terça-feira, 16 de outubro de 2012

APRESENTAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO


1. EVANGELHOS E ACTOS


  • Evangelhos Sinópticos

Os Evangelhos apresentam as narrativas dos factos e das palavras de Jesus Cristo, e incluem também os milagres, as parábolas, os discursos e os principais acontecimentos de sua vida. O objectivo dos Evangelhos Sinópticos é oferecer uma retrospectiva do ministério de Cristo Jesus e destacar as implicações teológicas de seus ensinamentos; e além disso, tornam clara a impressão que o ministério de Jesus Cristo produziu nos primeiros crentes.

Os Evangelhos Sinópticos tem também por objectivo não apresentar uma bibliografia da vida de Jesus Cristo e nem procurar descrever a sua personalidade; a finalidade então é compartilhar uma cristologia, ou seja, uma apresentação da vida e do ministério de Jesus a partir de uma perspectiva teológica particular e definida. Sendo assim, podemos entender que, cada evangelista escreveu com um objectivo específico para responder às necessidades concretas de diferentes grupos de crentes.

Podemos perceber que, o propósito de cada evangelho era determinado pelas peculiaridades e dificuldades de cada grupo a que se dirigia cada um deles. Os primeiros evangelhos podem ser dispostos em colunas paralelas para facilitar o estudo comparativo do material que cada livro contém; este tipo de apresentação é conhecida como “sinopse”, pois permite analisar o conteúdo dos Evangelhos como um conjunto, como um todo, por esta razão, os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são conhecidos como “sinópticos”, pois incluem relatos parecidos que podem ser estudados de forma paralela.

O Evangelho de João, por sua vez, foi incluído nesta sinopse para enfatizar a importância de uma leitura paralela dos quatro evangelhos, a fim de obter-se uma compreensão mais ampla da vida e do ministério de Jesus Cristo. O estudo Sinóptico dos evangelhos evidencia que estes incluem relatos comuns; as passagens comuns a três evangelhos são conhecidas como “tradição tríplice”, as passagens comuns a dois evangelhos como “tradição dupla”, e os relatos contidos em apenas um evangelho como “tradição simples”, e os relatos repetidos em um mesmo evangelho como “tradições duplicadas”.

Os Evangelhos são compostos por unidades independentes (narrações e discursos), aos quais normalmente se sucedem sem uma conexão aparente de tempo e lugar. Há secções que incluem temas semelhantes e, além disso, contém frases independentes e características de Jesus Cristo, particularmente as parábolas; podemos também perceber que, muitas passagens demonstram uma coincidência surpreendente no tocante à linguagem utilizada; já outras põem em relevo diferenças de estilo, teologia e propósitos.

Mateus, Marcos e Lucas estruturaram o ministério de Jesus de acordo com uma sequência geográfica geral: ministério da Galileia, retirada para o Norte (tendo como clímax e ponto de transição a confissão de Pedro), ministério na Judeia e Pereia quando Jesus se dirigia para Jerusalém (algo não tão claro em Lucas) e o ministério final em Jerusalém. Esta sequência está praticamente ausente em João, evangelho em que se concentra no ministério de Jesus em Jerusalém durante as visitas que periodicamente fazia à cidade.

Quanto ao seu conteúdo, os três primeiros evangelistas narram muitos dos mesmos acontecimentos, concentrando-se nas curas, libertações e ensinos por meio de parábolas realizados por Jesus. João embora narre algumas curas significativas, não trás qualquer relato de libertação nem parábolas (pelo menos das do tipo que é encontrada em Mateus, Marcos e Lucas); além disso, muitos dos acontecimentos que consideramos característicos dos três primeiros evangelhos estão ausentes em João: o envio dos doze, a transfiguração, o sermão profético, a narrativa da última ceia.

Isso contrasta claramente com o clima mais contemplativo de João, que narra bem menos acontecimentos do que os evangelistas sinópticos e prefere apresentar Jesus fazendo longas dissertações em vez de parábolas curtas ou declarações breves e expressivas. Ao longo dos últimos duzentos anos, os eruditos tem esmiuçado os evangelhos sinópticos a partir de vários ângulos e têm chegado a diferentes conclusões; este é um resultado inevitável da importância fundamental que esses livros têm para a fé e vidas cristãs.

