Os pobres de Javé são aqueles filhos de Israel que, nos
tempos da Antiga Aliança, acreditaram na promessa dum Salvador, suplicaram a
Deus a vinda desse dia, e souberam esperar o Messias prometido. Maria ocupa,
entre esses pobres, o primeiro lugar.
O Advento é, mais do que nenhum outro tempo litúrgico, o
tempo dos novos pobres de Javé, pois é no Advento que a Igreja pede com maior
insistência a vinda da salvação: Desça o orvalho do alto dos Céus e as nuvens
chovam o Justo. Abra-se a terra e germine o Salvador (AE 4º. Dom. Adv); Aquele
que há-de vir não tardará. Ele é o Salvador do mundo (AE 19/12); O Senhor virá
com poder e majestade e iluminará os olhos dos seus fieis (AC 4ª f. 3ª. Sem);
Virei sem demora, diz o Senhor, para dar a cada um a recompensa das suas obras
(Sáb 2ª. Sem). Não admira, por isso, que Maria ai ocupe lugar de grande relevo
(cf. Marialis Cultus, 3-4).
Deus iniciou pela Virgem Maria a obra da redenção humana, ao
preservar de toda a mancha do pecado aquela que viria a ser a Mãe de Cristo
(cf. Col. 8/12). É pois, com toda a naturalidade, que celebramos, nos primeiros
dias do Advento, a solenidade da Imaculada, preparação radical da Virgem para a
vinda do Salvador e feliz aurora da lgreja (cf. Marialis Cultus, 3).
As afirmações que melhor exprimem a fé da Igreja para com a
Mãe de Deus encontram-se nos dias 17
a 24 de Dezembro: O Anjo do Senhor disse a Maria:
Conceberás e darás à luz um Filho e o seu nome será Jesus (AC 20/12); Bendita
sejais, ó Virgem Maria, porque em vós se há-de cumprir a palavra do Senhor (AC
21/12); Senhor, que no seio da bem-aventurada Virgem Maria quisestes realizar o
grande mistério da Encarnação do Verbo (C 17/12); Deus eterno e omnipotente, ao
aproximar-se o nascimento do vosso Filho, fazei-nos sentir a abundância da
vossa misericórdia, que O fez encarnar no seio da Virgem Maria (C 23/12). A
minha alma glorifica o Senhor, porque o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas (AC
22/12).
Mas é sobretudo no 4º. Domingo do Advento que a presença da
Virgem atinge a sua máxima expressão, nas leituras bíblicas, nas orações e na
bela antífona da comunhão: Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho
chamado Emanuel (AC 4º. Dom. Adv).
A presença de Maria na liturgia do Advento tem um profundo
sentido de exemplaridade. Assim como Deus pôs os olhos na humildade da sua
serva, do mesmo modo os põe em cada crente que a imita. A exemplaridade de
Maria há-de ser ponto de referência para a Igreja e para cada crente que, em
continuidade com ela, têm a missão de preparar o mundo para a última vinda de
Cristo Salvador.
Na aurora dos novos tempos, foi em Maria que a promessa
feita por Deus aos patriarcas e aos profetas se transformou em Dom. Nos nossos,
que são os últimos, há-de ser através de cada homem e de cada mulher que vivam
à maneira de Maria, que Deus apressará a última vinda do seu Filho, e nos dará
a graça de alcançarmos a herança do céu, onde, com a criação inteira,
cantaremos eternamente a glória do Senhor.
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