As celebrações litúrgicas têm em conta duas
características: preparação do Natal e da última vinda de
Cristo.
No que se refere à Missa, a melhor síntese dessa dupla
perspectiva é aquela que apresentam os dois Prefácios do Tempo do Advento. O
Prefácio I, que se diz desde o primeiro domingo do Advento até ao dia 16 de
Dezembro, declara que Cristo "veio a primeira vez, na humildade da
natureza humana (...), e de novo há-de vir, no esplendor da sua glória". O
prefácio II, que se diz desde o dia 17 até ao dia 24 de Dezembro, recorda-nos
que é Cristo "que nos dá a graça de nos prepararmos com alegria para o
mistério do seu nascimento".
a) As leituras
As Leituras das Missas ilustram os diversos aspectos do
mistério do Advento.
Os textos do Antigo Testamento nos quatro domingos recordam
doze profecias messiânicas, abrangendo um período de mais de quinhentos anos,
desde a de Natã, no tempo de David, até às dos profetas da época pós-exílica.
As mais importantes são as do 4º. Domingo, todas relacionadas com a maternidade
de Maria: "O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa. O teu trono será
consolidado para sempre" (Ano B); "De ti, Belém-Efrata, a mais
modesta entre as famílias de Judá, de ti é que há-de nascer Aquele que reinará
sobre Israel" (Ano C); "Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um
filho chamado Emanuel" (Ano A).
Os Evangelhos dominicais insistem na necessidade de vigiar,
pois ninguém sabe quando o Senhor chegará no fim dos tempos (1º. Domingo);
falam do ministério de João Baptista (2º. e 3º. Domingos); descrevem a
Anunciação do Anjo a Maria e o mistério da Encarnação do Verbo de Deus (4º.
Domingo).
b) As orações
As Orações das duas primeiras semanas evocam principalmente
a última vinda de Cristo no fim dos tempos: Senhor, fazei-nos esperar
ansiosamente a vinda do vosso Filho, para que Ele nos encontre vigilantes na
oração e alegres no seu louvor (2ªf. da 1ª. S.); Preparai, Senhor, os nossos
corações para que, no dia da vinda do vosso Filho, mereçamos entrar no banquete
da vida eterna (4ªf. da 1ª. S.); Deus misericordioso, que os cuidados deste
mundo não sejam obstáculo para caminharmos generosamente ao encontro de Cristo
(2º. Dom.)
Mas a partir do dia 17 de Dezembro privilegiam a preparação
da solenidade do Natal: Deus omnipotente, preparai-nos para acolher com alegria
a glória do Salvador no seu nascimento (3ªf. da 2ª. S.); Deus de infinita
bondade, fazei-nos chegar às solenidades da nossa salvação e celebrá-las com
renovada alegria (3º. Dom.); Deus omnipotente, que o esperado nascimento do
vosso Filho Unigénito nos liberte da antiga escravidão do pecado (18/12); Ao
aproximar-se o nascimento do vosso Filho em nossa carne mortal, fazei-nos
sentir, Senhor, a abundância da vossa misericórdia (23/12).
Trata-se de duas perspectivas complementares. O Advento recorda
e faz participar no mistério do nascimento do Filho de Deus que já veio na
humildade da natureza humana e na pobreza de Belém, e que há-de voltar no
esplendor da sua glória para julgar os vivos e os mortos.
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