida é das mais curtas das procissões a que já assisti.
Findo o tributo ao divino o povo regressa á folia.
Grupos de homens tocando concertinas circulam pelo recinto; as bandas continuam o seu despique. Os romeiros dividem atenção entre ambas as manifestações musicais, durante horas, sem mostrar sinais de fadiga.
Chega a noite e os movimentos repetem-se; a multidão sincroniza movimentos. O entusiasmo é transversal a todas as faixas etárias.
Quando o cansaço leva a melhor sobre alguns romeiros e estes vão repousar logo outros surgem para ocupar o espaço deixado vazio. A multidão permanece compacta ao som da música, agora já indiferente á origem.
Por volta das quatro da manhã cruzamo-nos ainda com dezenas de pessoas que continuão a chegar á festa.
Hélder Gonçalves
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