Designou também a quantia de dinheiro que se deixava em lugar sagrado antes de começar um processo civil e que, caso se perdesse, ficava nesse lugar para ser empregado. Ambos os significados, juramento militar e depósito de dinheiro por ocasião de um processo, baseiam-se no mesmo, isto é, na consagração público-jurídica do juramento mediante uma auto-maldição em caso de perjúrio.
A palavra era empregada pelos cristãos já antes de Tertuliano. Foi utilizada para traduzir o vocábulo grego mysterion nos textos biblicos, indicando o plano de salvação que Deus foi revelando. Aplica-se também ao Baptismo e à Eucaristia e, mais concretamente, às promessas do Baptismo comparando-as assim com o juramento de bandeira dos militares.
Santo Agostinho esboça o conceito estrito de sacramento ao defini-lo como sinal sagrado ou palavra visível. A palavra, como sinal principal de comunicação entre os homens, serve para explicar o papel destas outras realidades cuja mensagem se recebe pela vista (palavra visível). É próprio do sacramento ser sinal visível duma realidade invisível. No visível do sinal há uma semelhança com o invisível significado. O sinal sacramental indica duas coisas: uma atitude já tomada realidade no homem, sem a qual a realização do sacramento carece de sentido, e uma eficácia ou força salv´fica comunicada pela realização sacramental.
Durante muitos séculos, a palavra sacramento, usada como sinónimo de símbolo do sagrado, aplicava-se a centenas de sacramentos. Santo Agostinho chega a enumerar 304 sacramentos. A partir do século XII, começam a sobressair sete gestos primordiais da Igreja que são os sete sacramentos actuais. No sínodo de Lião, França (1274) e no Concílio de Florença (1339), a Igreja já assumiu oficialmente esta doutrina e, por fim, no Concílio de Trento definiu-se que «os sacramentos da Nova Lei são sete, nem mais nem menos».
Actualmente, os teólogos falam de Cristo como sacramento original e da Igreja como sacramento raíz e também dos pobres como sacramento de Cristo.
A expressão mistério (do grego 'mysterion') significou inicialmente «desígnio» ou «plano secreto». Posteriormente, empregou-se para se referir aos ritos secretos das religiões mistéricas e daí passou a designar os ritos de iniciação cristã (Baptismo, Confirmação e Eucaristia), chegando a ser sinónimo de símbolo e de sacramento. Este termo acentua mais o matiz de experiência invísivel e inefável vivida nas celebrações sacramentais.
As realidades a que hoje chamamos sacramentos foram também denominadas sinais, realçando a sua capacidade de nos levarem ao conhecimento doutra coisa, mas, nesta linha, parece mais feliz a palavra símbolo (do grego 'symballein'), reunir ou juntar). Originariamente, símbolo era cada uma das duas metades dum objecto partido (anel, cana, moeda, etc) que encaixavam perfeitamente ao serem juntas. Depois empregou-se para designar os objectos ou gestos capazes de evocar realidades que não podem ser enunciadas ou definidas de modo adequado mediante conceitos ou termos abstratos. O símbolo tem sempre uma semelhança com a realidade expressa, que constitui a base da evocação e da expressão. Os sacramentos cristãos foram chamados símbolos, porque exprimem as experiências fundamentais da vida cristã, que são invisíveis, inefáveis e indefiníveis.
HÉLDER GONÇALVES
Ola
ResponderEliminarEste é um cantinho que gosto de estar
Gosto de passear por estes textos tao bem escritos.
voltarei em breve
aguardo sua visita.
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