Começou o grande frenesim e a boa disposição porque o tempo também é propício a isso e ajuda a levantar o moral das pessoas.
Mas será que todos nós vamos de férias?
Não, infelizmente não.
Paremos um pouco para pensar.
- Que diremos das pessoas, que se encontram gravemente doentes e até mesmo encamados, ao qual a doença não lhes dá tréguas, nem conforto ou descanso algum?
- Que dirão as pessoas, que sofrem com a crise mundial que também afecta o nosso país, no desespero á procura de um emprego para poderem comprar o pão-nosso de cada dia?
- Que dirão as pessoas, que por caridade privam-se de férias para ajudar o irmão em dificuldade?
- Que dirão aqueles que terão férias forçadas porque a própria empresa fechou para férias, e enviou-os para casa, mas que a eles tanto jeito lhes dava mais uns cêntimos ao fim do mês?
Pois é, muitos irão de férias, mas muitos não.
Deus não tira férias, porque “Deus Caritas Est”, ou seja, Deus é Amor, e o amor nunca descansa.
Deus fica com os que ficam e parte com os que partem.
Deus reúne-se com os que ficam a professar a sua fé e, parte com os que partem a percorrer as muitas e diversas rotas onde cruzam pela beleza da natureza, pela fraternidade que encontram no caminho e nos olhares de paz.
Deus não vai de férias.
Muitos irão, mas nem sequer saberão aproveitar o descanso nem fruirão da beleza e da serenidade que só o tempo com tempo, para não fazer nada o permite.
Por isso, se for de férias, perca tempo, muito tempo, porque o tempo é-nos dado de graça por Deus para ser bem vivido, e não para andarmos a correr de um lado para o outro.
Aproveitemos tudo o que vem ao nosso encontro, tudo o que nos rodeia nem que seja passar o dia a visitar, porque todos os segundos são importantes. Já basta durante o ano todo andarmos numa correria permanente, num stress contínuo que só nos envelhece antes do tempo.
As férias são feitas para descansar. Durma e durma mais. Descansar com aqueles que nos são queridos e repartir momentos com os que se cruzam connosco.
Oiça mais os filhos, os maridos ou mulheres, projectem sonhos futuros e façam uma avaliação de como vai a sua família, pois esta é o mais importante para cada um de nós, ele é o nosso porto de abrigo onde lançamos âncora.
Pare num daqueles miradouros que encontramos ao longo do nosso percurso e que nos alargam o nosso horizonte dos olhos e da alma; subam a uma ermida que possam encontrar ou visitem algum dólmen ou mesmo algum santuário e descansem á sombra e aproveitem para louvar e dar graças a Deus pelas maravilhas que nos rodeiam.
As férias são para deixar o tempo passar por nós e não para andarmos a correr atrás dele.
Por vezes a beleza do silêncio e da paz entra-nos suavemente quase sem nos apercebermos se deixarmos a porta entreaberta.
Deixemos que ao menos uma vez no ano o tempo corra como quem perde para ganhar.
Quem corre durante o ano inteiro e que tanto se esforçou nas tarefas diárias, tem de aprender a perder tempo para ganhar em profundidade, maturidade e gozo no encontro com Deus.
É impensável que se possa chegar de férias e dizer que se está cansado; que no inicio de recomeçar o trabalho se esteja tão exausto como na partida.
Parece irreal, mas é verdade, infelizmente isto acontece com muitos de nós.
As férias que cansam, que não dão descanso nem ao corpo nem ao espírito, não são dignas de serem chamadas de férias.
São comércio e sobretudo exploração do homem e da natureza.
Se for de férias faça a diferença: divirta-se e beba da Palavra, do encontro, da contemplação, e abra a janela da alma para renovar o ar.
Afinal, Deus não vai de férias!
Hélder Gonçalves
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