Advento, tempo de espera.
Não apenas de um dia, mas daquilo que os dias, todos os dias, de forma
silenciosa, transportam: a Vida, o mistério apaixonante da Vida que em Jesus de
Nazareth principiou.
Advento, tempo de
redescobrir a novidade escondida em palavras tão frágeis como
"nascimento", "criança", "rebento".
Advento, tempo de escutar a
esperança dos profetas de todos os tempos. Isaías e Bento XVI.
Miqueias e Teresa de Calcutá.
Advento, tempo de preparar, mais do
que consumir. Tempo de repartir a vida, mais do que distribuir embrulhos.
Advento, tempo de procura, de
inconformismo, até de imaginação para que o amor, o bem, a beleza possam
ser realidades e não apenas desejos para escrever num cartão.
Advento, tempo de dar tempo a
coisas, talvez, esquecidas: acender uma vela; sorrir a um anjo; dizer
o quanto precisamos dos outros, sem vergonha de parecermos piegas.
Advento, tempo de se perguntar:
"há quantos anos, há quantos longos meses desisti de renascer?"
Advento, tempo de rezarmos à
maneira de um regato que, em vez de correr, escorre limpidamente.
Advento, tempo de abrir janelas na
noite do sofrimento, da solidão, das dificuldades e sentir-se prometido às
estrelas, não ao escuro.
Advento, tempo para contemplar o
infinito na história, o inesperado no rotineiro, o divino no humano, porque o
rosto de um Homem nos devolveu o rosto de Deus.
Pe. José Tolentino Mendonça
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