Nestes livros, podemos encontrar a história da vida daquele que é o instrumento escolhido por Deus, para fazer-se conhecer aos seres humanos; o significado da história e o destino de cada indivíduo dependem dos acontecimentos descritos nestes livros. A morte e a ressurreição do Messias.


  • Actos dos Apóstolos

Uns 30 ou 40 anos depois das Cartas autênticas de Paulo, Lucas escreveu o livro dos Actos dos Apóstolos (entre os anos 80-90). Trata-se de um escrito que, quanto ao género literário, se encontra entre a Teologia e a História; ou melhor, o seu autor quis fazer História e Teologia ao mesmo tempo. Veja-se a grande quantidade de discursos (uns 24), que têm mais a ver com a eclesiologia do que com a História propriamente dita das comunidades da segunda geração cristã.

Os personagens centrais do livro são primeiramente Pedro, ao longo dos 12 primeiros capítulos, em perfeita continuidade com o seu papel nos Evangelhos; e Paulo, do capítulo 13 em diante. Tudo indica que esta obra pertence ao mesmo autor do terceiro Evangelho (Lucas). Este começa e termina em Jerusalém; os Actos começam em Jerusalém, com os Doze, e terminam em Roma com Paulo, como que a dizer que se realizou, pelo menos parcialmente, o programa de Jesus, no meio dos pagãos. 25*Estando em desacordo uns com os outros, começaram a separar-se. Paulo apenas disse estas palavras: «Com razão falou o Espírito Santo a vossos pais, pela boca do profeta Isaías, dizendo: 26Vai ter com esse povo e diz-lhe: Ouvireis com os vossos ouvidos, mas não compreendereis; vereis com os vossos olhos, mas não percebereis. 27Sim, o coração deste povo tornou-se endurecido. Taparam os ouvidos e fecharam os olhos, não fossem ver com os olhos, e ouvir com os ouvidos, entender com o coração, converterem-se, e Eu curá-los! 28*Ficai, agora, sabendo: esta salvação de Deus foi enviada aos pagãos que a hão-de escutar.» (Act 28,25-28).

Deste modo cumpre-se o programa de Jesus, proposto no início do livro dos Actos: «Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.» (Act 1,8)

Esta obra apresenta-se, pois, como um segundo volume da obra de Lucas, numa continuidade natural dos Evangelhos e como que registando o seu cumprimento. E sendo Paulo a personagem central da segunda parte, este livro coloca-se, naturalmente, entre os Evangelhos e as Cartas de Paulo.

O autor dos Actos não nos apresenta, no entanto, Paulo como um Apóstolo e com os mesmos direitos dos Apóstolos, apesar de Paulo reivindicar este título «… 17*nem subi a Jerusalém para ir ter com os que se tornaram Apóstolos antes de mim. Parti, sim, para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.» (Gl 1,17).

Para Lucas, o direito ao “apostolado” está ligado ao grupo dos Doze e ao testemunho directo e ocular de Jesus «1*No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei as obras e os ensinamentos de Jesus, desde o princípio 2*até ao dia em que, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu. (Lc 1,1-2)

13*«Quando chegaram à cidade, subiram para a sala de cima, no lugar onde se encontravam habitualmente.
Estavam lá: Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelota, e Judas, filho de Tiago.», « 17Ele, efectivamente, era um dos nossos e tinha recebido uma parte do nosso ministério.», « 21Portanto, de entre os homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, 22*a partir do baptismo de João até ao dia em que nos foi arrebatado para o Alto, é indispensável que um deles se torne, connosco, testemunha da sua ressurreição.
» (Act 1,13.17.21-22)

Depois da visão de Damasco, Paulo é introduzido no grupo dos Doze pela mão de Barnabé.

Nesta perspectiva, Paulo não é Apóstolo pela relação directa com o Ressuscitado, mas pela legitimação que recebe das «testemunhas oculares» de Jesus 2*até ao dia em que, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu. (Lc 1,1-2)

Há diferenças sensíveis entre o Paulo que nos é apresentado pelo autor dos Actos e o Paulo que se apresenta nas suas Cartas. Segundo os Actos, Paulo é um rabino que continua fiel à Lei de Moisés; segundo as Cartas, Paulo é um judeu convertido que relativiza a Lei para fazer de Cristo o Senhor da sua vida: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20)


