Em referência à modalidade pessoal do
mistério da salvação e ao tempo de Cristo, a fé apresenta e a teologia trata em
separado dois mistérios complementares do mesmo mistério de Cristo Salvador: o
mistério da Encarnação e o mistério da Redenção. Conforme professamos no Credo;
Por nós homens
e para nossa salvação
desceu do céu
e encarnou pelo Espirito Santo
no seio da Virgem Maria
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado
sob Pôncio Pilatos,
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia
conforme as Escrituras
e subiu ao Céu.
O mistério da Encarnação – mistério da “con-descendência
de Deus” (João Paulo II) – significa o pleno encontro dos caminhos de Deus com os
caminhos do homem, o termo do mistério do advento, o começo da obra da
salvação. A sua ligação com o mistério da Redenção não se dá, porém, apenas
enquanto que a Encarnação é condição para este se realizar. Com efeito, este é,
de algum modo, a plenitude daquele. Se a Encarnação significa que, em Jesus
Cristo, Deus assumiu a condição humana, fazendo-se homem, em tudo semelhante a
nós excepto no pecado, só no mistério da Redenção – na sua paixão e morte na
cruz – Ele assumiu até ao fim a condição do homem perdido: a humana
fragilidade, o homem sofrimento, o drama da morte e, afinal, o próprio pecado
“Aquele que não tinha conhecido pecado, Deus fê-lo pecado por nós…” (2 Cor
5,21).
HÉLDER GONÇALVES
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