quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Creio em Deus Pai ferido pelo pecado

O Ano da Fé é apelo constante à conversão e ao testemunho. Só a compreensão do sentido do pecado, como traição ao amor do Pai, nos insere na sua divina misericórdia.

Quanto maior é o amor mais dói a ofensa, maior é a dor sofrida, quando ela vem da pessoa que amamos.
Dum estranho parece doer menos, dum amigo ou dum familiar dói mais.
Creio que só desta maneira poderemos entender quanto a nossa infidelidade, o nosso pecado deve ofender o Pai, traí-Lo, magoá-Lo.
Ele espera de nós, seus filhos e filhas bem-amados, outra fidelidade, outro amor.
O pecado nega o amor do Pai, atraiçoa esse amor louco.
Não correspondemos em fidelidade ao sonho amoroso de Deus, quando Ele nos quer em aliança, em comunhão, em unidade de amor.
O seu amor de Pai fica "ferido" com os nossos pecados, as nossas negações, as nossas traições,as nossas inúmeras infidelidades.
De facto, "o amor não é amado" por nós. Ferimos o amor. Trata-se de magoar alguém, uma Pessoa, o Pai.

Quando o rei David pecou, cometendo adultério e homicídio, o queixume de Deus foi: "O meu eleito traiu-Me".
Que dirá o Pai dos seus filhos e dos seus consagrados?
O cadastro da nossa vida é uma longa lista de males, de pecados, de ofensas. 
Façamos essa lista, rezemos esse cadastro, rezemos: "Tem piedade de mim, Pai, que sou pecador, que sou pecadora"Misericórdia, Paizinho Santo, por tanta miséria e infidelidade. Perdão e misericórdia, piedade e perdão.
"Lava-me e ficarei mais branco do que a neve" (Sl 50,8).
Fortifica-me, purifica-me. Torna-me firme no amor, faz-me dócil e fiel.

Parar nos meus pecados e olhá-los à luz de Deus, à luz do amor do Pai que merece Tudo. Cada pecado é infidelidade. Coloco-me do lado do demónio contra Deus e o seu Amor louco e infinito.
O Pai não merece isso de mim. Ingratidão, infidelidade, miséria, pecado. 
Somos pó e cinza. Continuamos a "ferir o amor".

É de tal modo a ferida do pecado que só o Amor apaixonado do Filho pode resgatar pecadores e tributar ao Pai o amor que Ele merece e tem direito a esperar de nós. 
Jesus é vitima oferecida em resgate pelo amor louco que nos tem. Quer colocar-nos em comunhão com o Pai, quer que vivamos em união com Ele.
Vai à cruz e à morte para nos dar a Sua vida e nos colocar no Coração do Pai.
Agradecer muito a Jesus tal dom e tal graça. A graça da reconciliação, a graça do perdão, a graça da misericórdia, a graça do amor que é louco por cada um de nós.
A maior prova de amor foi dar a vida. Jesus a dá para nos fazer propícios ao Pai, para nos merecer a reconciliação. O Pai não poupou o Filho. Não deixou Abraão imolar Isaac (Gen 22,1-19), mas deixa, pelo seu amor infinito, que o novo Isaac, Jesus, seu Filho Bem-Amado, seja imolado.
Até onde vai o amor louco e apaixonado do Pai por cada um de nós. É perante este amor que nós podemos medir o nosso pecado e a sua gravidade.

Olhar o Crucificado (Lc 23,33). O Pai também O olha com amor infinito. Pedir a graça de olhar Jesus com o olhar do Pai, para percebermos melhor o amor redentor, a graça com que somos amados.
Olhando Jesus assim, conversar com Ele e conversar com o PAi. 

- Quem sou eu, pobre e pecador, para Jesus ir à cruz e à morte por mim?

- Quem sou eu que me atrevo a magoá-Lo, a ferir o Seu amor, a fazer d'Ele um "verme da terra"?

Ele, por causa dos meus pecados, é feito maldito na cruz, como afirma São Paulo.
Pedir perdão e misericórdia.

- Que fiz por Ele, que faço, que vou fazer?

- Que respostas dou a estas perguntas?

- Que Lhe vou dizer de verdadeiro?

- Que digo ao Pai que, no seu amor, contempla o Filho crucificado?

- Que digo ao Filho que Se imola por mim?

Dário Pedrosa SJ - in 'Noticias de Viana'

HÉLDER GONÇALVES


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