2. ESCRITOS JOANINOS

  • Evangelho

O 4.º Evangelho distingue-se dos três sinópticos, não só por omitir temas importantes (infância, tentações e transfiguração de Jesus, ensino em parábolas, instituição da Eucaristia…) e incluir outros (bodas de Caná, ensino por alegorias, discursos do Pão da Vida e da Ceia, longos diálogos com a Samaritana e Nicodemos, ressurreição de Lázaro, lava-pés…), mas sobretudo pela profundidade teológica do anúncio que faz de Jesus Cristo como Messias, Filho de Deus, enviado do Pai para salvação dos homens, e pelo significado sotereológico (de salvação) que descobre nos gestos de Jesus (chamando “sinais” aos milagres). O esquema adoptado (prólogo, revelação de Jesus ao mundo, revelação aos discípulos, paixão, morte e ressurreição), embora com afinidades com os sinópticos, quase ignora o ministério na Galileia, para o concentrar na Judeia, onde passou três Páscoas. A tradição é unânime em atribuir este Evangelho a João, Apóstolo, irmão de Tiago e filho de Zebedeu, que a si mesmo se identifica como “o discípulo predilecto de Jesus”. Os especialistas modernos, duvidando de que um pescador da Galileia tivesse podido escrever com tanta profundidade este Evangelho, aventuram várias hipóteses, entre as quais a de que discípulos seus tenham passado a escrito, com bastante liberdade, não só as recorda¬ções e reflexões do Apóstolo, mas também as tradições das comunidades animadas pela sua prega¬ção. A liturgia faz grande uso deste Evangelho, sobretu¬do no ciclo da Páscoa, na missa do dia de Natal (Prólogo) e em outras celebrações festivas e feriais. V. Evangelho(s).


  • Cartas 1ª, 2ª e 3ª de São João

A tradição sempre atribuiu estas cartas ao autor do IV Evangelho, pela semelhança de vocabulário e de doutrina. A 1.ª, provavelmente dirigida às Igrejas da Ásia Proconsular (referidas no Ap), enfrenta as ameaças à ortodoxia que pairavam sobre essas Igrejas, propondo uma série de fórmulas de fé e apelando à vigilância contra os “anticristos” e à vida de fé e de amor de Deus. A 2.ª e a 3.ª são escritos ocasionais muito curtos (apenas com 12 e 15 versículos), uma dirigida à “Senhora eleita” (= determinada Igreja) alertando para os falsos profetas e anunciando uma sua próxima visita; e a outra endereçada a um certo cristão de nome Gaio, a recomendar que desse bom acolhimento aos enviados do Apóstolo, tanto mais que tinham sido mal recebidos por um certo Diótrefes, chefe da comunidade local.


3. CARTAS

  • As cartas de São Paulo

Romanos, 1ª e 2ª aos Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1ª e 2ª aos Tessalonicenses, 1ª e 2ª a Timóteo, Tito, Filémon e Hebreus.

• Introdução às cartas e à problemática da autoria das mesmas

As cartas de Paulo são textos dirigidos a comunidades concretas (comunidades cristãs que fundou - à excepção dos Romanos e dos Colossenses) e/ou a pessoas individuais (como é o caso da Carta a Filémon, a Timóteo e a Tito); e tratam de problemas específicos ligados à vida dessas mesmas comunidades. Estas cartas servem para o apóstolo continuar a sua actividade evangelizadora. Paulo era, antes de mais, um missionário - «Ai de mim se não evangelizar!» (Rom 9, 16).

O seu processo de composição e difusão poderá ter passado por um período lento em que as diferentes comunidades partilhavam entre si as Cartas recebidas, usando-as até nas suas reuniões de oração comunitária. Os estudiosos indicam o ano 96, provavelmente 30 anos depois da morte de Paulo, como o ano em que temos a primeira notícia da existência de uma colecção das Cartas de Paulo - «Corpus Paulino».

Qualquer que tenha sido a forma de circulação ou de redacção final, o que é certo é que, em meados do séc. II, elas já faziam parte do ritual litúrgico de muitas igrejas particulares; e a partir do século IV, passaram a integrar o cânon do Novo Testamento.

