O Tempo do Advento começa nos últimos dias de Novembro ou
nos primeiros dias de Dezembro. Porque antecede o Natal e o fim do ano civil, é
um período muito importante para a manifestação dos mais nobres sentimentos da
pessoa humana. Que o digam as inumeráveis festas de carácter social que nele
acontecem, conhecidas pelo nome de "natais": natal dos hospitais,
natal da TV, natal dos trabalhadores da empresa X.
Mas a visão cristã do Advento vai mais longe. Ela parte da
actividade profética, nomeadamente por parte de João Baptista, e dela deduz que
o Advento tem, como finalidade, preparar as comunidades para uma celebração
cristã do Natal e lembrar também que a última vinda do Senhor está agora mais
próxima do que no momento em que abraçámos a fé. A visão cristã do Advento faz
de Deus e não do homem a medida de todas as coisas.
Trata-se duma maneira de
olhar as coisas e o mundo que contrasta com a visão que a cultura, a política e
o social têm dessas mesmas realidades, e que é incómoda. Por isso, a liturgia
do Advento deveria interpelar fortemente os que a frequentam, apontando-lhes
como objectivo final a última vinda de Cristo, e como metas intermédias as
celebrações do Natal e as manifestações de solidariedade humana, a viver em jubilosa
esperança.
Deveria também, nomeadamente nas celebrações do sacramento
da Penitência, fazer ressaltar, através da atitude humanamente acolhedora e
fraterna dos ministros, a inigualável humanidade de Deus que se compadece de
todas as fraquezas dos homens, e cujo perdão é imensamente maior do que os
pecados de todos os homens de todos os tempos.
Os cristãos, por seu lado, na sua vida quotidiana, deveriam
estar atentos às tentativas do poder económico que pretende transformar o
Advento num período de louco consumismo, verdadeiro atentado à dignidade de
todos os homens que Cristo veio salvar, e à igualdade e fraternidade que o
Natal proclama. O comportamento de cada cristão deveria estar de acordo, não
com os modelos culturais que os meios de comunicação criam e impõem, mas com as
lições que se aprendem ao ler as páginas do Evangelho que narram o nascimento
de Cristo, ou ao contemplar a simplicidade e pobreza do primeiro presépio: uma
gruta, uma manjedoira, um Menino, que sendo rico Se fez pobre para ensinar aos
homens a mais bela das lições: Felizes os que têm um coração de pobre, porque
deles é o reino dos céus.
Onde estão os mestres que queiram dizer isto com palavras e
com a vida? Os discípulos não tardariam em ser multidão.
É que o Advento nasceu para introduzir os fiéis no mistério
da Encarnação, mistério que faz nascer Deus para o homem e conduz o homem para
Deus.
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