quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mistério da Redenção


O mistério da Encarnação orienta-se para o mistério da Redenção. “É para a realização deste mistério que toda a existência mortal de Jesus converge. No momento de entrar no mundo, Cristo aplica a Si as palavras do Salmo 39: “Não quiseste sacrifício nem oblação, mas preparaste-Me um corpo: Eis que venho, ó Deus, fazer a Tua vontade” (Heb 10,5 ss). Obedecendo à vontade do Pai é a fundamental atitude de espírito de Jesus, não fora sua missão reparar a desobediência original de nossos primeiros pais, que a todos escravizou ao pecado, e reconduzir a humanidade, liberta das vãs miragens e reais prisões, Àquele que é toda a sua razão de ser e a fonte única da sua felicidade” (CEP, Instrução Pastoral sobre o Domingo e a sua celebração, 16).

Ao oferecer, em sacrifício de expiação, esse “corpo de pecado” (1Jo 2,2; 1 Ped 2,24; Col 1,22), que era o corpo da humanidade por Ele assumido, Jesus satisfez plenamente a justiça de Deus ofendida pelo pecado do homem desde Adão, recuperando, por um acto de justiça perfeita, o que a humanidade perdera com a desobediência dos primeiros pais, confirmada e renovada pelos seus descendentes, e transformando esse “corpo do pecado” num “corpo de justiça”, o seu Corpo Místico, de novo irrigado pela graça e capacitado para ser com Ele glorificado junto de Deus.

Foi o pecado que fechou ao homem o acesso a Deus e à graça da salvação, e esse fechamento manteve-se enquanto que o homem não foi redimido ou resgatado do seu pecado. O acto redentor de Jesus visou pois directamente essa sujeição ao pecado e consequente fechamento à graça. Ele abriu de novo ao homem as portas da salvação, isto é, as portas do Céu. Por ele, Jesus “fez-nos dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o Reino de seu Filho muito amado” (col 1,12-13). Ao homem, criado desde o principio para fruir da plenitude beatificante de Deus – mas que, pelo seu pecado, tinha fechado essa abertura sobrenatural para Deus, tornando-se antes “estranho e inimigo” em relação a Ele (Col 1,21) – Cristo restituiu a possibilidade de se realizar plenamente em Deus, sua plenitude, “perdoando todos os seus pecados e anulando a acta escrita contra ele” (Col 2,13-14). Isto é, restituiu ao homem a possibilidade da salvação.

Aproximando um pouco esta ideia da nossa própria experiência pessoal, podemos dizer que o que se passa em relação a cada pessoa individual, sempre que ela é baptizada ou sempre que recebe, no sacramento da Penitência, o perdão dos seus pecados mortais, passa-se com o sacrifício redentor da Cruz em relação à humanidade inteira, como fundamento de toda a redenção individual. (R.H. 8-10 e G.S 22).

HÉLDER GONÇALVES

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