Uma outra questão que se tem colocado muito relacionada é com a autoria das cartas – conhecida como a questão da «pseudo-epigrafia». Ou seja, entende-se por pseudo-epigrafia a atribuição de um texto a um determinado autor, mesmo que não tenha sido ele a produzi-lo. Era comum, naquele tempo, que o autor ditasse as linhas fundamentais do texto a ser produzido e que, depois, um secretário ou um pequeno grupo de discípulos se encarregasse de lhe dar a forma final. Apesar de todas as questões, em todas elas se encontra a marca do apóstolo.

Neste contexto da problemática do autor distingue-se tradicionalmente as «Cartas proto-paulinas», ou seja, as que ele próprio terá escrito (Rom., Gal., 1ª Tes., 1ª e 2ª Cor., Filp., Film.); e as «Cartas deutero-paulinas», ou seja, as que foram escritas talvez pelos seus discípulos (Ef., Col., 2ª Tes., 1ª e 2ª Tim., Tito).

Todas as epístolas paulinas que chegaram até nós datam da época do apogeu e do final da actividade missionária do Apóstolo. Da primeira década e da metade da sua actividade, falta evidência de escritos seus. Contudo, já na época das suas epístolas mais antigas Paulo fala do seu hábito epistolar… Portanto, alguns desses escritos mais antigos nunca terão chegado até nós (v.g. 1 Cor. 5,9; 2 Cor. 2,4; Cl. 4,16).


• Géneros literários e estrutura das cartas

A «carta» é um género literário antiquíssimo. As mais antigas que se conhecem datam do ano 2000 antes de Cristo. São de todo o tipo, não faltando as que têm um conteúdo especificamente religioso. Vai ser este o género literário que Paulo vai escolher para os seus escritos.

De sublinhar que as cartas de Paulo encerram géneros literários bem diferentes. Géneros que vão desde o tratado teológico sobre a fé da Carta aos Romanos até ao simples ‘bilhete postal’ da Carta a Filémon, passando pela multiplicidade temática das duas Cartas aos Coríntios.

Estes géneros literários devem-se não só às circunstâncias em que as cartas são escritas mas também ao temperamento de Paulo unido à espiritualidade própria de um convertido. Não podemos deixar de considerar também os métodos da exegese rabínica em que Paulo era mestre, por ter frequentado a famosa escola de Gamaliel.

Deste modo, utiliza frequentemente a linguagem da diatribe cínico-estóica (espécie de debate judiciário onde o interlocutor, imaginário na maior parte das vezes, é vivamente contestado) e da antítese e do exagero semita. As grandes antíteses do conteúdo teológico de Paulo são: Vida-Morte, Carne-Espírito, Luz-Trevas, Sono-Vigília, Sabedoria-Loucura da Cruz, Letra-Espírito, Lei-Graça (2 Cor. 3, 1-16).

Paulo não se limita a proclamar a fé, mas tem o cuidado de mostrar como o evangelho está em conformidade com as escrituras «3*Transmiti-vos, em primeiro lugar, o que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; 4foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; 5apareceu a Cefas e depois aos Doze». (1 Cor. 15, 3 e 5).

As referências ao AT aparecem em «citações explícitas», «citações implícitas» e «alusões». No conjunto das suas cartas encontramos umas 75 citações explícitas, introduzidas por uma fórmula como, por exemplo: «está escrito», «a Escritura diz»…

As cartas, escritas todas em grego, têm, geralmente, um ar coloquial e familiar. Não se lhes podem atribuir especiais pretensões literárias, mas de facto, ultrapassam o âmbito do meramente privado ou pessoal. Com frequência os seus escritos transformam-se em reflexões, ensaios ou discursos teológicos, servindo, deste modo, para continuar – à distância – a actividade evangelizadora do apóstolo.

Quanto à estrutura Paulo tem um estilo inconfundível, própria deste género literários que são as cartas:

Saudação – Paulo dirige-se a uma determinada comunidade cristã, começando habitualmente com uma referência ao seu nome e à sua autoridade apostólica, uma pequena oração em forma trinitária e, muitas vezes, algumas referências a nomes individuais;

Corpo da Carta – aqui desenvolve a sua doutrina, faz as suas exortações e responde aos problemas e questões da comunidade (esta parte constitui a quase totalidade da carta e mostra-nos qual o seu objectivo)
Conclusão - no final também há sempre uma referência a pessoas concretas, uma saudação particular ou uma bênção, espécie de acção de graças de origem litúrgica «2Exorto Evódia e exorto Síntique a terem o mesmo pensamento no Senhor. 3*Sim, e a ti, fiel Sízigo, peço-te que as acolhas; são pessoas que, em conjunto, lutaram comigo pelo Evangelho, juntamente com Clemente e os meus restantes colaboradores, cujos nomes estão no livro da Vida. 4Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos! 5*Que a vossa bondade seja conhecida por todos. O Senhor está próximo. 6Por nada vos deixeis inquietar; pelo contrário: em tudo, pela oração e pela prece, apresentai os vossos pedidos a Deus em acções de graças. 7Então, a paz de Deus, que ultrapassa toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. 8*De resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é respeitável, tudo o que possa ser virtude e mereça louvor, tende isso em mente. 9E o que aprendestes e recebestes, ouvistes de mim e vistes em mim, ponde isso em prática. Então, o Deus da paz estará convosco.
Agradecimento aos Filipenses - 10É grande a alegria que sinto no Senhor por, finalmente, terdes feito com que desabrochasse o vosso amor por mim. É que tínheis o interesse, mas faltava a oportunidade. 11Não falo assim por me sentir carecido. Pois, no meu caso, aprendi a ser autónomo nas situações em que me encontre. 12Sei passar por privações, sei viver na abundância. Em toda e qualquer situação, estou preparado para me saciar e passar fome, para viver na abundância e sofrer carências. 13De tudo sou capaz naquele que me dá força. 14*Entretanto, fizestes bem em tomar parte na minha tribulação. 15Vós bem o sabeis, filipenses: no início da pregação do Evangelho, quando saí da Macedónia, nenhuma outra igreja esteve em comunhão comigo na permuta de dar e receber, a não ser apenas vós: 16*em Tessalónica e por duas vezes me enviastes socorro para as minhas necessidades. 17Não é que eu esteja à procura de donativos; o que procuro, sim, é que aumente o produto, que está registado na vossa conta. 18*Sim, tudo recebi em abundância. Estou plenamente fornecido, depois de receber de Epafrodito o que veio da vossa parte: um odor perfumado, um sacrifício que Deus aceita e lhe é agradável. 19E o meu Deus há-de compensar-vos plenamente em todas as necessidades, segundo a sua riqueza, na glória que se tem em Cristo Jesus. 20A Deus nosso Pai, a glória pelos séculos dos séculos! Ámen!
Saudação final - 21*Saudai cada um dos santos em Cristo Jesus. Saúdam-vos os irmãos que estão comigo. 22*Saúdam-vos todos os santos, mas em especial os da casa de César. 23A graça do Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito! (Fl. 4, 2-23).

É precisamente a partir deste conjunto de características, ligadas a uma linha de pensamento que reflecte determinados temas e ideias, que levam os estudiosos a duvidar da autoria pessoal de Paulo em relação a algumas dessas cartas.


  • As Cartas Católicas

• Tiago

A carta de São Tiago está escrita num estilo muito vivo, num grego de boa qualidade, mas com reminiscências semitas tanto no vocabulário como no estilo. Esta carta mais parece uma exortação moral destinada a cristãos vindos do Judaís¬mo. Discutem os peritos qual será o seu autor, prevalecendo a ideia de que seja Tiago Menor, Apóstolo, ou Tiago dito *irmão de Jesus, se porventura não se tratar do mesmo. O autor utiliza a fundo o legado das tradições proféticas e sapienciais do Antigo Testamento, tratando de conservar dentro da corrente cristã alguns valores tradicionais que ele considerava perigosamente ameaçados. Nela encontramos a única referência -escriturística à Unção dos Enfermos «14*Algum de vós está doente? Chame os presbíteros da Igreja e que estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. 15A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.» (Tg 5,14-15).


• 1ª e 2ª Pedro

A 1.ª Epistola de S. Pedro, escrita em bom grego por Silvano (ou Silas, companheiro de S. Paulo), sempre se considerou inspirada e da autoria do Príncipe dos Apóstolos. Provavelmente escrita em Roma (a “Babilónia” do Apocalipse), na década de 60, e dirigida aos fiéis da Ásia Menor, é uma exortação de carácter moral apelando à santidade, à obediência às autoridades, à aceitação dos sofrimentos em união com os de Jesus Cristo, e à constância perante as perseguições.

A 2.ª Epistola de S. Pedro, embora atribuída ao Príncipe dos Apóstolos, não é certamente dele, mas de alguém que, anos depois da sua morte, usou o seu nome (como era habitual ao tempo) para fazer passar uma mensagem que, de facto, poderia ter partido dele. Dirigida a um público geral, conhecedor das Cartas de S. Paulo, exorta à perseverança na fé, denuncia os falsos mestres e apela à preparação para a segunda vinda de Jesus Cristo.


• Judas

A finalidade da carta de Judas é prevenir contra os falsos doutores que punham em perigo a fé cristã.
O conteúdo teológico-espiritual transmite estas verdades: Deus Pai é fonte de graça e poder, e dele procede a salvação para todos os homens. Jesus Cristo é o nosso Dono e Senhor. O Espírito Santo é quem nos conserva no amor de Deus e nele encontramos a esperança de alcançar a vida eterna. O cristão foi chamado por vocação divina por um acto de amor de Deus, a viver da fé e animado pela caridade.


• Apocalipse

Último livro da Bíblia, escrito cerca do ano 95, durante a perseguição aos cristãos, promovida pelo imperador Domiciano. Foi escrito por um certo João que, exilado na ilha de Patmos, teve, num domingo «Visão do Ressuscitado - 9*Eu, João, que sou vosso irmão e companheiro na perseguição, no Reino e na constância cristã, encontrava-me na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus. 10*No dia do Senhor, o Espírito arrebatou-me e ouvi atrás de mim uma voz potente como de trombeta,…» ( Ap 1,9-10 ),
extraordinárias visões simbólicas, que lhe deram a certeza de que Deus daria a vitória final a quantos se mantivessem fiéis a Jesus Cristo., vitória anunciada para breve «7*Eis que Eu venho em breve. Feliz o que puser em prática as palavras da profecia deste livro.» 8*Eu, João, é que ouvi e vi estas coisas; e, depois de ouvir e ver, caí aos pés do anjo que mas mostrava, para o adorar. 9Mas ele disse-me: «Guarda-te de fazer tal coisa! Eu sou teu companheiro, assim como dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. A Deus é que deves adorar!» 10*E acrescentou: «Não escondas as palavras da profecia deste livro; pois o tempo está próximo. 11*Que o injusto continue a cometer injustiças; que o impuro continue a cometer acções impuras; o que é honrado continue a ser honrado e o que é santo santifique-se ainda mais. 12*Eis que Eu venho em breve e trarei a recompensa para retribuir a cada um conforme as suas obras.
13*Eu sou o Alfa e o Ómega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. 14*Felizes os que lavam as suas vestes, para terem direito à árvore da Vida e poderem entrar nas portas da cidade. 15Fora os cães, os feiticeiros, os luxuriosos, os assassinos, os idólatras e todos os que amam e praticam a fraude. 16*Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos anunciar todas estas coisas acerca das igrejas: Eu sou o descendente e a estirpe de David, Eu sou a brilhante estrela da manhã.» 17*O Espírito e a Esposa dizem: «Vem!» Diga também o que escuta: «Vem!» O que tem sede que se aproxime; e o que deseja beba gratuitamente da água da vida.»
Conclusão - 18*«E Eu declaro a todos os que escutam as palavras proféticas deste livro: Se alguém aumentar alguma coisa, Deus lhe aumentará os flagelos que estão descritos neste livro. 19E se alguém retirar palavras deste livro profético, Deus lhe retirará a parte que tem na árvore da Vida e na cidade santa, descritas neste livro.
20*O que é testemunha destas coisas diz: 'Sim. Virei brevemente.'»- Ámen! Vem, Senhor Jesus! (Ap 22,7-20).

A uma primeira visão do Ressuscitado, seguem-se sete cartas a outras tantas Igrejas da Ásia Menor. O corpo maior do livro é preenchido por revelações sobre o sentido da história, em momento particularmente difícil para a Igreja dos primórdios (destruição de Jerusalém, decadência do Império Romano, primeiras heresias…), o que sugeria “o fim dos tempos”. Embora a tradição tenha identificado o autor do Apocalipse com S. João Apóstolo, hoje põe-se em dúvida tal atribuição.

Exame de "Introdução ao Novo Testamento"
de Hélder Gonçalves a 25.12.2007
Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas de Viana do Castelo
Professor: Padre João Alberto Sousa Correia
Avaliação Final: 16 Valores

HÉLDER GONÇALVES

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